Planos migratórios de Trump podem afetar economia dos EUA, indica estudo
As propostas migratórias defendidas por Donald Trump, caso venham a ser colocadas em prática num eventual segundo mandato, podem ter efeitos econômicos contrários aos prometidos por ele. Um levantamento da Universidade da Pensilvânia, feito pelo grupo Penn Wharton, apontou que uma campanha agressiva de deportações teria impactos como queda no crescimento da economia, prejuízo para […]
As propostas migratórias defendidas por Donald Trump, caso venham a ser colocadas em prática num eventual segundo mandato, podem ter efeitos econômicos contrários aos prometidos por ele. Um levantamento da Universidade da Pensilvânia, feito pelo grupo Penn Wharton, apontou que uma campanha agressiva de deportações teria impactos como queda no crescimento da economia, prejuízo para parte dos salários e aumento nos gastos do governo.
Durante sua campanha, Trump afirmou que pretende colocar em prática um grande plano de deportações, com a meta de retirar milhões de pessoas em situação irregular do país. Os pesquisadores da Penn Wharton fizeram simulações considerando a retirada de 10% dos imigrantes sem documentação por ano, ao longo de quatro anos. Nesse cenário, o Produto Interno Bruto (PIB) sofreria uma redução de 1%, os salários médios cairiam e o déficit público subiria em torno de 350 bilhões de dólares.
Alguns trabalhadores ganham, outros perdem
A análise mostrou que nem todos os trabalhadores seriam afetados da mesma maneira. Pessoas com empregos menos especializados e que estão legalmente no país poderiam ver um aumento nos salários, justamente porque teriam menos concorrência. Para esse grupo, os ganhos chegariam a 5% até 2034. Porém, se as deportações forem interrompidas após quatro anos, esse avanço nos salários tende a ser temporário.
Já os trabalhadores com maior nível de formação seriam diretamente prejudicados. O estudo apontou que eles perderiam renda porque, geralmente, contam com o apoio de profissionais em funções mais básicas, que complementam suas atividades. A perda média de salário para esse grupo, caso o plano dure dez anos, seria de quase 2.800 dólares por ano.
Setores vulneráveis e falta de mão de obra
Atividades como agricultura, construção, serviços de alimentação e indústria contam fortemente com trabalhadores imigrantes, muitas vezes sem documentação regular. Dados do Departamento de Agricultura mostram que, entre 2020 e 2022, 42% dos trabalhadores rurais estavam em situação irregular, o que indica uma forte dependência desse perfil de mão de obra.
*
Medidas migratórias de Trump podem influenciar economia dos EUA (Foto: Reprodução/Anna Moneymaker/Getty Images Embed)
Com uma população americana que está envelhecendo rapidamente, especialistas demonstram preocupação com a redução da força de trabalho. Eles alertam que, sem uma política migratória mais equilibrada, setores importantes da economia podem enfrentar dificuldades para preencher vagas, o que pode refletir em aumentos de preços e queda na produtividade.
Visões opostas sobre o tema
A equipe de comunicação da Casa Branca contestou os dados do estudo, argumentando que os custos sociais da imigração ilegal (como aumento da violência, pressão sobre o sistema de saúde e sobre o mercado imobiliário) não foram levados em conta. Também foi apontado que há jovens americanos fora do mercado de trabalho que poderiam preencher essas vagas.
Por outro lado, economistas defendem que a contribuição de trabalhadores estrangeiros é essencial para manter o ritmo da economia. Eles reforçam que uma reforma migratória ampla seria necessária, não só para ajustar as leis, mas também para atender a demandas reais de setores como a indústria, a construção civil, a agricultura e os serviços.
