Marco Rubio critica condenação de Bolsonaro e promete resposta dos EUA

Após a condenação de Jair Messias Bolsonaro na última quinta-feira (11), o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, prometeu que haverá anúncios nos próximos dias em resposta a sentença. Marco Rubio e o presidente dos EUA, classificam o julgamento como um “caça às bruxas”.

Bolsonaro foi condenado a 27 anos e  3 meses de prisão, pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito por meios de violência, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado, entre outros crimes.

Secretário dos EUA fala sobre condenação de Bolsonaro

Nesta segunda-feira (15), o secretário Marco Rubio, em entrevista à Fox News, após ser questionado diretamente sobre o decreto de prisão de Jair Bolsonaro, disse que o estado de direito no Brasil está se rompendo e criticou diretamente o Poder Judiciário e indiretamente o ministro Alexandre de Moraes.

Além disso, Marco afirmou que os EUA vai reagir, podendo adotar novas medidas contra o Brasil, mas destacou que a decisão será tomada ao longo da semana. Ele concluiu dizendo que o julgamento “é apenas mais um capítulo de uma crescente campanha de opressão judicial”.

A resposta é que o estado de direito está se rompendo. Você tem esses juízes ativistas – um em particular – que não apenas foi atrás do Bolsonaro, aliás, ele tentou exercer reivindicações extraterritoriais até mesmo contra cidadãos americanos ou contra alguém que posta online a partir dos Estados Unidos.”

Marco Rubio

Secretário de Estado dos EUA Marco Rubio (Foto: reprodução/Andrew Caballero – Reynolds/OGlobo)

Trump e Bolsonaro

Após o término da votação dos ministros, na última quinta-feira (11), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já havia se pronunciado, declarando-se muito insatisfeito com o resultado do julgamento. Trump ainda fez uma comparação, afirmando que a condenação de Bolsonaro se assemelha ao que tentaram fazer com o seu governo: “Mas só posso dizer o seguinte: eu o conheci como presidente do Brasil e ele é um bom homem”, disse Trump.
Até o momento, não houve novas declarações nem do presidente, nem do secretário Marco Rubio, que está em Israel para cumprir compromissos oficiais.

Lula vai indicar dois novos ministros para Superior Tribunal Militar

O presidente Lula vai indicar, nos próximos meses, dois novos ministros para o Superior Tribunal Militar (STM). Esse tribunal vai analisar a perda da patente de Jair Bolsonaro e de outros oficiais das Forças Armadas condenados pelo STF no caso da trama golpista, entre eles os ex-comandantes Paulo Sérgio Nogueira (Exército) e Almir Garnier Santos (Marinha).

Composição do STM e aposentadorias iminentes

Até o fim do ano, dois ministros do STM vão se aposentar ao completar 75 anos: Marco Antônio de Farias, em outubro, e Odilson Sampaio Benzi, em novembro. Assim, o presidente Lula terá indicado quatro ministros no total neste mandato, já que anteriormente escolheu o general Guido Amin Naves e a advogada Verônica Sterman.

O STM tem 15 ministros, todos indicados pelo presidente da República. Entre eles, quatro precisam ser do Exército, três da Marinha e três da Aeronáutica, sempre da ativa e do posto mais alto da carreira. O plenário se completa com cinco civis: três advogados com notório conhecimento jurídico, boa conduta e pelo menos dez anos de carreira, além de dois membros vindos do Ministério Público da Justiça Militar. Todos precisam ser aprovados pelo Senado Federal.


Bolsonaro saindo do hospital e retornando para cumprir a prisão domiciliar (Vídeo: reprodução/X/@Metropoles)

Nos bastidores do Exército, a expectativa é que os processos só sejam analisados pelo STM depois da posse dos novos ministros indicados pelo presidente. Isso porque a perda de patente só pode ser discutida após o fim definitivo das condenações, o que ainda não tem data para acontecer.

Além de Bolsonaro, Nogueira e Garnier, também serão julgados no STM o ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice Walter Braga Netto e o ex-ministro do GSI Augusto Heleno, ambos generais de quatro estrelas.

