Planos migratórios de Trump podem afetar economia dos EUA, indica estudo

As propostas migratórias defendidas por Donald Trump, caso venham a ser colocadas em prática num eventual segundo mandato, podem ter efeitos econômicos contrários aos prometidos por ele. Um levantamento da Universidade da Pensilvânia, feito pelo grupo Penn Wharton, apontou que uma campanha agressiva de deportações teria impactos como queda no crescimento da economia, prejuízo para parte dos salários e aumento nos gastos do governo.

Durante sua campanha, Trump afirmou que pretende colocar em prática um grande plano de deportações, com a meta de retirar milhões de pessoas em situação irregular do país. Os pesquisadores da Penn Wharton fizeram simulações considerando a retirada de 10% dos imigrantes sem documentação por ano, ao longo de quatro anos. Nesse cenário, o Produto Interno Bruto (PIB) sofreria uma redução de 1%, os salários médios cairiam e o déficit público subiria em torno de 350 bilhões de dólares.

Alguns trabalhadores ganham, outros perdem

A análise mostrou que nem todos os trabalhadores seriam afetados da mesma maneira. Pessoas com empregos menos especializados e que estão legalmente no país poderiam ver um aumento nos salários, justamente porque teriam menos concorrência. Para esse grupo, os ganhos chegariam a 5% até 2034. Porém, se as deportações forem interrompidas após quatro anos, esse avanço nos salários tende a ser temporário.

Já os trabalhadores com maior nível de formação seriam diretamente prejudicados. O estudo apontou que eles perderiam renda porque, geralmente, contam com o apoio de profissionais em funções mais básicas, que complementam suas atividades. A perda média de salário para esse grupo, caso o plano dure dez anos, seria de quase 2.800 dólares por ano.

Setores vulneráveis e falta de mão de obra

Atividades como agricultura, construção, serviços de alimentação e indústria contam fortemente com trabalhadores imigrantes, muitas vezes sem documentação regular. Dados do Departamento de Agricultura mostram que, entre 2020 e 2022, 42% dos trabalhadores rurais estavam em situação irregular, o que indica uma forte dependência desse perfil de mão de obra.


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Medidas migratórias de Trump podem influenciar economia dos EUA (Foto: Reprodução/Anna Moneymaker/Getty Images Embed)


Com uma população americana que está envelhecendo rapidamente, especialistas demonstram preocupação com a redução da força de trabalho. Eles alertam que, sem uma política migratória mais equilibrada, setores importantes da economia podem enfrentar dificuldades para preencher vagas, o que pode refletir em aumentos de preços e queda na produtividade.

Visões opostas sobre o tema

A equipe de comunicação da Casa Branca contestou os dados do estudo, argumentando que os custos sociais da imigração ilegal (como aumento da violência, pressão sobre o sistema de saúde e sobre o mercado imobiliário) não foram levados em conta. Também foi apontado que há jovens americanos fora do mercado de trabalho que poderiam preencher essas vagas.

Por outro lado, economistas defendem que a contribuição de trabalhadores estrangeiros é essencial para manter o ritmo da economia. Eles reforçam que uma reforma migratória ampla seria necessária, não só para ajustar as leis, mas também para atender a demandas reais de setores como a indústria, a construção civil, a agricultura e os serviços.

Após tarifaço de Trump, exportações de carne do Brasil para os EUA caem após abril

As exportações de carne bovina do Brasil para os Estados Unidos registraram uma queda de 61,8% em junho, na comparação com abril, mês em que as vendas para o mercado norte-americano atingiram um novo recorde.

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Carne (Abiec), em abril de 2025, o país embarcou 47.836 toneladas de carne bovina in natura aos EUA, o maior volume já exportado em um único mês.

Redução nos últimos meses

Em maio, as exportações brasileiras de carne bovina para os Estados Unidos caíram para 27.413 toneladas, após o então presidente Donald Trump anunciar uma tarifa extra de 10% sobre produtos do Brasil. Em julho, Trump revelou que a taxa será elevada para 50% a partir de 1º de agosto.


Preço da carne sobe bastante nos EUA (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

A baixa nas vendas se agravou em junho, com os embarques recuando para 18.232 toneladas. A tendência de queda permanece em julho: até o dia 21, o volume exportado foi de 9.745 toneladas.

