Licença paternidade pode ser ampliada no Brasil para até um mês

Nesta quinta-feira (23), voltou à tona a possibilidade de ampliação dos dias da licença-paternidade. O STF (Supremo Tribunal Federal) deu um ultimato ao Congresso Nacional, já que o parlamento ainda não se reuniu para discutir o tema, e o Supremo pode interferir para definir a aprovação ou não do projeto.

O direito à licença-paternidade já está previsto desde 1988, na Constituição Nacional; porém, só em 2016 teve prazo definido de 5 dias. Na proposta atual, a ideia é aumentar essa licença em até 30 dias, de forma gradual, acrescentando 5 dias por ano até 2030, totalizando 30 dias ao final do período.

Pedro Campos

O deputado federal e relator da medida, Pedro Campos (PSB-PE), falou sobre os objetivos da iniciativa, como ela é percebida pelo público e por que está sendo pautada agora, em 2025.

“O  grande desafio é promover uma transformação cultural. Há quase quatro décadas, temos o direito à licença-paternidade, mas nunca houve uma legislação específica que a regulamente. Ainda hoje, convivemos com visões muito divergentes sobre o papel do pai. Há quem defenda uma presença mais ativa e quem ainda não veja isso como necessário.”

Pedro Campos também lembrou que, na proposta de 1988, muitos deputados da época desdenharam do tema, alegando que a ideia de uma licença à paternidade seria uma espécie de proposta para homens gestantes”. Ele completou: “No fim, o autor desta fala pediu desculpas e a Constituição aprovou esse direito, que se repita em 2025.”


Pedro Campos falando da importância da licença paternidade (Vídeo: reprodução/X/@pedrocampospe)

A economia

No Brasil, historicamente, sempre há questionamento sobre o impacto econômico de projetos que preveem ausência em dias trabalhados, como o caso da escala 6×1, entre outros projetos sociais. Pedro Campos fez questão de explicar o potencial econômico a longo prazo e ainda estabeleceu uma comparação entre a média brasileira de pessoas em licença-paternidade e outros países da América do Sul.

“O  impacto econômico é menor do que se previa inicialmente. Começaria em R$ 2,2 bilhões e chegaria a R$ 6,5 bilhões.”

Ele completa: “É uma conta que, para a Previdência do Brasil, é pequena e vai diminuindo ao longo do tempo, já que estamos vivendo em um país que tem envelhecido e que tem diminuído a sua taxa de natalidade.”

Em relação à média sul-americana, Pedro Campos deixa claro que o Brasil é a maior economia do continente e, mesmo assim, tem apenas 5 dias de licença-paternidade, quatro a menos que a média da região, que é de 9 dias. Esse é mais um motivo para a aprovação do projeto liderado por ele.

Pesquisa aponta que 76% dos brasileiros apoiam aumento da licença-paternidade

O Datafolha divulgou, nessa terça-feira (02), uma pesquisa realizada com cerca de 2 mil pessoas revelando que 76% dos brasileiros concordam que o período de licença-paternidade deveria ser maior. Segundo a constituição de 1988, atualmente o pai pode ficar cinco dias afastado do trabalho após o nascimento do filho. 

Dos entrevistados, 21% é contra essa medida, no caso das mulheres, 75% aprovam o aumento e 23% são contrárias a mudança. Ademais, a pesquisa revelou que os empresários são os menos favoráveis a extensão do benefício, com 67% de respostas negativas, sendo adversos também ao aumento da licença-maternidade.


Pai e filho (Foto: reprodução/Sean Gallup/Getty Images Embed)


Aumento da licença-maternidade

A licença-maternidade também foi alvo da pesquisa, atualmente ela pode começar a partir de 28 dias antes do parto ou alta hospitalar e dura 120 dias. Segundo os entrevistados, sua duração deveria ser maior, 83% concordam que o período deve passar a ser de 180 dias.

As mulheres são as mais favoráveis, com 88%, já os homens, 78% apoiam e 20% discordam dessa mudança. Os mais jovens, independente do sexo, são os mais abertos a essa alteração em ambas as licenças do que os mais velhos. 

Opiniões partidárias

O Datafolha levou em consideração a opinião política, concentrando-se em apoiadores do presidente Lula (PT) e do ex-presidente Jair Bolsonaro, os bolsonaristas defendem o projeto de ambas as licenças com 78% e o público de Lula também apoia com mais de 87%.


Mulher grávida (Foto: reprodução/Ute Grabowsky/Photothek/Getty Images Embed)


Em janeiro de 2024, o Senado começou a analisar uma proposta para o aumento da licença as mães, mas nada foi anunciado ou colocado a votação. A pesquisa do Datafolha aconteceu entre os dias 19 a 20 de março em mais de 147 municípios do Brasil, e sua margem de erro é de 2 pontos para mais ou menos.