Receita Federal conclui pagamento antecipado da restituição do imposto de renda

A Receita Federal antecipou o pagamento da restituição do Imposto de Renda Pessoa Física 2025 e informou que todos os contribuintes com direito ao valor já receberam o crédito. A medida visa facilitar o acesso dos cidadãos aos recursos, especialmente em um momento de recuperação econômica.

Os pagamentos estavam agendados para cinco parcelas, a serem concluídas em Setembro, mas a Receita Federal informou que antecipou o processo. O depósito do quarto lote em agosto foi o último, finalizando assim todos os repasses.

Receita Federal declara valor de restituições

Segundo o órgão, já foram pagos R$36,9 bilhões em restituições. Esse montante se refere a 22,67 milhões de declarações de imposto de renda.  A Receita também ressaltou que a restituição foi realizada de forma segura e eficiente, sem prejuízo para os contribuintes.

Matéria Revista Oeste (Foto: reprodução/X/@revistaoeste)

Para descobrir se foi incluído no último lote do imposto de renda, pago em agosto, o contribuinte pode fazer a consulta diretamente no site da Receita Federal. Contudo, especialistas destacam que a antecipação pode contribuir para o aumento do consumo e para a movimentação da economia, já que muitos cidadãos utilizam o valor da restituição para quitar dívidas ou realizar compras.

Calendário de restituições em 2025

  • 1º lote: 30 de maio
  • 2º lote: 30 de junho
  • 3º lote: 31 de julho
  • 4º lote: 29 de agosto
  • 5º lote: 30 de setembro (não está mais previsto)

O órgão esclareceu que a antecipação não impacta o calendário de pagamentos de tributos e que os prazos para envio das declarações e pagamento de impostos permanecem inalterados. A Receita também ressaltou que a restituição foi realizada de forma segura e eficiente, sem prejuízo para os contribuintes.

Post da Receita Federal (Foto: reprodução/X/@receitafederal)


Malha Fina 

Caso um contribuinte tenha direito à restituição, mas não a recebeu, é provável que a sua declaração tenha caído na malha fina. Isso significa que ela foi retida para que a Receita Federal faça verificações. Desse modo, a malha fina atua como um processo de auditoria da Receita Federal. Basicamente, é quando a sua declaração do Imposto de Renda fica retida para que o órgão verifique se há alguma inconsistência, erro ou omissão de dados.

É como se a Receita comparasse as informações que você enviou com as que ela já tem em seu sistema (enviadas por empresas, bancos, etc.). Para saber o motivo da retenção, é necessário acessar o site da Receita Federal. O contribuinte deve clicar em “Meu Imposto de Renda” para verificar a situação detalhada da sua declaração. Sendo assim, a Receita Federal reforçou a importância de os contribuintes manterem seus dados atualizados e de enviarem as declarações dentro do prazo estabelecido para evitar multas e juros.


Trump reage à decisão judicial e diz que EUA serão “destruídos” sem tarifas

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a defender sua política tarifária neste domingo (31), em publicação na rede Truth Social. A manifestação ocorreu em resposta à decisão da Justiça americana, tomada na última sexta-feira (29), que considerou ilegais a maior parte das tarifas impostas durante seu governo.

Segundo Trump, a revogação dessas medidas colocaria em risco a segurança e a economia do país. Ele afirmou que, sem os valores arrecadados por meio das tarifas, o poderio militar norte-americano seria “instantaneamente obliterado”. De acordo com o republicano, a eliminação da política poderia levar à “completa destruição” dos Estados Unidos.

Na mesma publicação, o ex-presidente destacou que a decisão da Corte contou com uma divisão apertada. “Em uma votação de 7 a 4, juízes da esquerda radical não se importaram, mas um democrata, nomeado por Obama, votou para salvar nosso país. Gostaria de agradecê-lo por sua coragem. Ele ama e respeita os EUA”, escreveu Trump, citando também a participação de um magistrado indicado por ele próprio durante seu primeiro mandato.

Tarifa como estratégia política

Desde a campanha de 2016, Trump colocou as tarifas no centro de sua plataforma econômica. O objetivo declarado era proteger a indústria nacional e reduzir a dependência de importações. Já na presidência, ele utilizou a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Internacional (IEEPA, na sigla em inglês) para justificar os pacotes tarifários aprovados em 2018, que afetaram países como China, Canadá e México.

