Exportações brasileiras de aço e alumínio sofrem com nova tarifa de Trump
exportacoes-brasileiras-de-aço-e-aluminio-sofrem-com-nova-tarifa-de-trump
Entra em vigor nesta quarta-feira (4) a nova tarifa de 50% sobre produtos de aço e alumínio importados pelos Estados Unidos, de acordo com decreto assinado pelo presidente Donald Trump nesta terça-feira (3).
A decisão dobra as tarifas de 25% que haviam sido estabelecidas pelo governo americano em fevereiro deste ano. As medidas afetarão diretamente o mercado brasileiro, que ocupa a segunda posição na venda de aço aos Estados Unidos.
O presidente norte-americano anunciou as tarifas de 50% sobre o aço importado na última sexta-feira, 30 de maio, durante visita a uma planta da US Steel. A exceção é para o Reino Unido, após a assinatura de um acordo comercial com o governo americano que manteve a tarifa em 25%.
A medida forçará o setor de siderurgia e mineração do Brasil a se ajustar e se adaptar a um mercado internacional mais protecionista e a uma demanda mundial em desaceleração.
Orgulho americano
“É uma grande honra para mim aumentar as tarifas sobre aço e alumínio de 25% para 50%, a partir de quarta-feira. Nossas indústrias de aço e alumínio estão se recuperando como nunca. Esta será mais uma GRANDE notícia para nossos trabalhadores do setor. FAÇAM A AMÉRICA GRANDE NOVAMENTE!”, publicou Donald Trump em rede social.
O presidente norte-americano afirmou que a medida tarifária vai proteger a indústria siderúrgica nos EUA e garantiu que ninguém vai conseguir contornar a tarifa.
Fatias do mercado
A participação do Brasil no mercado de aço e ferro americano é a maior dos últimos anos. Os EUA compraram US$ 4,677 bilhões (aproximadamente R$ 27 bilhões) em produtos siderúrgicos. O Brasil foi o segundo maior fornecedor dos EUA em 2024.
A indústria siderúrgica brasileira vendeu o correspondente a 14,9% de todo o grupo que inclui aço e ferro como matéria-prima, ou seja, produtos semimanufaturados de ferro e aço, além do ferro fundido bruto.
A primeira posição de exportações de aço para os EUA é do Canadá, que ficou com 24,2% do mercado de aço e ferro.
Logo após o Brasil, seguem o México (10,1%), Coreia do Sul (5,9%) e Alemanha (4,6%).
O Brasil exportou US$ 306 milhões em aço e ferro para os EUA no ano passado, o que equivale a 0,6% das importações americanas. Com relação ao alumínio, a indústria brasileira exportou US$ 272 milhões, o que corresponde a 1% de todas as importações americanas.
Mercados relevantes
O aço e ferro brasileiros representam um quinto do mercado dos EUA. De acordo com dados do Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, 47,9% das exportações do grupo de aço e ferro em 2024 foram para os EUA. Portanto, o mercado americano é um cliente fundamental para a indústria siderúrgica brasileira.
A China é o segundo maior comprador do Brasil, com 10,7% dos embarques de aço e ferro, uma fatia bem menor do que a norte-americana.
Posicionamento do governo brasileiro
O vice-presidente Geraldo Alckmin liderou o governo brasileiro, por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdid), na defesa de dialogar com o governo norte-americano na tentativa de tratar as tarifas de Donald Trump.
Alckmin comentou em março deste ano que as taxas de 25%, que haviam sido impostas ao aço do Brasil na ocasião, eram equivocadas, mas que tentaria negociar com as autoridades dos EUA.
Entendemos que o caminho não é olho por olho. Se fizer olho por olho, todo mundo fica cego. O caminho no comércio exterior é ganha-ganha.
Geraldo Alckmin
Em apoio à fala de Alckmin naquele momento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou a necessidade de diálogo, mas com a possibilidade de ações de reciprocidade ou de levar o assunto para a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Impacto no Brasil
Uma das principais consequências será a diminuição das exportações para os EUA, o que levará a um redirecionamento de vendas ou redução na produção.
As empresas que mantêm forte atuação no mercado internacional serão as mais prejudicadas pelo encolhimento das exportações, porém, as empresas com maior foco no mercado interno não sentirão tanto o impacto. Contudo, podem enfrentar o desafio do aumento da oferta de produtos no mercado doméstico, o que pode influenciar os preços e abaixar as margens de lucro.
De acordo com a InfoMoney, a Gerdau, que produz e exporta vergalhões e vigas para os EUA, pode ser menos afetada, pois seus produtos tem uma penetração menor (17%) nas importações americanas, o que reduz a exposição direta ao tarifaço. Por outro lado, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a CSN Mineração sofrerão maior impacto da tarifa, influenciando o valor de suas ações no mercado.
