Caribe vira palco de nova escalada militar entre Trump e Maduro

Nesta quinta-feira (4), dois caças venezuelanos sobrevoaram um destróier americano no Caribe. A capital Washington classificou o episódio como provocativo e prometeu reação imediata.

No dia seguinte, Donald Trump ordenou o envio de dez caças F-35 para Porto Rico, o que ampliou a tensão militar com Caracas. Assim, os jatos modernos se somam a sete navios de guerra e um submarino com 4,5 mil militares a bordo. Em paralelo, fuzileiros navais treinam operações terrestres e marítimas.

O Pentágono divulgou nota alertando que “o cartel que controla a Venezuela” não deve interferir em ações dos Estados Unidos. Caracas respondeu acusando Washington de preparar uma invasão.

Histórico de ações e reações

Na semana passada, militares americanos bombardearam um barco acusado de transportar drogas. Consequentemente, o ataque deixou 11 mortos e gerou protestos de Nicolás Maduro. Logo, especialistas afirmam que a ofensiva marca uma mudança de paradigma.


Caças venezuelanos sobrevoaram navio americano (Vídeo: reprodução/YouTube/Record News)

Em contrapartida, o novo secretário de Guerra, Pete Hegseth, afirmou que as operações continuarão. Ele também anunciou intensificação do combate ao narcotráfico na região.

Maduro eleva tom contra Washington

Diante das movimentações, Maduro convocou 4,5 milhões de milicianos e reforçou a prontidão das Forças Armadas Bolivarianas. Para ele, os EUA representam a maior ameaça ao país em cem anos.

Em discurso transmitido pela TV estatal, o líder venezuelano disse que Caracas não aceitará provocação estrangeira. Ele acusou Washington de usar a pauta do narcotráfico como pretexto para pressionar governos que não seguem sua linha política.

Apoio internacional a Trump

Diante disso, a crise ganhou respaldo em países sul-americanos após Argentina, Equador e Paraguai apoiaram a ofensiva americana contra o Cartel de los Soles, classificado como organização terrorista.

Trump afirmou que os caças enviados não sobrevoaram o destróier americano, mas advertiu: “Se nos colocarem em perigo, serão abatidos”. Apesar disso, ainda não está claro até onde a escalada militar pode chegar. Contudo, entre ameaças e movimentações, o Caribe tornou-se novamente palco de uma disputa geopolítica de alto risco.

Navios de guerra americanos intensificam tensão com Venezuela

De acordo com a Agência Reuters, os Estados Unidos determinaram o deslocamento de mais um navio de guerra, além de um submarino de ataque veloz, para as águas do sul do Caribe, em proximidade ao litoral da Venezuela. A agência de notícias afirma que a confirmação partiu de duas fontes anônimas do Pentágono.

EUA e Venezuela

Na terça-feira passada (19), os EUA já tinham enviado três embarcações militares para perto do litoral venezuelano, alegando que precisavam frear a possível ameaça de grupos de traficantes de drogas por ali. Em contrapartida, Trump tem sinalizado que seu próximo alvo é Nicolás Maduro, já que, de acordo com informações da Reuters, seis navios de guerra foram mandados para o sul do Caribe. A justificativa oficial veio da porta-voz do governo, Karoline Leavitt, que fez declarações fortes contra Maduro e afirmou que os EUA usariam “toda a força” contra o governo venezuelano.

Segundo alegações de Donald Trump, Nicolás Maduro estaria à frente de uma organização denominada Cartel de los Soles, supostamente comandada pela alta cúpula das Forças Armadas da Venezuela. A mídia latino-americana reporta que o grupo funcionaria como um facilitador de rotas de narcotráfico para outras organizações que comercializam substâncias ilícitas no mercado americano, a exemplo do Cartel de Sinaloa, do México, e do Tren de Aragua, também da Venezuela.


