Testemunhas de Mauro Cid depõem ao STF sobre atos antidemocráticos

A primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF), na manhã desta quinta-feira (22), colheu depoimentos das testemunhas de defesa vinculadas ao ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid. Por videoconferência, os ministros interrogaram os oito indicados sobre questões relacionadas aos atos praticados em Brasília, DF, em janeiro de 2023.

Uma das testemunhas de defesa, o general Edson Ripoli declarou Cid como um funcionário leal, correto e obediente aos seus comandantes.

 “Todas as missões que dei pra ele ele cumpriu muito bem. Naquele ano em que trabalhei com ele, ele foi leal e correto.” General Edson Ripoli

Além das alegações sobre a obediência de Cid, as testemunhas de defesa, também, negaram qualquer menção do ex-ajudante de ordens sobre ações que visassem impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais. 

O ministro Alexandre de Moraes permaneceu como  relator do caso. Os demais ministros que integram a primeira turma são: Cristiano Zanin, Carmen Lúcia, Luiz Fux e Flávio Dino.

As testemunhas 

Conforme o rito processual, as primeiras testemunhas a serem ouvidas são as testemunhas de acusação. Fato ocorrido na última segunda-feira (19). Na data de hoje, quinta-feira (22), foram ouvidas as testemunhas de defesa de Mauro Cid. 

Os oito indicados pelos advogados de defesa, são militares com cargos que variam de sargento a general.  São eles: Adriano Alves Teperino, Edson Dieh Ripoli, Fernando Linhares Dreus, Flávio Alvarenga Filho, João Batista Bezerra, Julio Cesar de Arruda, Luís Marcos dos Reis, Raphael Maciel Monteiro. 


Publicação sobre a audiência ocorrida nesta data, quinta-feira (22), no STF (Vídeo: reprodução/X/@JovemPanNews)

Mauro Cid e mais outros sete, foram indiciados pela Procuradoria Geral da República (PGR) e tornados réus pela Primeira Turma do STF em 26 de março (2025). Entre os crimes estão:  tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Rito processual

Um dos réus na ação é o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, que poderá apresentar, também, suas testemunhas de defesa perante o STF. Ao todo, segundo consta, são 82 testemunhas relacionadas aos oito réus do núcleo 1 ou núcleo crucial. 

Nas audiências, o interrogatório é conduzido pelos advogados, porém, ministros e procuradores gerais também realizam perguntas a fim de colher o maior número de informações possíveis para a elucidação dos fatos.

Finalizado os depoimentos de todas as testemunhas, tanto de defesa quanto de acusação, os réus deverão ser ouvidos. Só então, a Primeira Turma do STF poderá optar pela absolvição ou condenação deles. 

Mauro Cid está autorizado pelo STF a fazer viagem para São Paulo

Nesta segunda-feira(31), o ministro Alexandre de Moraes autorizou o tenente-coronel Mauro Cid, a fazer uma viagem para São Paulo, conforme o divulgado, a viagem será para acompanhar a filha na competição de Hipismo, em que ela disputara no local em questão.

Sendo réu pela trama golpista, ele terá que retornar no dia 7, mesmo tendo sido liberado da prisão em 2024, terá que fazer o cumprimento de medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica, além de estar proibido de sair do país.

Situação

Na segunda-feira(24), o tenente-coronel Mauro Cid, pediu que o Supremo Tribunal Federal o autoriza-se a ir numa viagem acompanhar a filha em São Paulo, que ela iria participar de uma premiação e posteriormente de uma competição.

Ela ira receber o prêmio de “campeã na categoria jovem cavaleiro”, e ainda estaria disputando um campeonato de hipismo nos dias 2 e 7 de abril. Ele fez a solicitação, para poder estar junto a ela nesse momento em que a mesma estaria levando essa premiação.


Alexandre de Moraes no dia 20 de fevereiro de 2025(foto:reprodução/ Ton Molina/Getty Images Embed)


Caráter provisório

Conforme o informado por Alexandre de Moraes, a viagem de Mauro seria para período “estritamente necessário a viagem”, destacando “caráter provisório” vindo da ordem, tendo exigências de medidas cautelares, segundo o informado, a penitenciária do Distrito Federal teria um prazo de 48 horas para mostrar o relatório com detalhes, mostrando como está sendo o monitoramento do cid. Ele teria que cumprir certas medidas, mesmo retornando para a cadeia após o dia 7 de abril.

