Em última ação no STF, Barroso vota por descriminalizar aborto para gestações de até 12 semanas

O ministro do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, decidiu retomar ontem (17), em seu último dia antes de deixar na Casa, a votação acerca da descriminalização do aborto, iniciada em 2023 pela ministra Rosa Weber também logo antes de sua aposentadoria. Assim como Weber, Barroso votou para que a prática não seja mais considerada criminosa em casos de gestações de até 12 semanas.

Na ocasião, Barroso cancelou o pedido de destaque que fizera em 2023 (quando era presidente do STF), transferindo, na época, o julgamento do processo do plenário virtual para o plenário físico. Logo após a manifestação do seu voto, virtualmente, o ministro Gilmar Mendes retransferiu a votação para o meio presencial, sem prazo para que seja efetuada.

A atitude de Barroso coincide com a tentativa, no Senado, de proibir a interrupção voluntária de gravidezes de mais de 22 semanas, mesmo em casos já previstos em lei (risco à vida da gestante ou gravidez resultante de estupro, por exemplo).

O ministro, que presidiu a Corte Constitucional brasileira por 2 anos, até setembro de 2025, anunciou na quinta-feira passada (9) seu pedido de aposentadoria, formalizado na segunda (13). Ontem, sexta (17), foi seu último dia como membro do STF. 

Durante o anúncio, Barroso esclareceu que já informara o presidente acerca de sua decisão há dois anos e que, portanto, não há relação direta com os fatos do momento, em referência às restrições impostas pela administração Trump aos integrantes da Casa devido ao julgamento e posterior condenação do ex-presidente, Jair Bolsonaro, pela trama golpista. 

‘Se homens engravidassem, aborto não seria crime

Em seu voto, o jurista afirmou que a questão deve ser vista como de saúde pública, não de direito penal.

“Ninguém é a favor do aborto em si. O papel do Estado e da sociedade é o de evitar que ele aconteça, dando educação sexual, distribuindo contraceptivos e amparando a mulher que deseje ter o filho e esteja em circunstâncias adversas. Deixo isso bem claro para quem queira, em boa-fé, entender do que se trata verdadeiramente. A discussão real não está em ser contra ou a favor do aborto. É definir se a mulher que passa por esse infortúnio deve ser presa”, acrescentou.


Professor de Direito Constitucional da UERJ, Barroso atende um congresso acadêmico em 2024 (Foto: reprodução/Bruno Escolastico Sousa Silva/Getty Images Embed)

Para ele, as grandes penalizadas pela atual conjuntura são meninas e mulheres pobres, já que a classe média e alta pode se deslocar para outros países ou obter outros meios de realizar o procedimento. Ele ainda colocou a interrupção como um direito feminino.

“As mulheres são seres livres e iguais, dotadas de autonomia, com autodeterminação para fazerem suas escolhas existenciais. Em suma: têm o direito fundamental à sua liberdade sexual e reprodutiva. Direitos fundamentais não podem depender da vontade das maiorias políticas. Ninguém duvide: se os homens engravidassem, aborto já não seria tratado como crime há muito tempo”, concluiu.

Votação foi iniciada em 2023 por Rosa Weber, a pedido do PSOL

Com essa atitude, o magistrado reproduz o comportamento da ex-ministra Rosa Weber, que, em 2023, às vésperas de sua aposentadoria, decidiu colocar em discussão a descriminalização do aborto. O STF mantém o voto de ex-membros desde que esse seja realizado enquanto o ministro estiver formalmente na Corte.

O tema foi levantado pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) em 2017, que, baseando-se nos preceitos fundamentais da dignidade da pessoa humana, cidadania, não discriminação, inviolabilidade da vida, liberdade, igualdade, proibição de tortura ou tratamento desumano ou degradante, saúde, entre outros, todos presentes na Magna Carta brasileira, apontou a proibição do procedimento como inconstitucional.

Em 2023, foi o próprio Barroso que deslocou a votação do plenário virtual para o físico, suspendendo, na prática, a continuidade dos votos. Com seu recente posicionamento, contudo, já são 2 votos, de ao menos 6, para que o aborto seja, em tese, descriminalizado no Brasil, embora a pauta enfrente forte rejeição no Legislativo. 

