Luiz Edson Fachin toma posse como presidente do Supremo Tribunal Federal

O ministro Luiz Edson Fachin vai assumir a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (29). Ele será o 51º presidente da história do tribunal desde a República. Fachin foi escolhido para o cargo em 13 de agosto, de forma simbólica. Atualmente, quem ocupa a presidência é o ministro Luís Roberto Barroso. O vice de Fachin será o ministro Alexandre de Moraes, que ocupará o lugar deixado por ele. Os dois ficarão no comando do STF por dois anos.

Responsabilidades do cargo e formação do ministro

A escolha do presidente e do vice do STF segue uma tradição: o ministro mais antigo que ainda não foi presidente assume o posto, e o segundo mais antigo se torna vice.

Para a cerimônia, foram convidados os presidentes dos outros Poderes e diversas autoridades. Também devem participar representantes da Procuradoria-Geral da República (PGR), da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).


Governo espera diálogo com Fachin, que é considerado um “juiz raiz” por ser discreto, dar poucas entrevistas e falar pouco (Vídeo: reprodução/X/@CNNBrasil)

O presidente do Supremo tem funções importantes, como definir a pauta do plenário, administrar a Corte, comandar o Conselho Nacional de Justiça e representar o tribunal diante dos demais Poderes e autoridades. Luiz Edson Fachin, que vai assumir essa função, nasceu em Rondinha, no Rio Grande do Sul, tem 67 anos e se formou em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1980.

Na área acadêmica, fez mestrado em 1986 e doutorado em 1991, ambos na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Depois, realizou pós-doutorado no Canadá, foi pesquisador convidado no Instituto Max Planck, na Alemanha, e professor visitante no King’s College, na Inglaterra. Fachin também foi professor titular de Direito Civil na UFPR. Antes de chegar ao Supremo, participou da comissão do Ministério da Justiça que discutiu a Reforma do Poder Judiciário.

Atuação no STF e no TSE

Fachin também ajudou na elaboração do novo Código Civil brasileiro no Senado. Trabalhou como procurador do Estado do Paraná entre 1990 e 2006 e também atuou como advogado. Ele se tornou ministro do Supremo em junho de 2015, indicado pela então presidente Dilma Rousseff.


Fachin tomará posse hoje como presidente do STF, em cerimônia marcada para as 16h (Vídeo: reprodução/X/@CNNBrasil)

No STF, é relator de processos ligados à Lava Jato e de casos importantes, como a “ADPF das Favelas”, que limitou operações policiais em comunidades do Rio de Janeiro, e o recurso que discute o uso da tese do marco temporal na demarcação de terras indígenas.

Fachin faz parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde 2018. Em maio de 2022, assumiu a presidência do TSE, sucedendo o ministro Luís Roberto Barroso, e ficou no cargo até agosto do mesmo ano, quando passou a função para Alexandre de Moraes.

Jair Bolsonaro pede fim de prisão domiciliar ao STF

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) protocolou nesta terça-feira (23) um pedido de revisão da prisão domiciliar e de outras medidas cautelares ao STF (Supremo Tribunal Federal). A justificativa seria a falta do nome de Bolsonaro na denúncia feita pela PGR (Procuradoria Geral da República) contra o seu filho e deputado licenciado, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e o jornalista, Paulo Figueiredo, por coação no processo, em parceria com os Estados Unidos. 

Denúncia da PGR 

Nesta segunda-feira (22), a PGR denunciou, ao STF, Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo por coação no curso do processo. A cúpula do Ministério Público Federal baseia a denúncia nas articulações dos brasileiros com o governo dos Estados Unidos, em busca de sanções contra o país e membros do STF, como o ministro Alexandre de Moraes. De acordo com o procurador, Paulo Gonet, o deputado e o jornalista se apresentavam como articuladores e patrocinadores dessas ações, que tinham como objetivo impedir a condenação de Jair Bolsonaro. 


A denúncia de Eduardo Bolsonaro pela PGR (Vídeo: reprodução/x/bbcbrasil)

No mesmo dia da denúncia da PGR, o governo de Donald Trump sancionou Viviane Barci de Moraes, esposa de Alexandre de Moraes, com a Lei Magnitsky. O ministro do STF é alvo da lei desde julho. O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que Viviane era a rede de apoio financeiro do marido. A Lei Magnitsky Global proíbe que organizações americanas ofereçam serviços aos sancionados, dificultando ações financeiras, uso de cartões de crédito e redes digitais.  