A legislação concede ao presidente autoridade para agir em situações de ameaça “incomum e extraordinária”. Embora não mencione explicitamente tarifas, Trump argumentou que a norma dava base legal para regular ou bloquear importações em nome da segurança nacional.


Presidente Donald Trump (Foto: reprodução/Chip Somodevilla/Getty Images Embed)


Contestações judiciais

As tarifas, porém, foram alvo constante de questionamentos. Diversas ações judiciais, incluindo uma movida pelo Estado da Califórnia, contestaram a legalidade da medida. Tribunais em Washington já haviam considerado que a IEEPA não conferia ao presidente poder para impor tais barreiras comerciais.

A decisão recente da Corte de Apelações do Circuito Federal reforça esse entendimento, mas o embate ainda não está encerrado. É esperado que o caso seja levado à Suprema Corte, onde aliados de Trump acreditam ter mais chances de reverter a sentença.

Índia mantém relações comerciais com os EUA em meio à expectativa para novas tarifas

O ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, declarou neste sábado (23), que está mantendo as relações comerciais entre Nova Délhi e Washington, mesmo com o país asiático precisando proteger determinados setores estratégicos.  A fala acontece por conta da expectativa de novas tarifas impostas pelos Estados Unidos contra produtos indianos, que podem ser confirmadas nos próximos dias.

Tarifas ampliam atrito e travam negociações comerciais

Os EUA anunciaram sobretaxas que podem chegar a 50% sobre algumas exportações indianas, uma das medidas mais duras já aplicadas contra o país. Atualmente, uma tarifa de 25% está em andamento, e a parcela restante está prevista para começar a valer a partir de 27 de agosto. A Casa Branca tem como justificativa para a medida o aumento da importação de petróleo russo por parte da Índia, algo que vem gerando atritos diplomáticos.

Uma missão de negociadores americanos que deveria visitar Nova Délhi entre 25 e 29 de agosto foi cancelada, frustrando as expectativas de uma flexibilização ou adiamento dessas medidas. No entanto, Jaishankar destacou que certas linhas vermelhas precisam ser respeitadas. O ministro afirma que interesses fundamentais dos agricultores e pequenos produtores indianos não podem ser colocados em risco.


Ministro Subrahmanyam Jaishankar (Foto: reprodução/Roy Rochlin/Getty Images Embed)


No início de 2025, as tratativas comerciais já haviam esbarrado na resistência da Índia em iniciar o mercado agrícola e de laticínios a produtos estrangeiros. Apesar disso, o volume do comércio bilateral continua expressivo, superando a marca de US$ 190 bilhões, o que torna a relação estratégica para ambas as economias.

Tarifas podem frear crescimento indiano

Analistas da Capital Economics alertaram que a manutenção integral das tarifas poderia reduzir em até 0,8 ponto percentual o progresso econômico da Índia em 2025, além de prejudicar a atratividade do país como polo global de manufatura.

Jaishankar também criticou a postura do presidente americano, Donald Trump, afirmando que nunca houve na história recente dos EUA uma condução tão pública da política externa. Ele ainda ressaltou que as preocupações americanas com o petróleo russo não estão sendo aplicadas a outros compradores, como China e União Europeia, que possuem volumes de importação superiores aos da Índia.

Para o chanceler indiano, as compras de petróleo russo nunca haviam sido questionadas em negociações anteriores com Washington, sendo a imposição de tarifas vista como uma mudança brusca e inesperada na relação bilateral.

Buenos Aires adota criptomoedas para pagamento de impostos

Em uma iniciativa pioneira na América Latina, a capital argentina, Buenos Aires, anunciou recentemente que passará a aceitar criptomoedas como forma de pagamento para diversos tributos e serviços públicos. Essa medida, divulgada na última quarta-feira, abrange impostos como o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (ABL) e outros relacionados a veículos (Patentes), além de procedimentos não tributários, como a emissão de carteiras de motorista e o pagamento de multas de trânsito. A decisão sinaliza o objetivo ambicioso do governo local de se tornar uma referência global no universo cripto.