Coletiva de imprensa com a porta-voz do governo dos EUA, Karoline Leavitt ( Vídeo: reprodução/Instagram/@belavista neves.panama)


Os Equipamentos

Fontes da área confirmaram que o USS Lake Erie, um cruzador de mísseis guiados, e o Uss Newport News, um submarino de ataque veloz com energia nuclear, são os novos recursos aguardados para o começo da próxima semana. Próximo à costa venezuelana, já estão presentes três destróieres da marinha americana, dotados do avançado sistema de combate Aegi, três embarcações de assalto anfíbio, aeronaves de reconhecimento P-8 Poseidon e, no mínimo, um submarino, somando um contingente de 4.000 marinheiros e fuzileiros

Diante dessa situação, Maduro comunicou o acionamento de 4,5 milhões de integrantes da milícia nacional, com o objetivo de neutralizar o que ele descreve como um perigo vindo dos Estados Unidos. A capacidade bélica venezuelana enfrenta dificuldades. De acordo com o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), as Forças Armadas da Venezuela funcionam com limitações e dificuldades de preparo, em virtude das sanções internacionais, do isolamento na região e da crise econômica, que, ao longo das últimas décadas, reduziram a possibilidade de adquirir equipamentos militares de ponta.

A mesma tem orçamento militar de US$ 640 milhões em 2024 queé 0,1 do orçamento dos EUA no mesmo ano. Por conta disso muita incerteza se cria em relação as capacidade mi litar real da Venezuela mesmo tendo alguns equipamentos modernos.

EUA oferecem US$ 25 milhões por prisão de Maduro

Na segunda-feira (28), em Washington, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou uma recompensa de US$ 25 milhões (cerca de R$ 140 milhões) por informações que levem à prisão ou condenação de Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. A medida foi divulgada por meio da conta oficial da Administração de Repressão às Drogas (DEA), que compartilhou um cartaz com a foto de Maduro e o valor da recompensa.

A ação ocorre após o governo norte-americano intensificar as acusações contra Maduro e seus aliados. Ele é apontado como líder do chamado “Cartel de Los Soles”, grupo classificado na última sexta-feira (25) como uma organização terrorista internacional. Segundo o Departamento do Tesouro dos EUA, o cartel estaria envolvido com o narcotráfico e teria vínculos com organizações como o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa.

Maduro é acusado de narcoterrorismo e tráfico internacional

As acusações contra o presidente venezuelano incluem conspiração para narcoterrorismo, importação de cocaína, além do uso e transporte de armas para o tráfico. Ainda segundo o Departamento de Justiça, os ministros venezuelanos Diosdado Cabello Rondón (Interior) e Vladimir Padrino López (Defesa) também estão sendo investigados.


Governo dos EUA divulga recompensa por informações sobre Maduro (Foto: reprodução/@DEAHQ/X)

Com essas acusações, a recompensa bilionária tem sido vista como uma estratégia do governo norte-americano para ampliar a pressão política sobre o regime venezuelano e enfraquecer sua atuação no cenário internacional. O cartaz divulgado lembra o estilo das antigas campanhas contra líderes do narcotráfico, como Pablo Escobar.

Classificação de cartel como organização terrorista amplia tensão

A escalada de acusações marca mais um capítulo da deterioração das relações diplomáticas entre os dois países. De acordo com o documento oficial, o grupo liderado por Maduro representa uma ameaça à segurança e à paz dos Estados Unidos. A inclusão do cartel na lista de organizações terroristas aumenta as sanções e fortalece a atuação legal das autoridades americanas para capturar os envolvidos.

Ainda não houve resposta oficial do governo venezuelano à nova ofensiva norte-americana. No entanto, especialistas em relações internacionais afirmam que a medida pode gerar impactos diplomáticos duradouros e dificultar ainda mais as negociações entre os países.

Maduro decreta emergência econômica para enfrentar impactos de sanções e tarifas dos EUA

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou na noite desta terça-feira (8) um Estado de Emergência Econômica em todo o território nacional. A decisão foi anunciada como resposta à política tarifária dos Estados Unidos, classificada por Maduro como uma “guerra comercial sem precedentes” contra a Venezuela e o mundo.

O decreto, que terá validade inicial de 60 dias e poderá ser prorrogado, autoriza o Executivo a adotar medidas excepcionais, transetoriais e urgentes para proteger a economia nacional, garantir o equilíbrio interno e estimular a recuperação do aparato produtivo.