Bruno Medeiros se declara ao filho Rael falecido antes do parto: “Por você que vou em frente”

Em um momento de profunda comoção e delicadeza, o marido da apresentadora Tati Machado, Bruno Medeiros, prestou uma emocionante declaração ao filho que faleceu antes do parto. A publicação, feita nas redes sociais, tocou o coração de milhares de pessoas, revelando a força do amor e a resiliência diante da perda.

Uma declaração de amor e força

Bruno compartilhou uma foto do pequeno em uma roupinha especial, acompanhada de uma legenda que expressa a dor da ausência, mas também a esperança que o filho deixou. “Por você que vou em frente, meu amor. A saudade dói, mas o amor que você deixou é ainda maior”, escreveu ele, demonstrando a profundidade de seu sentimento.


O casal Bruno e Tati medeiros e sua ultima viagem (Foto: reprodução/Instagram/@tati)

A notícia da perda do bebê, que se chamaria Rael, abalou Tati Machado e Bruno Medeiros, mas a forma como o casal tem lidado com a situação tem sido um exemplo de força e união. A apresentadora, conhecida por sua alegria e profissionalismo, tem recebido o apoio de amigos, colegas e fãs neste momento difícil.

A declaração de Bruno Medeiros reforça o vínculo eterno entre pais e filhos, mesmo quando a vida os separa antes do tempo. Ele descreve o filho como um anjo que veio para ensinar sobre o amor mais puro e a força que existe dentro de cada um. “Você me ensinou sobre o amor mais puro e sobre a força que eu nem sabia que tinha. Vou carregar você para sempre no meu coração”, publicou.

A dor transformada em esperança

O casal tem sido transparente sobre o processo de luto, compartilhando suas experiências e mostrando que é possível encontrar luz mesmo na escuridão. A força que Bruno demonstra em sua declaração é um reflexo do amor que sentem pelo filho e do apoio mútuo que compartilham.


Tati e Bruno viajando (Foto: reprodução/Instagram/@Tati)

A perda de um filho é uma das experiências mais dolorosas que um ser humano pode enfrentar, e a forma como Tati Machado e Bruno Medeiros estão navegando por essa jornada é inspiradora. A declaração de Bruno é um testemunho do amor incondicional e da esperança que renasce, mesmo após a maior das tristezas. A memória de Rael continuará viva, guiando e fortalecendo seus pais em cada passo do caminho.

Sabrina Sato revela como explicou à filha Zoe sobre separação e perda gestacional

Sabrina Sato abriu o coração em entrevista ao podcast “Mil e Uma Tretas”, ao relembrar momentos delicados vividos com a filha Zoe, de 6 anos. Em uma conversa sensível, ela contou como abordou com a menina tanto o fim de seu relacionamento com o ator Duda Nagle quanto a perda do bebê que esperava em 2024.

“Passei por alguns momentos bem difíceis. A conversa com ela sobre a separação [de Duda Nagle] não foi fácil. Depois veio a conversa sobre a gravidez e, por fim, a mais difícil: contar que o irmãozinho não viria mais”, compartilhou Sabrina, visivelmente emocionada.

Conexão fortalecida entre mãe e filha

Segundo a apresentadora, as conversas dolorosas também serviram para fortalecer o vínculo entre as duas. “Essas duas foram muito difíceis, mas também muito importantes, que fizeram a nossa conexão aumentar ainda mais. Eu precisei me abrir para a minha filha e falar o que eu estava sentindo”, disse.

Sabrina contou ainda que teve o apoio da mãe, Kika Sato, para ter essa conversa com Zoe, tornando o momento ainda mais acolhedor e especial.


Sabrina revela conversa com Zoe(Vídeo: reprodução/Instagram/@hugogloss)


Zoe já sonhava com um irmãozinho

Zoe já sonhava em ter um irmão e chegou a contar a novidade para os amiguinhos na escola. “Ela rezava todas as noites pedindo um irmão”, revelou Sabrina.

A perda gestacional aconteceu em novembro de 2024, quando Sabrina estava na 11ª semana de gravidez, no hospital Albert Einstein, um momento doloroso para toda a família e especialmente para Zoe, que já se preparava para a chegada do irmãozinho. Sabrina relatou que foi um momento difícil para a filha, que já havia compartilhado a notícia com suas amigas, aumentando ainda mais o impacto da perda.

Apesar da dor profunda, Sabrina destacou como esses episódios difíceis fizeram com que a relação entre ela e Zoe se tornasse ainda mais forte.