Criptomoedas ganham espaço como solução moderna em meio à crise

A adoção de criptomoedas como meio de pagamento vem em um contexto de crise econômica na Argentina, onde a população já se familiarizou com outras formas de transações digitais, incluindo as transferências via cripto e o Pix brasileiro. O movimento de Buenos Aires visa não apenas modernizar o sistema de pagamentos, mas também atrair empresas e talentos da economia digital, criando um “arcabouço regulatório favorável”. Para o especialista em cripto, Caio Villa, essa medida oferece risco praticamente nulo tanto para os contribuintes quanto para o governo, já que a conversão é realizada no momento exato da transação, fixando o valor e eliminando a preocupação com a volatilidade.


Existe a previsão que o sistema incluirá ativos digitais de grande relevância, como Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH). (Foto: reprodução/Instagram/@portaldobitcoin)


Embora ainda não haja uma lista específica de quais criptomoedas serão aceitas, especialistas como Paulo Camargo, da Underblock, preveem que o sistema incluirá ativos digitais de grande relevância, como Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), além de stablecoins, com a conversão imediata para pesos argentinos. A cidade já possui um ecossistema digital robusto, com mais de 10 milhões de contas cripto em todo o país, o que representa 22% do volume total da América Latina. O prefeito de Buenos Aires, Jorge Macri, destacou que a iniciativa é um passo essencial para que o Estado se adapte à economia digital, removendo a burocracia e incentivando o crescimento de empresas inovadoras na cidade.

Visão Holística e Desafios da Regulamentação

A iniciativa de Buenos Aires vai além da simples aceitação de criptoativos. Quatro propostas-chave foram anunciadas para impulsionar o setor: a atualização da nomenclatura de atividades econômicas, que cria uma categoria específica para a compra e venda de criptoativos, simplificando a declaração fiscal; a exclusão dos Provedores de Serviços de Ativos Virtuais (PSAV) de regimes de arrecadação bancária, o que reduz a burocracia e aumenta a segurança jurídica para as empresas; a alteração na base de cálculo tributária, onde os impostos serão cobrados apenas sobre a diferença entre a compra e a venda, e não sobre o valor total da operação; e a própria aceitação do pagamento de tributos e taxas com cripto através de um sistema de QR Code.

A aceitação de criptoativos por um governo pode ser vista como um sinal de legitimidade, transformando esses ativos de meros instrumentos especulativos para componentes da infraestrutura financeira do futuro. No entanto, o movimento também traz à tona desafios regulatórios e jurídicos, como apontado pela advogada Lisa Worcman, sócia do escritório Mattos Filho. Em muitos países, como o Brasil, as criptomoedas não são consideradas moeda de curso legal, o que cria um obstáculo para sua utilização no pagamento de tributos, que geralmente exigem a moeda oficial. A volatilidade e a necessidade de mecanismos de conversão instantânea também são pontos de atenção. Em Buenos Aires, o sistema se baseia em intermediários que convertem os valores, o que levanta questões sobre o momento exato da quitação da obrigação e a responsabilidade em caso de falhas.

Apesar dos desafios, a postura do governo argentino, com a aprovação do presidente Javier Milei, conhecido por ser favorável ao uso de criptomoedas, sugere que essa iniciativa de Buenos Aires pode servir de modelo para outras províncias e até mesmo para outros países da região, consolidando o papel da Argentina como um polo de inovação na economia digital.

Projeção do PIB para América Latina deve crescer, de acordo com Moody’s

A Moody’s Analytics divulgou nesta segunda-feira (18), uma análise econômica da América Latina para este ano e para 2026. Em seu relatório, a agência elevou a projeção do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos países latinos em 2025, elevando a estimativa de 2,1% para 2,2%. 

O relatório destacou que a região teve uma expansão percentual de 2,3% no segundo trimestre de 2025, comparado ao mesmo período do ano interior. A revisão positiva teve destaque para o Brasil, Argentina e Chile, que mesmo em meio ao ambiente de tarifas rígidas impostas pelos EUA, mostraram resiliência. Apesar do crescimento para esse ano, a Moody’s ressalta que o cenário pode desacelerar em 2026, devido às tensões no ambiente político e social atualmente.