Julgamento delicado e inédito no STM

O julgamento no STM será delicado e inédito: além do impacto político, pode resultar na perda da patente de dois ex-comandantes das Forças Armadas, algo nunca antes visto, já que é a primeira vez que eles foram condenados pela Justiça Civil.

O Estatuto dos Militares estabelece que qualquer integrante das Forças Armadas condenado pela Justiça Civil ou Militar, com decisão definitiva e pena acima de dois anos, pode perder a patente.

Além de Bolsonaro, Nogueira e Garnier, outros oficiais de alta patente também serão julgados no STM. Augusto Heleno, bem visto no Alto Comando do Exército, comandou a missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti. Já Braga Netto, que perdeu prestígio na Força após as investigações apontarem seu envolvimento na trama golpista contra Lula, foi interventor federal no Rio de Janeiro e chegou a chefiar o Estado-Maior do Exército.

Como foi condenado a dois anos em regime aberto, exatamente no limite previsto pela lei, o tenente-coronel e delator Mauro Cid não será alvo do processo no STM.


Lula defendendo o STF contras as acusações do governo de Trump (Vídeo: reprodução/X/@CNNBrasil)

Ele pediu baixa do Exército em agosto para passar à reserva. Esse pedido só será analisado pela cúpula em janeiro do próximo ano, mas deve ser aceito por cumprir os requisitos legais. Segundo o advogado do ex-ajudante de ordens, Jair Alves Ferreira, mesmo que não perca a patente, Cid não pretende continuar na carreira militar, pois “não tem mais condições psicológicas de seguir como militar”.

Se for concedida, a aposentadoria marcará um fim melancólico para a carreira de Mauro Cid, que antes do governo Bolsonaro era visto como um talento promissor no Exército e cotado para alcançar a patente de general, assim como seu pai, Mauro Cesar Lourena Cid. Ainda assim, a saída é bem menos dura do que a perda de patente após julgamento no STM, risco que recai sobre os militares delatados por ele.

Repercussão histórica e comparações com casos anteriores

Embora seja criticado fora da Justiça Militar por uma atuação considerada corporativista, o julgamento terá grande visibilidade devido à repercussão do caso e das pessoas envolvidas.

O cenário é bem diferente da primeira vez em que Bolsonaro foi réu no STM, no final da década de 1980. Na época, ainda capitão da ativa, ele entrou na mira do Exército em 1987 após publicar um artigo na revista “Veja” defendendo o reajuste do soldo militar.

A mesma publicação revelou um suposto plano de Bolsonaro, então futuro presidente, que envolveria explosões na Vila Militar, na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em quartéis e em uma adutora do Rio Guandu, principal fonte de abastecimento de água do Rio de Janeiro, como forma de pressionar a cúpula do Exército.

O caso chegou ao STM, que, após longas discussões sobre a autoria dos documentos e a veracidade da reportagem, absolveu o capitão por nove votos a quatro. No ano seguinte, Bolsonaro foi eleito vereador do Rio pelo PDC e passou para a reserva. Trinta anos depois, chegou ao Palácio do Planalto.

Bolsonaro usa tornozeleira eletrônica durante saída para procedimento médico

O ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar após ser condenado a 27 anos por liderar uma tentativa de golpe, sairá de casa pela primeira vez para um procedimento cirúrgico simples na pele, neste domingo (14), no hospital DF Star, na Asa Sul, em Brasília.

Segurança e medidas cautelares para a saída de Bolsonaro

Antes de sair do condomínio, o carro dele será vistoriado, e ele será acompanhado por uma escolta da Polícia Penal do Distrito Federal à paisana. Bolsonaro também usará tornozeleira eletrônica, e o entorno do hospital terá reforço da Polícia Militar. Apoiadores já programaram uma manifestação em solidariedade ao ex-presidente na manhã de domingo.

No fim de agosto, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou ações para reduzir o risco de fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro. Uma avaliação da Secretaria de Administração Penitenciária do DF (Seape-DF) apontou “pontos cegos” nos fundos e na lateral da residência dele.

