Nesta quarta-feira (07), Donald Trump foi eleito o novo presidente dos Estados Unidos. Suas propostas políticas como a deportação de imigrantes, políticas protecionistas para fortalecer a indústria americana e a imposição de tarifas mais altas sobre produtos importados podem impactar diretamente a economia do mundo e do Brasil, elevando inflações e reduzindo correntes comerciais.
O tarifaço dos Estados Unidos
Segundo analistas entrevistados pela BBC News Brasil, o país deve se preparar para uma grande alta do dólar e uma diminuição de exportações para os Estados Unidos, o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China. Essa diminuição pode ser causada pelas políticas protecionistas defendidas por Trump, que terá como consequência o aumento das tarifas de importação, chamadas de “tarifaço“.
As tarifas poderão aumentar cerca de 10% a 20% para todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos. A China, considerada uma grande rival comercial de Trump, poderá ter tarifa aumentada em 60%.
Donald Trump defendeu em sua campanha que o tarifaço incentivaria a criação de empregos no país, movido pelas empresas incentivadas a produzirem nos Estados Unidos. No entanto, grande parte dos especialistas discordam do republicano. Segundo eles, o protecionismo “ou vira inflação, ou vira redução de demanda“, diminuindo o volume de exportações com parceiros como o Brasil.
Para isso, para haver uma política de equilíbrio fiscal, para que o país possa evitar déficits fiscais ou dívidas excessivas. O economista Paulo Silva afirma que “o protecionismo econômico de Trump aumenta a pressão inflacionária e intensifica o ciclo de alta de juros por aqui“. Diante disso, podemos esperar um aumento na taxa Selic, que significa uma elevação na taxa básica de juros da economia brasileira.
Impacto entre Brasil e China
Esse cenário econômico mundial também afetará diretamente a China, o maior parceiro do Brasil, destino da maior parte das exportações brasileiras de produtos agrícolas, como soja, carne e minérios de ferro. A redução do comércio entre a China e os Estados Unidos, poderá reduzir a demanda chinesa pelos produtos brasileiros.
“A super taxação feita para proteger a economia e o emprego estadunidense irá afetar economias exportadoras como a China, (…) Assim, a queda na demanda pode levar a uma recessão e impactar diretamente importadores brasileiros que fazem negócios com a China.”, afirmou Celso Grisi, professor da FIA Business School.
“Dia amanheceu mais tenso”
O Ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, afirmou que hoje o “dia amanheceu, no mundo, mais tenso”, se referindo à vitória de Donald Trump. O ministro também disse que, apesar dos discursos radicais dados na campanha, o primeiro discurso de Trump como presidente eleito foi mais moderado, por isso devemos “aguardar um pouquinho e cuidar da nossa casa“.
Ainda que todas as suposições e estudos de hipóteses sejam realizados, os especialistas afirmam que tudo irá depender do que será colocado em prática por Donald Trump e a forma com o qual os países irão reagir às mudanças.