Dengue ultrapassa 650 mil casos no Brasil em 2024

Alexandre Kenzo Por Alexandre Kenzo
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Mosquito Aedes aegypti está se espalhando para regiões antes desocupadas (Reprodução/CNN Brasil/Pixabay)

Nesta segunda-feira (19), o Ministério da Saúde divulgou que já são mais de 653 mil casos de dengue no país, e ao menos 113 mortes confirmadas, com 438 óbitos adicionais em investigação. Os dados são do dia 1º de janeiro até 17 de fevereiro, e em relação com o mesmo período no ano passado, representam uma alta de quase 300%.

O que especialistas apontam como grave é que 2023 já foi um ano atipicamente alarmante, com um recorde histórico de 1.094 óbitos, e continuando uma tendência de crescimento iniciada em 2022. Caso esse ano continue com o número elevadíssimo de casos de dengue, o Ministério da Saúde projeta que o Brasil possa chegar até 4,2 milhões de casos até o fim do ano.

Para fins de comparação, o número total de casos no ano passado foi de aproximadamente 1,6 milhões. No entanto, tudo indica que o número de falecimentos decorrentes pode ser multiplicado por um fator igual ou até ainda maior, devido à superlotação nas unidades prestando serviços de saúde, como foi observado durante a pandemia da Covid-19 nos lugares mais gravemente afetados.


Tenda de atendimento para dengue no Distrito Federal (reprodução/O Globo/Brenno Carvalho)

Casos nos Estados

As diferentes unidades federativas estão sendo afetadas em graus distintos. Atualmente, maiores números de casos se concentram nos seguintes estados:

  • Minas Gerais (192 mil casos)
  • São Paulo (90 mil casos)
  • Distrito Federal (67 mil casos)
  • Paraná (58 mil casos)
  • Rio de Janeiro (41 mil casos)

Ainda de acordo com a análise do Ministério da Saúde, tão importante quanto o número de casos absolutos é o nível de incidência da doença. Nesse quesito, o Distrito Federal lidera com 2.405 casos por 100 mil habitantes, seguido de Minas Gerais, com 936 casos na mesma amostra. Ou seja, praticamente quase uma em cada cem pessoas em Minas Gerais registrou um caso de dengue.

Clima como agravante

A hipótese mais discutida entre especialistas atualmente é a de que o clima atual no país esteja agravando a situação da dengue, permitindo que o seu mosquito vetor, Aedes aegypti, se alastre por regiões que antes não ocupava.

Observamos expansão recente do vetor para áreas geográficas que não tinham o mosquito, como Rio Grande do Sul, ou até a cidade de São Paulo,” afirma Julio Croda, infectologista pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e professor da UFMS. “Quando você tem mais calor, o ciclo do mosquito diminui. Normalmente ele leva uns 10 dias para se desenvolver depois da eclosão do ovo. Quando faz mais calor, o ciclo é encurtado para até cinco dias.

Além disso, outros pesquisadores afirmam que os casos devem continuar aumentando no Brasil com a continuidade das chuvas. Ao todo, os sinais indicam que o fenômeno El Niño, responsável pelas ondas de calor ao fim do ano passado e ainda afetando este, pode ter agravado consideravelmente a epidemia de dengue de 2024, que deve registrar dados nunca antes vistos na história do país.

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