Segundo Maduro, as recentes sanções impostas por Washington — incluindo tarifas de 25% sobre exportações venezuelanas e o fim da licença que permitia à Chevron operar no país — comprometeram severamente as condições econômicas internas. O presidente denunciou que os Estados Unidos estão “destruindo as regras econômicas globais” e desafiando os princípios do comércio internacional.

Crise cambial, inflação e instabilidade política

Desde outubro de 2024, a economia venezuelana voltou a enfrentar forte instabilidade após um breve período de recuperação entre 2021 e 2023. A suspensão da parceria com a Chevron reduziu drasticamente a entrada de divisas no país, impactando diretamente o mercado cambial. O bolívar se desvalorizou rapidamente, fazendo o dólar oficial praticamente dobrar de valor, o que impulsionou a alta dos preços.


Discurso de Maduro ao declarar estado de emergência econômica (Vídeo: reprodução/Youtube/100 Noticias)

Segundo o Observatório Venezuelano de Finanças, a inflação acumulada no primeiro trimestre de 2025 chegou a 36,1%, enquanto a variação interanual ultrapassou os 136%. O Banco Central da Venezuela, por sua vez, não divulga dados oficiais desde outubro do ano passado.

Medida busca proteger economia nacional

A crise se agrava ainda mais no contexto político: Maduro foi reeleito em julho de 2024 sob fortes acusações de fraude eleitoral. A repressão à oposição e as denúncias de violações de direitos humanos levaram os Estados Unidos a intensificarem as sanções contra o governo venezuelano, dificultando ainda mais a recuperação econômica do país.

O presidente busca ampliar o controle sobre a política econômica da Venezuela e enfrentar o impacto das restrições impostas por Washington. Analistas alertam que medidas unilaterais e centralizadas podem não ser suficientes para conter o agravamento da crise.

Governo venezuelano diminui jornada de trabalho devido à seca

O governo da Venezuela diminuiu a jornada de trabalho do serviço público. O expediente, que antes era de 40 horas semanais, agora passa para somente 13,5 horas. Isso significa que os funcionários trabalharão três vezes na semana, das 8h às 12h30. A medida foi tomada, conforme as autoridades, devido à emergência climática que causa a redução dos reservatórios andinos, essenciais para a produção de eletricidade. A ideia da norma está em fazer a população trabalhar menos para economizar água, já que há uma escassez de recursos hídricos na Venezuela.

A medida entrou em vigor nesta segunda-feira (24), e o Ministério da Energia Elétrica da Venezuela informou que se estenderá pelas próximas seis semanas, com possibilidade de renovação. As instituições governamentais venezuelanas reduziram o seu horário de expediente. Isso engloba funcionários das instituições públicas, incluindo os gabinetes dos presidentes de câmara, gabinetes dos governadores, ministérios e os ramos do governo. Também foi implementado um regime de trabalho “1×1”, que se baseia em um dia de trabalho seguido por um dia de folga.


População venezuela terá que reduzir consumo de energia elétrica (Foto: reprodução/AFP)

Especialistas

De acordo com apuração do g1, especialistas relacionam a crise no setor à negligência, corrupção e falta de investimentos. “O governo sempre usa desculpas grosseiras como causas meteorológicas e zoológicas e sabotagens sem sabotadores”, afirmou o especialista em setor de energia José Aguilar.

Problema antigo

O governo venezuelano incentivou a população a apoiar as medidas. Ajustar a temperatura do ar-condicionado para 23 °C, aproveitar a luz natural e desligar equipamentos eletrônicos quando não estiverem em uso são algumas das recomendações do país.


Durante manifestação em março de 2019, mulher pede água e eletricidade (Foto: reprodução/Federico Parra/UOL)

Os problemas relacionados à escassez de eletricidade não são novidades na Venezuela. Em agosto de 2024, o país teve seu apagão mais longo desde 2019, quando passou por vários dias sem energia graças a um defeito no sistema elétrico que afetou todo o país.

EUA agiliza projeto para fechar cerco contra Maduro

Os Estados Unidos estão tomando medidas para aumentar a pressão sobre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, por meio de um projeto de lei que visa dificultar ainda mais suas relações comerciais internacionais. A proposta busca proibir a assinatura de contratos com pessoas ou empresas que mantenham negócios com qualquer governo venezuelano que não seja reconhecido por Washington, o que inclui o governo do presidente reeleito. A medida pretende isolar ainda mais o regime de Maduro, prejudicando sua capacidade de firmar acordos e fortalecer sua posição no cenário internacional.


