STF amplia julgamento do ‘núcleo crucial’ da trama golpista

O relator Alexandre de Moraes solicitou nesta sexta-feira (5) ao presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin, a inclusão de uma sessão extra na quinta-feira, 11 de setembro de 2025. Com isso, o julgamento do chamado “núcleo crucial” da trama golpista ganha mais tempo para ser concluído — a quarta sessão acontece além das inicialmente previstas.

O que é o “núcleo crucial” do golpe?

O termo “núcleo crucial” refere-se ao grupo central de réus na ação penal que julga a tentativa de golpe de Estado movida após as eleições de 2022. A cúpula envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados que, segundo denúncia da PGR, idealizaram o plano “Punhal Verde e Amarelo”. O objetivo seria impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, além do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes — com participação na elaboração da chamada “minuta do golpe” e nos atos de 8 de janeiro de 2023.


Ex-presidente Jair Bolsonaro, um dos réus integrantes do chamado “núcleo crucial” (Foto: reprodução/Evaristo SA/Getty Images Embed)


Os acusados respondem por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Novas datas e detalhes do julgamento

As sessões começaram nos dias 2 e 3 de setembro, com apresentação do relatório de Alexandre de Moraes, sustentação da PGR e defesas dos acusados. Inicialmente, estavam previstas sessões nos dias 9 (manhã e tarde), 10 (manhã) e 12 (manhã e tarde). Agora, com a inclusão da sessão de 11 de setembro (manhã e tarde), o julgamento passa a ter quatro dias consecutivos de votação — de 9 a 12 de setembro.

Mais tempo

Com o acréscimo da sessão extra, Alexandre de Moraes e os demais ministros ganham tempo valioso para analisar os argumentos, votar e concluir o julgamento. A medida reforça o caráter central do caso e indica um esforço para garantir que a decisão seja tomada com o devido cuidado, abrangência e segurança jurídica.

Réus apresentam defesa no 2° dia de julgamento de Bolsonaro

O segundo dia do julgamento do ex-presidente Bolsonaro e mais sete réus foi paralisado no início da tarde desta quarta-feira (03/09) pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. O julgamento será retomado na próxima terça-feira, dia 09, e faz parte das oito sessões marcadas e terá a votação que vai determinar se os réus serão condenados ou absolvidos dos crimes.

Defesa dos réus

Na sessão que se iniciou na manhã desta quarta-feira, a defesa de quatro réus puderam apresentar suas versões sobre o processo e os fatos levantados no julgamento. Os réus que apresentaram defesa nessa sessão foram os de Jair Bolsonaro, do ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, dos ex-ministros da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. 

A defesa de Bolsonaro, representada pelo advogado Celso Vilardi, afirmou que não há provas da participação do ex-presidente na execução e planejamento do golpe, além disso, afirmou que ele foi “dragado” nos fatos investigados e que ele não teve envolvimento no golpe contra a democracia.


Advogado de Bolsonaro, Celso Vilardi, no Supremo Tribunal Federal (Foto: reprodução/Rosinei Coutinho/STF)

O advogado de Augusto Heleno ressaltou o fato que o seu cliente teria se afastado de Bolsonaro e que, por isso, nunca teve conversas como uma tentativa de golpe com o ex-presidente. A defesa de Paulo Sérgio afirma que o seu cliente tentou afastar Bolsonaro de tentativas de golpe e que isso provaria que ele seria inocente.

Por fim, o advogado de Walter Braga Netto, José Luis Mendes de Oliveira Lima, afirmou que o seu cliente poderia sofrer as consequências por conta de uma “delação premiada e mentirosa” movida pelo ex-ajudante geral de Bolsonaro e tenente Cid Nogueira.

Crimes e réus

Ao todo, oito réus serão julgados, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro. Além de Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, outros ex-aliados do governo de Bolsonaro serão julgados. Sendo eles, o Alexandre Ramagem (ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência), Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça) e Mauro Cid (ex-ajudante geral de Bolsonaro).

