Nesta terça-feira (04), uma série de normas marcam uma mudança controversa das políticas migratórias apresentadas por Joe Biden no início de seu mandato. Através das alterações, Biden pode barrar a chegada de novos imigrantes na fronteira mexicana.
Migração de pensamento
A série de mudanças representa uma reviravolta conflitante com as políticas de Biden, que no início se mostravam, em parte, contrárias às de seu antecessor, o ex-presidente Donald Trump.
Com as novas implantações, há um viés para tornar as fronteiras temporariamente inoperantes, não permitindo a entrada de novos imigrantes. As normas ainda garantem às autoridades permissão para expulsar do país novos imigrantes, sem ao menos ter seu pedido de asilo atendido, o que contraria o Estatuto dos Refugiados das Nações Unidas, documento que conta com a assinatura dos Estados Unidos.
A procura por medidas mais severas quanto às imigrações e a notável mudança de jogo, levam Biden aos comentários populacionais, que classificam as novas normas como uma medida “desesperada” para atrair mais votos.
Entenda as medidas
As novas medidas implementadas trazem consigo alterações detalhistas quanto à entrada e permanência dos imigrantes nos Estados Unidos.
A entrada ilegal acarretará em expulsão, sem ao menos garantir o auxílio asilo; o imigrante pode ser deportado de volta à fronteira mexicana ou ao seu país de origem. O prazo de deportação pode ser imediato ou até mesmo levar dias.
Com as novas regras, a fronteira terá um limite diário para a passagem de pessoas, sendo ele de 2.500. Quando esse número estiver completo, a imigração será temporariamente suspensa.
Momentaneamente, a solicitação de asilo pode ter sua aprovação aguardada dentro das fronteiras do país norte-americano.
A Casa Branca se manifestou quanto às novas regras, afirmando que só entrarão em funcionamento quando os limites das fronteiras ultrapassarem a capacidade.
Repercussão
As novas implantações não foram bem recebidas, principalmente, por órgãos de defensores dos direitos migratórios, como ONGs, que contestaram as ideias de Biden e demonstraram sua insatisfação.
Conforme apuração da Associated Press, o texto já estava quase finalizado; entretanto, ainda não havia sido lançado por razões eleitorais, uma vez que Biden estava no aguardo dos resultados prévios do México, onde a candidata Claudia Sheinbaum saiu vitoriosa.
O documento em questão teria sua assinatura executiva validada nesta tarde, em um cerimônia na moradia oficial do presidente dos Estados Unidos e contaria com a presença de diversos nomes políticos de cidades texanas, inclusive republicanos.
Biden afirma que o propósito das novas medidas é impedir a entrada de imigrantes ilegais pela fronteira e que aqueles dentro dos trâmites ainda poderão receber asilo no país.
Quanto à vitória de Cláudia nas terras mexicanas, Biden a parabenizou e afirmou que espera trabalhar em conjunto com Sheinbaum. Biden também discursou, citando o atual presidente, Andrés Manuel López Obrador e também Claudia.
“Com os acordos [que os EUA fizeram com o México], o número de imigrantes caiu drasticamente, mas não foi o suficiente”, afirmou o presidente dos EUA. “Se não houver uma mudança na política de fronteira, não haverá limites para o número de pessoas que vão entrar”, afirmou Joe Biden.
Diferenças entre a política imigratória de Biden e Trump
Entenda a seguir as partes notáveis nas diferenças de pensamento quanto a imigração entre Joe Biden e o ex-presidente Donald Trump.
Imigrantes aguardam travessia na fronteira, em 2023 (reprodução/Getty Images)
- As desconexões de pensamento entre os dois líderes começam prontamente na abordagem empregada. Enquanto Biden tinha o foco mais humanitário, com o principio de garantir os direitos imigratórios e a unificação das famílias que deixaram seus países em uma busca por melhora, Trump era visivelmente mais restritivo, implementando medidas para restringir a entrada de refugiados no país. Uma das medidas foi a construção do muro divisório, para garantir freio nas tentativas de refúgio.
- Outro ponto notável que difere os líderes é em relação à política do “Migrant Protection Protocols” ( Protocolos de Proteção ao Migrante, em inglês), que no governo Trump bloqueava a permanência nos Estados Unidos a quem aguardava a aprovação do asilo;
- Ainda no viés humanitário, Biden implementou um mecanismo para reunir familiares que foram separados na fronteira, diferente de Trump, que os tratava com indiferença.
- Uso de prisões privadas, permitidas no governo Trump e encerradas no governo Biden.
A dessemelhança entre os dois líderes, que outrora serviam para diferir os governos, agora são postas à prova, gerando pensamento crítico e também movimentações por parte daqueles que discordam fervorosamente das novas medidas do governo Biden.