Cenário alarmante: queimadas na Amazônia tem aumento de 132%

O aumento desenfreado de queimadas na Amazônia tem preocupado especialistas e tem requerido ações rigorosas de combate aos incêndios

Thalita Gombio Por Thalita Gombio
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Foto destaque: Queimadas na Floresta Amazônica às margens da BR-230, em setembro (Reprodução/MICHAEL DANTAS/AFP/Getty Images Embed)

Em agosto de 2024, a área de floresta nativa queimada da Amazônia teve um aumento alarmante de 132%, comparado ao mesmo mês no ano passado. O relatório mais recente publicado nesta quinta-feira (12), pelo Monitor do Fogo junto ao Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e da rede MapBiomas, indicou que 685.829 hectares de vegetação já foram consumidos pelas chamas este mês.

O número é expansivamente superior ao registrado em agosto de 2023 e 2019, com 295.777 e 207.259 hectares, respectivamente.

A diretora de Ciência do IPAM, Ane Alencar, destacou que a intensificação das queimadas pode ser relacionada às mudanças climáticas com o clima seco, deixando florestas mais inflamáveis e suscetíveis a queimadas.

Essa crescente vulnerabilidade nas florestas nativas pode ser observada pelo percentual destoante: em 2019, apenas 12% da área queimada era composta por vegetação nativa, enquanto em 2024 esse número saltou para 34%.


A qualidade do ar com a baixa umidade tem afetado diversos estados do Brasil, como a métropole São Paulo (Foto: Reprodução/Fabio Vieira/NurPhoto/Getty Images Embed)


Impacto na agropecuária, terras indígenas e florestas

Além do aumento expressivo em florestas nativas, áreas agropecuárias estão sofrendo um crescimento nas queimadas. No mês passado, aproximadamente 1.1 milhão de hectares foram queimados. Isso significa um aumento de 38% em relação ao mesmo período no ano anterior. A tendência tem preocupado especialistas por conta da expansão das queimadas para áreas não costumeiras. 

O relatório também trouxe dados de terras indígenas (TIs) e Florestas públicas não destinadas (FPNDs), que foram impactadas severamente pelo fogo. As TIs concentraram 24% de área queimada com aumento de 39%, enquanto as FFNDs aumentaram dramaticamente em 175%, passando de 308.570 hectares em 2023 para 849.521 hectares esse ano.

“O aumento da área queimada em terras indígenas, nas florestas públicas não destinadas revela uma dificuldade de combater o fogo em áreas onde a infraestrutura e o acesso são difíceis, ainda mais quando várias estão queimando ao mesmo tempo. Para reduzir os incêndios nestas áreas é fundamental reduzir o uso do fogo nos imóveis rurais privados, que também têm uma abrangência grande de área queimada, e combater o uso criminoso do fogo em terras públicas”, afirmou Ane Alencar.

Ações emergenciais

Em resposta à crescente crise, o Ministério da Justiça e Segurança Pública designou, sob a orientação do STF, mais de 150 bombeiros militares da Força Nacional para dar apoio no combate aos incêndios. Foram enviados 162 bombeiros durante os meses de junho, julho e agosto para uma força tarefa contra as queimadas.

Além disso, ofícios foram enviados a estados para solicitar a presença voluntária de bombeiros militares, com objetivo de diminuir os impactos causados até o momento. 

A combinação de fatores climáticos tem intensificado as queimadas e chamado atenção para proteger o ecossistema vital da Amazônia e mitigar a devastação causada pelo fogo.