Bolsonaro diz, em depoimento ao STF, que atos de 8 de janeiro “não configuram golpe”

Durante depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou que os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 tenham representado uma tentativa de golpe de Estado. “O 8 de janeiro preenche os requisitos para um golpe de Estado? Eu acho que não”, disse, ao ser interrogado no âmbito do inquérito que apura um plano para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2022.

Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro teria liderado a articulação de um plano golpista, inclusive com a edição de uma minuta de decreto que previa estado de exceção no país.

Segundo a denúncia, o ex-presidente também teria conhecimento da chamada operação “Punhal Verde Amarelo”, que envolveria atentados contra Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Bolsonaro se diz vítima e reclama da vida pós-mandato

Em sua fala, Bolsonaro tentou se distanciar dos acontecimentos em Brasília e voltou a se colocar como alvo de perseguição. “Eu sofri muito, não tinha tempo para ir no Guarujá, andar de jet ski. Se não fosse a campanha de pix que eu fiz, eu não estaria sobrevivendo hoje em dia”, afirmou.

O ex-presidente respondeu às perguntas do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, e negou qualquer envolvimento direto nos atos, insistindo que não praticou ilegalidades após as eleições de 2022.


STF investiga conduta de Bolsonaro após eleições (Vídeo: reprodução/Instagram/@coicecerto2)


STF investiga conduta de Bolsonaro após eleições

A investigação do STF mira ações de Bolsonaro após o resultado das eleições de 2022. Ele nega ter atuado para impedir a posse de Lula ou ter incentivado atos antidemocráticos. A apuração segue com a expectativa de novos depoimentos e análise de provas documentais. O objetivo é esclarecer o grau de envolvimento do ex-presidente na tentativa de ruptura institucional.

O cerco judicial contra Bolsonaro se intensifica com o avanço das diligências e oitivas. A defesa segue negando qualquer tentativa de golpe e acusa o STF de perseguição política. O caso deve seguir no centro do debate político e jurídico nos próximos meses.

Em depoimento ao STF, Bolsonaro nega ter tentado golpe e diz ter agido “dentro da Constituição”

Durante depoimento prestado nesta terça-feira (10) ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou envolvimento em qualquer articulação para um golpe de Estado após o pleito de 2022. Segundo ele, todas as suas ações enquanto esteve à frente da Presidência foram feitas dentro dos limites constitucionais.

“Em nenhum momento desrespeitei ordens ou agi fora da legalidade. Sempre atuei dentro das quatro linhas da Constituição”, disse Bolsonaro, segurando um exemplar da Carta Magna durante sua fala. Ele também admitiu que, em algumas ocasiões, elevou o tom nos discursos. “Sim, me exaltava, falava coisas que não devia, usava palavrões. Mas, na minha visão, fiz o que era necessário”, afirmou.

Depoimento conduzido por Moraes e com presença de Gonet

A declaração foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo inquérito. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também participou, e os advogados dos demais investigados puderam formular perguntas.

A oitiva do ex-presidente ocorreu após uma série de depoimentos iniciados na segunda-feira (9). Já prestaram esclarecimentos o ex-ajudante de ordens Mauro Cid e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.


Bolsonaro durante depoimento ao STF (Foto: reprodução/Instagram/@cnnpolitica)


Outros militares e ministros também prestam depoimento

Além de Bolsonaro, também foram ouvidos nesta terça-feira o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

O STF ainda pretende ouvir os ex-ministros da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, que integrou a chapa de Bolsonaro como candidato a vice nas eleições de 2022.

As oitivas fazem parte das investigações que apuram uma possível tentativa de ruptura institucional. O objetivo do inquérito é identificar se houve organização para invalidar o resultado das eleições. Bolsonaro é um dos principais alvos da apuração conduzida pela Polícia Federal sob ordem do Supremo.

Nos bastidores, cresce a expectativa por novos desdobramentos a partir da análise de mensagens e documentos apreendidos. A Polícia Federal também avalia o papel de militares e assessores próximos ao ex-presidente nas supostas articulações.

Bolsonaro cita facada e retoma defesa do voto impresso

Durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), realizado nesta terça-feira (10), em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a citar a facada sofrida em 2018 e a luta pelo voto impresso no Congresso Nacional como parte de sua trajetória política. A fala foi registrada durante depoimento no inquérito que apura a tentativa de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após as eleições de 2022. O ex-mandatário é investigado por formular uma minuta golpista e por ter conhecimento de plano que previa o assassinato de autoridades.