Proibido

Conforme o informado, Mauro Cid estaria proibido de se comunicar com os outros que estão sendo investigados nas situações que envolvem, as investigações referentes as joias, e as falsificações de vacina e também não pode entrar em contato com aqueles que estão sendo investigados pela tentativa de golpe nas eleições de 2022. Ele é réu no inquérito das tramas golpistas de 2022, e está sendo investigado junto ao ex-presidente Jair Bolsonaro e mais alguns investigados.

Mauro Cid voltará para Brasília após o dia 7.

Investigação contra Bolsonaro e Gutemberg sobre suposta fraude é encerrada

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aceitou o pedido de finalização da investigação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado Gutemberg Reis, feito pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. Os dois eram investigados por suposta fraude de comprovantes de vacinação da Covid-19.

A Procuradoria informou que não encontrou evidências que provassem a delação de Mauro Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente. Cid declarou que seguiu ordens dadas por Bolsonaro.

A declaração do tenente-coronel, no entanto, continua válida. As informações obtidas foram usadas no caso de tentativa de golpe de Estado em que Bolsonaro é réu.


Deputado Gutemberg Reis (Foto: reprodução/Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

Procuradoria-geral da República

Paulo Gonet explicou que a Procuradoria-Geral da República não considera que o crime não foi cometido, mas disse que, sob determinação legal, as provas são consideradas insuficientes para confirmar a delação de Cid. A Polícia Federal confirmou que informações falsas sobre a vacina foram incluídas na carteira de vacinação de Bolsonaro e apagadas do sistema do Ministério da Saúde alguns dias depois.


Tenente-coronel Mauro Cid (Foto: reprodução/Lula Marques/Agência Brasil)

A Polícia Federal indiciou Jair Bolsonaro, Gutemberg Reis, Mauro Cid e mais 14 pessoas por associação criminosa e adição de dados falsos sobre vacinação no sistema do Ministério da Saúde. A Procuradoria-Geral, que é responsável por apresentar denúncias, informou que não achou evidências de que o ex-presidente deu a ordem e afirmou que há indícios de que o deputado Gutemberg tomou a vacina e estimulou a imunização nas redes sociais.

Delação de Cid

Em sua delação, Cid afirmou que o ex-presidente pediu a adulteração de seu cartão de vacina e o de sua filha, Laura Bolsonaro. 

Na declaração, Cid explicou como o pedido foi feito “Foi quando eu falei com o presidente também. Ele: ‘faz pra mim também’. Tudo pra ele, pedindo pra ele”, disse Cid. Ele ainda confirmou que Bolsonaro pediu outro cartão para Laura “Faz pra mim e pra Laura”, contou.

Jair Bolsonaro comemora o arquivamento do inquérito sobre fraude em cartão de vacina

Nesta quinta-feira (28), o ex-presidente Jair Bolsonaro comemorou em sua rede social o arquivamento do inquérito na investigação sobre fraude em cartão de vacinação contra a Covid-19.
“Hoje, a própria Procuradoria-Geral da República pediu o arquivamento do inquérito dos cartões de vacina. Depois de meses de manchetes, prisões arbitrárias, buscas e espetáculos, admitiram o óbvio: não havia qualquer prova contra mim”, escreveu o ex-presidente.

Bolsonaro alega que o inquérito era frágil desde o início, mas serviu ao seu verdadeiro propósito: abrir caminho para dezenas de operações de pesca probatória, prender ilegalmente seus aliados e tentar obrigar seus assessores a mentir para incriminá-lo, continuou.
O advogado Paulo Cunha Bueno, que também faz parte da equipe de defesa do ex-presidente, comemorou a determinação do arquivamento do inquérito.

Fraude em cartão de vacina

 Há um ano, a Polícia Federal finalizou a investigação e concluiu que Bolsonaro havia cometido os crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos.
Entretanto, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, destacou em parecer ao STF que, mesmo com a alegação de Mauro Cid, em sua delação premiada, de que Bolsonaro o instruiu a inserir dados falsos de vacinação, não há evidências que corroborem essa narrativa.

