O uso combinado de diferentes drogas, conhecido como “policonsumo”, tem se tornado cada vez mais frequente nos Estados Unidos, acarretando em um crescimento alarmante no número de mortes relacionadas a essas combinações. De acordo com um novo relatório divulgado pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o país enfrenta um aumento significativo nos óbitos decorrentes da mistura de substâncias estimulantes e depressoras.
O documento revela uma tendência preocupante entre o período de 2011 a 2021, no qual o número de mortes associadas ao consumo de drogas estimulantes, como cocaína, metanfetamina, anfetamina e metilfenidato, dobrou. Paralelamente, as mortes resultantes da combinação de estimulantes com opióides e drogas depressoras como heroína e metadona, aumentaram cerca de sete vezes durante o mesmo período.
Entenda o que é o policonsumo. (Vídeo: Reprodução/YouTube/@ConversandocomNery)
Essa problemática não se limita apenas aos Estados Unidos; o Centro Europeu de Monitoração para Drogas e Abuso de Drogas também relata um aumento nos óbitos relacionados ao policonsumo, especialmente envolvendo opióides, na Europa.
Diferença entre estimulantes e depressores
A diferença crucial entre essas substâncias reside em seus mecanismos de ação no cérebro. Enquanto a cocaína e a metanfetamina são estimulantes que ativam o sistema de dopamina, gerando euforia, alerta e energia, os opióides, como heroína e metadona, são depressores que interagem com os receptores opióides no cérebro, levando a uma sensação de sonolência e, em casos extremos, à depressão respiratória.
Segundo o professor Colin Davidson, especialista em Neurofarmacologia da Universidade Central de Lancashire, no Reino Unido, as drogas estimulantes, embora, menos letais que os opióides, ainda são perigosas, pois podem causar palpitações cardíacas, aumento da pressão arterial e aumentar o risco de derrames. O risco de morte relacionado a drogas torna-se ainda mais grave quando estimulantes são combinados com opióides, aumentando a possibilidade de uma overdose fatal.
Uso do fentanil
Uma das preocupações mencionadas no relatório é o aumento do uso do fentanil, um opióide sintético até 50 vezes mais potente que a heroína e 100 vezes mais potente que a morfina, com ação mais rápida. O fentanil tem se tornado uma ameaça significativa à saúde pública, pois está relacionado a um maior risco de depressão respiratória, levando à insuficiência respiratória e, eventualmente, à morte.
É fundamental conscientizar a população sobre os perigos do consumo de polidrogas e promover medidas preventivas para combater essa crescente epidemia de overdose. Além disso, os profissionais de saúde devem estar preparados para identificar os riscos associados ao policonsumo e oferecer tratamentos adequados para aqueles que enfrentam a dependência dessas substâncias.
Foto Destaque: Mistura de diferentes drogas. Reprodução / Europa Press