Situação de Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro (PL), está em prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto. Decretadas por Alexandre de Moraes, o ex-presidente teve que cumprir outras medidas cautelares como: uso de tornozeleira eletrônica, a proibição de falar com embaixadores e se aproximar de consulados, além da restrição no uso das redes sociais. Essas medidas fazem parte do inquérito que investigava Eduardo e Paulo Figueiredo. Como o nome de Jair Bolsonaro não apareceu na denúncia de Gonet, seus advogados defendem o fim das determinações.


O ex-presidente Bolsonaro já em prisão domiciliar, no dia 27 de agosto (Foto: reprodução/x/gabrielabilo1)

No dia 11 de setembro, Jair Messias Bolsonaro foi condenado pelo STF a uma pena de 27 anos e 3 meses de prisão, em decorrência dos crimes de: organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e ameaça grave, além de deterioração de patrimônio tombado. 




Julgamento da trama golpista: Barroso enaltece Moraes e diz que STF serviu “exemplo para o mundo”

Nesta quarta-feira (17), na abertura do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, presidente da Corte, elogiou Alexandre de Moraes pelo julgamento que condenou Jair Bolsonaro e outros sete réus pela trama golpista. De acordo com Barroso, o STF deu “exemplo para o mundo”. 

Gostaria de fazer a defesa do trabalho do Tribunal, antes de encerrarmos esse assunto [julgamento de Bolsonaro], virarmos a página e retomarmos a vida do país com paz e tranquilidade”, declarou o presidente Barroso.

Exaltação de Barroso

Na abertura do plenário, Luís Roberto Barroso exaltou os ministros que compõem a Primeira Turma do STF, colegiado responsável pelo julgamento que condenou réus por tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.


Luís Roberto Barroso citou nominalmente os ministros da Primeira Turma e elogiou condução do julgamento sobre tentativa de golpe de Estado (Foto: reprodução/EVARISTO SA/AFP via Getty Images Embed)


Além disso, o presidente da Corte também enalteceu o trabalho da Procuradoria-Geral da República (PGR), que elaborou a denúncia aceita por Alexandre de Moraes, relator do processo. 

De acordo com as palavras de Barroso, o julgamento foi dirigido com “serenidade”, “transparência”, dando “um bom exemplo pro mundo”. Para ele, o processo tem grande importância para a democracia brasileira. 

O julgamento

Na última quinta-feira (11), a Primeira Turma do STF, composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, condenou com um placar de 4 a 1, Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado e outros crimes.  

Entre os cinco magistrados que votaram no julgamento, apenas Luiz Fux apresentou divergências em relação à culpabilidade dos indiciados. Na visão do ministro, dos oito réus, apenas Mauro Cid, que concedeu delação premiada à Polícia Federal, e o general Braga Netto, candidato à vice-presidência de Bolsonaro, foram os responsáveis pela trama golpista que desencadeou os atos de depredação dos prédios públicos de Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023. 

Nesse sentido, os outros quatro magistrados da Primeira Turma votaram a favor da condenação de todos os réus indiciados no processo. Jair Bolsonaro, considerado culpado por cinco crimes, foi julgado e condenado a 27 anos e 3 meses de reclusão. Já os militares Walter Braga Netto, do Exército, e Almir Garnier, da Marinha, pegaram uma dosimetria de 26 e 24 anos, respectivamente. 

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal, foi sentenciado a 24 anos de reclusão. Por sua vez, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Alexandre Ramagem foram julgados  a 21, 19 e 16 anos de detenção, respectivamente. Por fim, com a menor pena entre todos os condenados, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e autor de uma delação premiada, foi condenado a dois anos em regime aberto.

Bolsonaro usa tornozeleira eletrônica durante saída para procedimento médico

O ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar após ser condenado a 27 anos por liderar uma tentativa de golpe, sairá de casa pela primeira vez para um procedimento cirúrgico simples na pele, neste domingo (14), no hospital DF Star, na Asa Sul, em Brasília.

Segurança e medidas cautelares para a saída de Bolsonaro

Antes de sair do condomínio, o carro dele será vistoriado, e ele será acompanhado por uma escolta da Polícia Penal do Distrito Federal à paisana. Bolsonaro também usará tornozeleira eletrônica, e o entorno do hospital terá reforço da Polícia Militar. Apoiadores já programaram uma manifestação em solidariedade ao ex-presidente na manhã de domingo.

