Primeiro-ministro australiano se desculpa por assédios sexuais no Parlamento

Érica Fernanda Posca Vezzoni Por Érica Fernanda Posca Vezzoni
4 min de leitura

Políticos e o primeiro-ministro australiano fazem um pedido formal de desculpas nessa última terça-feira, para as empregadas do parlamento federal, por existir uma cultura tão perversa contra elas de abusos sexuais nos corredores do prédio do parlamento.

O pedido de desculpa, aprovado por toda a comissão partidária política, foi reconhecido, de forma tardia de acordo com ativistas, por diversos pedidos por uma melhora depois que o parlamento foi considerado um local tóxico para se trabalhar.

O relatório, feito por uma ex-parlamentar estuprada no próprio ministério de defesa, descreve um cenário horripilante cercado de homens poderosos que receberam quase nenhuma punição por seus atos, onde extrapolaram barreiras com diversas jovens trabalhadoras do parlamento que tinha até álcool envolvido.

“Nenhum bullying, assédios sexual ou moral é inaceitável e incorreto, pedimos desculpas,” disse Andrew Wallace representante do parlamento.

O primeiro-ministro Scott Morrison repetiu o que Wallace mencionou: “Desculpas é um começo,” disse Morrison ainda acrescentando que seu desejo era de que a política é um lugar para que jovens moças possam seguir seus sonhos, ao invés de “terem eles brutalmente arrasados por um abuso de poder.”

O reconhecimento que os líderes parlamentares tenham falhado em garantir um ambiente seguro de trabalho foi o primeiro de uma série de medidas sugeridas pelo relatório, compilado por Kate Jenkins, comissária australiana de discriminação sexual.

O relatório mostra que um terço dos trabalhadores do parlamento já sofreram algum tipo de assédio sexual, com taxas que chegam a 40% para mulheres.  Cerca de 1% de 1,700 pessoas entrevistadas disseram que já houve tentativa de assédio contra elas.

O relatório saiu oito meses depois que Brittany Higgins, que era do partido de direita liberal, acusou um colega de estupro em 2019. Na época a acusação mexeu com todo o país e motivou outras mulheres a fazerem novas acusações promovendo até protestos em toda a Australia.

O homem acusado por Higgins, Bruce Lehrmann, não foi condenado culpado e aguarda por julgamento até hoje.

No discurso do primeiro-ministro Brittany Higgins foi mencionada.

“Peço desculpas a senhorita Higgins pelas coisas terríveis que aconteceram bem aqui, lugar esse que deveria ter sido um lugar seguro e cooperativo, se tornou um pesadelo.” Afirmou Morrison.


Desculpas de Morrison para Higgins (Vídeo/Reprodução/Guardian Australia)


Morrison já tinha pedido desculpas para Higgins no ano passado, um dia depois que ela decidiu fazer sua denúncia em público. Foi fortemente criticado por dizer que só havia entendido a gravidade do assunto quando sua esposa pediu para ele imaginar se tivesse sido as suas próprias filhas as assediadas.

Jenkins, comissária australiana de discriminação sexual, descreveu o pedido de desculpas do parlamento como: “um passo importante”.

 “Estou confiante que estamos no início de mudanças reais.” Acrescenta Jenkins além de dizer que as desculpas não são suficientes para trazer credibilidade, e espera que as recomendações do relatório sejam contínuas. Em seu relatório Jenkins propõe uma série de medidas que relata desigualdades, como a desigualdade de gênero e falta de prestações de conta do parlamento.

Após pedidos de desculpas diversas críticas e protestos surgiram. “Na verdade, não importa o que o primeiro-ministro diz, o que importa é como o parlamento fará a implantação das recomendações de Jenkins.” Protestou uma das líderes de uma organização protetora das mulheres. 

Foto destaque: Primeiro-ministro australiano Scott Morrison se desculpando. Reprodução/BBCNews

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