Nicolas Maduro e Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Sobre o projeto

O projeto de lei, formalmente intitulado “Proibição de Transações e Arrendamentos com o Regime Autoritário Ilegítimo Venezuelano”, visa proibir os Estados Unidos de firmarem contratos com indivíduos ou entidades que conduzam negócios com o governo de Nicolás Maduro, considerado ilegítimo por Washington, ou com qualquer outro governo venezuelano que não seja reconhecido como legítimo pelos Estados Unidos. A proposta reflete a intensificação da pressão dos EUA sobre o regime de Maduro, buscando isolar ainda mais a Venezuela no cenário internacional.

A reação de Caracas foi imediata e enfurecida. O governo venezuelano classificou o projeto de lei como um “ataque criminoso” e denunciou a medida como uma agressão direta aos princípios da soberania e da autodeterminação. Em uma declaração oficial, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela acusou os Estados Unidos de agir de maneira desavergonhada ao associar o nome de Simón Bolívar à proposta, considerando isso uma ofensa ao herói nacional e ao “maior gênio da história americana”. O governo de Maduro ressaltou que Bolívar dedicou sua vida à luta contra o imperialismo e o colonialismo, ideais que, segundo eles, estão sendo desrespeitados por meio dessa nova ação, que caracterizam como uma manifestação dos “anti-valores” do imperialismo moderno.

Visão da Venezuela e dos EUA

De acordo com o governo da Venezuela, a proposta de lei apresentada pelos Estados Unidos tem como principal objetivo bloquear qualquer possibilidade de cooperação econômica entre os dois países, além de ser uma violação flagrante da Carta das Nações Unidas. As autoridades venezuelanas afirmam que essa ação se soma a um total de mais de 930 medidas coercitivas unilaterais e extraterritoriais impostas ao país, que, segundo elas, têm como intenção enfraquecer a economia e prejudicar o povo venezuelano. Através dessas sanções, Washington busca isolar ainda mais o regime de Nicolás Maduro, dificultando sua capacidade de estabelecer parcerias comerciais e políticas no cenário internacional.

Por outro lado, os Estados Unidos consideram as duas últimas reeleições de Maduro como fraudulentas e têm dado apoio ao oposicionista Edmundo González Urrutia, candidato da líder da oposição María Corina Machado. A situação política na Venezuela tem se tornado cada vez mais polarizada, e, após as eleições, Machado foi forçada ao exílio na Espanha devido à repressão política. Em um cenário de divisão interna profunda, a oposição ao regime de Maduro tem sido uma das poucas questões em que existe um ponto de convergência entre os partidos políticos nos Estados Unidos, com democratas e republicanos, em sua maioria, compartilhando o objetivo de confrontar e isolar o governo venezuelano.

Impulsão do projeto

Uma das principais forças que impulsionam o projeto de lei é o congressista republicano Mike Waltz, um forte defensor de políticas agressivas em relação a regimes autoritários. Waltz foi selecionado pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para assumir o cargo de assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, posição que reflete sua postura firme e sua disposição para adotar medidas rigorosas contra adversários geopolíticos dos EUA.

O congressista, conhecido por suas visões duras sobre questões de segurança e políticas internacionais, não hesita em expressar suas opiniões de forma contundente. Em um comunicado divulgado na segunda-feira, Waltz declarou que a crise na Venezuela é fruto diretamente do “governo ilegítimo e autoritário” de Nicolás Maduro e das “políticas marxistas” que ele impôs ao país, além de criticar o que chamou de “cartel de Caracas”, referindo-se à rede de aliados políticos e econômicos que, segundo ele, sustentam o regime.

Maduro apoia asilo de opositor e confirma vitória; González Urrutia chega à Espanha

Nicolás Maduro declarou que respeita a decisão do opositor Edmundo González Urrutia de solicitar asilo político na Espanha. Além disso, reafirmou sua vitória nas eleições de 28 de julho e prometeu que os desejos da oposição por paz e harmonia no país serão atendidos, garantindo que a paz prevalecerá.