No fim de agosto, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou ações para reduzir o risco de fuga do ex-presidente Jair Bolsonaro. Uma avaliação da Secretaria de Administração Penitenciária do DF (Seape-DF) apontou “pontos cegos” nos fundos e na lateral da residência dele.

Ao autorizar a saída de Bolsonaro, Moraes ressaltou que ele continua obrigado a cumprir medidas cautelares, como a proibição de usar redes sociais, o uso da tornozeleira eletrônica e a vistoria nos porta-malas dos veículos que saírem de sua casa.


Bolsonaro deixando o Hospital (Vídeo: reprodução/X/@CNNBrasil)

No despacho, Moraes ainda pediu que a Secretaria de Segurança Pública do DF adotasse as providências necessárias. O esquema montado pela SSP-DF é mantido em sigilo. Em nota, a Polícia Penal do DF afirmou: “Está cumprindo as ordens judiciais em conformidade com as decisões expedidas e não comenta ou detalha operações em curso”.

Procedimentos médicos e histórico de cirurgias de Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro passará por dois procedimentos médicos no hospital DF Star: um para retirar um nevo melanocítico (pinta) no tronco, geralmente benigno, e outro para recolher material cutâneo que será enviado para biópsia. Segundo o pedido médico anexado ao processo no STF, ele ficará em regime ambulatorial, com previsão de alta no mesmo dia, e precisará entregar um atestado médico detalhando os procedimentos em até 48 horas.

Na última sexta-feira, a Primeira Turma do STF condenou Bolsonaro a 27 anos de prisão por cinco crimes: organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado, sendo a primeira vez na história do Brasil que um ex-presidente é condenado por tentativa de derrubar o governo eleito. Como a pena é em regime fechado, a defesa já prepara pedido de prisão domiciliar, alegando o quadro de saúde delicado de Bolsonaro, que inclui crises de soluço e sequelas da facada sofrida durante a campanha eleitoral de 2018.


Explicação sobre a condenação de Bolsonaro e a possível entrada de Tarcísio na corrida presidencial (Vídeo: reprodução/X/@Metropoles)

Desde então, ele passou por diversas cirurgias: em 6 de setembro de 2018, cirurgia de emergência em Juiz de Fora–MG; em 12 de setembro de 2018, cirurgia de desobstrução do intestino em São Paulo; em 28 de janeiro de 2019, retirada da bolsa de colostomia; em 8 de setembro de 2019, correção de hérnia na cicatriz; e em 12 de setembro de 2023, cirurgia para correção de hérnia de hiato relacionada a refluxo.

Em 13 de abril de 2025, Bolsonaro passou por cirurgia de 12 horas no DF Star para extensa lise de aderências e reconstrução da parede abdominal, realizada sem intercorrências e sem necessidade de transfusão de sangue. A obstrução intestinal causada por uma dobra do intestino delgado foi resolvida, e o ex-presidente segue estável na UTI, sem dor, recebendo suporte clínico, nutricional e medidas de prevenção de infecções.

STF avança em julgamento sobre tentativa de golpe de Estado

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (9) pela condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado. O posicionamento amplia o placar para 2 a 0 a favor da condenação no julgamento em andamento na Primeira Turma da Corte, que analisa o caso desde a semana passada.

Definição depende de três votos

Antes de Dino, o relator do processo, Alexandre de Moraes, já havia se pronunciado no mesmo sentido, reforçando a gravidade dos atos. O ministro afirmou que os réus compunham o “núcleo crucial da trama golpista”, classificada por ele como uma organização criminosa. Segundo Moraes, o objetivo do grupo era manter Bolsonaro no poder e inviabilizar a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

Ainda faltam os votos dos ministros Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma. A expectativa é que o julgamento seja finalizado até a próxima sexta-feira (12). Como o colegiado é composto por cinco ministros, a condenação será confirmada caso três votos sejam favoráveis. Até o momento, dois magistrados já se posicionaram nesse sentido.


Voto de Alexandre de Moraes (Vídeo: reprodução/YouTube/@uol)


Expectativa para os próximos dias

O processo é considerado um dos mais relevantes da atual gestão do STF, por envolver diretamente um ex-presidente e aliados acusados de tentar desestabilizar o regime democrático. A eventual condenação poderá estabelecer precedentes importantes para casos semelhantes, reforçando o papel do Judiciário no combate a iniciativas que atentem contra a ordem constitucional.

Com a maioria cada vez mais próxima de ser formada, cresce a expectativa em Brasília quanto aos efeitos políticos e jurídicos da decisão. Especialistas avaliam que o julgamento representa um marco no enfrentamento a tentativas de ruptura institucional. Até sexta-feira, todos os olhares estarão voltados ao Supremo para acompanhar a definição do caso e suas possíveis consequências para o cenário nacional.