As declarações foram dadas a partir das 14h30, no âmbito de uma das frentes abertas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta Bolsonaro como articulador de um suposto plano de golpe de Estado. A nova oitiva foi realizada para esclarecer sua participação nos eventos que antecederam a transição de governo.

Facada de 2018 é lembrada no início do depoimento

Logo no início do interrogatório, o ex-presidente relembrou o atentado sofrido durante a campanha eleitoral de 2018. “Nem eu esperava que iria me eleger presidente. Acabei me elegendo sem antes ter passado por uma facada”, declarou. A menção ao episódio foi feita de forma espontânea por Bolsonaro, em tentativa de contextualizar sua ascensão política e justificar sua desconfiança com o sistema eleitoral.

O episódio da facada, frequentemente citado por Bolsonaro em seus discursos, tem sido usado como símbolo de sua trajetória de superação e como justificativa para sua narrativa de enfrentamento contra instituições que, segundo ele, teriam agido para minar sua legitimidade.

Bolsonaro resgata campanha pelo voto impresso desde 2015

Ainda durante o depoimento, o ex-presidente recordou sua atuação como deputado federal em defesa do voto impresso auditável. “Eu batalhei muito na Câmara pelo voto impresso. Consegui aprová-lo em 2015 para 16. A senhora Dilma vetou”, afirmou. A proposta, no entanto, foi barrada por inconstitucionalidade, e o sistema de urnas eletrônicas permanece em vigor até hoje.


Bolsonaro sobre voto impresso: devo ter exagerado na retórica (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)


O tema tem sido reiteradamente explorado por Bolsonaro desde seu mandato, com o argumento de que traria mais segurança ao processo eleitoral. No entanto, especialistas e órgãos oficiais, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), reiteram que não há evidências de fraudes no sistema atual.

As novas declarações foram registradas em um momento de aprofundamento das investigações contra o ex-presidente. Segundo a PGR, Bolsonaro teria participado ativamente da criação de uma minuta de decreto para instaurar estado de exceção no país, além de ter ciência do chamado plano “Punhal Verde Amarelo”, que previa o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.

Mauro Cid revela que Zambelli intermediou encontro entre Bolsonaro e hacker para discutir segurança das urnas

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou nesta segunda-feira (9) que a deputada Carla Zambelli levou o hacker Walter Delgatti Neto para um encontro com Jair Bolsonaro. Segundo Cid, a reunião abordou possíveis vulnerabilidades das urnas eletrônicas e possíveis fraudes no sistema eleitoral. Este primeiro encontro aconteceu no Palácio da Alvorada.

O delator da trama golpista foi o primeiro réu a depor na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. Logo, ele revelou que o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, organizou o encontro a pedido de Bolsonaro. O ex-presidente teria orientado o general a se reunir novamente com Delgatti, desta vez no Ministério da Defesa.

Dessa forma, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro informou ainda que os integrantes do plano não identificaram nenhuma fraude nas urnas eletrônicas após as eleições de 2022. Além disso, destacou que o Partido Liberal (PL) não encontrou nenhuma irregularidade no sistema eleitoral.


Mauro Cid depõe ao STF (Vídeo: reprodução/YouTube/@STF)

Após Cid, STF ouvirá Ramagem; Bolsonaro depõe entre terça e quarta-feira

Após o depoimento de Mauro Cid, Alexandre Ramagem será o próximo a prestar esclarecimentos ao STF. Em seguida, será a vez de Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Importante lembrar que a Suprema Corte organizou os depoimentos seguindo a ordem alfabética dos réus.

Entretanto, o Supremo só deve ouvir Bolsonaro na terça-feira (10/6) ou na quarta-feira (11/6). Na semana passada, o ex-presidente afirmou que não pretende “desafiar” a Justiça. “Não vou ao STF para desafiar ninguém. Estarei lá com a verdade ao nosso lado”, declarou durante um evento do PL Mulher em Brasília.