Ao autorizar a saída de Bolsonaro, Moraes ressaltou que ele continua obrigado a cumprir medidas cautelares, como a proibição de usar redes sociais, o uso da tornozeleira eletrônica e a vistoria nos porta-malas dos veículos que saírem de sua casa.


Bolsonaro deixando o Hospital (Vídeo: reprodução/X/@CNNBrasil)

No despacho, Moraes ainda pediu que a Secretaria de Segurança Pública do DF adotasse as providências necessárias. O esquema montado pela SSP-DF é mantido em sigilo. Em nota, a Polícia Penal do DF afirmou: “Está cumprindo as ordens judiciais em conformidade com as decisões expedidas e não comenta ou detalha operações em curso”.

Procedimentos médicos e histórico de cirurgias de Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro passará por dois procedimentos médicos no hospital DF Star: um para retirar um nevo melanocítico (pinta) no tronco, geralmente benigno, e outro para recolher material cutâneo que será enviado para biópsia. Segundo o pedido médico anexado ao processo no STF, ele ficará em regime ambulatorial, com previsão de alta no mesmo dia, e precisará entregar um atestado médico detalhando os procedimentos em até 48 horas.

Na última sexta-feira, a Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro a 27 anos de prisão por cinco crimes: organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado, sendo a primeira vez na história do Brasil que um ex-presidente é condenado por tentativa de derrubar o governo eleito. Como a pena é em regime fechado, a defesa já prepara pedido de prisão domiciliar, alegando o quadro de saúde delicado de Bolsonaro, que inclui crises de soluço e sequelas da facada sofrida durante a campanha eleitoral de 2018.


Explicação sobre a condenação de Bolsonaro e a possível entrada de Tarcísio na corrida presidencial (Vídeo: reprodução/X/@Metropoles)

Desde então, ele passou por diversas cirurgias: em 6 de setembro de 2018, cirurgia de emergência em Juiz de Fora–MG; em 12 de setembro de 2018, cirurgia de desobstrução do intestino em São Paulo; em 28 de janeiro de 2019, retirada da bolsa de colostomia; em 8 de setembro de 2019, correção de hérnia na cicatriz; e em 12 de setembro de 2023, cirurgia para correção de hérnia de hiato relacionada a refluxo.

Em 13 de abril de 2025, Bolsonaro passou por cirurgia de 12 horas no DF Star para extensa lise de aderências e reconstrução da parede abdominal, realizada sem intercorrências e sem necessidade de transfusão de sangue. A obstrução intestinal causada por uma dobra do intestino delgado foi resolvida, e o ex-presidente segue estável na UTI, sem dor, recebendo suporte clínico, nutricional e medidas de prevenção de infecções.

STF condena Bolsonaro a 27 anos e o torna inelegível até 2060, Congresso reage e tenta mudar a Ficha Limpa

O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu nesta semana o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. Por maioria de votos (4 a 1), a Primeira Turma condenou o ex-mandatário a 27 anos e três meses de prisão, além de declarar sua inelegibilidade.

Pelas regras atuais da Lei da Ficha Limpa, Bolsonaro só poderia voltar a disputar eleições em 2060, já que a inelegibilidade de oito anos passa a valer apenas após o cumprimento integral da pena. No entanto, o cenário pode mudar caso seja sancionado o projeto de lei aprovado pelo Congresso, que altera o marco inicial dessa contagem.

Mudança na Ficha Limpa pode beneficiar Bolsonaro

O Congresso Nacional aprovou neste mês uma alteração na Lei da Ficha Limpa. O texto, que ainda depende de sanção ou veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estabelece que o prazo de inelegibilidade passe a ser contado a partir da condenação e não mais após o cumprimento da pena. Na prática, se a nova regra for confirmada, Bolsonaro ficaria impedido de disputar cargos eletivos até 2033 — e não até 2060.

O projeto também fixa um limite máximo de 12 anos de inelegibilidade, mesmo em casos de múltiplas condenações.


Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia conversando no quarto dia de julgamento (Foto: reprodução/Victor Piemonte/STF)

Punições aplicadas pelo STF

Além da pena de 27 anos e da inelegibilidade, Bolsonaro e os demais réus sofreram outras sanções. Entre elas:

  • Perda de mandato do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ);
  • Indenização de R$ 30 milhões, valor a ser pago de forma solidária por todos os condenados;
  • Perda da patente militar a ser avaliada pelo Superior Tribunal Militar para Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira;
  • Perda do cargo público para Anderson Torres e Alexandre Ramagem, ambos delegados da Polícia Federal.

Ao todo, mais de 600 pessoas já foram condenadas pelos atos de 8 de janeiro.

Como votaram os ministros

A condenação foi aprovada por 4 votos a 1. Os ministros Cristiano Zanin, Cármen Lúcia, Flávio Dino e Alexandre de Moraes (relator) votaram pela condenação, enquanto Luiz Fux defendeu a absolvição. É a primeira vez na história do Brasil que um ex-presidente da República é condenado por tentativa de golpe de Estado.


STF em julgamento de Jair Bolsonaro (Foto: reprodução: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Penas aplicadas aos demais réus

Além de Bolsonaro, outros sete aliados foram sentenciados:

  • Walter Braga Netto (ex-ministro da Defesa e da Casa Civil): 26 anos;
  • Almir Garnier (ex-comandante da Marinha): 24 anos;
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça): 24 anos;
  • Augusto Heleno (ex-ministro do GSI): 21 anos;
  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa): 19 anos;
  • Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin): 20 anos, sem condenação pelos crimes de dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado;
  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens da Presidência): 2 anos de prisão, beneficiado por delação premiada.

Futuro político em disputa

Enquanto a defesa de Bolsonaro prepara recursos, o Congresso aguarda a decisão do presidente Lula sobre a nova redação da Ficha Limpa. O desfecho pode definir se o ex-presidente ficará fora da política por quase quatro décadas ou se terá condições de disputar novamente as eleições já em 2033.

Condenação de Jair Bolsonaro no STF vira destaque global

Com um total de 4 votos a 1, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) condenou nesta quinta-feira (11/09) o ex-presidente Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão pela tentativa de golpe de Estado e por outros quatro crimes.

Entre os crimes estão: organização criminosa; tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; dano qualificado; e deterioração de patrimônio tombado. Com a condenação, Jair Bolsonaro também fica inelegível por 8 anos após o cumprimento da pena, conforme a Lei da Ficha Limpa.

Destaque no Brasil e no mundo

O episódio reacende debates sobre democracia, instabilidade política e relações internacionais, consolidando o julgamento como um marco histórico na história recente do país. A condenação do ex-presidente repercutiu nos principais jornais nacionais e internacionais, dividindo opiniões. Aqui, destacamos o que foi publicado pela imprensa estrangeira.

The New York Times (EUA)

Com o título: “Brazil’s Former President Was Convicted of Plotting a Coup. What Comes Next?”, o jornal afirmou que Bolsonaro foi condenado “por liderar uma conspiração fracassada para anular as eleições de 2022 em um plano de golpe que incluía dissolver os tribunais, dar poderes às Forças Armadas e assassinar o presidente eleito”.

Segundo a publicação, a condenação deve aumentar as tensões entre Brasil e Estados Unidos, principalmente em razão da sobretaxa de 50% imposta pelos EUA sobre produtos brasileiros, somada à aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes.

The Guardian (Reino Unido)

O jornal britânico destacou o voto decisivo dos juízes Carmen Lúcia e Cristiano Zanin.
Segundo o The Guardian: “O ex-presidente de extrema-direita do Brasil, Jair Bolsonaro, foi condenado a mais de 27 anos de prisão por planejar um golpe militar e tentar ‘aniquilar’ a democracia do país sul-americano”.

Os juízes Cármen Lúcia Antunes Rocha e Cristiano Zanin decidiram na quinta-feira que Bolsonaro, um ex-paraquedista eleito presidente em 2018, era culpado de tentar se manter no poder à força após perder a eleição de 2022. Com isso, quatro dos cinco magistrados envolvidos no julgamento consideraram o ex-líder brasileiro culpado.