Projeção para 2025 e 2026

O crescimento percentual de 2,1% para 2,2% – por mais que um avanço tímido – está ligado a uma performance mais estabilizada no início de 2025. No primeiro trimestre deste ano, a América Latina já havia registrado um crescimento de 3,1% na economia latina, superando o valor projetado pela agência Moody’s inicialmente, de 2,6%. Graças ao mercado de trabalho no Brasil e aos processos de recuperação econômica no Chile, Peru e Colômbia, os países conseguiram manter um bom desempenho no ano. 

Entretanto, a agência alerta que a tendência pode ser de desaceleração do ritmo em 2026. É estimado pela Moody’s uma expansão de 2,1% para 2026, sendo um valor que está abaixo da projeção prevista antes. O documento ressalta que a diminuição do ritmo de crescimento pode estar relacionada a fatores externos – como desaceleração global e o tarifaço dos EUA impostos aos países latinos – e também a fatores internos, como a inflação e dificuldades fiscais. Esse panorama reforça que a região vive um cenário de recuperação e crescimento, mas ainda pode estar vulnerável a desafios. 

Impactos das tarifas 

Um dos principais pontos ressaltados pelo relatório que podem influenciar na baixa do crescimento é a política tarifária dos Estados Unidos. O tarifaço imposto pelo governo Trump desde o primeiro trimestre do ano afeta diretamente o crescimento e competitividade global das exportações dos países latinos-americanos. O Brasil, por exemplo, foi um dos países mais impactados pelas tarifas, sendo um dos únicos no mundo a enfrentar tarifas de 30%. Essa política afeta diretamente setores estratégicos da economia local e pode comprometer parte do crescimento econômico esperado. 

Paralelamente, Chile e Peru puderam ter um respiro de alívio com a exclusão do cobre refinado das tarifas adicionais, o que garantiu uma margem de respiro, já que a maior parte das exportações da commodity são direcionadas aos EUA. Contudo, o cenário à frente ainda é desafiador, devido à agenda eleitoral dos países, restrições fiscais e guerra política e tarifária dos Estados Unidos. 


A análise feita pela Moody’s demonstra um crescimento, mas alerta para desaceleração em 2026 (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)


Cenários dos países

O Brasil aparece na análise como um dos países em que a economia persiste, sustentado pelo mercado de trabalho e consumo das famílias. Apesar dos desafios fiscais e da inflação que segue elevada, a economia do país conseguiu resistir melhor do que o esperado aos impactos tarifários. 

Na Argentina, o cenário também é positivo. O programa de estabilização adotado no fim do ano passado vem apresentando resultados positivos, com uma queda drástica na inflação e crescimento do crédito. Para 2026, a agência projeta a continuação da recuperação de forma estável.

Já o Chile, Peru e Colômbia tiveram resultados beneficiadores devido à valorização das commodities, especialmente minerais. No Peru, a inflação permanece controlada, com um mercado de trabalho em ascensão e na Colômbia, a queda do desemprego apoiou a economia. O México, paralelamente, enfrenta desafios em sua economia, pressionado por cortes nos gastos públicos e taxas altas dos EUA.

Governo ressarce vítimas de fraude no INSS em mais de R$ 1 bilhão

O governo federal iniciou o ressarcimento dos aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que sofreram com descontos irregulares em suas folhas de pagamento. Já foram repassados mais de 1 bilhão de reais para as pessoas afetadas pelo golpe.

Ressarcimento das vítimas

Ao todo, mais de 1,6 milhão de aposentados e pensionistas foram ressarcidos com valores integrais, com correção da inflação. O ressarcimento foi feito na mesma conta bancária onde os beneficiários recebem o benefício mensalmente. Ele também garantiu que eles estão seguindo firmes e buscando por justiça, a fim de julgar os responsáveis e proteger as vítimas atingidas pelo golpe. A medida foi assinada pelo presidente Lula, no dia 17 de julho, onde autorizou um crédito extraordinário de R$ 3,31 bilhões para o pagamento emergencial dos aposentados e pensionistas afetados.

Segundo o presidente do INSS, Gilberto Waller, a medida da antecipação do ressarcimento é uma forma de proteger o público mais vulnerável: “Nosso compromisso é garantir que os aposentados e pensionistas recebam o que é seu, sem esperar.

Com a ação de ressarcimento das vítimas, a Advocacia Geral da União pediu o bloqueio de R$2,8 bilhões em bens e ativos financeiros, associações e pessoas físicas que estão sob investigação por suspeita de participação de fraude.

