Ucrânia expõe descontentamento após fala do Papa Francisco

Raniel Macêdo Por Raniel Macêdo
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A fala do Papa Francisco não foi bem recebida pelos líderes ucranianos (reprodução/Instagram/@franciscus)

Após entrevista gravada no mês passado para a emissora suíça RSI, onde Papa Francisco alegou que a Ucrânia deveria ter “coragem da bandeira branca” e negociar o fim da guerra com a Rússia, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia intimou nesta segunda-feira (11) o representante da Santa Fé, cargo equivalente a um embaixador, qual representa o Líder Católico no exterior, para expressar insatisfação. 

Coragem da bandeira branca

Em entrevista concedida a RSI, que deve ser veiculada na íntegra em 20 de Março, o Papa Francisco foi questionado quanto sua posição em relação entre os dizeres da Ucrânia desistir do confronto já que não foi capaz de afugentar as forças russas, e aqueles que afirmam que agir assim iria legitimar o lado mais forte. 

“Essa é uma interpretação, e isso é verdade”, afirmou o líder da igreja católica, concordando com o termo “bandeira branca”, usado pelo entrevistador. 

“Mas penso que o melhor é aquele que olha para a situação, pensa no povo e tem a coragem da bandeira branca e negocia”, continuou o Papa, acrescentando que as conversas deveriam acontecer com a ajuda das grandes potências internacionais. 

Francisco ainda disse mais, acrescentando que negociar seria uma palavra corajosa, uma vez que se vê derrotado e que as coisas não vão bem. “É preciso ter coragem para negociar”, disse Francisco de acordo com transcrição de trechos da entrevista cedida pela Reuters no sábado passado.

Devolutiva

Descontente com a fala do pontifício, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia convocou o embaixador do Vaticano na Ucrânia, o arcebispo Visvaldas Kulbokas, para expressar todo o descontentamento que a fala do Papa Francisco gerou. 

Visvaldas Kulbokas foi informado que o Papa Francisco deveria se manter longe de declarações que “legalizam o direito do poder e incentivam ainda mais desrespeitos às leis internacionais”, relata o comunicado no site do ministério. 

Ainda no comunicado, há que o ministério espera que Francisco “envie sinais à comunidade internacional sobre a necessidade de imediatamente unir forças para garantir a vitória do bem sobre o mal”, continua o escrito, evidenciando a insatisfação causada pelas últimas declarações do Papa. 

Ele prossegue, afirmando que a “Ucrânia busca paz como nenhum outro Estado. Essa paz, no entanto, precisa ser justa e baseada nos princípios da Carta das Nações Unidas e a fórmula de paz proposta pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.”

Não muito longe da situação, Zelensky se pronunciou e mesmo sem citar nomes ou cargos, rebateu os comentários afirmando que figuras religiosas distantes não deveriam se envolver em “mediação virtual entre alguém que quer viver e alguém que quer destruí-lo”.


Presidente da Ucrânia
O líder da Ucrânia Volodymyr Zelensky se manifestou após fala do Papa Francisco (reprodução/Instagram/@zelensky.stan)

A entrevista completa com a fala do Papa Francisco que causou decepção a Ucrânia deve ir ao ar no dia 20 de Março, na emissora suíça RSI como parte de um novo calendário cultural.

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Formado em Design Gráfico, mas com o coração sempre voltado para a escrita, busco me aventurar cada vez mais na área que tanto admiro. Encontrei na oportunidade como redator um caminho para crescer e me desenvolver profissionalmente, desbravando uma área vasta e, muitas vezes, subestimada. Posso não ter muito a dizer, mas tenho um universo inteiro para escrever.
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