Um levantamento do Instituto Trata Brasil, divulgado nesta quarta-feira (19), escancara a precariedade do saneamento básico no Brasil. Apenas em 2024, a falta de infraestrutura levou à internação de mais de 300 mil brasileiros, vítimas de doenças como diarreia, verminoses, infecções de pele e enfermidades transmitidas por mosquitos, como dengue e chikungunya.
Crescimento lento do saneamento básico no Brasil
O crescimento do saneamento básico no país tem sido lento. Entre 2006 e 2022, o acesso à água tratada no Brasil teve um avanço muito pequeno, crescendo apenas 4,6%. A coleta de esgoto melhorou, em média, apenas 1% ao ano. Já o tratamento de esgoto evoluiu ainda menos, aumentando só 14% em 16 anos. O que mantém boa parte da população brasileira ainda sem acesso à coleta ou tratamento de esgoto.
“Nós investimos R$ 111 por ano por habitante em saneamento básico e deveríamos estar investindo R$ 231 por ano por habitante. E por que é um investimento? Porque é um investimento que vai reduzir custo com saúde. Esse estudo desenvolvido pelo Trata Brasil aponta que nós gastamos, em 2024, R$ 174 milhões com as internações por doenças associadas à falta do saneamento básico”, afirma Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil.
Disparidades regionais e populações mais afetadas
A população mais afetada por essa problemática é a de menor posição socioeconômico, a falta de saneamento básico revela desigualdades profundas no país. Estima-se que 4 milhões de brasileiros não possuam sequer um banheiro em casa.
Comunidade indígena que se localiza próxima a maior capital do país, São Paulo, só recebeu suporte para instalação de banheiros recentemente através do apoio de uma ONG. Segundo líder da comunidade indígena, a instalação dos banheiros para suporte de 16 famílias ajuda principalmente quando está chovendo, pois quando tem banheiro se sabe exatamente aonde ir.
Homem pegando água de fonte duvidosa (Foto: reprodução/Tercio Texeira/Getty Images Embed)
Refletindo a realidade de aproximadamente 100 milhões de brasileiros que vivem em situações precárias, o Maranhão que lidera o ranking de doenças relacionadas ao saneamento inadequado. O qual o órgão responsável do Estado afirmou que está realizando investimentos que amplie a cobertura e que atualmente beneficia 1,2 milhão de famílias.
Já em São Paulo, a Sabesp, a empresa que administra 375 municípios no estado, prevê a universalidade dos serviços até 2029, alcançando áreas informas e rurais, como aldeias indígenas.
Além da vulnerabilidade social, a faixa etária também revela vitimas, crianças e idosos apresentam casos mais graves, necessitando de hospitalização. Entre os internados, cerca de 70 mil eram crianças de até quatro anos, representando 20% do total.
O Instituto Trata Brasil estima que, com a ampliação da oferta de água tratada e da coleta e tratamento de esgoto, o número de internações poderia ser reduzido em quase 70%, gerando uma economia de R$ 43,9 milhões anuais para o sistema de saúde.
A pesquisa foi divulgada às vésperas do Dia Mundial da Água, celebrado em 22 de março, reforçando a urgência de investimentos para garantir acesso universal ao saneamento básico no Brasil.