Apesar da redução nos últimos meses, o primeiro semestre de 2025 fechou com um recorde histórico: foram exportadas 156 mil toneladas de carne bovina para os Estados Unidos, o maior volume já registrado pelo Brasil desde o início da série histórica do Ministério da Agricultura, iniciada em 1997.

Trump aumenta tarifa

Devido a acordos comerciais, o Brasil pode exportar até 65 mil toneladas de carne bovina aos Estados Unidos sem a cobrança de tarifas. No entanto, essa cota costuma ser preenchida rapidamente nos primeiros meses do ano. Após o esgotamento desse limite, os importadores americanos passam normalmente a pagar uma tarifa de 26,4% sobre a carne brasileira. Em abril, no entanto, o governo Trump impôs uma sobretaxa adicional de 10 pontos percentuais sobre os produtos brasileiros, elevando a alíquota total para 36,4%.

A partir de 1º de agosto, essa tarifa extra poderá saltar de 10% para 50%. Com isso, somada à taxa original de 26,4%, os Estados Unidos deverão passar a pagar 76,4% de imposto sobre a carne bovina importada do Brasil.

Coca-Cola anuncia versão com açúcar de cana nos EUA após pressão de Trump

A Coca-Cola anunciou, nesta terça-feira (22), que vai lançar uma nova versão da bebida adoçada com açúcar de cana nos Estados Unidos. A decisão ocorre após declarações do presidente Donald Trump, que demonstrou interesse público em alterar a receita do refrigerante. “Tenho conversado com a Coca-Cola sobre o uso de açúcar de cana de verdade na Coca nos Estados Unidos, e eles concordaram em fazer isso”, publicou Trump em suas redes sociais.

Mais opções, mais polêmica

Nos EUA, a Coca-Cola tradicional é adoçada com xarope de milho com alto teor de frutose — alternativa mais barata, mas criticada por seu impacto negativo na saúde. Segundo comunicado da empresa, o novo produto chegará ao mercado no outono (setembro a dezembro), como parte da “agenda contínua de inovação” da marca e para “oferecer mais opções para diferentes ocasiões e preferências”.

Apesar da mudança agradar parte dos consumidores e seguir a tendência por produtos “mais naturais”, ela enfrenta resistência de setores agrícolas. John Bode, presidente da Associação de Refinadores de Milho dos EUA, afirmou que a substituição pode provocar milhares de demissões na indústria alimentícia, reduzir a renda agrícola e aumentar as importações de açúcar estrangeiro — tudo isso, segundo ele, “sem nenhum benefício nutricional comprovado”.

Saúde pública e impacto econômico

A substituição do xarope de milho levanta também questões de saúde pública. A nova fórmula ainda conterá açúcar em grandes quantidades, o que mantém os riscos associados ao consumo excessivo. Especialistas alertam que a mudança não resolve problemas estruturais na dieta americana. Os EUA estão entre os países com maiores índices de obesidade adulta masculina no mundo, segundo a Federação Mundial de Obesidade.


Medição da circunferência abdominal de homem obeso (Foto: reprodução/Peter Dazeley/Getty Images Embed)


No campo econômico, o desafio será abastecer a nova demanda com açúcar de cana — produto que os EUA não produzem em volume suficiente. Estima-se que o país precisará importar entre 3 e 5 milhões de toneladas da commodity por ano, principalmente do México e, em segundo lugar, do Brasil. No entanto, o açúcar brasileiro pode perder espaço após a tarifa de 50% imposta por Trump às importações.

Mudança simbólica ou real transformação?

A iniciativa da Coca-Cola marca uma mudança simbólica na indústria americana de bebidas, com potencial impacto no setor agrícola e no comércio internacional. No entanto, especialistas avaliam que, se não vier acompanhada de medidas estruturais voltadas à saúde e educação alimentar, a novidade corre o risco de ser apenas um aceno político — ainda que envolto em muito açúcar.

Mercado brasileiro tem leve alívio, mas segue atento à ameaça de tarifa de 50% dos EUA

A semana começou com certo alívio para o mercado financeiro brasileiro, em meio à apreensão quanto à possível imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos nacionais importados pelos Estados Unidos. Em entrevista à rádio CBN nesta segunda-feira (21), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que continuará tentando negociar com Washington, mas admitiu que a medida pode entrar em vigor a partir de 1º de agosto, conforme anunciado pelo governo norte-americano. Segundo Haddad, apesar de tentativas de diálogo feitas em maio, ainda não houve qualquer resposta oficial por parte dos EUA.