O procurador-geral apontou uma lei que proíbe a aceitação da denúncia fundamentada exclusivamente nas declarações do colaborador.

“(…) Daí a jurisprudência da Corte [STF] exigir que a informação do colaborador seja ratificada por outras provas, a fim de que a denúncia seja apresentada”, afirmou Gonet.
Além disso, ele afirmou que esta é uma situação diferente das acusações da PGR analisadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) esta semana, resultando na decisão de tornar Jair réu pela acusação de tentativa de golpe de Estado, além de outros supostos crimes.


Paulo Gonet, procurador-geral da República, destacou ao STF que, apesar da alegação de Cid em delação, não há provas que sustentem a acusação contra Bolsonaro (Foto: reprodução/Getty Images Embed/EVARISTO SA)


Jair Bolsonaro e a Pandemia

De acordo com a Polícia Federal, Jair Bolsonaro tentou obter certificados falsos de vacinação contra a Covid-19 para ele e sua filha, a fim de poderem entrar nos Estados Unidos no final de 2022, antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso porque, naquela época, a apresentação desse documento era exigida na alfândega americana para a maioria dos viajantes.

Segundo a investigação da PF, os certificados de vacinação de Bolsonaro foram gerados quatro vezes entre dezembro de 2022 e março de 2023, por meio do aplicativo ConecteSUS. As emissões ocorreram a partir de um computador no interior do Palácio do Planalto e do celular de Mauro Cid.

A apuração também apontou que era Cid quem gerenciava o acesso de Bolsonaro ao ConecteSUS, pois a conta do presidente estava vinculada ao e-mail de seu ex-ajudante de ordens.
Desde o início da pandemia, o ex-presidente e seus aliados contrariaram diversas orientações estabelecidas pela OMS (Organização Mundial da Saúde).

Bolsonaro só será preso após condenação, conforme os ministros do STF decidiram

Após aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, demonstrarem receios quanto a ele ser preso nesta terça-feira(25), o STF informou que o ex-presidente só iria para a prisão após a sessão do STF, caso ele fizesse algo que justifique sua prisão. Conforme o informado pelos integrantes da corte, a prisão só é configurada com o trânsito julgado do processo, quando não existe mais possibilidade de recurso. Advogados ainda perderam a esperança quanto ao processo ser suspenso.

Presença inesperada no Tribunal

A presença de Bolsonaro, no julgamento ocorrido nesta terça-feira(25), foi surpreendente para aqueles que estavam envolvidos com a audiência. A defesa do então ex-presidente, informou que ele não teve a intenção de intimidar os ministros do STF, na verdade, conforme o informado pelos advogados, ele teria ido para distanciar a ideia de que o mesmo poderia tentar fugir da situação em caso de condenação, relacionada a uma possível prisão decretada, após o desfecho das audiências que ocorreram.


Alexandre de Moraes em audiência no dia 4 de setembro de 2024 (foto: reprodução/Ton Molina/Getty Images Embed)


Adiamento de julgamento gera expectativas

Na última segunda-feira(24), o ministro Luiz Fux, solicitou o adiamento do julgamento de Débora Rodrigues, que havia sido acusada de pichar a frase “perdeu, mané”, na estátua “A justiça”, que se localiza em frente da sede que se encontra o STF.

Devido a isso, os advogados responsáveis pela defesa dos cidadãos que estão sendo julgados pela possível tentativa de golpe de estado, cogitaram a possibilidade de ocorrer algo parecido nos julgamentos relacionados ao caso dos acusados nesse caso.

Acusados

Com Bolsonaro existem mais 7 pessoas que estão sendo julgados nessa situação, entre eles estão:

  • Alexandre Ramagem (ex-diretor de Abin);
  • Anderson Torres (ex-ministro da justiça);
  • Braga Netto (ex-ministro da casa civil e da defesa)
  • Almir Garnier (ex-comandante da marinha)
  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-comandante do exército)
  • Augusto Heleno (ex-ministro do GSI);
  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro)

Após se tornarem réus, Bolsonaro e os demais listados acima serão julgados em data a ser definida.