Manchete do Jornal The New York Times (Foto: reprodução/Google/thenewyorktimes)


El País (Espanha)

O jornal espanhol relembrou os atos golpistas de 8 de janeiro, uma semana após a posse de Lula. Na ocasião, uma multidão de bolsonaristas invadiu os prédios dos Três Poderes em Brasília, incluindo o Supremo Tribunal Federal, hoje palco do julgamento. O episódio foi comparado ao ataque ao Capitólio nos Estados Unidos.

Bolsonaro estava nos EUA naquele dia, fato usado por sua defesa para tentar desvinculá-lo da violência. Mais de 600 pessoas já foram condenadas. Para o El País, este é o julgamento mais significativo do Brasil nos últimos anos.


Manchete do Jornal Espanhol El País (Foto: reprodução/Google/elpais)


Le Monde (França)

O jornal francês destacou as declarações de Donald Trump após a condenação de Bolsonaro. Segundo a publicação, o julgamento dividiu profundamente uma opinião pública já polarizada, inclusive em Brasília, e provocou uma crise sem precedentes entre a principal potência da América Latina e os Estados Unidos.

Trump classificou a condenação como “muito surpreendente”. “Realmente parece o que tentaram fazer comigo”, disse o republicano, em referência a seus próprios problemas legais. “Eu o conheci como presidente do Brasil. Ele era um bom homem”, acrescentou.

The Globe and Mail (Canadá)

O jornal canadense destacou que a decisão condenatória, aprovada por um painel de cinco ministros do STF, fez de Bolsonaro, de 70 anos, o primeiro ex-presidente da história do país a ser condenado por atacar a democracia, atraindo a desaprovação do governo Trump. “Este caso criminal é quase um encontro entre o Brasil e seu passado, seu presente e seu futuro”, afirmou a ministra Cármen Lúcia ao votar pela condenação de Bolsonaro, fazendo referência a uma história marcada por golpes militares e tentativas de enfraquecer a democracia. A condenação de Jair Bolsonaro pelo STF repercutiu mundialmente, destacando riscos à democracia e à estabilidade politica no Brasil.



Advogados de Bolsonaro criticam decisão do STF e apontam excesso em pena de 27 anos

Após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, na data de ontem, quinta-feira (11), com punição de 27 anos e 3 meses de prisão imposta pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) no processo da chamada Trama Golpista, a defesa declarou que recebeu com “respeito”, mas também com “profunda discordância e indignação”, a condenação imposta. 

Em nota conjunta, os advogados Celso Vilardi e Paulo Amador da Cunha Bueno afirmam que a decisão é “excessiva“, “desproporcional”, e que o ex-presidente jamais atentou contra o Estado Democrático de Direito nem participou dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.

Contestação da defesa

Um dos pontos centrais levantados pela defesa é o alegado cerceamento do amplo direito em se defender das acusações. Os advogados sustentam que não dispuseram de tempo hábil para examinar todas as provas, e que parte do material foi disponibilizado de forma tardia ou fracionada. O que, segundo eles, teria prejudicado a análise adequada da acusação. 

Em suas declarações, Vilardi e Bueno também criticaram que só mostraram elementos já selecionados pela acusação, sem haver um acesso amplo e sem restrições aos autos. Questionam, ainda, a competência do julgamento, alegando que o processo deveria ter sido conduzido em primeira instância ou julgado pelo plenário do STF, composto por 11 ministros. 


Publicação sobre a contestação dos advogados de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (Foto: reprodução/X/@fabiowoficial)

Para os advogados, o tamanho e a gravidade do caso demandava uma instância mais ampla, para garantir o chamado “juiz natural” e “respeito à proporcionalidade institucional”, por envolver um ex-presidente, ao invés de ser decidido pela Primeira Turma, composta por apenas cinco ministros.

Outro argumento importante refere-se à validade da delação premiada de Mauro Cid. A defesa afirma que há vícios no acordo, como contradições nos depoimentos, que enfraquecem o valor comprobatório dessa peça fundamental para a acusação.

