Moraes suspende inquérito sobre retirada de corpos na megaoperação do Rio

Decisão do ministro paralisa investigação sobre a Operação Contenção e determina que o governo preserve imagens e entregue documentos ao STF

11 nov, 2025
Ministro Alexandre de Moraes  | Reprodução/Getty Imagens Embed/ Everisto SA
Ministro Alexandre de Moraes | Reprodução/Getty Imagens Embed/ Everisto SA

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta segunda-feira (10) a suspensão do inquérito instaurado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro para apurar a remoção de corpos após a megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha. O ministro também ordenou que o governo estadual preservasse as imagens das câmeras corporais usadas pelos agentes na operação e as envie ao STF juntamente com os laudos das autópsias das vítimas.

No dia seguinte à operação mais letal da história brasileira, moradores retiraram mais de 70 corpos da área de mata que separa os dois complexos, gesto que motivou a abertura da investigação posteriormente suspensa.

Acusações de fraude

A Polícia Civil do Rio de Janeiro havia anunciado no fim de outubro que investigaria uma possível fraude processual por parte dos participantes da remoção de corpos no Complexo da Penha. O secretário Felipe Curi afirmou que os moradores estariam retirando roupas camufladas usadas por suspeitos mortos durante o confronto. Além disso, reiterou que o foco da investigação não seriam os familiares das vítimas, e sim possíveis ordens de lideranças de uma facção criminosa que supostamente ocultaria vínculos dos mortos com o grupo.

Durante coletiva, a Polícia Civil exibiu um vídeo que, segundo Curi, mostraria moradores retirando peças de roupas dos cadáveres ainda na mata e levando-os para a via pública. O secretário ironizou a diferença entre as imagens captadas durante o confronto — com suspeitos usando camuflados, coletes e armamento — e o estado em que vários corpos apareceram depois, vestindo apenas roupas íntimas ou peças simples.


Moraes suspende inquérito sobre retirada de corpos na megaoperação do Rio

Resgate de corpos em megaoperação no Rio (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Wagner Meier)


“Parece que entraram num portal e trocaram de roupa. Então nós temos imagens de pessoas que retiraram esses corpos da mata e colocaram em via pública e (foram) tirando as roupas desses marginais”

Moradores, por outro lado, argumentam que cortaram partes das vestimentas para facilitar a identificação feita por parentes. Segundo relatos no local, familiares pediam que os registros dos corpos fossem feitos sem as camuflagens, para que lesões ficassem mais visíveis no reconhecimento.

Números da operação

Felipe Curi confirmou 119 mortes na Operação Contenção, como foi chamada: sendo de 115 suspeitos e quatro policiais. A operação também resultou em 113 prisões, dez adolescentes apreendidos e na apreensão de 118 armas, incluindo 91 fuzis, além de artefatos explosivos.

O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou que a decisão de levar o confronto para a área de mata foi adotada como uma forma de proteger moradores. Segundo ele, a letalidade elevada era “previsível, mas não desejada”. Repetindo declarações do governador Cláudio Castro, Santos afirmou que as únicas vítimas do ponto de vista oficial foram os policiais mortos.

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