Advogados de Bolsonaro pedem anulação da delação de Mauro Cid

A defesa de Jair Bolsonaro, acusado pela PGR (Procuradoria Geral da República) de participação em trama golpista após as eleições de 2022, requisitou ao STF (Supremo Tribunal Federal) que a delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, fosse anulada. Os depoimentos do militar são a principal fonte de acusação de Bolsonaro pois, segundo Cid, o ex-presidente tinha ciência e participação nas conspirações contra o estado democrático de direito.

Assim, os advogados argumentaram que eles não puderam ter acesso aos elementos de prova e que houve um excesso de documentos disponibilizados de maneira desordenada.

A defesa também afirma que Bolsonaro é inocente e que não compactuou com o planejamento do golpe de estado ou qualquer tentativa de ruptura democrática. 


Ex-ajudante de ordens, agora delator de Bolsonaro, Mauro Cid (Reprodução/Mateus Bonomi/ Getty Images Embed)


Defesa aponta “ausência de voluntariedade” de Mauro Cid

Segundo os advogados de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid foi pressionado em sua delação e, assim, teria também dito inverdades nos fatos narrados.

Verificou-se, então, tratar-se de colaboração premiada viciada pela absoluta falta de voluntariedade e de uma colaboração marcada pelas mentiras, omissões e contradições
Celso Villardi

Para mais, o pedido aponta que uma tática chamada “document dump” foi aplicada para dificultar a defesa do ex-presidente. Esta técnica é definida como “um grande volume de documentos desorganizados e sem contexto ou destaque para as informações importantes, que dificultam a análise dos elementos”.

Pedido de transferência do julgamento

No momento, a Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Luiz Fux, foi determinada como responsável pelo julgamento de Bolsonaro pelos crimes pelos quais ele foi indiciado.

No entanto, Celso Villardi, advogado do ex-presidente, pede que Bolsonaro seja julgado pelo plenário do Supremo, e não pela Primeira Turma. O advogado alega que, pelo fato de os crimes imputados a Bolsonaro terem sido supostamente cometidos enquanto ele ainda era presidente, o julgamento caberia ao plenário.

Villardi argumenta que, de acordo com a Constituição, o plenário é responsável por julgar infrações comuns cometidas pelo presidente da república. 

Mauro Cid diz que Michelle Bolsonaro ‘quase pirou’ ao ver a mudança no Palácio da Alvorada

De acordo com a delação premiada de Mauro Cid, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, entrou em desespero ao ver a mudança sair do Palácio da Alvorada nos dias finais do mandato de Jair Bolsonaro.

Além disso, o ex-ajudante de ordens também afirmou que Michelle, em pânico, pediu que fosse tomada alguma medida diante da iminente saída de Bolsonaro do poder.

Ela falava pra gente fazer alguma coisa, tinha que fazer alguma coisa

Disse Cid em depoimento à Polícia Federal.


Depoimento de Mauro Cid acerca do envolvimento de Michelle Bolsonaro (Reprodução/Youtube/UOL)


Menção de outras pessoas

Além de Michelle Bolsonaro, os nomes de Eduardo Bolsonaro, Magno Malta, Onyx Lorenzoni, Gilson Machado e o general Mário Fernandes foram apontados como agentes que tentaram fazer com que a posse presidencial não fosse transferida de Bolsonaro.

Cid disse que o último citado, o general Mário Fernandes, era o que mais pressionava generais e militares a realizarem o golpe de estado.

Ele ia falar com generais, falava com o comandante do Exército, Freire Gomes, tentando convencê-los. Ele era muito ostensivo, escrevia nos grupos de WhatsApp militar sobre isso

Mauro Cid

Além disso, ele também afirmou que a insistência para o golpe era tanta que Fernandes quase foi punido pelo alto comando do exército.

O ex-ministro do turismo, Gilson Machado, teria sido um dos principais nomes a incentivar Bolsonaro a deixar o Brasil antes da posse do presidente Lula. Para isso, ele teria vazado informações para a imprensa com o objetivo de pressioná-lo e criar um conflito dentro do núcleo interno de contatos de Bolsonaro.