Os réus respondem pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do estado democrático, golpe de estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração do patrimônio tombado. O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, responderá somente por 3 crimes, a exceção foi concedida porque Ramagem é deputado federal atualmente. 

Andamento do julgamento

Na retomada do julgamento na próxima semana, o ministro Alexandre de Moraes vai iniciar a votação, analisando pontos levantados pelas defesas dos réus, como solicitações de absorção e a nulidade da delação premiada de Mauro Cid. 

O ministro pode pedir que a turma debata sobre as questões preliminares ou deixar que a turma analise esses pontos na votação conjunta com o mérito. Após a análise das questões preliminares, Alexandre de Moraes irá decidir sobre a condenação ou absorção dos réus. 

Além de Alexandre, outros ministros irão votar, sendo Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. A condenação ou absorção dos réus poderá ser decidida com a maioria dos votos da turma, sendo 3 dos 5 votos válidos. Em caso de condenação, os réus do processo não serão enviados a presídios comuns, como os oficiais do exército envolvidos no julgamento, que têm o direito a uma prisão especial. 

Defesa de Bolsonaro afirma em julgamento que não há provas contra ex-presidente

Durante a sustentação da defesa nesta quarta-feira (3), o advogado Celso Vilardi, responsável por representar Jair Bolsonaro no julgamento que investiga a existência de um plano de golpe de Estado, afirmou que “não há uma única prova” contra seu cliente. A defesa também criticou a proposta de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, questionando sua credibilidade.

Segundo Vilardi, Bolsonaro “não atentou contra o Estado democrático de direito” e não há provas que justifiquem sua inquirição pela existência de um plano golpista. A defesa ainda criticou a proposta feita pela Procuradoria-Geral da República a Mauro Cid, classificando tal acordo como “algo que não existe nem aqui, nem em nenhum lugar do mundo”. Ele afirma que o Ministério Público tenta reconhecer uma parcial falsidade, em seguida insinuando que ainda assim a delação é usada como uma prova.

A defesa de Bolsonaro inicia o segundo dia de julgamento da trama golpista, com os advogados dos ex-ministros da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto defendendo seus clientes após. Os ministros do STF devem iniciar seus votos, sejam para condenar ou absolver, depois que as defesas orais de todos os réus sejam concluídas. A expectativa é de que a sentença só seja declarada no último dia de julgamento. 

Réus do núcleo 1 e suas acusações

Além de Jair Bolsonaro, o núcleo 1 conta com mais outros sete réus:

  • Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-presidente da Abin);
  • Almir Garnier (almirante de esquadra, responsável pelo comando da Marinha durante o governo Bolsonaro);
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro);
  • Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo Bolsonaro);
  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro);
  • Paulo Sérgio Nogueira (general e ex-ministro da Defesa do governo Bolsonaro);
  • Walter Souza Braga Netto (ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Bolsonaro, além de ter se candidatado como vice-presidente em 2022);

As acusações que os réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, estão enfrentando são de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e ameaça grave e deterioração de patrimônio tombado, resultando em cinco crimes ao total. 

A execução do plano golpista ficou como responsabilidade de Ramagem e no início de maio foi aprovado pela Câmara dos Deputados o pedido de suspensão da ação penal contra o deputado. Assim, Ramagem irá responder somente a três crimes, ao contrário dos outros sete réus. São os crimes: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e Golpe de Estado.


Celso Vilardi, advogado de Jair Bolsonaro (Foto: reprodução/X/@g1)


Agenda para o Julgamento

O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, reservou cinco dias para o julgamento do núcleo 1 do plano de golpe de Estado:

  • 2 de setembro (terça-feira): 9h às 12h e 14h às 19h.
  • 3 de setembro (quarta-feira): 9h às 12h.
  • 9 de setembro (terça-feira): 9h às 12h e 14h às 19h.
  • 10 de setembro (quarta-feira): 9h às 12h.
  • 12 de setembro (sexta-feira): 9h às 12h e 14h às 19h.

