Chuva de mísseis atinge Tel Aviv em retaliação iraniana

Bombardeio agrava crise entre Israel e Irã; Estados Unidos anunciam apoio à defesa israelense

Yasmin Souza Por Yasmin Souza
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Foto destaque: Explosões no céu de Tel Aviv após o ataque iraniano com mais de 200 mísseis (Reprodução /Jack Guez/ AFP)

Uma chuva de mísseis varreu o céu de Israel na tarde desta terça-feira (1º), quando o Irã lançou uma ofensiva de mais de 200 mísseis balísticos, com a maioria atingindo Tel Aviv e seus arredores. O ataque, que durou cerca de 12 minutos, foi uma retaliação direta à morte dos líderes do Hezbollah e Hamas, Hassan Nasrallah e Ismail Haniyeh, em uma série de bombardeios israelenses no Líbano e na Faixa de Gaza na última semana.

Imagens divulgadas por moradores e veículos de comunicação mostram mísseis cruzando o céu, enquanto as sirenes de alerta soavam em várias cidades israelenses. O famoso sistema de defesa antimísseis de Israel, conhecido como Domo de Ferro, conseguiu interceptar parte dos projéteis, mas muitas explosões atingiram áreas civis. O governo local informou que, até o momento, duas pessoas ficaram levemente feridas, e que a Universidade de Tel Aviv, além de um posto de gasolina, foram atingidos.

O ataque iraniano ocorre em meio à escalada de tensões entre Israel e o Hezbollah, o que levou Israel a lançar uma operação terrestre limitada no sul do Líbano contra alvos do grupo extremista. Este embate, que já dura semanas, tem elevado o grau de instabilidade na região, com o potencial de desdobramentos ainda mais graves. A ofensiva de hoje, no entanto, marcou a entrada oficial do Irã no confronto de forma direta, intensificando a crise.


Irã manda mísseis para Israel — (Vídeo: reprodução / YouTube / UOL)

Irã responde à mortes de seus aliados

O regime iraniano, por meio de sua agência estatal Irna, confirmou o lançamento dos mísseis como uma retaliação às ações militares israelenses, que resultaram na morte de dois de seus aliados mais estratégicos: Hassan Nasrallah, do Hezbollah, e Ismail Haniyeh, líder do Hamas. Além disso, o Irã condenou a incursão israelense no Líbano, que começou no dia 31 de outubro, e prometeu “reagir a qualquer novo ataque”.


Líder do Hezbollah, Hasan Nasrallah ao lado de Ismail Haniyeh —(Foto: Reprodução / Al-Manar/AFP)

O líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, foi colocado em um local seguro após o início da ofensiva. Segundo o governo iraniano, Khamenei está monitorando a situação de perto, enquanto o Irã mantém suas forças militares em estado de alerta.

Além de Israel, outros países do Oriente Médio foram afetados pelo ataque. Jordânia e Iraque chegaram a fechar seus espaços aéreos temporariamente como medida de segurança. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já havia alertado sobre a possibilidade de um ataque iraniano e, após o bombardeio, ordenou que as forças norte-americanas reforçassem a defesa de Israel. Em comunicado, a Casa Branca afirmou que as consequências para o Irã serão severas caso novos ataques sejam realizados.

Resposta de Israel e o papel dos EUA

O porta-voz do Exército israelense, Avichay Adraee, classificou o ataque como “sério” e afirmou que haverá consequências para o Irã. As forças de defesa aérea de Israel estão em alerta máximo, e aeronaves da Força Aérea intensificaram suas operações em resposta ao bombardeio.

Estamos no auge da nossa prontidão ofensiva e defensiva

disse Adraee em comunicado oficial.

Com a escalada militar, a expectativa é de que Israel responda de maneira proporcional nas próximas horas, especialmente após o anúncio de que mísseis iranianos atingiram Tel Aviv. O governo israelense se prepara para uma possível retaliação terrestre, aumentando a tensão no sul do Líbano, onde o Hezbollah também continua disparando foguetes em direção ao território israelense.

Invasão do Líbano e novas ameaças

A operação terrestre israelense no sul do Líbano, que começou nesta terça-feira (1º), marcou o primeiro confronto direto entre soldados de Israel e combatentes do Hezbollah desde o início dos bombardeios na Faixa de Gaza. A incursão, considerada “limitada”, busca destruir bases estratégicas do Hezbollah, mas a ação já gerou uma nova onda de retaliações. O Hezbollah respondeu ao ataque com o disparo de mísseis contra Tel Aviv e outras localidades, direcionando suas investidas a alvos do serviço secreto israelense, o Mossad.

Além disso, a milícia Houthi, financiada pelo Irã e que atua no Iêmen, afirmou ter disparado foguetes em apoio ao Hezbollah, aumentando ainda mais o cerco ao território israelense. A guerra na Faixa de Gaza, que já contava com a participação do Hamas, agora se expande para outras frentes, com a inclusão de novos aliados do Irã na luta contra Israel.

Nos últimos meses, Israel e Hezbollah vinham travando uma série de ataques esporádicos, mas a situação começou a se deteriorar após a morte do chefe do Hezbollah em um ataque israelense em Beirute no dia 27 de setembro. Desde então, a fronteira entre Israel e Líbano tornou-se palco de frequentes bombardeios e confrontos diretos.

Impacto humanitário e resposta internacional

A situação na região está levando a uma crescente preocupação internacional. O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, já está em contato com o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, para discutir possíveis soluções diplomáticas e garantir que os civis do norte de Israel possam retornar com segurança para suas casas. Nos últimos dias, Israel tem instado a população civil do sul do Líbano a deixar suas casas devido aos intensos bombardeios.

No entanto, a possibilidade de uma resolução pacífica parece cada vez mais distante. A guerra de mísseis entre Israel e o Irã, somada à operação terrestre no Líbano, cria um cenário explosivo, com o potencial de desencadear uma guerra regional ainda maior. Para os civis, tanto em Israel quanto no Líbano, a perspectiva de uma escalada de violência é uma realidade preocupante.

A crise atual é apenas mais um capítulo no longo e complicado histórico de conflitos no Oriente Médio, onde a rivalidade entre Israel e Irã tem alimentado guerras por procuração e intervenções militares ao longo das últimas décadas.