Zambelli perde recursos e é incluída na lista da Interpol

O STF determinou, na última sexta-feira (6/6), a prisão de Carla Zambelli após rejeitar os recursos apresentados pela deputada. A decisão confirma a condenação de 10 anos de prisão pela invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsificação de documentos. Além da pena, Zambelli perderá o mandato de deputada federal e já teve seus bens bloqueados. A parlamentar deixou o Brasil antes da decisão final e, por isso, a Interpol a incluiu na lista de procurados, dificultando sua permanência no exterior.

A condenação foi reforçada pelo ministro Alexandre de Moraes, que converteu a prisão preventiva em definitiva e notificou a Câmara dos Deputados para oficializar a perda do mandato. Zambelli alega perseguição política e contesta a legalidade da decisão, mas o STF considera o caso encerrado, sem possibilidade de novos recursos.

Cid afirma que Bolsonaro “enxugou documento” com o único objetivo de prender Moraes

Nesta segunda-feira(9), o coronel Mauro Cid, que também já trabalhou com o ex-presidente, disse que Jair Bolsonaro recebeu a chamada “minuta do golpe”, e editou. Ele disse o seguinte quando questionado se o direitista havia lido o documento, disse “sim, senhor, recebeu e leu”. O ex-ajudante do antigo do governante que presidiu o país de 2019 até 2022, lembrou que não estava presente na sala, aonde foi feita as alterações do documento da minuta, junto o seu assessor Felipe Martins, mais que após isso mostraram a documentação para ele, onde estiveram mostrando.

“Enxugou o documento”

Conforme Mauro Cid informou em depoimento, o então ex-presidente do Brasil teria enxugado o documento, em citação o ex-ajudante da presidencia disse o seguinte:

Ele enxugou o documento, retirando basicamente as autoridades das prisões, somente o senhor ficava como preso”, disse o relator se referindo a que somente seria preso Moraes, quando prestou depoimento na tarde desta segunda-feira(9).


Mauro Cid no dia 24 de Agosto de 2023 participando de uma sessão que investiga os atos anti-democraticos ocorridos no dia 8 de Janeiro de 2023 (Foto: reprodução/Mateus Bonomi/Getty images Embed)


Os réus do “Núcleo crucial”

Se iniciou neste dia 9 de junho, os interrogatórios com os réus que fazem parte do “núcleo crucial” do julgamento, da ação penal que apura o julgamento da tentativa de golpe de estado após as eleições de 2022, entre eles estão:

  • Alexandre Ramagem, deputado e ex-chefe da Abin
  • Jair Bolsonaro, ex-presidente da república
  • Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da defesa
  • Walter Braga Netto, ex-ministro da defesa e vice de Bolsonaro na eleição em 2022
  • Anderson Torres, ex-ministro da justiça
  • Almir Garnier, ex-comandante da marinha
  • Mauro Cid, ex-ajudante das ordens da presidência
  • Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI

Os interrogatórios ocorreram durante os cinco dias dessa semana, se iniciando no dia 9 e terminando na data do dia 13 de junho de 2025

Bolsonaro e outros 7 réus serão ouvidos pelo STF por tentativa de golpe de Estado em 2022

O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta segunda-feira (9) os depoimentos dos oito réus acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022. Entre os investigados está o ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), os denunciados integram o que foi classificado como o “núcleo central” de uma organização criminosa que teria atuado para romper a ordem democrática no país.

Durante o mês de maio, o STF ouviu as testemunhas indicadas tanto pela acusação quanto pela defesa. Agora, com o início dos interrogatórios, o processo entra na etapa final da fase de instrução. As audiências acontecerão na Primeira Turma do Supremo ao longo de toda a semana, com encerramento previsto para sexta-feira (13).

Os depoimentos dos outros sete acusados seguirão a ordem alfabética dos nomes: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.

Bolsonaro na linha de frente

A Procuradoria-Geral da República (PGR) imputou ao grupo a prática de cinco crimes: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio histórico protegido.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, junto aos outros sete aliados também denunciados, compôs o que foi identificado como o “núcleo central da organização criminosa”.


Alexandre de Moraes marcou interrogatório de Bolsonaro e outros acusado (reprodução/Youtube/Metrópoles)

Segundo a acusação, foi desse grupo que surgiram as principais estratégias e medidas com forte repercussão social, voltadas à tentativa de romper a ordem democrática. Bolsonaro é apontado como o principal líder dessa organização criminosa armada, cujo objetivo era promover um golpe de Estado.