Além disso, Vilardi e Bueno contestaram as provas apresentadas. Para a defesa, discursos, reuniões e mensagens configuram atos preparatórios, que, no entender deles, não justificariam a condenação por crimes como tentativa de golpe de Estado ou abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Desproporcionalidade penal

Em relação à pena imposta ao ex-presidente Jair Bolsonaro, de 27 anos e 3 meses, inicialmente em regime fechado, para os advogados, é um montante “absurdamente excessivo e desproporcional”. Afirmam que, após a publicação da decisão, o chamado acórdão, recorrerão da decisão em todas as instâncias possíveis, inclusive internacionalmente.


Publicação do STF sobre as penas impostas aos condenados pela chamada Trama Golpista (Foto: reprodução/X/@STF_oficial)

Vilardi e Bueno sustentam que não houve interrupção do exercício dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e nem restrição às liberdades democráticas no período investigado, que resultou na condenação do ex-presidente. A defesa reafirma que Bolsonaro não participou de qualquer plano de golpe, não ordenou ou incentivou os atos violentos, embora reconheçam o direito de crítica política e manifestações divergentes.

Voto de Zanin no STF amplia maioria pelo reconhecimento de organização criminosa

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Zanin reconhece organização criminosa envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus no julgamento da suposta trama golpista.

Além disso, com seu voto nesta quinta-feira (11), a Corte já formou maioria para condenar os acusados pelos crimes denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Vale destacar que o posicionamento de Zanin evidencia a organização e a intenção dos réus. Zanin foi o último a se manifestar e destacou que:

Os investigados constituíram uma organização estável, com duração superior a um ano, cujo planejamento, descrito em documentos apreendidos, previa ações coordenadas para manter Bolsonaro no poder à revelia da vontade popular”.

Por isso, segundo o ministro, houve uma tentativa deliberada de ruptura do Estado Democrático de Direito, com articulação para o uso das Forças Armadas.

Placar do julgamento e votos

Os ministros Alexandre de Moraes, relator do caso, Flávio Dino e Cármen Lúcia acompanharam o relator e votaram pela condenação integral dos réus. Com o voto de Zanin, a maioria ficou em quatro votos a um.

O ministro Luiz Fux divergiu parcialmente. Ele defendeu a absolvição de Bolsonaro e de outros cinco acusados, mas votou pela condenação de Mauro Cid e Braga Netto pelo crime de abolição do Estado Democrático de Direito. Com isso, o placar final foi consolidado e a dosimetria passou a ser a etapa seguinte para definir as penas de cada réu.

Próximos passos após Zanin reconhecer organização criminosa no STF

O julgamento, iniciado em 2 de setembro, já foi concluído. Em seguida, iniciou-se a fase de dosimetria, na qual os magistrados definem o tempo de pena de cada réu. O cálculo ocorre em três etapas: primeiro, os magistrados fixam a pena-base. Depois, avaliam circunstâncias que podem agravar ou atenuar a condenação. Por fim, aplicam causas que aumentam ou diminuem a pena.


Veja o momento em que Zanin reconhece organização criminosa e vota contra Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Importância do voto de Zanin

Com seu voto, Zanin reconhece organização criminosa e fortalece a decisão final do STF, contribuindo para a definição das penas dos réus. Além disso, o ministro reforça o papel das cortes superiores na preservação do Estado Democrático de Direito e na aplicação de decisões firmes diante de ameaças às instituições.

O voto de Zanin também estabelece um marco no julgamento, servindo como referência para casos futuros relacionados a violações das instituições democráticas e fortalecendo a confiança no sistema judicial.

STF forma maioria para condenar Bolsonaro; base festeja e oposição mira anistia

O voto da ministra Cármen Lúcia consolidou, nesta quinta-feira (11), a maioria da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal a favor da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado. A decisão repercutiu de forma imediata no meio político.

Enquanto parlamentares governistas classificaram o julgamento como um marco para a democracia, integrantes da oposição criticaram duramente a construção do processo e reforçaram a defesa de uma anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro.

