Exportações brasileiras de aço e alumínio sofrem com nova tarifa de Trump

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04 jun, 2025
Foto destaque: Estoque de aço da Usiminas (Reprodução/Usiminas/g1)
Foto destaque: Estoque de aço da Usiminas (Reprodução/Usiminas/g1)
Amplo galpão industrial com pé direito altíssimo mostra bobinas de aço para exportação

Entra em vigor nesta quarta-feira (4) a nova tarifa de 50% sobre produtos de aço e alumínio importados pelos Estados Unidos, de acordo com decreto assinado pelo presidente Donald Trump nesta terça-feira (3). 

A decisão dobra as tarifas de 25% que haviam sido estabelecidas pelo governo americano em fevereiro deste ano. As medidas afetarão diretamente o mercado brasileiro, que ocupa a segunda posição na venda de aço aos Estados Unidos. 

O presidente norte-americano anunciou as tarifas de 50% sobre o aço importado na última sexta-feira, 30 de maio, durante visita a uma planta da US Steel. A exceção é para o Reino Unido, após a assinatura de um acordo comercial com o governo americano que manteve a tarifa em 25%. 

A medida forçará o setor de siderurgia e mineração do Brasil a se ajustar e se adaptar a um mercado internacional mais protecionista e a uma demanda mundial em desaceleração. 

Orgulho americano

“É uma grande honra para mim aumentar as tarifas sobre aço e alumínio de 25% para 50%, a partir de quarta-feira. Nossas indústrias de aço e alumínio estão se recuperando como nunca. Esta será mais uma GRANDE notícia para nossos trabalhadores do setor. FAÇAM A AMÉRICA GRANDE NOVAMENTE!”, publicou Donald Trump em rede social. 


Donald Trump afirma que as tarifas estão fazendo a economia americana explodir (Reprodução/YouTube/Record News)

O presidente norte-americano afirmou que a medida tarifária vai proteger a indústria siderúrgica nos EUA e garantiu que ninguém vai conseguir contornar a tarifa. 

Fatias do mercado

A participação do Brasil no mercado de aço e ferro americano é a maior dos últimos anos. Os EUA compraram US$ 4,677 bilhões (aproximadamente R$ 27 bilhões) em produtos siderúrgicos. O Brasil foi o segundo maior fornecedor dos EUA em 2024. 

A indústria siderúrgica brasileira vendeu o correspondente a 14,9% de todo o grupo que inclui aço e ferro como matéria-prima, ou seja, produtos semimanufaturados de ferro e aço, além do ferro fundido bruto.

A primeira posição de exportações de aço para os EUA é do Canadá, que ficou com 24,2% do mercado de aço e ferro.

Logo após o Brasil, seguem o México (10,1%), Coreia do Sul (5,9%) e Alemanha (4,6%). 

O Brasil exportou US$ 306 milhões em aço e ferro para os EUA no ano passado, o que equivale a 0,6% das importações americanas. Com relação ao alumínio, a indústria brasileira exportou US$ 272 milhões, o que corresponde a 1% de todas as importações americanas. 

Mercados relevantes

O aço e ferro brasileiros representam um quinto do mercado dos EUA. De acordo com dados do Comex Stat, do Ministério do Desenvolvimento, 47,9% das exportações do grupo de aço e ferro em 2024 foram para os EUA. Portanto, o mercado americano é um cliente fundamental para a indústria siderúrgica brasileira. 

A China é o segundo maior comprador do Brasil, com 10,7% dos embarques de aço e ferro, uma fatia bem menor do que a norte-americana. 

Posicionamento do governo brasileiro

O vice-presidente Geraldo Alckmin liderou o governo brasileiro, por meio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdid), na defesa de dialogar com o governo norte-americano na tentativa de tratar as tarifas de Donald Trump. 

Alckmin comentou em março deste ano que as taxas de 25%, que haviam sido impostas ao aço do Brasil na ocasião, eram equivocadas, mas que tentaria negociar com as autoridades dos EUA. 

Entendemos que o caminho não é olho por olho. Se fizer olho por olho, todo mundo fica cego. O caminho no comércio exterior é ganha-ganha.

Geraldo Alckmin

Em apoio à fala de Alckmin naquele momento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou a necessidade de diálogo, mas com a possibilidade de ações de reciprocidade ou de levar o assunto para a Organização Mundial do Comércio (OMC). 

Impacto no Brasil

Uma das principais consequências será a diminuição das exportações para os EUA, o que levará a um redirecionamento de vendas ou redução na produção. 


Siderúrgicas brasileiras buscam uma maneira de compensar as perdas por causa da nova tarifa americana (Reprodução/X/@CNNBrasil)

As empresas que mantêm forte atuação no mercado internacional serão as mais prejudicadas pelo encolhimento das exportações, porém, as empresas com maior foco no mercado interno não sentirão tanto o impacto. Contudo, podem enfrentar o desafio do aumento da oferta de produtos no mercado doméstico, o que pode influenciar os preços e abaixar as margens de lucro. 

De acordo com a InfoMoney, a Gerdau, que produz e exporta vergalhões e vigas para os EUA, pode ser menos afetada, pois seus produtos tem uma penetração menor (17%) nas importações americanas, o que reduz a exposição direta ao tarifaço. Por outro lado, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a CSN Mineração sofrerão maior impacto da tarifa, influenciando o valor de suas ações no mercado. 

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