Moraes aponta Bolsonaro como líder de organização criminosa em julgamento da “trama golpista”

O Supremo Tribunal Federal (STF) deu um passo crucial nesta terça-feira (9) no julgamento da chamada “trama golpista”. O relator do processo, ministro Alexandre de Moraes, apresentou seu voto de mérito e exibiu ao público uma série de slides que descrevem a atuação de um grupo político acusado de conspirar contra a democracia. No material, o ex-presidente Jair Bolsonaro aparece como líder da organização criminosa.

Nos documentos apresentados, Bolsonaro aparece ao lado de outros sete réus apontados como parte do núcleo central do grupo: Alexandre Ramagem Rodrigues, Almir Garnier Santos, Anderson Gustavo Torres, Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Mauro Cesar Barbosa Cid, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e Walter Souza Braga Neto. Segundo o ministro, todos teriam atuado em conjunto para enfraquecer as instituições democráticas.

De acordo com Moraes, o grupo utilizou órgãos públicos de forma irregular para monitorar adversários políticos e montar estratégias contra o Poder Judiciário. Entre as práticas denunciadas, estaria a tentativa de desacreditar a Justiça Eleitoral e o resultado das eleições de 2022, além de colocar em risco a própria democracia brasileira.

 Repercussão política e social

A apresentação dos slides por Alexandre de Moraes repercutiu imediatamente no meio político, dividindo opiniões entre apoiadores e críticos do ex-presidente. Parlamentares ligados à oposição ao governo atual viram no gesto um passo fundamental para responsabilizar Bolsonaro e seus aliados por ataques às instituições democráticas.


Voto do ministro Alexandre de Moraes (Vídeo: reprodução/X/@GloboNews)

No cenário jurídico, a análise foi diferente. Especialistas em direito constitucional e eleitoral apontaram que a decisão de Moraes de expor publicamente os slides teve um caráter pedagógico, ao tornar mais visível para a sociedade os argumentos da acusação. Juristas ressaltaram ainda que a inclusão de Bolsonaro como líder do grupo fortalece a narrativa de que houve uma tentativa articulada de subverter a ordem democrática.

 A linha de defesa de Bolsonaro e aliados

Desde o início das investigações, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro tem negado as acusações de participação em uma organização criminosa ou em qualquer tentativa de golpe. Os advogados afirmam que não há provas materiais que sustentem a tese apresentada pela Procuradoria-Geral da República e reforçada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Bolsonaro, em diferentes ocasiões, declarou ser alvo de perseguição política por parte do Supremo Tribunal Federal. Segundo ele, as ações movidas contra seu nome e contra seus ex-ministros têm como objetivo silenciar a oposição e afastá-lo da vida pública. Seus aliados, especialmente no Congresso, repetem esse argumento e classificam o processo como uma tentativa de “criminalizar a direita brasileira”.

No caso específico do julgamento da chamada “trama golpista”, parlamentares e ex-integrantes do governo sustentam que as reuniões e discussões apontadas pela acusação faziam parte do debate político legítimo, não de um plano criminoso. Para eles, a construção da narrativa de que houve uma conspiração organizada busca enfraquecer Bolsonaro em um momento em que ele ainda exerce forte influência sobre parte significativa do eleitorado.


Celso Vilardi, advogado do ex-presidente Bolsonaro (Reprodução/Evaristo SA/Getty Imagens Embed)


Consequências jurídicas

O julgamento da chamada “trama golpista” é considerado um dos mais relevantes da história recente do Brasil, não apenas pelo peso político dos réus, mas também pelos precedentes que pode estabelecer para casos futuros envolvendo ataques à democracia.

Do ponto de vista legal, uma eventual condenação de Jair Bolsonaro e dos demais acusados pode resultar em penas de prisão, além da inelegibilidade por vários anos. Para o ex-presidente, isso significaria o afastamento definitivo da disputa eleitoral, encerrando qualquer possibilidade de concorrer em 2026. Outros réus, muitos deles generais e ex-ministros, também podem perder direitos políticos e enfrentar duras sanções criminais.

Além das punições individuais, o julgamento deve servir como parâmetro para outros processos em andamento. Há dezenas de investigações sobre atos golpistas relacionados ao período pós-eleitoral de 2022, incluindo o ataque às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. A decisão do STF neste caso poderá orientar a interpretação da Justiça em processos semelhantes.