Argentina: manifestantes pedem o fim da legalização do aborto

Neste sábado (29), manifestantes tomaram as ruas para exigir a criminalização do aborto na Argentina. O procedimento foi legalizado no país em 2020, há menos de quatro anos.

Com cartazes e símbolos, os participantes expressaram sua oposição à prática. Um deles segurava um cartaz com a mensagem “Ilegal, inseguro e caro”, enquanto outro exibia a imagem de médicos acompanhada da frase “Você estudou para curar, não caia na armadilha do aborto”. Além disso, muitos agitavam lenços azul-claro, símbolo do movimento antiaborto na América Latina.

A legalização do aborto na Argentina

A lei que legalizou o aborto foi sancionada em dezembro de 2020 pelo governo anterior, mas entrou em vigor somente no ano seguinte. Com a nova legislação, as mulheres podem interromper a gestação até a 14ª semana sem precisar justificar a decisão. O texto também garante o direito ao aborto em casos de estupro ou quando a gravidez representa risco à vida ou à saúde da gestante.


Rocío Bonacci, deputada argentina que assinou um projeto para revogar a Interrupção Voluntária da Gravidez (Foto: reprodução/CNN Brasil)

Projeto de lei para anular a legalização do aborto

Em 2024, deputados do partido do atual presidente, Javier Milei, encaminharam ao Congresso um projeto de lei visando revogar a legalização do aborto. O conteúdo enviado propunha o fim da interrupção voluntária da gestação e a prisão das mulheres que optassem por abortar. O texto sugeria que a pena para essas mulheres fosse de um a três anos de prisão, mas afirmava que, dependendo das circunstâncias, o Judiciário poderia decidir pela liberação das gestantes, levando em consideração os motivos que as levaram a interromper a gravidez.

Além disso, o documento propunha a prisão de indivíduos que realizassem abortos, mesmo com o consentimento da gestante. Esses profissionais poderiam enfrentar penas de um a quatro anos de prisão, com a possibilidade de aumento para até seis anos caso houvesse a morte da mulher. Médicos, cirurgiões, parteiras ou farmacêuticos que utilizassem seu conhecimento ou habilidades para realizar o aborto ou auxiliassem na prática ficariam proibidos de exercer suas funções, com a pena de prisão dobrada.

O projeto, assinado pela deputada Rocío Bonacci e apoiado por outros legisladores, busca descriminalizar o aborto apenas em casos onde haja ““evitar um perigo iminente para a vida da mãe, desde que o perigo não possa ser evitado por outros meios”.

O partido do atual presidente também retirou o financiamento para educação sexual, contracepção e pílulas abortivas. Segundo ele, as políticas relacionadas aos direitos reprodutivos eram “ridículas”, considerando a queda na taxa de natalidade nos países ocidentais.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, entre 5% e 13% das mortes maternas globalmente são causadas por abortos inseguros, e três em cada quatro abortos na América Latina acontecem de maneira insegura.

Mulher acusada de praticar aborto é presa no Texas

Uma parteira foi presa no estado de Texas, EUA, por praticar o aborto em várias mulheres, sem licença, e em casos normais, o que não é permitido pelas leis do estado, que só permitem a interrupção de gravidez em casos em que a vida da mulher está em risco. Ela pode ter uma sentença de até 20 anos de prisão.

O caso da prisão

María Margarita Rojas, de 48 anos, foi acusada de realizar procedimentos de aborto em uma rede de clínicas que atendia o norte de Houston e regiões próximas. A parteira pode pegar até 20 anos de prisão, pela violação das leis do estado de Texas, nos Estados Unidos, onde um profissional da área de medicina deve ter uma licença para realizar os processos de interrupção de gravidez, e só deve fazê-los em casos em que a vida mulher está em risco. As informações do caso foram divulgadas pelo gabinete do procurador-geral do Texas, Ken Paxton, nesta segunda-feira (17).


Foto do procurador-geral do Texas, Ken Paxton (Foto: reprodução/Justin Lane-Pool/Getty Images Embed)


Rojas, uma parteira que se fazia chamar por ‘Dra. María’, foi detida no condado de Waller e acusada da prática ilegal de um aborto, um crime grave de segundo grau, assim como de exercer a medicina sem licença”, foi informado no comunicado.