Mesmo que ocorra a sentença de condenação, a prisão não ocorrerá de forma imediata. A pena para os crimes só passam a valer quando o processo estiver devidamente concluído e não houver mais possibilidade de recursos. O ex-presidente Jair Bolsonaro segue em prisão domiciliar, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes – que alegou risco de fuga -, e fazendo uso da tornozeleira eletrônica.

Flávio diz que Jair Bolsonaro não irá ao STF para julgamento

Segundo o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, o pai não irá comparecer ao Supremo Tribunal Federal (STF) no primeiro dia de julgamento que é réu, previsto para ocorrer em Brasília nesta terça-feira (02). “Ele não estará presencialmente no STF por questão de saúde. Não pode bancar um dia inteiro de julgamento”, afirmou o senador.

Não comparecimento

O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, atualmente em prisão domiciliar e réu no STF por tentativa de golpe de Estado, utiliza tornozeleira eletrônica desde agosto, por determinação do ministro Alexandre de Moraes. Nesta terça-feira (2) tem início o julgamento que definirá se Bolsonaro será condenado ou não pelos crimes ao qual foi cometido. A saúde do ex-presidente preocupa tanto sua família quanto sua defesa.

Flávio Bolsonaro se encontrou com o pai na tarde desta segunda-feira (01) e afirmou que ele acompanhará a sessão ao vivo de forma remota. “Ele está com um soluço que vai e volta toda hora, o que incomoda bastante. Está tomando remédios. Por conta disso, não vai presencialmente”, relatou o senador.

Saúde de Bolsonaro

De acordo com boletim médico divulgado pelo Hospital DF Star em agosto, Bolsonaro desenvolveu esofagite e gastrite, condições que causam sintomas e complicações como crises de soluço e vômitos — relatados tanto por Flávio quanto por Carlos Bolsonaro.

Acredita-se que os problemas de saúde possam pesar na decisão do ministro Alexandre de Moraes em relação ao regime de cumprimento da pena, caso o ex-presidente seja condenado.


ex Presidente Jair Messias Bolsonaro (Reprodução/Ton Molina/CNN)

Bolsonaro será julgado no STF pelo ministro Alexandre de Moraes e por outros integrantes da Primeira Turma, como Luiz Fux e Cármen Lúcia. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta crimes que, em caso de condenação, podem resultar em até 43 anos de prisão.

Moraes concede mais 5 dias para PGR analisar indiciamento de Bolsonaro e Eduardo

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (26) estendeu em cinco dias o prazo para que Paulo Gonet, o procurador-geral da República (PGR), se manifeste sobre descumprimento de medidas cautelares, a continuidade da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o indiciamento contra ele e seu filho, Eduardo Bolsonaro, por pressionar autoridades responsáveis pelo processo penal da tentativa de golpe de Estado, como membros do STF.

Na segunda-feira (25) Moraes havia dado o prazo inicial de 48 horas para a avaliação da PGR sobre os argumentos enviados pela defesa de Bolsonaro. Hoje, quarta-feira (27), seria a data limite para a manifestação de Gonet, porém, nesta terça-feira (26), após o ministro do STF determinar o monitoramento presencial da polícia penal do DF na casa do ex-presidente, o prazo foi ampliado em 5 dias, até segunda-feira (1). 

O indiciamento da PF

Na última quarta-feira (20), após a Polícia Federal finalizar as investigações sobre a influência de Eduardo Bolsonaro nas ações do presidente norte-americano, Donald Trump, o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu filho foram indiciados por coação no curso do processo, em função de tentativas de intimidação de membros do STF.


O presidente da argentina, Javier Milei, e o ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, em 2024
(Reprodução/EVARISTO SA/AFP/Getty Images)


Durante a investigação, a PF encontrou no celular de Bolsonaro um arquivo sem data e assinatura com um suposto pedido de asilo político para o presidente da Argentina, Javier Milei. De acordo com a Polícia, o teor do documento revela que Bolsonaro planeja fugir do país desde o início de 2024.  Os advogados do ex-presidente revelaram à Andréia Sadi, colunista do G1 e apresentadora da GloboNews, que o pedido de asilo foi uma sugestão recebida pelo ex-presidente em fevereiro de 2024, descartada posteriormente. 

