Cidade submersa de 3.400 anos é descoberta por arqueólogos no Iraque

Giovana Sedano Por Giovana Sedano
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Localizada no Rio Tigre, na região do Curdistão, a cidade com quase 3.400 anos surgiu em um reservatório de Mosul, logo após o nível de água cair devido à seca extrema. Os arqueólogos curdos e alemães escavavam o assentamento entre janeiro e fevereiro, até descobrirem a cidade. A descoberta pode ser a antiga Zakhiku, uma cidade da Idade do Bronze, que contém um palácio e vários edifícios em sua extensão, e pode ter sido um importante centro do Império Mittani (1550-1350 a.C.).

De acordo com Ivana Puljiz, professora júnior do departamento de arqueologia e assiriologia do Oriente Próximo da Universidade de Freiburg em Breisgau, Alemanha, e uma das diretoras do projeto arqueológico, o território do Império se estendia do Mar Mediterrâneo até o norte do Iraque.

Feito em parceria com a Direção de Antiguidades e Patrimônio de Duhok, o projeto tem o objetivo de preservar a cultura da região e o patrimônio para as gerações futuras. A descoberta foi divulgada para o público em maio pela Universidade de Tübingen, na Alemanha.

A descoberta e o tempo

A cidade de Zakhiku ficou submersa depois que o governo iraquiano construiu a represa de Mosul na década de 1980, e depois disso não tivemos mais informações sobre, até que Puljiz soube do seu reaparecimento e mandou sua equipe escavar o local, antes que o nível de água voltasse a subir.


Arqueólogos correram contra o tempo para escavar o local antes que a água submergisse a cidade novamente (Foto: Universidade de Freiburg e de Tü)


“Devido à enorme pressão do tempo, cavamos em temperaturas congelantes, neve, granizo, chuva, até tempestades, bem como um dia ensolarado ocasional, sem saber quando a água subiria novamente e quanto tempo teríamos”, disse a professora.

Agora a cidade voltou a ficar submersa, mas a equipe conseguiu coletar uma grande quantidade de informações e catalogar grande parte do local. Um palácio já havia sido descoberto e documentado quando, em 2018, a cidade emergiu brevemente.

Algumas das descobertas dessa vez contam com uma fortificação completa de paredes, torres e um edifício de armazenamento com vários andares. Grande parte da estrutura era feita de tijolos de barro secos ao sol que, segundo os pesquisadores, não deveriam ter resistido embaixo d´água. Porém, a cidade passou por um terremoto por volta de 1.350 a.C, e partes das paredes superiores desmoronaram e cobriram os edifícios.

Preservação do passado

Não se sabe muito sobre o povo Mittani, que construiu a cidade, pois os pesquisadores ainda não conseguiram identificar a capital do império os seus arquivos, mas alguns artefatos que foram desenterrados durante a última escavação, podem ajudar a fornecer informações sobre essa civilização.

Foram encontrados cinco vasos de cerâmica que contém mais de 100 tabuletas cuneiformes de argila, que datam perto da data do terremoto. Os estudiosos acreditam que essa descoberta pode abrir caminho para pesquisas mais profundas sobre o desaparecimento da cidade e da ascensão do domínio assírio na área.


Cinco vasos de cerâmica foram descobertos entre as ruínas e continham mais de 100 tabuletas cuneiformes (Foto: Universidade de Freiburg e de Tü)


“É quase um milagre que tabuletas cuneiformes (escritas) feitas de argila crua tenham sobrevivido tantas décadas debaixo d’água”, disse Peter Pfälzner, professor de arqueologia do Oriente Próximo da Universidade de Tübingen e um dos diretores da escavação, em um comunicado.

O professor diz que as tabuletas ainda não foram decifradas, mas que podem pertencer a um arquivo privado. “Estou curiosa para ver o que o estudo dos textos cuneiformes revelará sobre o destino da cidade e de seus habitantes após o terremoto devastador”, disse ela.

Todas as descobertas realizadas na escavação estão alojadas no Museu Nacional de Duhok.

 

Foto Destaque: Universidade de Freiburg e de Tü 

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