Nova versão do texto antifacção exclui alterações na Lei Antiterrorismo e nas atribuições da PF

O deputado Guilherme Derrite, relator do projeto de lei antifacção na Câmara dos Deputados, apresentou a terceira versão do projeto nesta terça-feira (11). O texto foi reformulado após intensas críticas de governistas acerca de mudanças na definição de terrorismo e competências da PF.

O projeto de lei tem como objetivo reforçar o combate a organizações criminosas, entretanto, as duas últimas versões não foram bem aceitas por entidades do governo. Para eles, Derrite estava igualando as facções criminosas a grupos terroristas, e isso tornaria o país vulnerável a interferências externas. Além dessas queixas, também havia o desagrado com trechos propostos por Derrite, que sugeriam mudanças nas competências da Polícia Federal.

Trechos retirados pelo relator

O texto anterior apresentado nas últimas semanas pelo deputado sugeriam mudanças em dois quesitos: na Lei Antiterrorismo (Lei 13.260/2016) e nas atribuições da PF.

Na nova versão, Derrite afirma que a tipificação de terrorismo segue diferente da de organizações criminosas, e que unificar os dois conceitos poderia causar “insegurança jurídica” e questionamentos por parte do STF (Supremo Tribunal Federal). Portanto, não se foram alteradas definições, penas ou hipóteses da lei em vigência, e nem igualado os dois conceitos.

Já no que se referia a atuação da PF, o relator também retirou os trechos que causaram divergências na Câmara. Neles, eram tratados a “proteção da soberania nacional” e poderiam abrir possibilidades para que a Polícia Federal tivesse maior papel em investigações que hoje são atribuídas às polícias estaduais. O novo parecer não altera a divisão constitucional das forças e nem atribui ou reduz competências da PF.


Guilherme Derrite, relator do projeto, durante entrevista (Vídeo: reprodução/YouTube/@CNNbrasil)


Terceira versão do projeto

Na versão apresentada nesta semana, Derrite concentrou os esforços em medidas específicas para o enfrentamento de organizações criminosas.

O texto prevê novos tipos penais e penas mais duras, criando crimes como: domínio territorial por faccção, ataques a serviços públicos essenciais, sabotagem de infraestrutura, ações do “novo cangaço”, financiamento de facções e uso de armas de uso restrito ou explosivos. Além disso, os crimes passam a fazer parte da lista de crimes hediondos.

No quesito de progressão de pena, o texto limita percentuais de progressão, podendo ser entre 70% a 85% da pena, dependendo do caso. Também é sugerido o bloqueio de bens (físicos, digitais e financeiros) e cooperação financeira ampliada. Outra alteração é a intervenção de empresas usadas por facções; o texto prevê que o juíz poderá determinar afastamento de sócios, nomeação de interventor, auditoria de operações, suspensão de contratos suspeitos e posterior liquidação ou saneamento da empresa.

Após a prisão, o relator sugeriu a internação obrigatória de lideranças e núcleos de comandos das facções em presídio federal de máxima segurança, autorização de monitoramento por vídeo e áudio de encontros presenciais e virtuais de presos com relação a organizações criminosas, e a criação de um Banco Nacional e bancos estaduais que cadastram detentos que fazem parte ou são relacionados as facções.

Gleisi Hoffmann diz que governo é contra projeto que trata facções como terrorismo

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta quarta-feira (5) que o governo federal é “terminantemente contra” o projeto de lei que equipara facções criminosas ao terrorismo. Em primeiro lugar, a declaração ocorreu durante uma entrevista no Palácio do Planalto. Ainda segundo Gleisi, a proposta cria brechas que podem permitir a intervenção de outros países no Brasil.

Hoffmann destacou que “O terrorismo tem objetivo político e ideológico. Pela legislação internacional, isso abriria margem para interferências externas. Nós não concordamos com isso”. Além disso, também lembrou que o país já possui leis específicas para o combate às facções criminosas.