Defesa nega descumprimento das medidas

A defesa de Bolsonaro argumentou que no relatório feito pela Polícia Federal há fraqueza de provas em relação ao descumprimento das medidas cautelares. Os advogados ainda solicitaram que Alexandre de Moraes reconsidere a prisão domiciliar, que está em ocorrendo desde o dia 4 de agosto, após o ex-presidente descumprir ordens judiciais impostas pelo ministro do STF. Para Moraes, a defesa negou que o rascunho do pedido de asilo na Argentina no smartphone de Bolsonaro caracterizasse alguma possibilidade de fuga do Brasil. 

Com o alargamento do prazo, Paulo Gonet, o procurador-geral da República deverá se manifestar até o dia primeiro de setembro sobre: pedido da defesa de revisão a prisão domiciliar, a análise do descumprimento de medidas cautelares e o indiciamento de Eduardo e Jair por tentativa de pressionar o STF. O julgamento da ação penal de tentativa de golpe de Estado que envolve Bolsonaro e outros 7 réus está marcado para iniciar dia 2 de setembro.

Moraes determina reforço de segurança na casa de Bolsonaro após alerta da PF

Nesta terça-feira (26), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o reforço da segurança na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com aumento da presença policial ostensiva no entorno do imóvel.

A decisão atende a um pedido do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Em ofício enviado ao STF, a PF solicitou “reforço urgente e imediato” na vigilância da residência, além da manutenção e monitoramento contínuo da tornozeleira eletrônica usada por Bolsonaro.

O documento da Polícia Federal alerta para um “risco concreto” de fuga por parte do ex-presidente. Segundo o ofício, Bolsonaro poderia tentar se deslocar até a Embaixada dos Estados Unidos, localizada a cerca de 10 minutos de sua residência, para solicitar asilo político.

A PF explica que a Embaixada é considerada território norte-americano, o que impossibilitaria o cumprimento de ordens judiciais brasileiras ou de eventuais mandados de prisão sem a autorização do governo dos Estados Unidos. “Tal circunstância poderia frustrar a execução da decisão judicial e comprometer a aplicação da lei penal”, afirma a corporação no documento.

Desde 4 de agosto, Bolsonaro cumpre prisão domiciliar e permanece sob monitoramento eletrônico. Ele está proibido de usar telefone celular e de receber visitas sem autorização judicial, exceto de familiares e advogados.

Também nesta terça-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou favoravelmente ao aumento da segurança. O procurador-geral, Paulo Gonet, destacou que o monitoramento deve ser discreto, respeitando a privacidade do domicílio e evitando transtornos aos vizinhos.

Monitoramento reforçado

A presença policial será intensificada no entorno da residência do ex-presidente, com atenção especial ao cumprimento das regras impostas pela Justiça. A Polícia Federal seguirá acompanhando de perto a situação, garantindo que a lei seja aplicada sem risco de evasão.


Reforço de segurança na casa de Bolsonaro (Foto: reprodução/Instagram/@realpfigueredo08)


Regras da prisão domiciliar

Bolsonaro permanece em prisão domiciliar, sob tornozeleira eletrônica, e deve obedecer às restrições impostas pelo STF, incluindo a limitação de visitas e a proibição do uso de aparelhos de comunicação sem autorização judicial.

Moraes aciona PGR sobre pedido de reforço policial na casa de Bolsonaro

O ministro e vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, solicitou nesta segunda-feira (25), no prazo de cinco dias, que a Procuradoria-Geral da República (PGR) reforce o policiamento na casa do ex-presidente e réu Jair Bolsonaro.

No pedido da Polícia Federal (PF), há a solicitação imediata de policiamento ostensivo nas imediações de seu endereço residencial, além da manutenção e checagem constante do sistema de monitoramento eletrônico.