STF amplia julgamento do ‘núcleo crucial’ da trama golpista

O relator Alexandre de Moraes solicitou nesta sexta-feira (5) ao presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin, a inclusão de uma sessão extra na quinta-feira, 11 de setembro de 2025. Com isso, o julgamento do chamado “núcleo crucial” da trama golpista ganha mais tempo para ser concluído — a quarta sessão acontece além das inicialmente previstas.

O que é o “núcleo crucial” do golpe?

O termo “núcleo crucial” refere-se ao grupo central de réus na ação penal que julga a tentativa de golpe de Estado movida após as eleições de 2022. A cúpula envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados que, segundo denúncia da PGR, idealizaram o plano “Punhal Verde e Amarelo”. O objetivo seria impedir a posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, além do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes — com participação na elaboração da chamada “minuta do golpe” e nos atos de 8 de janeiro de 2023.


Ex-presidente Jair Bolsonaro, um dos réus integrantes do chamado “núcleo crucial” (Foto: reprodução/Evaristo SA/Getty Images Embed)


Os acusados respondem por crimes como tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Novas datas e detalhes do julgamento

As sessões começaram nos dias 2 e 3 de setembro, com apresentação do relatório de Alexandre de Moraes, sustentação da PGR e defesas dos acusados. Inicialmente, estavam previstas sessões nos dias 9 (manhã e tarde), 10 (manhã) e 12 (manhã e tarde). Agora, com a inclusão da sessão de 11 de setembro (manhã e tarde), o julgamento passa a ter quatro dias consecutivos de votação — de 9 a 12 de setembro.

Mais tempo

Com o acréscimo da sessão extra, Alexandre de Moraes e os demais ministros ganham tempo valioso para analisar os argumentos, votar e concluir o julgamento. A medida reforça o caráter central do caso e indica um esforço para garantir que a decisão seja tomada com o devido cuidado, abrangência e segurança jurídica.

Damares Alves é autorizada a visitar Bolsonaro antes do início do julgamento

O ministro do STF, Alexandre de Moraes, autorizou a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) a encontrar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda-feira (1º), entre 10h e 18h. Damares já foi ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos no governo dele.

Regras de visita e início do julgamento

No sábado (30), Moraes decidiu que a casa de Bolsonaro deveria ser vigiada e que todos os carros que saíssem do local passassem por revista. Ele ressaltou que o carro da senadora também será inspecionado após a visita.

Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto e só tem permissão para receber advogados, filhos ou visitantes autorizados pelo STF. A visita de Damares acontece um dia antes do julgamento dele e de outros sete réus na Primeira Turma do STF, acusados de suposto plano de golpe de Estado em 2022.


Matéria sobre a medida de policiamento na residência do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (Vídeo: reprodução/X/@GloboNews)

Réus e calendário

Os réus são o ex-presidente Jair Bolsonaro; Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil e candidato a vice-presidente em 2022; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens; Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência); Almir Garnier, almirante de esquadra e ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional); e Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa.

O julgamento terá início em 2 de setembro, terça-feira, com sessão extraordinária das 9h às 12h e sessão ordinária das 14h às 19h. Na quarta-feira, 3 de setembro, haverá sessão extraordinária das 9h às 12h. As atividades serão retomadas em 9 de setembro, terça-feira, com sessão extraordinária pela manhã, das 9h às 12h, e sessão ordinária à tarde, das 14h às 19h.

Em 10 de setembro, quarta-feira, ocorrerá outra sessão extraordinária das 9h às 12h. Já no dia 12 de setembro, sexta-feira, estão previstas duas sessões extraordinárias: das 9h às 12h e das 14h às 19h.

PGR sugere monitoramento em tempo real de medidas cautelares de Bolsonaro

A Procuradoria-Geral da República (PGR) sugeriu que a Polícia Federal adote um “monitoramento em tempo real” para verificar o cumprimento das restrições judiciais aplicadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O parecer foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após pedido do líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ). O parlamentar sustentou que haveria risco de fuga do ex-mandatário, que atualmente cumpre prisão domiciliar.

Gonet defende cautela no monitoramento

No parecer, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirmou ser “de bom alvitre” recomendar oficialmente que a Polícia mantenha equipes de prontidão permanente para acompanhar o cumprimento das medidas impostas. Ele ponderou, contudo, que esse acompanhamento deve ocorrer com “cuidado”, de modo a não ultrapassar a esfera privada do réu nem gerar incômodos em sua vizinhança. Para Gonet, é essencial preservar a proporcionalidade entre vigilância e direitos individuais.