Governo prioriza PEC da Segurança e projeto Antifacção

A ministra explicou que o governo concentra esforços em duas pautas no Congresso Nacional: o PL Antifacção e a PEC da Segurança. Portanto, após a aprovação da reforma do Imposto de Renda, essas propostas se tornaram prioridade para o Planalto. “Esperamos que o relator finalize logo o relatório, para que o Senado aprove o texto como está. Precisamos de base legal para intensificar as operações integradas”, afirmou Gleisi. Ela também disse ter conversado com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e líderes partidários, pedindo celeridade nas votações.


Hugo Motta, ao centro, durante uma votação no Congresso Nacional em Brasília (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Ton Molina)


Ainda assim, o projeto de lei antifacções, apresentado recentemente pelo governo, endurece o combate ao crime organizado. Logo, o texto prevê penas mais severas para grupos que dominam territórios, utilizam armas pesadas ou aliciam menores. Além disso, cria um banco de dados nacional sobre facções e permite a apreensão de bens durante as investigações.

Contexto regional e cenário político

Após a megaoperação no Rio de Janeiro, ocorrida no dia 28 de outubro, que deixou mais de 120 mortos, o governo da Argentina anunciou o envio de até 200 militares para reforçar a segurança na fronteira com o Brasil.

Enquanto isso, o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, avalia que o PL Antifacção só deve avançar após a COP30. Segundo ele, o evento internacional abrirá espaço para o presidente Lula discutir o tema com Hugo Motta e possíveis ajustes entre os projetos. Governistas continuam rejeitando a ideia de equiparar facções ao terrorismo, temendo riscos de interferência estrangeira e de criminalização de movimentos sociais.

Áustria planeja reforçar medidas antiterrorismo após ameaça em show de Taylor Swift

Na terça-feira, (13), Karl Nehammer, chanceler da Áustria, revelou um plano abrangente para intensificar as medidas antiterrorismo do país. A decisão veio após uma ameaça de ataque a um show de Taylor Swift, que estava programado para Viena, e que alarmou profundamente as autoridades austríacas.

Medidas Antiterrorismo Reforçadas

Nehammer divulgou suas propostas em uma mensagem no X, detalhando um novo pacote destinado a aumentar a eficácia das operações antiterrorismo. De acordo com informações da Kronen Zeitung, as medidas incluem um aprimoramento significativo na capacidade de monitoramento dos serviços de segurança, permitindo a análise de comunicações em plataformas como WhatsApp e Telegram. O objetivo é identificar e neutralizar potenciais ameaças antes que elas se concretizem.

O plano também prevê a modernização dos serviços de inteligência, com a adoção de tecnologias avançadas de vigilância e uma colaboração mais estreita, com parceiros internacionais. A Der Standard relatou que o governo austríaco está considerando a criação de uma nova unidade dedicada ao combate à radicalização online e ao recrutamento por grupos extremistas, além de fortalecer a resposta a ameaças emergentes.


Karl Nehammer (Foto: reprodução/Georg Hochmuth/Getty Images Embed)

Desafios e Controvérsias

Na sua busca pela reeleição, Nehammer destacou a necessidade de expandir os poderes das agências de segurança para decifrar mensagens criptografadas e rastrear atividades suspeitas. Segundo a ORF, pesquisas de opinião mostram que o principal rival do Partido Popular Austríaco (OVP), nas eleições parlamentares de 29 de setembro, é o Partido da Liberdade (FPO), de extrema-direita, que lidera as intenções de voto.

O FPO tem criticado duramente as políticas de segurança e imigração do governo, acusando-o de não tomar medidas suficientes contra o que considera a “islamização” da Áustria. Em resposta, Nehammer propôs um conjunto de medidas que será debatido em uma reunião do conselho de segurança nacional. A Die Presse informou que o pacote inclui novas regras para reuniões de grupos que ameaçam a democracia, iniciativas para desradicalizar indivíduos e a implementação de prisão preventiva para jovens envolvidos em crimes graves.

No entanto, a implementação dessas medidas enfrenta desafios consideráveis. As rígidas leis de proteção de dados pessoais na Áustria, mencionadas pela Wiener Zeitung, complicam a aplicação de políticas de monitoramento mais amplas. Além disso, as divergências com o Partido Verde, parceiro de coalizão, têm gerado tensões adicionais e dificultado a efetivação das novas políticas. O gabinete de Nehammer ainda não forneceu detalhes sobre como pretende abordar esses obstáculos.