Mais uma queda do dólar americano

O dólar à vista encerrou o dia com queda de 0,40%, cotado a R$ 5,5651, acompanhando o recuo da moeda americana no cenário externo. Já o Ibovespa avançou 0,59%, aos 134.166 pontos, revertendo parte das perdas acumuladas na semana anterior, quando o índice cedeu 2%. O movimento foi impulsionado, em parte, por notícias corporativas e pelo desempenho positivo das bolsas internacionais.

Em Nova York, S&P 500 e Nasdaq renovaram suas máximas históricas, com altas de 0,14% e 0,38%, respectivamente, puxadas por ações de megacapitalizadas como a Alphabet. O mercado aguarda a divulgação dos balanços corporativos nos próximos dias. O índice Dow Jones, por outro lado, recuou 0,04%, destoando do restante.


Fernando Haddad ministro da Fazenda (Foto: reprodução/Arthur Menescal/Bloomberg via Getty Images Embed)


Guerra comercial e cenário político-jurídico

Haddad também declarou que o governo brasileiro avalia a adoção de medidas de apoio a setores afetados pelas tarifas norte-americanas, reforçando que tais ações não necessariamente implicariam impacto fiscal. A complexidade da negociação, no entanto, vai além do campo comercial. Segundo interlocutores, o presidente Donald Trump estaria condicionando um possível recuo à suspensão do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, tema jurídico que foge da alçada do Executivo.

Na última sexta-feira (18), os EUA intensificaram a pressão sobre o Brasil ao restringirem a emissão de vistos para autoridades do Judiciário brasileiro e seus familiares, alegando preocupações com os processos legais que envolvem Bolsonaro.

Destaques corporativos

Entre os destaques do pregão, as ações da Fleury ON dispararam 15,44%, após a coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo, noticiar uma possível fusão com a Rede D’Or. As ações da Rede D’Or ON subiram 0,4%. Em comunicado nesta manhã, porém, ambas as empresas negaram que haja qualquer acordo fechado. Para analistas do Santander, a eventual união seria positiva, embora não se espere um prêmio elevado, como no caso da aquisição da SulAmérica.

A Petrobras PN teve leve alta de 0,19%, mesmo com a queda de 0,1% no preço do barril de petróleo Brent no exterior. Já a Brava Energia ON recuou 1,49%, após uma sequência de ganhos. A empresa informou que concluiu a conexão dos poços 2H e 3H, que agora estão em fase de testes e estabilização — ambos já haviam operado anteriormente por meio do sistema antecipado FPSO Petrojarl I.

Trump impõe tarifa de 50% e setores produtivos brasileiros alertam para risco de colapso

Líderes do setor exportador brasileiro soaram o alerta após os Estados Unidos, sob o comando de Donald Trump, anunciarem a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros. Os segmentos de madeira e pescados são os mais preocupados, temendo um colapso caso a medida passe a valer em 1º de agosto. Apesar de reuniões recentes com representantes do governo brasileiro, os empresários avaliam que os avanços nas tratativas seguem lentos e insuficientes.

Desde o anúncio do tarifaço, o governo Lula intensificou o diálogo com lideranças empresariais por meio de um colegiado interministerial, sob comando do vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. No entanto, representantes do setor alegam que, embora a iniciativa tenha sido positiva, a ausência de desdobramentos concretos tem gerado frustração e incerteza no mercado.

Impasse nas negociações e tensão diplomática

Paulo Roberto Pupo, superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), relatou que saiu da reunião com o governo com a expectativa de que medidas urgentes seriam tomadas. No entanto, segundo ele, o cenário “piorou” nos dias seguintes, tanto pelas declarações públicas de autoridades quanto pela falta de retorno concreto.

Embora tenha elogiado a articulação do governo como bem estruturada, Paulo Roberto Pupo avalia que, desde então, pouco foi avançado nas negociações e que o prejuízo aumenta a cada dia sem uma saída concreta. Segundo ele, o risco de paralisação no setor madeireiro é real, principalmente entre empresas que destinam toda a produção ao mercado norte-americano.

