As chamadas cidades-esponjas são áreas urbanas idealizadas com estratégias para absorver um grande volume de água. Criado pelo arquiteto chinês Kongjian Yu, o conceito inovador pode ser aplicado em cidades para evitar tragédias como as enchentes do Rio Grande do Sul.
As mudanças climáticas exigem que países invistam em formas de prevenção desses grandes eventos climáticos. Kongjian Yu é consultor do governo chinês e já projetou mais de 70 cidades nesse estilo que se tornaram fortes o suficiente para receber grandes quantidades de chuva.
Kongjian Yu compartilhou ao Fantástico, da Globo, no programa exibido neste domingo (12), que a inspiração para o modelo veio a partir das observações de Kongjian Yu na vila onde viveu por 17 anos como agricultor. O local possui um rio e o ensinou como “trabalhar com a natureza”.
A vila está em uma área de monções, ou seja, não para de chover durante o verão. Quando se mudou para a cidade, o arquiteto percebeu os problemas urbanos e por que ocorrem tantas enchentes.
Os centros urbanos são em sua maior parte concretados, o que dificulta o escoamento natural da água das chuvas e sua infiltração no solo.
Quando os níveis de chuva são maiores que o normal, as cidades não possuem formas eficientes de drenar tantos volumes de água e são tomadas por enchentes. A tentativa de canalizar a água rapidamente para longe em linhas retas não é tão eficaz.
O conceito das cidades-esponja entende que a água pode ser regulada através da própria natureza. O modelo inovador aplica técnicas naturais que facilitam a absorção da água nas cidades para impedir que elas inundem.
Ao Fantástico, Kongjian Yu explicou três estratégias que aplica em todos os seus projetos de cidades-esponja que absorvem a água de maneira natural.
Reter a água da chuva
A primeira medida é reter a água assim que ela cai do céu, em uma reserva como um sistema de açudes para que o rio principal não receba toda a água. Precisam haver grandes áreas permeáveis, porosas e não pavimentadas, que facilite a absorção da água no solo para que siga seu curso natural de filtragem.
Diminuir a velocidade dos rios
Yu disse ao Fantástico que ao desacelerar a água, o solo tem a oportunidade de absorvê-la. Nos modelos de cidades-esponja, a vegetação é utilizada como meio de desacelerar a água em um sistema de lagos. Já nas cidades no modelo industrial, os rios são canalizados com concreto, o que aumenta a velocidade da água.
Adaptar as cidades para ter áreas alagáveis
As cidades-esponja são desenhadas para ter áreas alagáveis, como um local para onde a água possa escorrer sem causar uma destruição pelo caminho. A água fica armazenada em estruturas naturais alagáveis. Assim a água pode ser contida até ser absorvida sem invadir as construções e prejudicar moradores locais.