Nicolás Maduro expressou respeito pela decisão do ex-diplomata Edmundo González Urrutia de solicitar asilo político na Espanha, desejando-lhe sucesso em sua nova vida. Em um programa de TV, Maduro afirmou que compreende a escolha de González e ressaltou que a saída do opositor foi negociada de maneira impecável, embora não tenha revelado detalhes sobre como a negociação foi conduzida.


Nicolas Maduro vence as eleições na Venezuela (foto: reprodução/Instagram/@nicolasmaduro)

Clima em Venezuela tenso após eleições

Maduro afirmou que, apesar de ter muitos defeitos, valoriza a palavra e cumpriu seus compromissos tanto pessoal quanto coletivamente, mantendo os segredos de Estado. Ele ressaltou que a negociação da saída de González Urrutia foi feita com total respeito e sigilo. Sobre a sua vitória nas eleições, Maduro declarou que agiu de forma justa e que o país está agora calmo e apoia o resultado das eleições.

González Urrutia, que enfrentava um mandado de prisão e cinco acusações criminais do Ministério Público, chegou à Espanha no domingo. Ele havia se escondido desde 30 de julho, passando um período na Embaixada da Holanda em Caracas antes de ser transferido para a Embaixada da Espanha em 5 de setembro. Seu voo pousou na base aérea de Torrejón, perto de Madri, por volta das 16h (11h no horário de Brasília).

Pelas famílias venezuelanas

González Urrutia afirmou em comunicado que deixou a Venezuela pensando em sua família e nas famílias do país, com o objetivo de evitar “um conflito de dor e sofrimento”. Ele destacou que apenas o diálogo, a democracia e a vontade popular podem restaurar a paz. Segundo seu advogado, José Vicente Haro, a decisão foi tomada em razão do perigo iminente para sua vida. A operação para sua saída, planejada por duas semanas, envolveu o ex-primeiro-ministro espanhol José Luiz Rodríguez Zapatero e autoridades venezuelanas como Jorge Rodríguez e Delcy Rodríguez, que anunciaram sua partida.

A Justiça venezuelana investiga o candidato por divulgar registros eleitorais em um site que o declara vencedor, acusando-o de desobediência, conspiração, usurpação de funções e sabotagem. María Corina Machado, também investigada, afirmou que pretende continuar na Venezuela para seguir com sua luta, apesar de não ter recebido intimação ou mandado de prisão.

Uruguai Solicita investigação de crimes contra a humanidade na Venezuela

Seguindo o pedido da Argentina, em um comunicado lançado nesta última sexta-feira (6), O Ministério das Relações Exteriores do Uruguai revelou que fez uma solicitação ao promotor do TPI (Tribunal Penal Internacional) inicie a investigação de possíveis crimes contra a humanidade cometidos na Venezuela.  

Solicitação do Uruguai

A nota informa que o Mistério das relações do país forneceu informações definidas como “complementares e objetivas” para conduzir a investigação que o Tribunal conduz desde meados de 2018. Embora, até o momento, Nicolás Maduro não tenha acusações formais feitas pelo tribunal, vários promotores e outras figuras políticas continuam buscando provas sobre as caçoes do governo do atual presidente venezuelano. 

O comunicado foi assinado em Montevidéu pelo Chanceler uruguaio, Omar Paganini e afirmar sobre um agravamento das crises humanitárias e institucionais vividas na Venezuela depois das eleições de 28 julho que reelegeu maduro. Uruguai também pede ao promotor do TPI, Karim Khan, comece a investigação dos recentes casos do país vizinho e determinar quais são considerados crimes sob a jurisdição do Tribunal, e caso necessário, adotar medidas para garantir a proteção dos diretos humanos para a população urgentemente. 


Casos agravam após a eleição de Maduro em 28 de julho (Foto: reprodução/Matias Delacroix/AP Photo)

“A decisão do governo uruguaio se baseia no agravamento da repressão contra a população civil e os líderes políticos opositores por parte dos serviços de segurança do regime após a fraude eleitoral de 28 de julho.’’ Informa a nota de Paganini.    

