IPC confirma fome em Gaza: meio milhão de pessoas em catástrofe alimentar

O Sistema Internacional de Classificação de Insegurança Alimentar, Integrated Food Security Phase Classification (IPC), uma iniciativa envolvendo agências da ONU e ONGs internacionais para analisar situações relacionadas a nutrição e segurança alimentar de populações, confirmou nesta sexta-feira (22) que a região de Gaza está sofrendo com fome extrema — a escala mais grave da avaliação, […]

22 ago, 2025
Foto destaque: Palestinos aguardam em fila para receber refeições distribuídas por entidade humanitária em Khan Yunis, Gaza (Reprodução/Abed Rahim Khatib/Getty Images Embed)
Foto destaque: Palestinos aguardam em fila para receber refeições distribuídas por entidade humanitária em Khan Yunis, Gaza (Reprodução/Abed Rahim Khatib/Getty Images Embed)
Milhares de civis palestinos sofrem com a fome em Gaza.

O Sistema Internacional de Classificação de Insegurança Alimentar, Integrated Food Security Phase Classification (IPC), uma iniciativa envolvendo agências da ONU e ONGs internacionais para analisar situações relacionadas a nutrição e segurança alimentar de populações, confirmou nesta sexta-feira (22) que a região de Gaza está sofrendo com fome extrema — a escala mais grave da avaliação, sinalizando um colapso humanitário que afeta meio milhão de pessoas e exige ação urgente da comunidade global.

O que é o IPC e qual sua importância

O IPC é uma iniciativa apoiada pela ONU e por 19 organizações humanitárias, com o objetivo de mensurar crises alimentares no mundo usando uma escala padronizada de cinco fases — da segurança alimentar (fase 1) até fome ou catástrofe (fase 5). A classificação de fome (fase 5) exige que ao menos 20% dos domicílios enfrentem escassez extrema de alimentos, 30% das crianças sofram de desnutrição aguda e a taxa de mortalidade diária ultrapasse 2 por 10 mil habitantes. O IPC não declara fome oficialmente, mas oferece análise técnica que embasa decisões de órgãos como ONU, governos e ONGs.

Por que Gaza foi classificada como em situação crítica

Segundo o relatório, mais de 500 mil pessoas em Gaza já vivem sob condições de “catástrofe” e fome, especialmente na cidade de Gaza, com projeções de expansão para Deir al-Balah e Khan Younis até o fim de setembro. A situação é impulsionada por quase dois anos de conflito intenso, bloqueios que interrompem a entrada de alimentos, destruição de 98% das áreas agrícolas e deslocamentos em massa. Em julho, mais de 12 mil crianças foram diagnosticadas com desnutrição aguda — o pior número já registrado — e espera-se que mais de 640 mil pessoas enfrentem fome até setembro.


Criança sofre de desnutrição e recebe atendimento em hospital palestino (Foto: reprodução/Hassan Jedi/Getty Images Embed)


A gravidade da crise e o que isso significa

Líderes mundiais como António Guterres declararam que a fome em Gaza é “uma catástrofe man-made” e uma “falha da humanidade”. O alerta técnico do IPC funcionou como marco para intensificar pressões por cessar-fogo imediato, acesso humanitário irrestrito e escalada de ajuda emergencial. No entanto, autoridades israelenses contestam o relatório, questionando metodologia e dados levantados.

Crise humanitária

A confirmação da fome em Gaza pelo IPC representa um apelo urgente — não apenas técnico, mas moral. Fome é evitável, mas exige vontade política, acesso seguro a ajuda e resposta humanitária à altura da tragédia vivida pela população. Cada dia importa.

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