Na última quarta-feira (9), o candidato à presidência equatoriana Fernando Villavicencio foi assassinado em Quito, capital do Equador, em um ato de sua campanha. O político de 59 anos era conhecido por defender abertamente uma postura firme em favor dos direitos trabalhistas, das causas indígenas e, principalmente, contra a violência e o ‘narcoestado’.
No dia seguinte ao crime, a facção criminosa ‘Los Lobos’, considerada a segunda maior do Equador, admitiu a relação com a morte do parlamentar, dizendo: “É isso que acontece com políticos corruptos que não cumprem suas promessas”. Recentemente, também estiveram envolvidos em uma rebelião que deixou 43 mortos em um presídio equatoriano.
Fernando Villacencio era o quinto candidato nas pesquisas de intenção de voto até ser assassinado.(Reprodução / Karen Toro / Reuters).
A carreira política de Villacencio
Com apenas 18 anos, Villavicencio começou a sua carreira como jornalista fundando o jornal Prensa Obrera (Imprensa dos trabalhadores) e passou a trabalhar para a EP Petroecuador, uma petrolífera estatal.
Ele viria a descobrir escândalos de corrupção na indústria petrolífera equatoriana e incitou uma investigação contra o exército nacional por uma operação de resgate do então presidente Rafael Correa em uma situação na qual estava de refém, que deixou cinco mortos. Também o acusou de crimes contra a humanidade.
Posteriormente, Correa viria a processar Villavicencio, que foi condenado a 18 meses de prisão, que fugiu e se exilou no Peru em 2014, alegando perseguição política. Em entrevista ao Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ), o político afirmou: “o presidente quer que eu me ajoelhe e peça desculpas, mas eu nunca vou fazer isso”.
Villavicencio criou veículos de comunicação como o lafuente.ec, milhojas.is e periodismodeinvestigación.com, além de diversos livros que relatam a corrupção no Estado equatoriano. Sua carreira política teve início em 2009, quando trabalhou na assessoria do político Cléver Jiménez. Em 2021 chegou à Assembleia Nacional, e se candidatou para a presidência este ano.
As eleições
Apesar do decreto de estado de exceção feito pelo presidente Guillermo Lasso, as eleições permanecem marcadas para o dia 20 de agosto. O chefe de Estado garantiu a mobilização das forças armadas para garantir as eleições e a segurança nacional. “Diante da perda de um democrata e um lutador, as eleições não estão suspensas. Ao contrário. Estas serão realizadas, e a democracia precisa se fortalecer. Essa é a melhor razão para ir votar e defender a democracia“, afirmou o presidente, que acrescentou afirmando que não vai deixar as instituições democráticas entregarem o poder na mão do crime organizado.
Foto destaque: Candidato a presidência assassinado no Equador. Reprodução/ Karen Toro / Reuters