Como receber o ressarcimento

Pessoas que não tiveram o retorno da contestação do desconto em até 15 dias úteis, de cobranças feitas de março de 2020 a março de 2025, beneficiados com ações judiciais em andamento, antes de receberem o valor, têm o direito de receber o ressarcimento disponibilizado pelo governo federal.


O aplicativo “Meu INSS” é uma forma rápida e segura para solicitar o ressarcimento (Foto: reprodução/Gov.br)

Em ações ajuizadas antes de 23 de abril de 2025, o INSS irá 5% de honorários advocatícios. O ressarcimento pode ser solicitado no aplicativo “Meu INSS” ou em qualquer agência dos Correios. O prazo para contestação se encerra no dia 14 de novembro de 2025, mas é possível receber o valor mediante acordo após essa data. 

Tarifas dos EUA e ações políticas prejudicam posição do dólar como moeda global

O Broadcast, podcast apresentado pelo jornal Estadão, discutiu nas últimas semanas a desvalorização que o dólar está passando diante da economia global, que tem se intensificado devido aos processos políticos anteriores e as medidas tarifárias aplicadas pelo presidente Donald Trump.

O Podcast questionou se o reinado que a moeda ocupava no mercado ainda se mantém e o que prejudicou a posição do dólar como líder do mercado.

Decisões políticas aceleraram o processo

O reinado do dólar como principal moeda global vem sendo prejudicado desde a queda do Império Britânico, sendo resultado da queda das âncoras estruturais que davam suporte para a hegemonia da divisa. Por outro lado, a trajetória de fiscalização nos EUA nos últimos anos fez com que o dólar mantivesse sua posição, obtendo índices estáveis de inflação.

No entanto, algumas decisões políticas contribuíram para a desvalorização do dólar, como Washington usando a moeda como instrumento para punir transgressões na área geopolítica, com sanções a Rússia e China, durante o governo de Joe Biden.


Dólares em espécie (Foto: reprodução/NurPhoto/Getty Images Embed)


Além disso, o estrategista global de câmbio e juros do australiano Macquarie Group, Thierry Wizman, afirmou que o futuro da globalização, que teve o dólar como um indiscutível protagonista, está sendo ameaçado por conta da ofensiva tarifária aplicada por Trump. Wizman argumenta que o uso do dólar tende a diminuir conforme os EUA se afastam da globalização e não mais considerados os precursores desse sistema.

A queda do dólar durante o primeiro semestre fez os questionamentos sobre o assunto se intensificarem. No entanto, conforme informou o estrategista – chefe de investimento na América Latina da BlackRock, Axel Christensen, o dólar ainda é considerado soberano, e mesmo que haja um risco dentro de sua gestão, ainda é cedo para questionar se o papel que a moeda exerce no sistema monetário internacional não é mais eficiente como antes.

Especialistas estudam medidas futuras

Ao mesmo tempo, em que o dólar enfrenta um momento instável, alguns economistas tem avaliado algumas medidas, como a ação dos investidores em cobrar um preço alto para pagar a dívida americana pelos Treasuries.

Pensando em outra alternativa, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, considera que é um bom momento para que o euro seja um protagonista da reserva global, defendendo a abertura comercial em oposição com o protecionismo do presidente Trump. Mas algumas medidas impedem que os planos avancem, como as lacunas no mercado da União Europeia, que ainda dificultam o progresso da divisa europeia, e o bloqueio do yuan chinês causado pelo fechamento da China.

Mesmo com algumas medidas sendo estudadas, o ex-presidente do Fed de St. Louis James Bullard afirma que a decisão final sobre a designação da reserva global vai ser do mercado, pois se trata de uma decisão complexa, que deve ser analisada por milhões de pessoas no mundo, com muitos argumentos sobre qual moeda deve ser usada, e reforça que o dólar é considerado a moeda mais líquida para uso em transações internacionais atualmente.

Saiba para onde vão os bilhões de dólares arrecadados pelas tarifas de Trump

O presidente Donald Trump reafirmou, no último final de semana, que está recebendo muito mais dinheiro do que os Estados Unidos já viram, observando os bilhões de dólares obtidos graças ao aumento dos impostos sobre a maioria dos produtos importados.