Outros 7 réus

Alexandre Ramagem, atualmente deputado federal e ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), é acusado de ter atuado diretamente ao lado de Jair Bolsonaro na execução do plano golpista. Conforme aponta a Procuradoria-Geral da República (PGR), ele desempenhou um “papel relevante” na formulação e orientação das narrativas que passaram a ser amplamente divulgadas pelo então presidente da República a partir de 2021.

Almir Garnier Santos, que ocupava o cargo de comandante da Marinha à época, demonstrou apoio ao plano golpista durante uma reunião realizada em dezembro de 2022. Na ocasião, ele se mostrou disposto a acatar as ordens de Jair Bolsonaro, caso o então presidente decidisse colocar em prática o decreto que visava a ruptura da ordem constitucional.

Anderson Torres, que foi ministro da Justiça durante o governo de Jair Bolsonaro, contribuiu para disseminar o discurso sobre uma suposta fraude nas urnas eletrônicas. Durante sua atuação no governo, ele reforçou as alegações apresentadas por Bolsonaro em uma transmissão ao vivo realizada em julho de 2021.

Augusto Heleno, que ocupou o cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional durante o governo Bolsonaro, também esteve diretamente envolvido no apoio ao então presidente para a execução do plano golpista. Assim como Alexandre Ramagem, ele teve participação ativa na tentativa de viabilizar a estratégia que visava à quebra da ordem democrática.

Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, esteve presente em uma reunião realizada em julho de 2022 com Jair Bolsonaro e outras autoridades. Na ocasião, o então presidente teria solicitado que todos os presentes colaborassem na disseminação do discurso sobre a suposta fragilidade do sistema de votação eletrônico.

Walter Braga Netto, que já ocupou os cargos de ministro da Defesa e da Casa Civil, também participou da reunião realizada em julho de 2022 com Jair Bolsonaro e outras autoridades.

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro, integrava o chamado “núcleo central” da organização. Ele é apontado como um dos principais colaboradores na execução do plano que visava à ruptura da ordem democrática.

Eduardo Bolsonaro ignora PF e é investigado por tentar interferir em investigações do STF nos EUA

A Polícia Federal (PF) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não respondeu aos primeiros contatos para prestar esclarecimentos em um inquérito que investiga suas ações nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras. Segundo a corporação, foram feitas várias tentativas de contato com o parlamentar, incluindo e-mails enviados ao seu endereço funcional e pessoal, mensagens enviadas por aplicativo no celular e até ligações para o telefone do gabinete dele em Brasília. Apesar disso, Eduardo não deu retorno por nenhum desses meios.

Informações do STF

De acordo com o relatório enviado ao STF, o sistema de correio eletrônico confirmou que os e-mails foram entregues com sucesso, o que indica que as mensagens chegaram aos seus destinos. No entanto, até o momento, o deputado não se manifestou nem respondeu aos pedidos de esclarecimento. A autorização para que Eduardo preste depoimento por escrito foi dada pelo ministro Alexandre de Moraes, considerando que ele está fora do país, residindo atualmente nos Estados Unidos.


Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro em reunião (reprodução/x/@g1)

O inquérito foi solicitado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta possíveis crimes cometidos por Eduardo Bolsonaro em território estrangeiro. A investigação se baseia em declarações feitas por ele em entrevistas e postagens nas redes sociais. A PGR afirma que o deputado teria atuado junto ao governo do ex-presidente Donald Trump para tentar aplicar sanções contra ministros do STF, o que caracterizaria uma tentativa de interferência indevida nas instituições brasileiras.

Alegações da PGR

Ainda segundo a PGR, essa suposta atuação de Eduardo nos EUA tem como principal objetivo prejudicar as investigações relacionadas à tentativa de golpe de Estado no Brasil, caso no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro, pai do deputado, é um dos réus. A conduta do parlamentar, diz a Procuradoria, pode ser enquadrada como coação, obstrução de investigações sobre organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Em meio a essa investigação, Jair Bolsonaro foi ouvido pela PF e revelou ter transferido R$ 2 milhões para o filho por meio do sistema Pix. Segundo o ex-presidente, o valor foi enviado para garantir que Eduardo não passasse necessidades enquanto estivesse nos Estados Unidos.

