Oposição da Coreia do Sul vota contra lei marcial aprovada pelo presidente

Visando impedir “elementos pró-Coreia do Norte”, Yoon Suk-yeol, presidente da Coreia do Sul, adotou uma medida militar nesta terça-feira, que foi impedida pela oposição

Esther Feola Por Esther Feola
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Foto Destaque: Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol (Reprodução/X/@eixopolitico)

Nesta terça-feira (3), durante a noite, no horário de Seul, a capital da Coreia do Sul, o presidente Yoon Suk-yeol deu entrada à lei marcial no país, justificando que a medida seria para “limpar” o país dos aliados da Coreia do Norte.

O desejo do presidente não foi para frente, devido à força e trabalho em conjunto da oposição do país, a qual argumentou que esta seria uma desculpa de Suk-yeol para controlar a Assembleia Nacional, por meio do conflito com Pyongyang, capital da Coreia do Norte.

Anúncio da lei marcial na Coreia do Sul

A lei marcial imposta pelo presidente sul-coreano limita os direitos civis; a legislação comum deixa de existir, sendo substituída pelas leis militares, que visam o controle e restrição das forças policiais, da Assembleia Nacional, bem como da imprensa.

Após a liberação para que os militares tomassem conta do país, quaisquer atividades políticas foram proibidas, como manifestações. Ademais, os sites de notícia coreanos também passaram por instabilidades.

Não foi mais possível adentrar na Assembleia Nacional, e as forças especiais foram chamadas para conter os manifestantes, que se juntaram na frente da sede do Legislativo, em Seul, após o anúncio da lei marcial por Yoon Suk-yeol.

Presidente há dois anos, Yoon decretou a lei marcial no início da noite de terça-feira no horário sul-coreano, em um pronunciamento surpresa, informando que a medida seria para detectar e impedir “elementos pró-Coreia do Norte”, sem especificar quais seriam estes elementos. A última vez que a lei marcial ocorreu no território sul-coreano foi na década de 80, antes da ditadura militar encerrar-se no país.

A oposição sul-coreana contra a Lei Marcial

Na sequência do discurso do presidente, milhares de sul-coreanos foram para a Assembleia Nacional do país, onde as forças militares já estavam iniciando o controle, segundo a imprensa local. Um dos participantes foi a âncora de notícias, Ahn Gwi-Ryeong, que aparece em um vídeo pegando o rifle de um soldado, e indagando se ele não tinha vergonha de marchar entre civis, enquanto estava armado.


Âncora, Ahn Gwi-Ryeong, confrontando militares (Vídeo: reprodução/X/@npomvtt)

Os manifestantes pediram a prisão de Yoon Suk-yeol, enquanto comemoravam a aprovação da lei derrubada, que foi comandada pelo líder da oposição, Lee Jae-Myung. Com a Assembleia fechada, Jae-Myung pulou o muro para conseguir votar contra a lei marcial, fazendo com que o Parlamento conseguisse adentrar a Assembleia Nacional de alguma forma, e votasse contra os atos do presidente.


Líder da oposição sul-coreana, Lee Jae-Myung, pulando o muro da Assembleia Nacional (Vídeo: reprodução/X/@XXIBGOD_)

A ação de Lee teve resultado, visto que 190 deputados adentraram o prédio e votaram contra a lei marcial de forma unanime.


Deputados votam de forma unânime contra a lei marcial (Foto: reprodução/X/@KPR_Brasil)

Durante seu discurso, o líder da oposição informou que a lei imposta pelo presidente era inválida, portanto, qualquer pessoa que atuar por meio dessa medida, estará descumprindo as leis da Coreia do Sul.