Bolsonaro Indiciado

O ex-presidente é investigado por supostamente pedir a emissão de um cartão de vacina falso para ele e para a filha, Laura Bolsonaro. O indiciamento foi feito com base em uma outra delação de Mauro Cid.

A Polícia Federal também indiciou Jair Bolsonaro pela venda ilegal de joias recebidas pelo governo brasileiro do governo saudita. De acordo com a legislação brasileira, estas joias deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio da união.

Segundo as investigações, os bens teriam sido comercializados nos Estados Unidos. Desta forma, quando o caso veio a público, alguns aliados de Bolsonaro teriam tentado recomprar as joias e devolvê-las ao governo brasileiro.

Os itens recebidos por Bolsonaro como presente incluem um relógio Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico.

Os dois casos se encontram em fase final de análise da Procuradoria Geral da República (PGR). O ex-presidente também é investigado por suspeita de envolvimento em uma trama golpista contra o estado democrático de direito. A Polícia Federal indiciou, em 2022, Bolsonaro e outras 39 pessoas no inquérito que investiga as conspirações.

O Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, tornou, nesta quinta-feira (20), públicos os depoimentos da delação premiada de Mauro Cid. O tenente-coronel firmou um acordo com a Polícia Federal, em que revelou informações comprometedoras acerca de Bolsonaro e seu círculo próximo.

Mauro Cid diz que Bolsonaro pediu a emissão de um cartão de vacina falso para ele e para a filha

O tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, revelou, em sua delação premiada, que Bolsonaro teria pedido a emissão de cartões de vacinação falsos para si e para sua filha. 

Quando os investigadores questionaram diretamente se o ex-presidente havia solicitado um cartão para ele e para a filha Laura, Cid afirmou:

[Bolsonaro disse] “Faz pra mim e pra Laura”

Mauro Cid

A Procuradoria-Geral da República (PGR) está concluindo a análise dos casos para determinar se apresentará ou não denúncias contra os investigados.


Vídeo em que Cid fala sobre a fraude (vídeo: reprodução/Youtube/X9 News)

Outros indiciamentos de Bolsonaro

A Polícia Federal também indiciou Jair Bolsonaro pela venda ilegal de joias recebidas pelo governo brasileiro do governo saudita. De acordo com a legislação brasileira, estas joias deveriam ter sido incorporadas ao patrimônio da união.

Segundo as investigações, os bens teriam sido comercializadas nos Estados Unidos. Desta forma, quando o caso veio a público, alguns aliados de Bolsonaro teriam tentado recomprar as joias e devolvê-las ao governo brasileiro.

Os itens recebidos por Bolsonaro como presente incluem um relógio Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico.

Este caso também está em fase final de análise da PGR.

Além disso, o ex-presidente também é investigado por suspeita de envolvimento em uma trama golpista contra o estado democrático de direito. A Polícia Federal indiciou, em 2022, Bolsonaro e outras 39 pessoas no inquérito que investiga as conspirações.

Dando prosseguimento à execução do plano criminoso, o grupo iniciou a prática de atos clandestinos com o escopo de promover a abolição do Estado Democrático de Direito, dos quais Jair Bolsonaro tinha plena consciência e participação ativa

Foi o que relatou a PF.

Delação de Mauro Cid

A maioria das informações utilizadas como base para as investigações de Bolsonaro partem da delação premiada do ex-ajudante de ordens de seu governo, Mauro Cid. O tenente-coronel firmou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, em que revelou informações comprometedoras acerca de Bolsonaro e seu círculo próximo.

Em troca de sua colaboração, Cid exigiu que sua prisão fosse limitada a dois anos, seus bens fossem devolvidos e sua segurança, tal como de sua família, garantida.

Após quebra do sigilo, Moraes torna públicos os depoimentos de Mauro Cid

O Ministro Alexandre de Moraes derrubou nesta quarta-feira (19) o acordo de sigilo dos depoimentos dados por Mauro Cid durante a delação premiada e tornou os materiais públicos nesta quinta-feira (20). Os depoimentos do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro contribuíram de forma significativa para a investigação feita pela Polícia Federal e apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) na última terça-feira (18) que constam acusações contra o ex-presidente e sua participação na Trama Golpista em 2022.


Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Messias Bolsonaro (Foto: reprodução: Lula Marques/ AGÊNCIA BRASIL)

Materiais divulgados

No entanto, apesar da quebra do sigilo na manhã de ontem (19), Moraes ainda não havia liberado o acesso aos materiais, ou seja, aos depoimentos de Cid na íntegra. Porém, nesta quinta-feira (20), as mídias foram liberadas. Assista um trecho da delação:


Alexandre de Moraes divulga vídeo da delação de Mauro Cid; veja trecho (Vídeo: reprodução/YouTube/Metrópoles)

O documento será analisado pela primeira turma do STF

A denúncia apresentada pela PGR será avaliada pela primeira turma do STF, liderada por Alexandre de Moraes, eles decidirão o futuro dos denunciados. Além disso, Moraes estabeleceu um prazo de 15 dias para que os acusados enviem uma resposta escrita ao STF. O ex-presidente está sendo acusado dos seguintes crimes: liderança de organização criminosa armada; golpe de Estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União; tentativa de abolição violenta de Estado e deterioração de patrimônio tombado.

Além disso, a Procuradoria afirmou que Bolsonaro já possuía um discurso para sua retomada ao poder caso o golpe desse certo. O discurso, bem como o esquema do golpe foram encontrados na sala do ex-presidente e no celular de Mauro Cid.

Caso a denúncia seja aprovada, os acusados se tornarão réus e responderão criminalmente.

Mauro Cid e pai repassaram US$ 78 mil para Bolsonaro

Segundo a delação de Mauro Cid, tenente-coronel, ele e o ex-ajudante de ordens e seu pai, o general Lourena Cid, repassaram US$ 78 mil (R$ 445 mil) para Jair Bolsonaro (PL) entre 2022 e 2023, após a venda de joias nos Estados Unidos.

Entregas de Mauro Cid a Bolsonaro

Cid e seu pai realizaram quatro entregas, diretamente e indiretamente a Bolsonaro. Mauro realizou apenas uma das entregas, em junho de 2022, US$ 18 mil (R$ 103 mil) em território nacional.

As demais entregas foram efetuadas por Lourena Cid. Foram entregues US$ 30 mil (R$ 171 mil), na cidade de Nova Iorque, em setembro de 2022. No final do mesmo ano, no Brasil, entregou US$ 10 mil (R$ 57 mil). A última remessa ocorreu em fevereiro de 2023, em Miami, onde foi dado US$ 20 mil (R$ 114 mil).

Esses dados foram disponibilizados, após Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), ter derrubado o sigilo do acordo de delação premiada, firmado em 2024 pela Polícia Federal com Mauro Cid.


Alexandre de Moraes derruba sigilo da delação de Mauro Cid (Vídeo: reprodução/X/@Metropoles)

Quem recebeu os valores

Os valores entregues referem-se às joias que Bolsonaro recebeu nos Estados Unidos na época que ainda era presidente. Na primeira entrega, Cid viajou para os Estados Unidos a fim de negociar uma parte das joias, e utilizou parte do valor de US$ 18 mil para cobrir os gastos com passagens e aluguel de um automóvel.

Conforme o documento, os valores entregues por Lourena Cid foram feitos a Bolsonaro, por intermédio de um ajudante de ordens. Já a última quantia foi entregue em mãos para Osmar Crivelatti, assessor que acompanhou Bolsonaro na viagem para os Estados Unidos, entre o fim de 2022 e o início de 2023.

Inquérito no Supremo Tribunal Federal

Jair Bolsonaro foi indiciado em julho de 2024, no inquérito das joias, com mais 11 pessoas. O caso ainda tramita no STF. A acusação contra o ex-presidente referem-se aos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa, os quais sempre foram negados por Bolsonaro.

As primeiras suspeitas ocorreram em março de 2023, quando um kit de joias fornecido pela Arábia Saudita ao governo Bolsonaro ficou retido no Aeroporto de Guarulhos, na Receita Federal, desde o fim de 2021, quando a Arábia Saudita encaminhou as joias para o Brasil.