Governistas exaltam decisão do Supremo

Para o líder do PT na câmara, Lindbergh Farias (RJ), o resultado representa um “dia histórico” e recado firme contra retrocessos democráticos. Ele elogiou a consciência do voto de Cármen Lúcia e disse que qualquer tentativa de anistia deve ser rejeitada.


William Bonner anuncia decisão do STF pela condenação de Bolsonaro (Vídeo: reprodução/X/@choquei)

O deputado Rogério Correia (PT-MG) também acompanhou a sessão e avaliou que o julgamento tende a terminar em “4 a 1“. Segundo ele, a aplicação imediata das penas seria essencial para reafirmar o compromisso institucional do país.

Oposição promete reagir com projeto de anistia

Do lado oposto, o líder do PL na câmara, Zucco (RS), afirmou que o resultado já era previsível e acusou Cármen Lúcia e Alexandre de Morais de atuarem mais como acusadores do que como julgadores. Ele reforçou que a bancada da oposição trabalhará por uma anistia “ampla, geral e irrestrita

O deputado Evair de Melo (PL-ES) seguiu a mesma linha e classificou o voto de Cámen Lúcia como “desdenhoso“, além de afirmar que a ministra aparentava “cansaço” durante a leitura. Apesar do revés do Supremo, oposicionistas dizem acreditar que a decisão fortalecerá o campo político de Bolsonaro.

Cenário Político segue polarizado

Com a maioria já formada, o resultado do julgamento é aguardado apenas como formalidade. O caso, no entanto, já reverbera no Congresso, onde governistas pressionam contra qualquer projeto de anistia, enquanto a oposição promete não recuar.

Para analistas políticos, a decisão do Supremo reforça o embate entre Judiciário e oposição ao mesmo tempo, em que pode dificultar a estratégia de Bolsonaro de manter influência sobre sua base. A disputa em torno da anistia deve dominar o debate nos próximos meses e servir como novo teste de força entre governo e oposição no Legislativo.

Luiz Fux se contradiz em voto sobre Bolsonaro

No julgamento do STF realizado nessa quarta-feira (10), o ministro Luiz Fux firmou que os ataques de 8 de janeiro representaram uma ameaça grave ao Estado democrático de direio. Contudo, dua postura ambígua sobre a punição de Bolsonaro gerou polêmica. Fux destacou que “não há anistia legal para crimes graves contra a democracia”, mas também reforçou a necessidade de cautela na aplicação de medidas, abrindo espaço para diferentes intepretações sobre a gravidade dos atos.

Segundo Fux, “todos os envolvidos nos ataques devem responder pelos atos, mas as medida cautelares precisam respeitar os limites formais e temporais da lei”. Ele ainda descreveu os eventos ocorridos “entre golpes de Estados e a aboliçãodo Estado democrático”, abrindo caminho para o debate sobre duas teses jurídicas e políticas:

  1. O Golpe absorve a abolição: netsa perspectiva, os atos de 8 de janeiro seriam um golpe planejado que, se bem-sucedido, levariam automaticamente à abolição da democracia. Ou seja, o ataque ao sistema institucional é o motor que desencadeia a destruição do Estado democrático.
  2. A abolição absorve o golpe: nesta tese, a ameaça maior é a própria abolição do Estado democrático. O golpe de Estado, nesse caso, seria apenas uma das formas de expresar essa tentativa de eliminação do regime democrático, funcionando como sintoma de uma crise mais ampla e estrutural.

Gravidade dos atos x cautela processual

Fuxafirmou que os ataques “representam um risco direto à ordem democrática do país e podem ser interpretados como tentativas de golpes de Estado”. Ao mesmo emSpo, ele ponderou que prisões imediatas não eram obrigatórias e que o processo deveria seguir etapas formais, gerando críticas sobre a coerência de seu voto.


