Um a cada oito adultos infectados pelo coronavírus apresenta sintomas de Covid longa. Os dados são do estudo holandês “The Lancet”, publicado na quinta-feira (4).
Conhecida como Covid longa, o estudo foi realizado com a população que teve contato com o vírus em longo prazo e da população não infectada para medir os impactos da doença. Os 76.422 voluntários precisavam preencher questionários digitais sobre 23 sintomas ligados à Covid longa, com foco em pessoas que tiveram a variante alfa do SARS-CoV-2 ou linhagens anteriores. 4.231 (5,5%) tiveram Covid-19 e foram comparados com 8.462 sem a doença.
A covid longa pode gerar sintomas por até dois anos (Foto: iStock)
“Há uma necessidade urgente de dados que informem a escala e o escopo dos sintomas de longo prazo vivenciados por alguns pacientes após a Covid-19“, contou Judith Rosmalen, principal autora do estudo, da Universidade de Groningen, na Holanda.
A especialista conta que o foco está nos sintomas mais frequentes associados à Covid longa, como os problemas respiratórios, fadiga e perda de paladar ou olfato.
“Esse método nos permite levar em consideração sintomas pré-existentes e manifestações em pessoas não infectadas para oferecer uma definição de trabalho aprimorada para Covid longa e fornecer uma estimativa confiável de quanto tempo a doença provavelmente vai durar na população em geral.”
Foram identificados que os sintomas eram novos ou mais graves três a cinco meses após a infecção. Entre os mais registrados estavam dor no peito, dificuldade para respirar, dor ao respirar, dores musculares, perda de paladar ou olfato, formigamento nas mãos ou pés, nó na garganta, sensação alternada de calor e frio, braços ou pernas pesados, dor geral e cansaço.
Entre os sintomas que não aumentaram três a cinco meses após o diagnóstico foram dor de cabeça, coceira nos olhos, tontura, dor nas costas e náuseas.
Outro dado levantado é de que tiveram pelo menos um sintoma aumentado em gravidade moderada depois de três meses ou mais da infecção. Ou seja, 12,7% dos pacientes infectados, teriam sintomas novos ou aumentados três meses após contrair o vírus do SARS-CoV-2.
Para Christopher Brightling e Rachael Evans, do Instituto de Saúde Pulmonar, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, o estudo aponta que a Covid longa é comum e pode durar até dois anos, embora seja difícil alcançar casos graves.
Foto destaque: Paciente internada com Covid-19. Reprodução: Rovena Rosa/Agência Brasil