Yevgeni Prigozhin, líder do grupo mercenário Wagner, suspendeu o avanço de suas tropas pelo território russo neste sábado, 25, para “impedir a escalada da situação”, após uma conversa com o presidente bielorruso Alexander Lukashenko.
O acordo aconteceu depois de as autoridades de Moscou terem criado uma ação antiterrorista em antecipação à chegada do grupo Wagner, o que causou o encerramento de alguns espaços públicos como a Praça Vermelha.
Pelo aplicativo Telegram, Prigozhin anunciou que o grupo retornará à base para evitar um confronto. O líder do grupo afirmou que foi “possível encontrar uma alternativa aceitável para desescalar [a situação] com garantias de segurança para os combatentes do Wagner PMC”.
A assessoria do presidente Lukashenko disse, em um comunicado, que “Prigozhin aceitou a proposta de Lukashenko para interromper o movimento (do grupo) Wagner em território russo e outras medidas para diminuir a tensão”.
Grupo de mercenários Wagner suspende avanço contra Moscou (Foto: Reprodução/O Globo)
Prigozhin também aproveitou para pontuar que o grupo Wagner “embarcou em uma marcha por justiça”, na sexta, 23, porque “queria dissolver o grupo militar”. “Em 24 horas, chegamos a 200 km de Moscou. Nesse tempo não derramamos uma gota de sangue de nossos combatentes. Agora chegou a hora em que o sangue poderia ser derramado. Compreendendo a responsabilidade (pela possibilidade) do derramamento de sangue russo de um lado, nossas colunas estão voltando aos campos conforme planejado.”
No entanto, não existem mais detalhes sobre o que foi oferecido a Prigozhin durante as negociações. A assessoria de imprensa de Lukashenko afirmou que as negociações foram feitas com o acordo do presidente russo, Vladimir Putin.
Para o correspondente de segurança da BBC, Frank Gardner, a situação foi “um a zero para o presidente Putin.”. Ele diz que “Prigozhin esperava que as pessoas se levantassem e se juntassem a ele, mas isso não aconteceu. Putin não é alguém que vai perdoar isso.”
Para Gardner, o futuro militar e político de Prigozhin deve ter acabado. Ele também esclarece que foi “profundamente vergonhoso” para Putin ter o grupo Wagner ter conseguido cruzar a fronteira e tomar o quartel-general militar do Distrito Sul da Rússia, Dostrov-On-Don.
No entanto, mesmo após a suspensão dos avanços do grupo mercenário, o momento na Rússia continua sendo “altamente crítico e perigoso”, de acordo com Michael O’Hanlon, da Brookings Institution.
Foto destaque: grupo Wagner suspende avanço contra Moscou. Reprodução/CNN.