Na terça-feira (18), o Departamento de Justiça acusou Carl Erik Rinsch, contratado pela Netflix para fazer uma série de ficção científica que nunca foi concluída, de um esquema de US$ 11 milhões para fraudar a empresa. O cineasta de 47 anos, foi preso em West Hollywood, conforme comunicado da Procuradoria dos EUA para o Distrito sul de Nova York.
De acordo com a acusação, anunciada pelo Escritório de Campo do Federal Bureau of Investigation (FBI) em Nova York, o cineasta garantiu financiamento da empresa de streaming de 2018 até o início de 2020. No entanto, em vez de investir na série, ele teria desviado o dinheiro para uma conta pessoal de corretagem e o utilizou para negociar títulos.
Uso indevido dos recursos da Netflix
Rinsch exigiu os fundos para concluir “White Horse”, uma série de TV de ficção científica que nunca foi finalizada. No entanto, segundo os promotores, ele utilizou o dinheiro para fazer “investimentos extremamente arriscados”, pagar estadias em hotéis luxuosos como o Four Seasons e contratar advogados para processar a própria Netflix.
Ele argumentou que os carros e móveis adquiridos eram adereços para a produção, mas a árbitra Rita Miller, ex-juíza do Tribunal Superior de Los Angeles, decidiu que nenhuma dessas compras era necessária para o projeto.
A Netflix contratou Carl Erik Rinsch, sem experiência cinematográfica, com seu currículo de filmagens só constando comerciais, um curta e um filme estrelado por Keanu Reeves que foi um fracasso de bilheteria.
Curta-metragem feito pelo cineasta (Vídeo: reprodução/YouTube/Perspens)
Histórico do projeto e atrasos na produção
Os registros do tribunal apontam que Rinsch apresentou o programa – também conhecido como “Conquest” – em janeiro de 2018 a executivos da Netflix, incluindo Cindy Holland, então vice-presidente responsável pelo conteúdo original, que deixou a empresa em 2020. Com o investimento de Keanu Reeves, que atuava como seu mentor, Rinsch já havia filmado seis episódios curtos e um trailer de três minutos.
A Netflix concordou em investir US$ 44 milhões para adquirir a série e produzir a primeira temporada, prevendo vários meses de filmagem em países como Quênia, México, Romênia, Berlim, Hungria e Uruguai em 2019.
No entanto, as gravações começaram no Brasil e rapidamente ultrapassaram o orçamento, segundo registros do tribunal. Embora tenha prometido entregar mais sete episódios, ele informou à Netflix que apenas um episódio poderia ser concluído com os recursos fornecidos.
Após uma breve interrupção na produção na Hungria, a Netflix concordou em adiantar mais dinheiro, mas a produção foi interrompida em dezembro de 2019, com muito trabalho ainda pendente. Em março de 2020, Rinsch solicitou um adicional de US$ 11 milhões para concluir a primeira temporada. Na esperança de salvar o projeto, a Netflix concordou com o pagamento, segundo a decisão judicial.
Até o momento, a Netflix não se pronunciou sobre o caso.