A Procuradoria do Texas comandou o fechamento da rede de clínicas, pois segunda a acusação, foram empregadas pessoas sem licenças, que se passaram por profissionais da área de medicina, para oferecer tratamento médico. Essas violações são referentes à de Proteção da Vida Humana do Texas, que entrou em vigor em 2022.

A AFP tentou entrar em contato com a rede de clínicas, porém não obteve retorno.

A legislação antiaborto

Desde quando a Suprema Corte anulou a proteção federal do direito ao aborto, cabe a cada estado americano legislar sobre a prática. O estado de Texas decidiu vetar o aborto, sendo apenas permitido em casos de risco à vida da mãe. Entretanto, segundo denúncias feitas por ativistas, a falta de clareza quanto às exceções ocasionam os médicos a não atenderem às pacientes, com risco de serem processados, o que pode levar as pacientes à morte.

Ken Paxton afirma que no Texas a vida é sagrada e que fará tudo que for possível para proteger os não nascidos e punir aqueles que realizarem procedimentos que colocam a vida das pessoas em risco.


Frascos de Misoprostol, medicamento utilizado para interrupção de gravidez (Foto: reprodução/Natalie Behring/Getty Images Embed)


As mulheres que desejam interromper a gravidez, incluindo vítimas de abuso sexual, são obrigadas a viajar para outros estados ou pedir pílulas abortivas que vem de outras jurisdições. Apesar de todas as punições a quem realiza a prática do aborto, as mulheres que interrompem sua gravidez não são punidas.

Liam Payne teria induzido ex-noiva a fazer um aborto, afirma revista

Ex-integrante da boyband One Direction, Liam Payne ficou envolto de polêmicas mesmo após sua morte. Quatro meses depois da queda que levou o cantor a morte, uma reportagem publicada pela revista “Rolling Stones US”, conta que Payne teria induzido sua ex-namorada, Maya Henry, a fazer um aborto. Além disso, o vício em drogas do artista teria afetado a relação do casal.

Relacionamento conturbado entre Payne e Maya

Liam Payne e Maya Henry namoraram entre 2018 e 2022. Uma fonte próxima contou a Rolling Stone relatos sensíveis sobre o que acontecia nos bastidores da relação. Maya teria afirmado que amava seu companheiro, mas não soube lidar com seus vícios em drogas e álcool.

A ex-parceira de Liam já havia dado sinais de que sua relação com o mesmo era problemática, quando lançou seu livro de romance ficcional chamado “Looking Forward”, meses antes da morte do cantor. No livro, Maya descreve um personagem que é cantor de uma banda, e conta uma história de turbulências, vício de drogas, agressões e aborto.


Livro onde o suposto aborto de Maya teria sido relatado (Foto: reprodução/Instagram/@maya_henry)


Segundo a Rolling Stone, Payne realmente “forçou” Maya a um aborto em 2020. O cantor teria ameaçado abandonar a namorada e o filho, caso ela não abortasse, pois ele não iria reconhecer nenhum dos dois. A revista também conta que Liam era agressivo e chegou a empurrar a parceira de uma escada. 

Morte trágica de Liam

Liam Payne faleceu aos 31 anos, em 16 de outubro de 2024, após cair da varanda do terceiro andar de um hotel, em Buenos Aires. As investigações indicam que Payne já estava inconsciente quando caiu. Exames toxicológicos mostraram a presença de substâncias como cetamina, ecstasy e opioides no sangue de Liam. 

As recentes revelações da Rolling Stone reafirmam como a vida do cantor estava conturbada antes da sua morte. Liam teria vivido seus últimos anos lutando contra depressão, vícios e relacionamentos problemáticos. 

Ação no STF pede ampliação do direito de realizar o aborto legal 

Uma ação protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (3), busca garantir que profissionais de enfermagem possam realizar abortos nos casos previstos em lei. Atualmente, o procedimento é restrito apenas a médicos, conforme interpretação do Código Penal. A iniciativa partiu do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e da Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), que argumentam que essa limitação dificulta o acesso ao aborto legal e viola direitos fundamentais.

A ação, registrada como Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 1207, foi distribuída ao ministro Edson Fachin. O objetivo da ação é ampliar o acesso ao aborto legal em casos de estupro, risco de vida da gestante e anencefalia do feto, hipóteses já autorizadas pela legislação brasileira.