Ex-presidente Jair Bolsonaro afirma não ter realizado nenhuma doação para Carla Zambelli

Jair Bolsonaro prestou depoimento nesta quinta-feira (5) e afirmou não ter feito nenhuma doação para a deputada Carla Zambelli (PL-SP). A declaração ocorreu logo após o ex-presidente sair da sede da Polícia Federal, em Brasília.

“Não tenho nada a ver com a Carla Zambelli, tá certo? Não botei dinheiro no Pix dela e tô aguardando. Obviamente, acompanhei pela imprensa o caso Zambelli”, comentou Bolsonaro.

A revelação foi feita por Bolsonaro, que, na condição de testemunha da investigação que apura as ações do seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, também do Partido Liberal (PL) declarou não ter relação com a parlamentar. Eduardo é suspeito de ter articulado sanções com o governo norte-americano em oposição ao Poder Judiciário brasileiro.

Carla Zambelli, que viajou para os Estados Unidos, foi condenada no último mês deste ano a dez anos de prisão por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e por falsidade ideológica. Ela comunicou sua permanência no exterior, alegando ter saído em busca de tratamento médico. A deputada também afirmou que seguirá para a Itália, na Europa, pois acredita que não poderá ser extraditada por possuir dupla nacionalidade.

Prisão da deputada

O nome de Carla Zambelli entrou na lista de procurados da Interpol após ela deixar o país logo depois da condenação. O ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, acatou o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), determinando a suspensão das redes sociais e das contas bancárias da parlamentar, além da inclusão de seu nome na lista internacional de procurados.

Aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro, Carla Zambelli foi apontada por ele como um dos principais motivos para sua derrota nas eleições de 2022, nas quais tentava a reeleição.

“Aquela imagem da Carla Zambelli, da forma como foi usada, perseguindo o cara lá… Teve gente que pensou: ‘Olha, o Bolsonaro defende o armamento’. Mesmo quem não votou no Lula, anulou o voto. A Carla Zambelli tirou o mandato da gente”, disse Bolsonaro.


Carla Zambelli perseguindo um eleito do Bolsonaro(vídeo:reprodução/YouTube/O Globo)



Crimes cometidos pela deputada e pedido de cassação de mandato

Zambelli é investigada pelo STF por outras ações. Em 2022, ano das eleições, a deputada licenciada perseguiu, armada, um apoiador do atual presidente Lula pelas ruas de São Paulo. O episódio tornou a parlamentar alvo de apurações, pelo porte ilegal de arma de fogo e por constrangimento ilegal com o uso de armamento.

Ela também é acusada de ter auxiliado o hacker Walter Delgatti a invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para forjar um falso pedido de prisão contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Diante disso, a Procuradoria-Geral da República (PGR) informou que as atitudes de Zambelli demonstram negligência com o cargo parlamentar e um entusiasmo em executar ações ilícitas durante o mandato. Por esse motivo, foi solicitada a cassação de sua função legislativa.

Bolsonaro justifica envio de R$ 2 milhões para Eduardo nos EUA: “para não passar dificuldade”

Nesta quinta-feira (5), Jair Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal sobre a investigação envolvendo seu filho Eduardo nos Estados Unidos. Após o interrogatório, o ex-presidente afirmou à imprensa que enviou R$ 2 milhões para Eduardo cobrir despesas no país. O ex-presidente justificou a transferência dizendo que queria evitar que o filho enfrentasse dificuldades financeiras.

Segundo Bolsonaro, não se trata de apoio a qualquer ato ilegal, e que o filho teria pedido sua ajuda financeira para sustentar sua família, composta pela esposa, uma filha de quatro anos e um filho de um ano. “Ajudei, botei um dinheiro na conta dele, bastante até. E ele está levando a vida dele. Dinheiro limpo, legal, Pix. Botei R$ 2 milhões na conta dele, porque lá fora é tudo mais caro, tenho dois netos. Não quero que passe dificuldade”, explicou Bolsonaro.