O principal entrave, de acordo com representantes empresariais, está na dificuldade de estabelecer um canal de negociação com a Casa Branca, em meio à relação tensa entre Lula e Trump. A sugestão do governo brasileiro para que o setor privado pressione os importadores norte-americanos foi recebida com ceticismo, sobretudo no ramo de pescados, que vê pouca chance de essa estratégia surtir efeito.


Empresários criticam a falta de avanço nas negociações e temem prejuízos caso tarifaço entre em vigor (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Setor de pescados teme perder mercado construído em décadas

Para Eduardo Lobo, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), a situação é crítica. Com 70% das exportações voltadas aos Estados Unidos, a nova tarifa pode tornar inviável a operação das empresas brasileiras. Diante disso, a entidade solicitará ao presidente Lula uma linha de crédito emergencial de R$ 900 milhões para garantir a sobrevivência do setor enquanto não se alcança uma solução diplomática.

A entrada de peixes brasileiros no mercado europeu está bloqueada desde 2017, o que torna ainda mais urgente a busca por alternativas. Embora haja expectativa em torno do acordo Mercosul-União Europeia, Lobo alerta que essa possibilidade não virá a tempo de evitar perdas imediatas com o tarifaço.

Segundo Lobo, se os produtos brasileiros saírem do mercado norte-americano, será difícil voltar a esse espaço. Ele destacou que anos de investimento foram necessários para construir uma relação de confiança baseada em qualidade e regularidade, e que perder essa posição seria um retrocesso para o setor.

A principal demanda dos setores até o momento, que é o adiamento da aplicação da tarifa, ainda não foi atendida. Empresários defendem que isso seria essencial para permitir um espaço de negociação mais técnico, além de oferecer tempo para que os exportadores se adaptem às novas exigências.

Bitcoin ultrapassa US$ 122 mil com impulso regulatório e otimismo no mercado cripto

O bitcoin, principal criptomoeda do mundo, superou a marca de US$ 122 mil (R$ 679.540,00) nesta segunda-feira (14), atingindo um novo recorde histórico. O avanço ocorre após a moeda ter ultrapassado os US$ 120 mil (R$ 667.800,00) pela primeira vez no domingo (13), por volta das 23h42.

A disparada do ativo digital é impulsionada pelo otimismo regulatório entre investidores, motivado por recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em campanha para a reeleição, o republicano prometeu transformar o país na “capital cripto do planeta”. Trump também anunciou planos para flexibilizar exigências regulatórias sobre o setor e criar uma reserva nacional de ativos digitais, semelhante ao estoque federal de ouro.

Apesar das recentes ameaças do presidente


Donald Trump atual Presindente do EUA(Foto: Reprodução/Chip Somodevilla/Getty Images)


O que gerou instabilidade nos mercados acionários o mercado cripto reagiu com entusiasmo. O bitcoin acumula valorização de mais de 28% no ano, com destaque para o período pós-posse presidencial.

Outros criptoativos também registraram ganhos expressivos. O Ether (ETH), segunda maior criptomoeda em valor de mercado, chegou a US$ 3.042 (R$ 16.941,00), uma alta de 18% na semana. Já o BNB, da Binance, alcançou US$ 698 (R$ 3.888,00), com valorização semanal de 5,7%.

Desde que superou os US$ 100 mil (R$ 556.800,00) em dezembro de 2024, o bitcoin manteve trajetória ascendente. Levou 167 dias para atingir US$ 110 mil (R$ 612.700,00), marca alcançada em 21 de maio, e apenas 53 dias para atingir os US$ 120 mil. A valorização recente é atribuída, em parte, à expectativa de aprovação do GENIUS Act, projeto de lei que estabelece um marco regulatório para stablecoins nos Estados Unidos.

A proposta prevê que emissores de stablecoins criptomoedas atreladas a ativos estáveis, como o dólar mantenham reservas equivalentes aos valores emitidos e garantam prioridade de reembolso a detentores em caso de colapso financeiro. Analistas apontam que a medida pode aumentar a confiança de investidores e impulsionar o setor, que pode chegar a movimentar US$ 238 bilhões (R$ 1,324 trilhão), segundo estimativas da CoinDesk.

Valorizou por conta da bolsa americana

A valorização das criptomoedas acompanha também o bom momento das bolsas americanas. Nas últimas semanas, Nasdaq e S&P 500 renovaram suas máximas históricas, com destaque para a Nvidia, que se tornou a primeira empresa a atingir valor de mercado de US$ 4 trilhões (R$ 22,272 trilhões).

