Aproximadamente 7.000 indígenas marcharam até o Ministério de Minas e Energia no ato “Ouro de Sangue” desta 2ª feira (11) contra o aumento dos garimpos em territórios indígenas. No protesto, os manifestantes utilizaram grandes caixas para simbolizar o ouro garimpado e jogaram lama e tinta vermelha na calçada do prédio, para representar a destruição e a morte causadas pelos garimpos.
Eles defendem a demarcação de territórios e protestam contra a chamada “agenda anti-indígena”, composta pelo julgamento do Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal (STF) e por projetos de lei que liberam a exploração de terras, o licenciamento ambiental e o uso desacelerado de agrotóxicos.
Foram exibidas, ao longo da caminhada, bandeiras do Brasil, manchadas com tinta vermelha para representar a morte dos povos indígenas e o retrocesso nas políticas ligadas ao meio ambiente. Nos vidros, o grupo escreveu, com argila, frases contrárias ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Protestos escritos, com lama, nos vidros do Ministério de Minas e Energia, em Brasília (Foto: Sérgio Lima)
A manifestação reivindica o PL 191/2020, em tramitação na Câmara dos Deputados, que se aprovado permitirá a mineração e a construção de hidrelétricas nas terras indígenas.
De acordo com a Abib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), a aprovação do projeto poderá aumentar o desmatamento, invasões nos territórios e a violência contra esses povos.
A manifestação faz parte da programação do ATL (Acampamento Terra Livre) em Brasília até o dia 14 de abril, com o tema “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”.
Acampamento Terra Livre
O encontro é considerado o maior do país e ocorre no mesmo período em que o Congresso Nacional deve votar textos como o do Projeto de Lei 191/2020, que autoriza a mineração em terras indígenas. No começo de março, a Câmara dos Deputados aprovou a urgência para votação do PL.
Além de regras para a mineração, o texto estabelece normas para a exploração de hidrocarbonetos, como petróleo, e a geração de energia elétrica nestes territórios. O projeto está entre os alvos do Ato pela Terra, manifestação de artistas liderada pelo cantor e compositor Caetano Veloso, em Brasília, em março passado, e que denunciou o “pacote de destruição ambiental proposto pelo governo do presidente Jair Bolsonaro” (PL).
Foto Destaque: Manifestantes empilham caixas que simbolizam o ouro garimpado (Foto: Reprodução/G1)