EUA pressionam, mas Maduro rejeita saída imediata proposta por Trump
As exigências do presidente venezuelano inviabilizam o acordo e ampliam o risco de escalada política e militar na região, aumentando o impasse entre Caracas e Washington
A crise entre Estados Unidos e Venezuela ganhou novos contornos depois que Nicolás Maduro descumpriu o ultimato do presidente norte-americano Donald Trump para deixar o poder. Segundo fontes consultadas pela CNN Brasil, o republicano havia oferecido ao líder venezuelano e à sua família passagem segura para fora do país, numa tentativa de mediar uma transição rápida e controlada.
O telefonema, ocorrido em 21 de novembro, foi tratado como uma das últimas tentativas diplomáticas de Washington para reduzir tensões no Caribe, onde os EUA intensificaram operações navais em resposta a denúncias de narcotráfico e instabilidade regional.
Maduro, no entanto, recusou a proposta e impôs condições consideradas inviáveis pelos norte-americanos: anistia total a ele e a altos membros do regime, suspensão imediata das sanções e arquivamento das acusações que enfrenta no Tribunal Penal Internacional (TPI). A Casa Branca avaliou as exigências como incompatíveis com qualquer cenário de responsabilização futura.
As condições e o colapso das negociações
Além da renúncia imediata, a sugestão dos EUA incluía a possibilidade de um governo interino comandado pela vice-presidente Delcy Rodríguez, até que novas eleições fossem convocadas. Fontes afirmam que a opção foi rapidamente descartada por Caracas, que teme perder controle interno sobre Forças Armadas e setores estratégicos do Estado.
Com o fracasso das tratativas, o prazo dado por Trump expirou sem qualquer sinalização de saída por parte do líder venezuelano. Como resposta, Washington anunciou novas medidas de pressão, incluindo a restrição ao espaço aéreo venezuelano e o fortalecimento de alianças regionais para monitoramento militar.
Tropas camufladas, invasão anfíbia e bombardeios na água: governo Trump pressiona Maduro com exercícios militares no Caribe https://t.co/pCvGuSlbJq #g1 pic.twitter.com/w6Rk1L4Gp0
— g1 (@g1) November 29, 2025
Força militar americana pressiona a Venezuela (Vídeo: reprodução/X/@g1)
No governo norte-americano, a percepção é de que Maduro continua apostando no desgaste externo para reforçar alianças internas, especialmente junto ao alto comando militar, pilar decisivo de sua permanência no poder.
Enfraquecimento diplomático e risco de escalada regional
A deterioração das relações entre os países ocorre num momento de aumento das acusações de Washington contra o chamado Cartel de los Soles, apontado pelos EUA como uma rede criminosa ligada ao tráfico de drogas e supostamente associada ao regime venezuelano. A classificação do grupo como organização terrorista estrangeira marcou um dos momentos mais críticos do governo Trump em relação à Venezuela.
Caracas reage acusando os EUA de tentativa de interferência externa e “operação de mudança de regime”, discurso que Maduro tem reforçado em pronunciamentos recentes. Ele também afirmou que continuará “defendendo a soberania” e denunciou pressões internacionais que, segundo ele, visam fragilizar o país e seus recursos petrolíferos.
Especialistas ouvidos por veículos internacionais alertam que a convergência entre crise interna, instabilidade econômica e ameaças externas cria um ambiente de risco elevado para toda a América Latina. A preocupação envolve desde fluxos migratórios até possíveis choques militares indiretos em regiões estratégicas do Caribe.
Impactos para a América Latina
Com o fim das conversas diretas, não está claro qual será a estratégia dos EUA. Embora ações militares diretas não tenham sido anunciadas, fontes em Washington não descartam novas sanções econômicas e um cerco diplomático mais rígido à cúpula do governo venezuelano.
Maduro continuará apostando na resistência interna e no apoio das Forças Armadas, enquanto tenta ampliar alianças internacionais para contrabalancear o peso norte-americano, especialmente com países como Rússia, China e Irã.
Enquanto isso, a população venezuelana segue inserida em um contexto de incerteza política, inflação persistente e acesso limitado a serviços básicos, cenário que pode pressionar ainda mais países vizinhos com novos fluxos migratórios.