Grandes companhias também têm aumentado sua exposição ao mercado cripto. Em maio, a GameStop anunciou a aquisição de US$ 513 milhões (R$ 2,857 bilhões) em bitcoin. A Trump Media and Technology Group revelou planos para levantar US$ 2,5 bilhões (R$ 13,92 bilhões) com o objetivo de formar uma reserva corporativa em bitcoin.

Donald Trump comunica que em breve deve entrar em contato com o presidente Lula

Durante uma entrevista com a repórter da TV Globo, Raquel Krähenbuhl, o presidente Donald Trump revelou que entrará em contato com o presidente Lula para tentar resolver a situação do aumento da tarifa de 50%.

“Talvez em algum momento, mas não agora”, disse Trump ao ser questionado pela repórter Raquel Krähenbuhl, da TV Globo em Washington, sobre a possibilidade de conversar com o presidente brasileiro a respeito das tarifas.

O republicano, que enviou uma carta ao presidente brasileiro na última quarta-feira (9) comunicando o aumento da tarifa de 50% nas exportações brasileiras, também criticou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Para ele, o tratamento dado a Bolsonaro é “injusto” e classificou a ação como uma caça às bruxas.

Carta de Trump ao Brasil e a citação a Jair Bolsonaro

Na carta enviada ao Brasil pelo presidente Trump, ela se diferenciou dos padrões adotados nas correspondências entregues a outros países.

Nas cartas destinadas a outras nações comerciais, o republicano apenas mencionava como a situação estava colocando em risco a economia dos EUA e que o país enfrentava um déficit nas relações comerciais, ações que foram mencionadas a todos os parceiros comerciais americanos.

No entanto, para o Brasil, a carta escrita pelo americano começou de forma inusitada, já que ele inicia falando da postura do Brasil em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro e exigiu que as medidas legais que estão sendo tomadas contra Bolsonaro fossem interrompidas imediatamente.

“Conheci e tratei com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE!”, escreveu Trump no primeiro parágrafo da carta.

Essa não foi a primeira vez que Trump manifestou apoio a Bolsonaro. Nos últimos dias, o presidente dos EUA publicou várias mensagens nas redes sociais sobre o tema. Nas redes, Trump afirmou que o ex-presidente deveria ser “deixado em paz” e insinuou que ele está sendo alvo de perseguição. O republicano chegou a usar a expressão “caça às bruxas” para descrever o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), onde ele é réu por tentativa de golpe de Estado.

Em seguida, Trump anuncia a aplicação de uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros importados pelos EUA, justificando a medida, em parte, pelos “ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e pela violação essencial da liberdade de expressão dos americanos”.



Donald Trump comunica que em breve deve entrar em contato com o presidente Lula (vídeo:reprodução/YouTube/G1)


Resposta de Lula e possível negociação

O presidente Lula respondeu à carta de Trump, afirmando que o processo judicial contra os envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023 é de competência exclusiva da Justiça brasileira e “não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”.


Presidente Lula responde à carta de Donald Trump em inglês pela sua conta no X (foto:reprodução/X/@Lulaoficial)


Em entrevista exclusiva ao Jornal Nacional desta quinta-feira (10), ele revelou que o Brasil está aberto a negociações futuras, porém cobrou respeito às normas legais brasileiras e deixou claro que não aceitará ser intimidado por ninguém.

Lula também afirmou que, caso não haja acordo entre os dois países, o Brasil irá responder com tarifas equivalentes às aplicadas pelos EUA. O petista ainda finalizou dizendo que, desde que tomou posse, Trump vem taxando todos os seus parceiros comerciais, e que isso é direito dele, porém os países têm o direito de retaliar essas medidas, mas sempre dentro dos acordos legais.


Como o aumento da tarifa de 50% dos Estados Unidos ao Brasil vai afetar a economia do país

Nesta quarta-feira (9), os Estados Unidos anunciaram o aumento de 50% das tarifas ao Brasil. A medida entrará em vigor a partir do dia 1º do próximo mês, o que vem despertando sérias preocupações em diferentes áreas da economia brasileira.

Diante disso, o G1 entrevistou economistas e representantes dos setores que podem ser impactados, para entender como esse aumento pode prejudicar as grandes exportadoras e o bolso do consumidor.