Risco de fuga, pressão internacional e as articulações de Bolsonaro e seus aliados

As informações levantadas pela Polícia Federal sobre a possibilidade de Jair Bolsonaro buscar refúgio na Embaixada dos Estados Unidos, a poucos minutos de sua residência em Brasília, reforçam a preocupação das autoridades com um eventual pedido de asilo político. O tema ganha ainda mais relevância pelo histórico de proximidade do ex-presidente brasileiro com o norte-americano Donald Trump.


Matéria sobre os desdobramentos da decisão do STF (Vídeo: reprodução/ YouTube/CNN Brasil)

Paralelamente, Bolsonaro, seus familiares e aliados intensificam suas articulações políticas. Enquanto a defesa busca estratégias para conter o avanço das investigações no Supremo Tribunal Federal, aliados atuam nos bastidores para manter apoio político e mobilizar sua base social.

Essas movimentações refletem a tentativa do ex-presidente de preservar sua influência, mesmo em meio a acusações e medidas cautelares. Nesse contexto, Bolsonaro enviou aos Estados Unidos seu filho Eduardo Bolsonaro, que pediu licença de 120 dias de seu mandato na Câmara para articular junto a membros do governo americano uma possível anistia ao pai e aos acusados do golpe de 8 de janeiro.

Como o ‘tarifaço’ se conecta à narrativa de ‘caça às bruxas’

Em uma carta divulgada em 9 de julho, o ex-presidente Donald Trump justificou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto, chamando o julgamento de Jair Bolsonaro de “caça às bruxas” e afirmando que deveria acabar imediatamente. A medida afetou itens como café, carne, aço, suco de laranja e mel.

As sanções refletem a tentativa de Trump de pressionar o processo judicial brasileiro e de apoiar Bolsonaro e seus aliados. O governo brasileiro, por sua vez, criticou a ação como uma interferência indevida nos assuntos internos do país. O ex-presidente Jair Bolsonaro está em prisão domiciliar desde 4 de agosto e precisa cumprir medidas cautelares.

Brasil recorre a escritório dos EUA para enfrentar sanções de Trump

Está em fase avançada a negociação para que o governo brasileiro contrate um escritório de advocacia nos Estados Unidos para atuar em defesa do Estado brasileiro e de representantes como o ministro do STF, Alexandre de Moraes, diante das sanções econômicas e pessoais impostas pelos EUA. A negociação está sendo mediada pela Advocacia‑Geral da União (AGU), que coordena esforços jurídicos para reverter tanto o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros como as sanções aplicadas pela Lei Magnitsky Global, que atingem diretamente o ministro Moraes.

A AGU e os contornos jurídicos da ofensiva

A AGU, Advocacia‑Geral da União, é o órgão responsável por representar judicialmente o Estado brasileiro, assessorando e defendendo seus interesses no país e no exterior. Nesse caso, ela busca reverter atos como o tarifaço lançado pela administração Trump, motivado por pressões sobre o julgamento de Bolsonaro, e as sanções da Lei Magnitsky, que visam indivíduos acusados de violação de direitos humanos ou corrupção.

O ministro Alexandre de Moraes foi incluído na lista de sanções do governo norte-americano em 30 de julho de 2025, sob o argumento de que teria promovido “campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias e processos politizados”. A AGU, portanto, articula a defesa para proteger não apenas a imagem institucional do Brasil, mas também a atuação de seus magistrados no exterior.

Sanções, soberania e reação do sistema financeiro

A Lei Magnitsky Global autoriza o governo dos EUA a bloquear bens, negar vistos e impedir transações financeiras com indivíduos considerados responsáveis por abusos de direitos humanos. As sanções contra Moraes incluíram também o cancelamento de vistos do STF e de familiares.