Na última segunda-feira (25), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, informou ao STF e à Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) que havia recebido o ofício encaminhado pelo líder petista. Lindbergh Farias justificou seu pedido mencionando supostas informações sobre um “plano de fuga”, associadas à “proximidade geográfica e à conjuntura política e investigativa” que cercam o caso. O parlamentar defendeu maior rigidez no acompanhamento.


PGR estuda monitoramento extra para Bolsonaro (Vídeo: reprodução/YouTube/@bandjornalismo)


Pedido de asilo e relatório da PF

A Polícia Federal já havia relatado, em inquérito anterior, a apreensão de um pedido de asilo político de Bolsonaro ao presidente argentino Javier Milei. O documento, com 33 páginas, sustenta a narrativa de que Bolsonaro estaria sendo alvo de perseguição política no país. Em uma passagem, o ex-presidente explicita seus sentimentos, utilizando o fato recente das medidas cautelares para exemplificar a sensação de perseguição política a qual se refere enquanto busca asilo com Milei.

Bolsonaro cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto, após decisão de Moraes, que apontou violação da restrição ao uso de redes sociais por meio de republicações em contas de terceiros. A decisão final caberá ao ministro do STF, que deverá avaliar se acolhe a sugestão da PGR e quais novas providências de monitoramento poderão ser implementadas. A decisão poderá definir os próximos desdobramentos da situação jurídica e política do ex-presidente.

STF promete decidir sobre prisão de Bolsonaro após análise da PGR e da defesa

Supremo Tribunal Federal (STF) volta ao centro das atenções com a análise de uma possível prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão está nas mãos do ministro Alexandre de Moraes, que aguarda as manifestações da defesa e o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) antes de tomar uma posição definitiva. O processo ocorre em meio a indícios de descumprimento das medidas cautelares impostas anteriormente pelo Supremo, fator que intensifica o debate sobre os próximos passos da investigação.

Cruzamento de informação

Prazo para a defesa apresentar esclarecimentos se encerra na sexta-feira (22), às 20h34. A análise de Moraes tem como base pontos considerados graves: descumprimentos reiterados de determinações judiciais, repetição de condutas ilegais e indícios de risco de fuga. Um dos elementos em discussão é uma carta encontrada em mensagens recuperadas do celular do ex-presidente. O documento, datado de fevereiro de 2024, apresentava um rascunho de pedido de asilo político direcionado ao presidente argentino, Javier Milei. Embora a carta não tenha sido enviada, o material passou a integrar o conjunto de provas avaliadas pelo STF.

A decisão sobre a prisão preventiva dependerá do cruzamento entre a resposta da defesa e a posição da PGR. Moraes poderá manter a prisão domiciliar ou convertê-la em preventiva, caso entenda que a permanência de Bolsonaro em liberdade comprometa a ordem pública, a ação penal em curso ou demonstre risco real de evasão. O processo reforça a complexidade das medidas cautelares aplicadas a figuras públicas de grande impacto político, exigindo equilíbrio entre a garantia da lei e a preservação do Estado democrático.

Esse não é o primeiro episódio em que o STF avalia possíveis descumprimentos das restrições impostas a Bolsonaro. Em ocasião anterior, um questionamento envolvendo uma publicação do ex-presidente foi considerado um ato isolado, o que resultou na manutenção do status jurídico vigente. A diferença, agora, está na existência de elementos que sugerem intenção concreta de buscar proteção fora do país, o que pode alterar a interpretação do tribunal.


Alexandre de Moraes, do STF, fala durante audiências sobre a tentativa de golpe em 8 de janeiro envolvendo Bolsonaro e aliados (Foto: reprodução/Mateus Bonomi/Getty Images Embed)


Cenário de expectativa

A expectativa em torno da decisão de Moraes mobiliza tanto o cenário político quanto o jurídico, já que os desdobramentos podem influenciar diretamente a trajetória do ex-presidente e o ambiente institucional brasileiro. O desfecho, previsto para os próximos dias, terá impacto significativo sobre a condução da ação penal e sobre o debate público em torno do cumprimento das leis no país.

Independentemente do resultado, o caso reforça o peso do Judiciário na definição dos rumos políticos do Brasil e evidência como as decisões judiciais podem se transformar em pontos de inflexão no equilíbrio entre os poderes e na percepção da sociedade sobre a efetividade das instituições democráticas.