Lula afirma que países do BRICS são vítimas de acordos comerciais e tarifaços

Durante um encontro virtual realizado na manhã desta segunda-feira (08) com representantes do Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que as nações que compõem o grupo têm sido alvo de medidas econômicas consideradas “arbitrárias e ilegais”.  A fala foi divulgada pelo Palácio do Planalto após a reunião convocada por Lula. Ele fez […]

08 set, 2025
Foto destaque: Lula comandou reunião do Brics (Reprodução/Instagram/@lulaoficial)
Foto destaque: Lula comandou reunião do Brics (Reprodução/Instagram/@lulaoficial)
Presidente Lula durante discurso

Durante um encontro virtual realizado na manhã desta segunda-feira (08) com representantes do Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que as nações que compõem o grupo têm sido alvo de medidas econômicas consideradas “arbitrárias e ilegais”. 

A fala foi divulgada pelo Palácio do Planalto após a reunião convocada por Lula. Ele fez referência às restrições impostas pelos Estados Unidos, em especial ao aumento de tarifas adotado durante o governo de Donald Trump.

Polêmicas da conferência

Durante a conferência virtual do Brics, Lula afirmou que os países do grupo vêm sendo alvo de políticas comerciais abusivas e sem fundamento legal. Segundo ele, a utilização de tarifas como forma de pressão tornou-se prática comum, servindo tanto para ampliar espaço nos mercados globais quanto para interferir em assuntos internos de outras nações. O presidente ressaltou ainda que decisões de caráter extraterritorial fragilizam instituições nacionais e que sanções indiretas limitam a autonomia necessária para ampliar relações econômicas com parceiros estratégicos.


Lula comandou reunião do Brics desta segunda-feira (08) (Vídeo: reprodução/YouTube/G1)

No mesmo contexto, Donald Trump utilizou argumentos ligados à política doméstica dos Estados Unidos, incluindo o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, para justificar a elevação de 50% nas tarifas aplicadas sobre produtos brasileiros. 

Lula também destacou que a consolidação de regras compartilhadas é indispensável ao crescimento equilibrado e defendeu que a intensificação do comércio e da integração financeira entre os países do Brics representa uma alternativa sólida diante do avanço do protecionismo, lembrando ainda o potencial das complementaridades econômicas entre os membros do bloco.

Observações de Lula

O presidente também apontou a existência de uma falha estrutural na governança multilateral relacionada ao universo digital. Para ele, a ausência de um modelo democrático de regulação pode consolidar projetos de concentração de poder nas mãos de poucas corporações de determinados países. Lula advertiu que, sem garantir soberania digital, as nações ficarão suscetíveis à influência externa e à manipulação de dados. Ressaltou, no entanto, que não se trata de estimular um isolamento tecnológico, mas de incentivar a cooperação internacional a partir de ecossistemas nacionais autônomos, supervisionados e sustentáveis.

O encontro ocorreu cerca de dois meses após a última reunião presencial dos chefes de Estado do Brics no Rio de Janeiro. O Brasil, que ocupa a presidência rotativa do bloco em 2025, convocou a nova rodada de diálogos justificando preocupação com a preservação do multilateralismo em um cenário internacional considerado cada vez mais instável.

Na pauta discutida pelo grupo estiveram temas como o aumento tarifário imposto pelos Estados Unidos, o conflito na Faixa de Gaza, a guerra entre Rússia e Ucrânia e a preparação para a COP30, conferência global sobre mudanças climáticas marcada para novembro em Belém–PA.

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