O apagão cibernético desta sexta-feira (19), impactou diversos setores ao redor do mundo. Serviços de aeroportos, bancos, hospitais, empresas de telecomunicações e infraestrutura foram diretamente afetados provocando caos e instabilidade.
Segundo o especialista de segurança cibernética Troy Hunt, historicamente este é o maior apagão já registrado no mundo, ressaltando ainda a preocupação com o acontecimento do que chamam de “bug do milênio” (Y2K).
“Não acho que seja muito cedo para dizer: esta será a maior paralisação de TI da história” (…) Isso é basicamente o que todos nós estávamos preocupados com o Y2K [“bug do milênio”], mas dessa vez realmente aconteceu”, escreveu em duas postagens na rede social “X”.
This is basically what we were all worried about with Y2K, except it's actually happened this time ☠️
— Troy Hunt (@troyhunt) July 19, 2024
Postagem de Troy Hunt (Foto: Reprodução/X/@troyhunt)
A empresa CrowdStrike, responsável pela falha na atualização do software de segurança que causou a pane global, informou por meio de nota que o problema foi identificado e resolvido, descartando a possibilidade de ataques de hackers.
Falhas registradas
O apagão de hoje, relembra outros incidentes que aconteceram anteriormente e que colocaram o mundo em alerta, especialmente pelo fato de que 90% dos serviços necessitam de rede e conectividade para o bom funcionamento.
É o caso do ataque cibernético “NotPetya” que aconteceu em 2017, e afetou empresas e instituições governamentais ao redor do mundo. Começou no Kremlin e tinha como objetivo atingir servidores da Ucrânia, porém, o impacto foi a nível mundial, causando prejuízos que chegaram a 10 bilhões de dólares, considerado o maior ataque cibernético e o mais custoso da história.
Em 2021 a internet colapsou com a falha da Fastly, que distribui conteúdo de servidores, deixando milhares de pessoas “offline”.
Há 14 anos atrás, a guerra cibernética afetou ambientes online e offline com a descoberta de um “malware” (software criado para danificar servidores), pela VirusBlokAda, uma empresa de segurança da Bielorrússia quando detectou falha nos sistemas ao executar um antivírus.
Stuxnet, nome dado ao “vírus”, foi criado pela NSA (Agência de Segurança Nacional EUA) e a inteligência israelense com o objetivo de minar centrífugas de enriquecimento nuclear do Irã, para impedir a criação de uma bomba nuclear. O vírus conseguiu destruir milhares delas acelerando a pressão para que se quebrassem.
No ano passado, houve mais um caso, com a falha foi nos sistemas de Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos, que impactou o setor aéreo com atrasos e cancelamentos de voos.
O último caso cibernético registrado foi uma interrupção nos sistemas da CDK Global que garante ter sido vítima de um “ataque cibernético de hackers”, causando falhas em sistemas de concessionárias de vendas e pedidos nos EUA.
Últimas atualizações do apagão
Apesar do informe de que a falha foi corrigida, milhares de voos foram cancelados e remarcados, causando tumulto em aeroportos. As companhias aéreas estão solicitando aos passageiros com viagem marcada, que entrem em contato com as centrais para as próximas orientações.
Empresas de diversos setores continuam com lentidão nos sistemas que podem estar sobrecarregados, gerando atraso em atendimentos, cancelamentos e alteração de agenda.
No mercado financeiro, as bolsas seguem “desorientadas”, com “queda” e “alta” desproporcionais. Alguns investidores relatam que não sofreram nenhum impacto até o momento e a maior queixa é a dificuldade em negociar papeis.
As orientações da CrowdStrike é que as organizações entrem no portal oficial para acompanhar as últimas atualizações e instruções caso permaneçam com sistemas parados ou instáveis.
Do ponto de vista de especialistas, o apagão de hoje poderia ter sido evitado com a precaução em testes e cuidado redobrado ao “subir” atualizações para ambientes de “produção” (quando atualizações saem da área de teste e passam para o ambiente de funcionamento).