Atualmente, os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Itens como combustíveis, carne bovina, café, petróleo, ferro, aço e celulose estão entre os produtos brasileiros mais consumidos pelos americanos. Para se ter uma ideia, apenas no primeiro semestre de 2024, o Brasil exportou mais de 22 bilhões de dólares para o mercado norte-americano.

De acordo com especialistas, o setor agropecuário será o primeiro a sentir os efeitos do reajuste tarifário. Apesar de ter mais flexibilidade para se adaptar à nova política, ainda assim há grande preocupação dentro do segmento.

O que pode mudar

Como parte dos produtos industrializados é destinada ao país norte-americano, agora, com essa medida imposta por Donald Trump, esses itens podem permanecer no Brasil, o que aumentaria a oferta e poderia provocar a queda nos preços dessas mercadorias.

Por exemplo, o café, o suco de laranja e a carne bovina são produtos perecíveis, ou seja, possuem prazos curtos de comercialização, o que dificulta o armazenamento ou a redistribuição para outros mercados. Portanto, caso ocorra uma redução nas exportações brasileiras aos Estados Unidos, essas produções seriam redirecionadas ao mercado interno, gerando possíveis quedas nos preços para os consumidores locais.

Segundo o economista André Perfeito, o café e o suco de laranja, dois itens populares no país, devem ter a demanda interna aumentada.

“O café e o suco de laranja, por exemplo, podem ter uma oferta maior no mercado interno. Esse aumento na disponibilidade pode pressionar os preços para baixo, com risco até de deflação localizada.”

Entretanto, ainda não há uma definição clara sobre como o Brasil vai reagir à decisão de Trump. E, como se não bastasse, há a questão do dólar, que vem registrando uma das maiores cotações dos últimos anos. Caso esse valor se mantenha elevado, as chances de queda nos preços dessas mercadorias diminuem consideravelmente, pois a valorização da moeda pressiona a inflação.

Após o anúncio do presidente americano, o dólar teve alta de 0,72%, reflexo da reação negativa do mercado financeiro ao aumento das tarifas.


Como o aumento da tarifa de 50% dos Estados Unidos ao Brasil vai afetar a economia do país (Vídeo: YouTube/CNN Brasil)


Carta de Trump ao Brasil

Nesta semana, Donald Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comunicando o aumento nas tarifas de exportações brasileiras. Na justificativa, afirmou que a decisão se trata de uma retaliação às tarifas e barreiras comerciais impostas pelo Brasil, classificando-as como “injustas”.

Trump também declarou que os Estados Unidos vêm sofrendo com um enorme déficit comercial desigual, o que, segundo ele, poderia colocar a economia e a segurança nacional em risco. No entanto, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, é o Brasil que sofre com o déficit comercial com os EUA desde 2009. Já são 16 anos em que os riscos apontados pela Casa Branca recaem sobre o lado brasileiro.


Foto destaque: Donald Trump (Foto: reprodução/Instagram/@whitehouse)

Durante esse período, as exportações norte-americanas superaram as importações brasileiras em 88,61 bilhões de dólares (cerca de R$ 484 bilhões, considerando a cotação atual do dólar).

Na carta, Trump disse também que as empresas brasileiras podem escapar das novas tarifas, contanto que produzam dentro dos EUA. Ele ainda sugeriu que, se o Brasil abrir seus mercados e retirar as tarifas e restrições que prejudiquem os Estados Unidos, as taxas poderiam ser reduzidas.

Por último, ele comentou sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Para ele, essa situação envolvendo Bolsonaro era uma “vergonha internacional”, utilizando esse argumento como justificativa adicional para o aumento das tarifas.



Guerra comercial: Brasil adotará reciprocidade contra tarifas de Trump, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na noite de ontem, quarta-feira (09), declarou que adotará a Lei Brasileira de Reciprocidade Econômica como medida contra a elevação de tarifas impostas pelo presidente estadunidense Donald Trump ao Brasil. A fala do presidente Lula ocorreu após o governo dos EUA informar sobre aplicação tarifária de 50% em relação aos produtos importados brasileiros, prevista para entrar em vigor em 01 de agosto (2025).

Soberania brasileira

Em declarações, o presidente Lula defendeu a soberania do Brasil, alegando que o país não será comandado por governos externos. Ratificou a competência das instituições brasileiras, assegurando que os trâmites legais pertinentes ao processo relacionado aos “atos antidemocráticos”, “não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”. 

