Governo de SC determina censura de livros em escolas públicas

Alexandre Kenzo Por Alexandre Kenzo
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Nesta quarta-feira (8), a Secretaria da Educação (SED) de Santa Catarina, governo liderado por Jorginho Mello (PL-SC), encaminhou às escolas públicas do Estado um comunicado para serem retiradas de circulação nove obras, sob a justificativa de estar “buscando melhor adequar as obras literárias às faixas etárias das diferentes modalidades.”

De acordo com o comunicado assinado pelo supervisor regional de educação, Waldemar Ronssem Júnior, e pela integradora regional de educação, Anelise dos Santos de Medeiros, as obras deverão ser “retiradas de circulação e armazenadas em local não acessível à comunidade escolar.” A lista abrange títulos de terror, drama, e possui obras que abordam questões sociais de sexo, gênero, e bullying.

Não foi explicitado um critério geral para a seleção das nove obras escolhidas. Críticos à medida catarinense já a apontaram como um padrão de governos conservadores aliados ao PL e ao ex-presidente Jair Bolsonaro, citando casos como o recolhimento do HQ “Vingadores: a cruzada das crianças” da Bienal do Livro em 2019 no Rio de Janeiro, ou em Rondônia com medida similar que considerou 43 livros “inadequados.”


Entre as obras se localizam títulos famosos como os de Stephen King, e 'Laranja Mecânica'.

Entre as obras se localizam títulos famosos como os de Stephen King, e ‘Laranja Mecânica’. (Foto:Reprodução/Secretaria da Educação de Santa Catarina/Folha)


Obras censuradas

As nove obras a serem retiradas das escolas públicas de Santa Catarina são as seguintes:

  • It: a coisa (Stephen King)
  • Laranja Mecânica (Anthony Burgess)
  • Os 13 porquês (Jay Ascher)
  • O diário do diabo: os segredos de Alfred Rosenberg, o maior intelectual do nazismo (Robert K. Wittman e David Kinney)
  • A química entre nós (Larry Young e Brian Alexander)
  • Coração satânico (William Hjortsberg)
  • Donnie Darko (Richard Kelly)
  • Ed Lorraine Warren: demonologistas – arquivos sobrenaturais (Gerald Brittle)
  • Exorcismo (Thomas B. Allen)

Jorginho Mello, governador de Santa Catarina.

Jorginho Mello, governador de Santa Catarina. (Foto:Reprodução/YouTube/O Globo)


Advertências à medida

Embora a medida – e outras similares – tenha sido justificada com base na proteção do público infantojuvenil, muitas críticas continuam sendo lançadas à censura de obras literárias pelo governo conservador.

Se trata de uma censura grave, e é mais um sintoma da agenda ideológica do governo Jorginho Mello, que se mostra antidemocrática e autoritária,” afirmou a presença do PSOL em Santa Catarina.

A deputada estadual Luciane Carminati (PT) reproduz o mesmo sentimento. “Só falta queimar os livros. Vamos repetir a História? Parece que a secretaria de Educação não está preocupada com a construção de um conhecimento crítico, atual e adequado aos nossos estudantes.

A medida do governo de Santa Catarina é voltar à Idade Média. Censura literária é uma questão muito grave. Vamos fazer uma denúncia,” afirmou Evandro Accadrolli, coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de SC. 

Em grande parte, o foco da discussão está apenas parcialmente nas obras atualmente escolhidas, mas mais preocupado com o precedente gerado para a futura censura de obras literárias no geral, sem critério esclarecido para definição do que é “inadequado”, abrindo o espaço para a censura estritamente ideológica, com o viés de alienar estudantes de certas ideias.

Foto Destaque: Estante de livros ilustrativa. Reprodução/Lubos Houska/Pixabay

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