Jair Bolsonaro admite ter enviado dinheiro ao filho, Eduardo, que mora nos EUA (Vídeo: reprodução/X/@GloboNews)

Deputado é alvo de investigações no Brasil

Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) enfrenta investigações que apuram possíveis crimes como coação no curso do processo, obstrução de investigações relacionadas a organizações criminosas e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. A pedido da PGR, a investigação foi aberta em maio. A alegação é que Eduardo tenta intimidar autoridades responsáveis por processos contra o pai, Jair Bolsonaro, e seus aliados.

Além disso, o filho do ex-presidente tem afirmado publicamente que busca junto ao governo norte-americano a imposição de sanções contra membros do Supremo Tribunal Federal (STF), da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal. Segundo ele, há uma perseguição política contra sua família no Brasil.

Eduardo Bolsonaro se afasta do cargo de deputado

O deputado federal por São Paulo anunciou, em março deste ano, que iria se licenciar do cargo e permanecer nos Estados Unidos com a família. Eduardo argumentou que enfrenta perseguição política e que sua volta ao país poderia resultar em medidas judiciais. Entretanto, para justificar sua permanência no exterior, ele busca apoio de autoridades americanas e defende sanções contra membros do STF, alegando que há abusos no sistema judicial brasileiro.

Além disso, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro reforçam a narrativa de que Eduardo sofre riscos caso volte ao Brasil. Enquanto isso, ele tenta viabilizar uma forma de exercer seu mandato remotamente, algo que não está previsto no regimento da Câmara dos Deputados.

Ação penal contra Bolsonaro: STF ouve testemunhas e inicia interrogatórios de réus por tentativa de golpe

Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta semana a fase de depoimentos no processo que investiga a tentativa de golpe de Estado articulada para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após a derrota nas eleições de 2022. As oitivas ocorreram na sede do tribunal, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. A ação penal contra Bolsonaro e aliados entra agora em uma nova fase, com a expectativa de que o julgamento avance ainda neste semestre.

Testemunhas detalham bastidores da tentativa de golpe e núcleo próximo a Bolsonaro é listado para depoimentos

O Supremo Tribunal Federal (STF) ouviu ao longo das últimas semanas testemunhas ligadas à tentativa de golpe de Estado que, segundo as investigações, visava manter Jair Bolsonaro (PL) no poder após sua derrota nas urnas.

A fase de depoimentos incluiu militares, ex-ministros e servidores públicos, e expôs detalhes de reuniões e movimentações internas no governo após o segundo turno de 2022.

Estão listados para prestar depoimento no processo o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, e outros seis integrantes considerados centrais na estrutura da suposta articulação golpista:

  • Deputado federal Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin);
  • Almir Garnier (ex-comandante da Marinha);
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
  • Augusto Heleno (ex-ministro-chefe do GSI);
  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa);
  • Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022).

— Mauro Cid durante seu depoimento em 2023 (Foto: reprodução/Evaristo Sa/Getty Images Embed)

Os depoimentos, conduzidos sob sigilo por decisão do relator Alexandre de Moraes, abordam pontos sensíveis como a minuta de decreto que previa intervenção no Judiciário, pressões sobre as Forças Armadas e tentativas de desacreditar o processo eleitoral.

A medida de sigilo gerou críticas entre aliados do ex-presidente, que apontam falta de transparência na condução da ação penal.

STF inicia interrogatórios finais com foco nos réus centrais do caso

Com a fase de testemunhas encerrada, o processo avança agora para os interrogatórios dos réus. Segundo o ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal na Primeira Turma do STF, os depoimentos começam a partir das 14h com o tenente-coronel Mauro Cid — que firmou acordo de delação premiada com a Justiça. Os demais réus serão ouvidos em ordem alfabética.

As audiências foram organizadas para ocorrer ao longo de toda a semana:

  • 9/6 – começa 14h, com o delator Mauro Cid;
  • 10/6 – das 9h às 20h;
  • 11/6 – 8h às 10h;
  • 12/6 – das 9h às 13h;
  • 13/6 – das 9h às 20h.

Ao final dessa etapa, o Supremo abrirá prazo para alegações finais do Ministério Público e das defesas, antes de marcar o julgamento.


— Supremo Tribunal Federal (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)


O encerramento dos depoimentos no STF marca uma virada na ação penal contra Bolsonaro, que se aproxima de uma decisão definitiva. Com os relatos das testemunhas já registrados, o Supremo se prepara para avaliar o mérito da acusação que envolve uma das maiores crises institucionais do país desde a redemocratização.