Protesto anti-aborto (Foto: reprodução/Nelson Almeida/Getty Images embed)


Argumentação e recomendações da OMS

As entidades alegaram que a exigência dos médicos para a realização do aborto cria barreiras desnecessárias no acesso ao serviço, resultando em atrasos que podem comprometer a saúde da paciente. Além disso, sustentam que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a realização do aborto por diferentes profissionais de saúde, incluindo enfermeiros e parteiras, em gestações de até 14 semanas.

Segundo a OMS, o aborto é um procedimento de baixa complexidade, especialmente quando realizado com medicamentos até a 12ª semana de gestação. A entidade também recomenda o método de Aspiração Manual Intrauterina (AMIU) para gestações acima desse período, procedimento que pode ser realizado por profissionais de enfermagem capacitados.

Impactos da medida e expectativas

Caso a medida seja aprovada, estima-se que 94,3% dos municípios brasileiros possam ser impactados positivamente, ampliando o acesso ao aborto seguro. O PSOL e a Aben defendem que enfermeiros já realizam procedimentos como partos e inserção de DIU, o que demonstra sua qualificação para a condução segura do aborto legal.

A ação contesta a interpretação do artigo 128 do Código Penal, que restringe o procedimento aos médicos. Os proponentes da ADPF argumentam que essa visão exclui profissionais de saúde igualmente aptos a realizar a intervenção. A decisão do STF sobre a ação pode representar um avanço significativo na ampliação do acesso aos direitos reprodutivos no Brasil.

Trump participou da Marcha pela Vida após perdoar 23 ativistas antiaborto

Ativistas contrários ao aborto nos Estados Unidos estão se mobilizando, impulsionados por apoio político em Washington e uma maioria na Suprema Corte, para revogar o direito ao aborto nacionalmente. Na Marcha pela Vida, esperada para atrair pelo menos 150 mil pessoas, o presidente Donald Trump, o vice-presidente JD Vance e o presidente da Câmara Mike Johnson devem fazer declarações.

Até um dia antes do evento, Trump assinou um decreto que concede perdão a 23 ativistas antiaborto, incluindo dez que foram processados por bloquear uma clínica de aborto em Washington em 2020.


Donald Trump (Foto: Reprodução/Instagram/@realdonaldtrump)

Acusados

Os réus foram acusados de dois crimes federais: conspiração contra os direitos civis e violação do FACE Act, uma lei de 1994 que criminaliza ameaçar ou obstruir o acesso a clínicas de saúde reprodutiva.

Essa norma foi pouco utilizada no primeiro mandato de Trump (2017-2021), mas, após a aprovação de uma lei restritiva ao aborto no Texas em 2021, o procurador-geral Merrick Garland anunciou que o governo Biden priorizaria sua aplicação para proteger o direito ao aborto.

Lauren Handy, uma das ativistas, foi condenada a quase cinco anos de prisão por liderar um bloqueio em 2020, com seu caso ganhando notoriedade após a polícia encontrar cinco fetos em sua casa.

Outros réus receberam penas menores, sendo que Jay Smith, de 34 anos, foi condenado a dez meses. No mesmo ano, a Suprema Corte revogou o direito constitucional ao aborto, com três juízes nomeados por Trump desempenhando um papel crucial, o que levou o ex-presidente a reivindicar o mérito pela decisão.

Donald Trump

O presidente dos EUA, Donald Trump, assinou um decreto que afirma que o governo só reconhece dois gêneros: masculino e feminino. Isso foi visto como um sinal de que a administração pode estar mais agressiva em restrições ao aborto. No entanto, ainda não está claro se o aborto será uma prioridade para Trump.

Ele prometeu apoio a organizações cristãs que são contra o aborto, mas nomeou alguém que apoia os direitos ao aborto para liderar a saúde e serviços humanos.

Ativistas que apoiam o direito ao aborto temem que a administração processará quem facilita o aborto e criminalize o envio de materiais abortivos, incluindo pílulas.

CCJ aprova PEC que proíbe o aborto no Brasil

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou, em 27 de novembro, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê a proibição do aborto no Brasil. O texto agora segue para análise em uma comissão especial, responsável por discutir o mérito da proposta e com poder para sugerir alterações no conteúdo. A formação dessa comissão dependerá de uma decisão do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), cujo mandato está vigente até o final de 2024.

