Governo Trump pode impedir acesso de autoridades brasileiras à sede da ONU
Em coletiva de imprensa no Salão Oval da Casa Branca nesta sexta-feira (5), o presidente norte-americano, Donald Trump, revelou que não descarta a possibilidade de restringir os vistos de representantes brasileiros que pretendem participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) deste ano. “Estamos muito chateados com o Brasil. Já aplicamos tarifas pesadas […]
Em coletiva de imprensa no Salão Oval da Casa Branca nesta sexta-feira (5), o presidente norte-americano, Donald Trump, revelou que não descarta a possibilidade de restringir os vistos de representantes brasileiros que pretendem participar da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) deste ano.
“Estamos muito chateados com o Brasil. Já aplicamos tarifas pesadas porque eles estão fazendo algo muito lamentável”, disse o republicano, que impôs taxas de até 50% aos produtos brasileiros, em vigor desde 1º de agosto.
Insatisfação com o governo brasileiro
Apesar de afirmar que ama e mantém uma excelente relação com o povo do Brasil, Trump acusou as autoridades brasileiras de terem se voltado radicalmente para a esquerda, o que, segundo ele, prejudica o país. O presidente norte-americano afirmou que o governo dos Estados Unidos vai analisar a situação.
Uma decisão política, e não econômica, fez com que Trump elevasse as taxas de produtos importados sobre o Brasil por causa do que ele chama de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que responde a um processo no Supremo Tribunal Federal (STF). A ação penal que acusa Bolsonaro pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do estado democrático de direito e criminosa foi o argumento usado pelo republicano.
Outros governos em risco
Além das autoridades brasileiras, representantes de outros países-membros da ONU também podem ser impedidos de entrar nos Estados Unidos para partiticipar do encontro mundial.
Cerca de 80 representantes palestinos que participariam da assembleia deste ano tiveram seus vistos negados ou revogados pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos no dia 29 de agosto. Dentre estes, está o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas; ainda não está evidente se ele poderá ir até Nova Iorque, onde é esperado para discursar na assembleia anual.
A Associated Press teve acesso a um memorando interno do Departamento de Estado americano e informou que as delegações do Irã, Sudão e Zimbábue podem sofrer sanções do governo Trump. Seus representantes podem ser impedidos de viajar para fora do estado, de fazer contatos com outras autoridades norte-americanas ou reuniões bilaterais fora do estado, além de também poderem ter seus vistos negados ou revogados.
Estados Unidos como anfitrião
O “Acordo de Sede da ONU” (1947) estabelece que os Estados Unidos não podem impedir o acesso de representantes estrangeiros à sede das Nações Unidas. No entanto, o governo americano se defende sob a alegação de que pode negar vistos por questões de “segurança, terrorismo e política externa”.
A decisão do governo dos Estados Unidos em restringir o acesso de líderes mundiais ao país pode impactar as relações bilaterais entre os países-membros e o papel que os Estados Unidos desempenham como país anfitrião de organismos internacionais.
A abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU acontecerá no próximo dia 23, na sede da organização em Nova Iorque. Por tradição, o Brasil é o primeiro país a discursar no evento, devido a uma homenagem ao diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, por sua atuação no início da organização. Em seguida, os Estados Unidos discursam como país anfitrião.
