Um estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que o Brasil possui um índice considerável de policiais militares por habitante. Com uma média de dois policiais para cada mil habitantes, o país se enquadra nos padrões internacionais, comparável a nações como os Estados Unidos. No entanto, a pesquisa enfatiza que a distribuição desse efetivo e a eficácia das políticas de segurança são pontos cruciais a serem avaliados.
Apesar do aparente conforto numérico, o presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, adverte que o aumento do contingente policial não se traduz necessariamente em mais segurança. O exemplo do Amapá, onde há 4,2 policiais para cada mil habitantes, contrasta dramaticamente com a realidade de alta taxa de mortes violentas.
Segundo Lima, a eficácia do policiamento está mais relacionada à qualidade e eficiência das ações do que à simples quantidade de efetivo. Ele destaca o caso de Santa Catarina, que com 1,3 policiais militares por mil habitantes, ostenta uma das menores taxas de mortes violentas intencionais do país, resultado de uma mudança na gestão da segurança pública que descentralizou batalhões e unidades de comando.
Diversidade de gênero nas forças de segurança
Outro aspecto abordado no estudo é a baixa representatividade feminina nas instituições militares da segurança pública. A prática do uso de cotas como teto para o ingresso de mulheres tem contribuído para essa disparidade, resultando em apenas 12,8% do efetivo das Polícias Militares estaduais sendo compostos por mulheres.
Essa representação é ainda menor do que a encontrada na Câmara dos Deputados, evidenciando a necessidade de políticas mais inclusivas e igualitárias no recrutamento e promoção dentro das forças de segurança.
Desafios salariais
Além das questões operacionais, o estudo também aponta desafios econômicos e salariais enfrentados pelas forças de segurança. Embora os policiais sejam mais bem remunerados do que outros servidores públicos, enfrentam disparidades salariais significativas entre diferentes patentes. Um coronel, por exemplo, pode receber até 4,5 vezes mais do que um soldado, ressaltando a necessidade de uma revisão nos sistemas de remuneração para promover maior equidade e motivação entre os profissionais.
Alternativas de gestão e de custos
Diante dos desafios financeiros enfrentados pelos estados, o presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública sugere a adoção de modelos de gestão mais eficientes. Uma das propostas é a inserção de civis em cargos mais burocráticos da polícia, seguindo o exemplo de cidades como Nova York, onde cerca de 30% dos funcionários da polícia não são policiais.
Essa medida não apenas poderia reduzir os custos operacionais, mas também permitiria que os policiais se concentrassem mais nas atividades de policiamento e segurança, aumentando a eficácia das operações.