Um levantamento feito pelo Departamento do Tesouro dos EUA mostra que o país arrecadou quase US$ 30 bilhões em receita tarifária no mês de julho, o que significava um aumento de 242% na receita tarifária em comparação com julho do ano passado.

Além disso, o governo de Trump arrecadou US$ 100 bilhões em receitas, desde que o presidente implantou, em abril, uma tarifa de 10% sobre a maioria dos produtos, juntamente com outras taxas maiores que também foram implantas, um valor adquirido três vezes maior do que o foi arrecado nos últimos quatro meses de 2024. Diante disso, houve um grande questionamento sobre para onde esse dinheiro vai ser destinado.

Distribuição da receita entre os americanos

Uma das justificativas apresentadas por Trump é que o governo estaria considerando a possibilidade de redistribuir a receita tarifária entre a população americana, por conta da grande quantidade de dinheiro arrecada, afirmação que foi adiantada na semana passada em um projeto apresentado pelo senador americano Josh Hawley.


Donald Trump em discurso (Foto: reprodução/Win McNamee/Getty Images Embed)


O diretor de economia Budget Lab da Universidade de Yale e ex economista do governo de Biden, Ernie Tedeschi, afirmou para a CNN Internacional que a ação apresentada não é uma alternativa viável, pois poderia causar um aumento na inflação.

Pagamento de dívida e destino da receita

Trump também afirmou que além de distribuir dividendos entre os estadunidenses, seu objetivo é pagar a dívida trilionária do governo.

O Departamento do Tesouro administra um fundo chamado de Talão de Cheques dos Estados Unidos, que serve como depósito para toda receita obtida pelo governo e é usado para pagar contas. Quando as receitas arrecadas são inferiores às contas do governo, surge um déficit orçamentário e gera a necessidade para o governo pedir empréstimos para compensar a diferença.

Atualmente, o governo tem um valor de US$ 36 trilhões para ser reembolsado, o que vem gerando preocupação aos economistas, que afirmar que a economia americana vai ser prejudicada observando que o valor tem aumentado.


Donald Trump ao lado do economista Stephen Moore (Foto: reprodução/Brendan Smialowski/ Getty Images Embed)


Isso ocorre porque o governo americano precisa pagar juros em meio aos empréstimos solicitados. Quanto maior for o empréstimo, maiores os juros que têm que ser pagos, gerando uma despesa maior para o governo.

O economista sênior do Deutsche Bank nos Estados Unidos, Deutsche Bank, afirmou durante uma entrevista para a CNN que, mesmo que a receita tarifária arrecadada não seja suficiente para combater o déficit orçamentário adquirido, a arrecadação de tarifas causou uma diminuição neste valor, mostrando não haver uma urgência do governo de pedir empréstimos tão altos quanto precisaria sem a presença da receita tarifária.

Tarifas podem causar problemas financeiros

O uso das tarifas, mesmo ajudando o governo na teoria, pode causar alguns problemas financeiros, em especial para algumas empresas, que tem absorvido custos altos sem que seus preços aumentassem, e muitas delas, como Walmart e Procter & Gamble, emitiram um alerta sobre um aumento visível de preços.

Relatórios recentes feitos pelo governo mostram que muitos produtos, como eletrodomésticos, brinquedos e eletrônicos de consumo, estão ficando mais caros. Tedeschi afirmou, ainda em conversa com a CNN, que as tarifas trarão consequências negativas para a economia.

O economista diz que mesmo com a diminuição do Produto Interno Bruto dos EUA causado pelas tarifas, prevista para ocorrer neste ano e no próximo conforme um levantamento feito pelo Yale Budget Lab, não ajudaria a receita das tarifas por completo, porque mesmo com o aumento da receita com tarifas, graças ao um crescimento econômico menor que o previsto, é arrecado um valor menor em impostos de renda e dentro da folha de pagamento.

Mesmo com todas as preocupações envolvendo o futuro da economia americana, o governo de Trump vê a situação de maneira positiva, argumentando que os mega cortes de impostos e a lei de gastos, juntamente com a receita das tarifas, irão fazer a economia dos Estados Unidos crescer futuramente.