Foto: Luiz Fux se contradiz em seu voto (reprodução/X/@g1)

Segundo o ministro “Decisões extremas podem aumentar ainda mais a polarização na sociedade portanto é necessário equeilibrar firmeza e prudência”. Para analistas, isso demonstra o desafio de combinar responsanilização clara e cautela processual diante de atos que podem levar tanto ao golpe quanto à abolição da democracia

Limites da lei e brechas processuais

Apesar de afirmar que “não há anistiaegal para crimes graves contra a democracia” Fux também reconheceu que a desefa poderia questionar aspectos formais do proceso, incluindo prazos e medidadas cautelares. Para especialistas, isso abriu margem para interpretações que poderiam reduzir a punição de Bolsonaro, gerando dúvidas sobre a consistência do voto.

A decisão do STF manteve a condenação, mas a postura de Fux ilustra a tensão entre responsabilizar os autores os ataques e lidar com a complexidade de um cenário em que golpes e abolição do Estado democrático se sobrepõem.SS

Trama golpista: Fux pode, ou não, participar da fase de dosimetria do julgamento 

Nesta quinta-feira (11), após o Supremo Tribunal Federal (STF) formar maioria para a condenação dos oito réus do julgamento da trama golpista, a Corte se vê sob um complexo debate: a definição da participação, ou não, do ministro Luiz Fux na definição das penas dos condenados. 

Em entrevista à CNN Brasil, o advogado criminalista, Renato Vieira, esclareceu que cabe a Fux a decisão de participar ou não da fase que definirá a dosimetria das penas dos condenados. Isso porque, na última quarta-feira (10), o ministro divergiu dos demais magistrados e votou pela absolvição de seis dos oito réus do processo. 

Impasse jurídico

A fase que definirá a pena de Jair Bolsonaro e os outros sete condenados da trama golpista passará, a partir desta sexta-feira (12), por um impasse jurídico que sonda o STF desde a época do mensalão. Isso porque, devido a divergência do ministro Luiz Fux em relação à condenação dos réus, caberá à Corte decidir qual metodologia será utilizada para calcular a pena final dos oito condenados. 


Ministra Cármen Lúcia concedeu a leitura de seu voto, assim condenando os oito réus pelos crimes previstos no julgamento (Foto: reprodução/Evaristo Sa/AFP/Getty Images embed)


Neste sentido, a Primeira Turma debaterá os critérios para a definição da dosimetria das penas. Assim, cada ministro apresentará a própria tabela com a anuidade das condenações e, a partir disso, devem determinar os padrões que serão utilizados para o cálculo, que pode ser a partir de um voto médio ou aritmético. 

Assim, até o fechamento desta reportagem, ainda não se sabe se Fux participará ou não da determinação das penas finais de cada réu. 

Cronologia do julgamento

Na última semana, o Supremo Tribunal Federal iniciou a primeira sessão do julgamento que discute os crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Jair Bolsonaro e mais sete réus respondem à denúncia encaminhada pela PGR no STF. 

No último dia 2 de setembro, Alexandre de Moraes, ministro relator do processo, abriu o primeiro dia de julgamento com a leitura do relatório criminal, além disso, a acusação apresentou as argumentações contra os réus. 

Já a segunda sessão, realizada no último dia 3 de setembro, foi o momento para a sustentação da defesa, os advogados dos oito réus elaboraram diferentes estratégias contra a condenação de seus respectivos clientes. 

Nesta semana, no último dia 9 de setembro, Alexandre de Moraes e Flávio Dino foram os dois primeiros-ministros a fazerem a leitura de seus votos, ambos votaram pela condenação de todos os réus pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Além disso, os magistrados votaram pela incriminação de Jair Bolsonaro como líder da organização criminosa.

Já nesta última quarta-feira (10), marcando o quarto dia de julgamento, o ministro Luiz Fux realizou a leitura de seu voto e, divergindo da maioria dos magistrados, votou pela absolvição de todos os réus, com exceção do general Braga Netto e do tenente-coronel Mauro Cid. 

Por fim, durante o quinto dia de sessão, nesta quinta-feira (11), a ministra Cármen Lúcia apresentou seu voto, de forma resumida, julgando Jair Bolsonaro e os outros sete réus como culpados pelos crimes previstos no processo. Apesar da formação de uma maioria para a condenação dos acusados, com o placar de 3 a 1, até o fechamento desta reportagem, Cristiano Zanin ainda apresentava a leitura de suas considerações.