No Brasil, o aborto é considerado crime pela legislação vigente, com punições previstas no Código Penal para quem o realiza ou auxilia na prática. Contudo, existem exceções em que a interrupção da gravidez é legalmente permitida. Essas situações são: quando a gestação oferece risco de morte para a mulher, nos casos de gravidez resultante de estupro e, desde 2012, quando o feto é diagnosticado com anencefalia, uma condição incompatível com a vida fora do útero.

Segundo o deputado Bacelar (PV-BA), a PEC 164/12 é inconstitucional. 

“Ao proibir o aborto em quaisquer circunstâncias, esse texto é incompatível com os direitos fundamentais e com os princípios da dignidade da pessoa humana”, afirma o deputado.


Protesto contra projeto de lei antiaborto (Foto: reprodução/ NELSON ALMEIDA / Colaborador/ Getty Images Embed)


Países em que o aborto é legalizado

O aborto é legal em diversos países, com regulamentações que variam conforme os contextos culturais, sociais e políticos. Em muitos locais, ele é permitido sem a necessidade de justificativa, desde que respeite um limite gestacional. Na América Latina, países como Uruguai, Argentina e Colômbia legalizaram o procedimento dentro de prazos específicos, geralmente até 12 ou 14 semanas. No Canadá, o aborto é completamente descriminalizado, sem restrições de tempo.

Na Europa, a maioria dos países, como França, Espanha e Suécia, permite o aborto, também com limites entre 10 e 18 semanas. Na Ásia, países como Japão e Coreia do Sul permitem o procedimento sob condições específicas. Na Oceania, o aborto é legal em toda a Austrália e Nova Zelândia, com variações nos prazos. Na África, nações como África do Sul e Tunísia também legalizaram a prática, embora o acesso seja limitado em regiões mais conservadoras.

Estados Unidos

O principal retrocesso em relação ao aborto nos Estados Unidos ocorreu em 2022, quando a Suprema Corte do país derrubou a decisão que havia garantido o direito constitucional ao aborto em nível federal por quase 50 anos. Com essa reversão, os estados passaram a ter autonomia para determinar suas próprias leis sobre o tema, resultando em uma onda de proibições e restrições severas em várias regiões do país, especialmente nos estados governados por legisladores conservadores.

Ex-presidente Donald Trump diz que não é a favor da proibição federal do aborto

Na noite desta quarta feira, 21 de Agosto, Tim Walz candidato a vice presidente do partido democrata, criticou a forma como os republicanos lidam com os direitos reprodutivos, ele teria afirmado que caso Trump fosse eleito iriam proibir o aborto no pais, o então opositor do empresário disse que isso iria ocorrer com ou sem congresso, em discurso na convenção democrata ele citou:

“Quando os republicanos usam a palavra liberdade, eles entendem que o governo deveria ser livre para invadir o escritório do seu médico. Corporações, livres para poluir água e ar. E bancos, livres para ter vantagem sobre os consumidores”.

Trump e o aborto

O então candidato Donald Trump respondeu ao democrata alegando que não iria haver uma proibição federal caso fosse eleito. em entrevista a Fox news O ex presidente falou:

“Eles dizem na convenção que eu quero uma proibição federal. Eu nunca faria isso, e eles sabem que eu já disse isso, não haverá uma proibição federal. A decisão agora esta de volta aos estados aos quais pertence

Durante sua campanha presidencial, Donald Trump não quis falar muito sobre a questão do aborto, entretanto teria dito que, caso fosse eleito novamente para a presidência, não iria assinar algo que impeça as mulheres de abortar, diferentemente do que ele reinterou lá em 2016, quando se opunha em relação a esse assunto.


Trump e Melania em evento do partido republicano. (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)


Corrida eleitoral

No início deste ano, quando ainda era pré-candidato à presidência, o republicano se mostrou interessado em apoiar uma proibição do aborto nos Estados Unidos da América, porém, naquela ocasião, ele teria indicado que possivelmente seria a favor de abortar no caso relacionado a Estupro, incesto, e até mesmo para salvar a vida de uma mãe, em entrevista a uma rádio na Terça Feira dia 19 de Abril de 2024 ele disse:

“O número de semanas agora, as pessoas estão concordando em 15. E eu estou pensando em termos disso. E isso resultará em algo muito razoável. Mas as pessoas estão realmente concordando, até mesmo os mais radicais, parece que 15 semanas é um número com o qual as pessoas estão concordando”.

As eleições americanas vão ocorrer no dia 5 de Novembro de 2024.