Trump eleva tarifas sobre produtos brasileiros e agronegócio prevê perdas bilionárias

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (30) uma nova tarifa de 40% sobre produtos brasileiros, elevando para 50% o total da taxação sobre exportações do país. O decreto, divulgado pela Casa Branca, entrará em vigor no dia 6 de agosto e atinge diretamente setores estratégicos do agronegócio nacional, como o de carnes e o cafeeiro.

Trump contra alguns países

Segundo o comunicado, a decisão busca “proteger a economia norte-americana” e se soma à série de medidas comerciais adotadas recentemente pelo governo Trump contra países com os quais mantém disputas políticas ou comerciais.

A nova tarifa, no entanto, não será aplicada a todos os produtos agrícolas brasileiros. Ficaram de fora itens como castanhas-do-Brasil com casca, polpa de laranja e suco de laranja congelado. De acordo com estimativa da CitrusBR (Associação Nacional das Indústrias Exportadoras de Sucos Cítricos), a exceção para o suco de laranja evita que o país perca até US$ 792 milhões por safra — cerca de R$ 4,3 bilhões — com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

O setor florestal, que inclui madeira, papel e celulose, também não foi afetado pela nova taxação. Até o momento, representantes do segmento não se manifestaram publicamente sobre a decisão.

Café vai sofrer um prejuízo

Por outro lado, os impactos para carnes e café devem ser significativos. A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), que reúne empresas como JBS e Marfrig, estima perdas de aproximadamente US$ 1 bilhão com a medida. Já o setor cafeeiro pode sofrer um prejuízo de US$ 481 milhões, segundo projeção da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).


Fernando Haddad ministro da Fazendo (Foto: Reprodução/Arthur Menescal/Bloomberg via Getty Images)


A imposição das tarifas aumenta a tensão comercial entre Brasília e Washington em um momento de instabilidade nas relações diplomáticas. Para analistas do setor, a medida deve forçar o Brasil a intensificar a busca por novos mercados compradores, com destaque para a China, que já é o principal parceiro comercial do país.

Governo Lula enfrenta semana crucial diante de tarifas dos EUA e corre para concluir plano de resposta

Com a aproximação da entrada em vigor das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, prevista para esta sexta-feira, o governo Lula vive uma semana crucial. As conversas ainda não avançaram de forma significativa, e, diante do impasse, a principal medida adotada tem sido a elaboração de um plano de contingência para reduzir os possíveis prejuízos econômicos. Segundo assessores presidenciais, o foco dos próximos dias será finalizar esse plano emergencial.

Projeto em processo de finalização

Apesar das investidas diplomáticas e de uma recente conversa entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, o governo brasileiro ainda não conseguiu estabelecer um canal direto com a administração Trump. Diante disso, o presidente Lula deve receber nos próximos dias a versão final do plano de resposta preparado por sua equipe. A proposta deve contemplar medidas como a oferta de crédito com juros reduzidos, aquisições governamentais dos produtos mais impactados e a criação de um fundo privado temporário para apoiar empresas afetadas.


Trump reafirma as tarifas que serão impostas ao Brasil (reprodução/Youtube/Domingo Espetacular)

A previsão é que Lula aprove o plano antes da entrada em vigor das tarifas, marcada para sexta-feira. Após isso, o grupo de trabalho encarregado de manter o diálogo com o setor produtivo, sob a coordenação de Alckmin, deverá passar a divulgar atualizações semanais sobre a execução das medidas.

Além disso, o governo brasileiro já apresentou uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando que as tarifas impostas pelos Estados Unidos ferem a soberania econômica e política do Brasil. Paralelamente, o Itamaraty segue monitorando de perto o caso e deve apresentar ainda nesta semana um relatório atualizado com as alternativas disponíveis no campo diplomático.

Tentativa de reduzir o impacto

Nos bastidores, o plano de contingência está sendo estruturado com o objetivo principal de preservar empregos e oferecer suporte financeiro aos setores mais fragilizados. De acordo com o governo, mais de 10 mil empresas brasileiras devem ser impactadas pelas novas tarifas, que incidem sobre produtos industrializados, agrícolas e minerais. Os pequenos exportadores tendem a ser os mais prejudicados, já que possuem menos capacidade de adaptação e enfrentam dificuldades maiores para acessar novos mercados em um curto espaço de tempo.