Ministro do STF, Alexandre de Moraes, afetado pela Lei Magnitsky (Foto: reprodução/Ton Molina/Getty Images embed)


No Brasil, as consequências reverberaram no sistema financeiro: bancos enfrentam insegurança jurídica ao lidar com normas americanas e nacionais. Enquanto transações em real parecem preservadas, operações envolvendo dólares ou instituições americanas permanecem sob avaliação legal. Ademais, uma decisão do ministro Flávio Dino reforçou que leis e sanções estrangeiras não têm efeito automático no Brasil sem homologação do STF.

Defesa do Estado

Em um momento de tensão diplomática e institucional, essa mobilização jurídica conduzida pela AGU mostra como o Brasil busca equilibrar soberania, credibilidade internacional e proteção de seus agentes públicos frente a sanções que extrapolam fronteiras políticas. O caminho da diplomacia jurídica torna-se, assim, essencial para resguardar prerrogativas e garantir que divergências políticas não se convertam em danos permanentes à democracia e à autonomia brasileira.

Efeito Magnitsky: aplicação da lei americana gera temores no Brasil após sanção a Moraes

A Lei Magnitsky, criada nos Estados Unidos em 2016, voltou ao centro do debate após atingir o ministro Alexandre de Moraes. A princípio, embora a norma seja vista como rigorosa, sua aplicação resultou em poucas punições financeiras nos últimos dez anos.

Deste modo, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) apresentou dados de que apenas duas penalizações foram ligadas diretamente à Magnitsky entre os anos de 2016 e 2025. Nesse sentido, o órgão aplicou 148 multas por descumprimento de diferentes sanções, o que mostra o peso reduzido da lei no universo total.

Punições milionárias expõem contraste

À primeira vista, apenas uma pessoa e uma corretora receberam multa especificamente com base na Magnitsky. As autoridades aplicaram valores muito abaixo de punições em outros casos. Em 2023, por exemplo, a Microsoft pagou quase US$ 3 milhões por serviços em países sancionados. Por outro lado, a Binance aceitou pagar US$ 968 milhões após investigações sobre transações de grupos terroristas.


Brasil pode ficar à beira de risco fiscal (Vídeo: reprodução/YouTube/Os Pingos nos Is)

Já em 2025, a GVA Capital pagou a maior punição: US$ 216 milhões por negócios com um oligarca russo. Esse contraste mostra que, apesar da repercussão política, a aplicação da Magnitsky atinge pouco em termos econômicos.

Reação no Brasil e incertezas jurídicas


O ministro Alexandre de Moraes, em 5 de agosto de 2025 (Foto: reprodução/Sergio Lima/AFP/Getty Images Embed)


A sanção contra Moraes provocou reações imediatas no setor bancário brasileiro. O Banco do Brasil suspendeu cartões do ministro vinculados a bandeiras americanas e ofereceu alternativas nacionais. Embora a decisão tivesse caráter preventivo, alguns especialistas defendem um diálogo direto com órgãos americanos para definir os limites da lei em território brasileiro.

Concomitantemente, o ministro Flávio Dino reforçou que medidas estrangeiras não têm validade imediata no Brasil sem chancela do Supremo Tribunal Federal (STF). Assim, a posição aumentou as dúvidas do mercado, que teme violar normas brasileiras ou americanas.


STF condena Carla Zambelli a mais de cinco anos de prisão

O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou a deputada Carla Zambelli (PL-SP) a cinco anos e três meses de prisão. Além disso, ela perdeu o mandato parlamentar. O placar foi de nove votos a dois, seguindo o relator Gilmar Mendes.

A decisão ocorreu no plenário virtual. O ministro Luís Roberto Barroso foi o último a votar. Nunes Marques e André Mendonça divergiram em parte.

Acusação e episódio durante eleições

Zambelli foi acusada de perseguir armada o jornalista Luan Araújo em outubro de 2022, no bairro Jardins, em São Paulo. A Procuradoria-Geral da República apresentou a denúncia, aceita pelo STF em agosto de 2023.

Esta é a segunda condenação da deputada no STF. Na primeira, recebeu dez anos e oito meses por invadir sistemas do CNJ. Após a decisão, ela fugiu para a Itália, onde está presa e responde a processo de extradição.