Hacker que invadiu celulares de autoridades da Lava Jato é condenado

Victor Kallut Por Victor Kallut
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Walter Delgatti Neto, hacker investigado por invadir celulares de autoridades ligadas à Operação Lava Jato, foi condenado a 20 anos de prisão nesta segunda-feira (21) como parte da Operação Spoofing. Atualmente, Walter já se encontra preso, mas por outra investigação: ele é suspeito de ter sido pago pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) para invadir sistemas eletrônicos do Poder Judiciário.

Segundo o juiz que deu a sentença, Ricardo Augusto Soares Leite, as provas comprovam que muitas autoridades sofreram com a invasão de Delgatti: “A amplitude das vítimas é imensa e poderia render inúmeras ocasiões de extorsões”, afirmou. Além do hacker, outras quatro pessoas foram condenadas; o magistrado ainda pontuou que Walter é, de maneira “inequívoca”, o líder da organização.

O que é a Operação Spoofing

O início da operação ocorreu em 2019, e ela pretendia investigar o vazamento de conversas privadas do então ministro Sérgio Moro e de outras autoridades no aplicativo Telegram. É válido relembrar que Moro, antes de ser Ministro da Justiça e Segurança Pública no governo Bolsonaro, era o juiz responsável pela Operação Lava Jato.

À época, Walter admitiu ter entrado nas contas de procuradores da operação e repassado as informações obtidas ao veículo The Intercept Brasil, mas negou qualquer alteração no conteúdo das mensagens e disse não ter recebido dinheiro algum por isso.

De acordo com a Polícia Federal, os hackers tiveram acesso ao código enviado pelo Telegram ao celular das vítimas, e assim conseguiram acessar suas contas através de computadores. A instituição diz que cerca de mil números telefônicos diferentes foram alvos do mesmo método de hackeamento.


Walter Delgatti em depoimento à CPI dos Atos Golpistas no Congresso. (Foto: Reprodução/Globo)


Depoimento à CPI em que cita Bolsonaro

Em depoimento à CPI sobre os atos golpistas que ocorreram no Congresso, Delgatti informou que se reuniu com assessores de campanha de Jair Bolsonaro e, posteriormente, com o próprio ex-presidente da República. O hacker informou que foi aconselhado a criar um código-fonte falso para sugerir uma vulnerabilidade das urnas eletrônicas, e que o então presidente lhe prometeu um perdão presidencial para caso Walter fosse preso por ações contra as urnas.

Foto destaque: Walter Delgatti. Reprodução/André Borges/Shutterstock

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