As alegações do presidente brasileiro referem-se ao fato de que Donald Trump atrelou a elevação tarifária aplicada ao Brasil ao processo envolvendo o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, tornado réu pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, em 26 de março de 2025. Ainda, referindo-se ao episódio de 08 de janeiro de 2023, Lula enfatizou que a “ liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas”.


Declaração do presidente Lula às falas de Donald Trump sobre aplicação tarifária (Foto: reprodução/X/@lulaoficial)

Após contestar o presidente estadunidense, Lula declarou que a relação comercial Brasil-EUA beneficiou o país norte-americano em U$ 410 bilhões de dólares, conforme dados apresentados pelo próprio país de Donald Trump. Ao final, o presidente brasileiro voltou a defender a soberania do Brasil e informou que os interesses da população são o referencial para relacionamentos bilaterais. 

Lei de Reciprocidade 

Aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente Lula em abril de 2025, a Lei Brasileira de Reciprocidade Econômica ou Lei da Reciprocidade Comercial entrou em vigor no mesmo mês. Conforme a legislação, o Brasil poderá adotar contramedidas tarifárias a países que imponham barreiras comerciais de modo unilateral, prejudicando o país comercialmente. A Lei foi promulgada como resposta às tarifas impostas pelo presidente estadunidense Donald Trump, também em abril de 2025, denominada como “dia da libertação dos EUA”.


Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso sobre a Lei Brasileira de Reciprocidade Econômica, abril/2025 (Vídeo: reprodução/Instagram/@lulaoficial)


Antes das declarações realizadas na data de ontem, quarta-feira (09), o presidente brasileiro convocou uma reunião emergencial com Fernando Haddad, ministro da Fazenda; Geraldo Alckmin, vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e, Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores. A medida foi necessária para alinhar os discursos e decidir sobre quais ações serão tomadas frente as decisões do governo estadunidense, maior potência econômica mundial.

Dólar fecha em menor valor em 9 meses e cai para R$5,40

Nesta segunda-feira (30), o dólar encerrou o dia em queda de 0,88%, menor valor desde setembro de 2024. Acompanhando sua desvalorização crescente no exterior, a moeda caiu para R$5,4350. Devido a esse fator, agentes financeiros são obrigados a direcionarem a nova cotação de forma a melhor beneficiarem suas negociações.

Já o Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o dia em alta de 1,45%, contabilizando 138.854,60 pontos. Só neste mês, foi acumulado uma elevação de 1,33%, enquanto o ano de 2025 tem avanço de 15,44%. O aumento ocorreu principalmente devido a um fluxo positivo de capital externo, no valor de cerca de R$4,2 bilhões durante o mês até o dia 26, somando um saldo de quase R$25,3 bilhões no ano.

Pesquisa Focus

A nova edição da Pesquisa Focus foi divulgada pelo Banco Central (BC), logo no início do dia. Os analistas consultados apontam um leve recuo na projeção da inflação para 2025, agora em 5,20%, o que representa uma queda de 0,04 ponto percentual em relação à projeção passada.  A expectativa para o Projeto Bruto Interno (PIB) deste ano foi mantida em 2,21%, enquanto a do próximo ano teve uma pequena alta para 1,87%. A projeção de inflação para 2026 permaneceu a 4,50%.

Mais tarde, o boletim Firmus, também divulgado pelo BC, indicou que as empresas não-financeiras no Brasil reduziram suas projeções para a taxa de câmbio em seis meses à frente. A mediana das expectativas para a cotação do dólar para o próximo semestre passou de R$6,00 – apurada em fevereiro – para R$5,80 em maio. Apesar disso, a expectativa que se mantém é de que a inflação seguirá acima do centro da meta nos anos seguintes.


Cotação do dólar diminui de fevereiro para maio (Foto: reprodução/Michael M. Santiago/Getty Images Embed)


Mercado de Trabalho Brasileiro

Outros dados apresentados pelo boletim, foram referentes ao mercado de trabalho do Brasil. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, o país registrou em maio 2.256.225 admissões e 2.107.233 desligamentos, resultando em um saldo positivo de 148.992 novas vagas formais.

Esse conjunto de dados, aliado à queda dos rendimentos dos títulos do Tesouro Americano, contribuiu para a redução das taxas dos contratos de Depósito Interbancário (DIs), beneficiando ações de empresas mais expostas à economia local na B3.