Argentina solicita prisão

A notícia venho algumas horas após o governo argentino informar que pedirá ao TPI emitir uma ordem de prisão para Nicolás Maduro. Conforme comunicado pela Chancelaria de Javier Milei, a solicitação será divulgada nesta segunda-feira (9) e trará evidências coletadas nas investigações do TPI e de datas posteriores às eleições de julho. 

“São elementos suficientes para considerar os méritos da emissão dos mandados de prisão”. Diz o governo argentino. 


Presidente da Argentina, Javier Milei (Foto: reprodução/Tomas Cuesta/AFP)

O atual presidente da Argentina, Milei sempre foi crítico do regime chavista de Maduro, inclusive não reconhecendo o resultado do CNE (Conselho Nacional Eleitoral) e afirma que o candidato da oposição Edmundo González foi o verdadeiro vencedor das eleições. 

EUA negocia anistia para Nicolás Maduro deixar a presidência

Conforme foi exibido por uma reportagem do The Wall Street Journal deste domingo (11), os Estados Unidos está tentando negociar uma concessão a Nicolas Maduro, ou seja, um perdão político ao presidente venezuelano, em troca de que ele aceite a renunciar seu cargo e reconheça a vitória alegada da oposição durante as eleições venezuelanas.

Ainda segundo a reportagem, que tem bases e fontes do governo norte-americano, Washington está cogitando oferecer perdões políticos à Venezuela e garantias de não perseguir Maduro nem o dirigente de seu governo.

A Venezuela foi às urnas em julho deste ano, e a oposição diz ter ganhado o resultado do pleito. Maduro alega que foi o ganhador e se nega a deixar o posto de presidente do país.


Nicolás Maduro segurando a bandeira da venezuela em sua campanha para presidencia do país (Reprodução/Instagram/@nicolasmaduro)

Eleições venezuelanas

O concelho nacional eleitoral, que corresponde ao tribunal eleitoral é aliado de Maduro, e anunciou a vitória do atual com 52% dos votos, mas não publicou o relatório eleitoral, ou seja, documentos que registram votos e os resultados em cada local do país, que são como prova do resultado final de um pleito. A CNE alega que o sistema foi hackeado

A oposição afirma que seu candidato Edmundo González venceu as eleições com 67% dos votos e como prova apresenta um site criado pelos próprios adversários com mais de 80% das atas digitalizadas, ao qual o grupo teve acesso por meio de representantes que estiveram presente da maioria dos locais de votação.

Na semana passada, uma contagem independente dos resultados eleitorais realizada pela agência noticiosa Associated Press (AP) com base nestes dados mostrou que o candidato da oposição venceu as eleições por uma diferença de 500 mil votos.

Acusação dos EUA e resposta de maduro para a oposição

Os Estados Unidos acusam Maduro de conspirar com seus aliados para importar cocaína para os Estados Unidos e, em 2020, ofereceram uma recompensa de US$ 15 milhões (cerca de 82,5 milhões de reais) por informações que pudessem facilitar a prisão do presidente venezuelano. Se as negociações da anistia de Maduro continuarem e forem bem-sucedidas, Washington cancelará a recompensa, afirma o Wall Street Journal.

Na semana passada, a oposição venezuelana também disse estar disposta a oferecer garantias para proteger o presidente venezuelano se ele aceitasse uma transição gradual de poder. Maduro descartou qualquer possibilidade de negociação e pediu à líder da oposição María Corina Machado que se entregasse à Justiça, a oposicionista está em um esconderijo em Caracas desde o fim das eleições.

Ainda segundo fontes ouvidas pelo jornal norte-americano, os Estados Unidos já tinham oferecido anistia a Maduro durante negociações secretas realizadas no ano passado em Doha, no Catar.

Brasil, Colômbia e México emitem novo comunicado sobre eleições na Venezuela

Nesta quinta-feira (08), ministros das Relações Exteriores do Brasil, Colômbia e México publicaram um segundo comunicado cobrando o resultado detalhado da ata das eleições do último dia 28 de julho que teria elegido Nicolás Maduro novamente ao poder.

Os governos solicitaram a atuação do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), para que divulguem um resultado transparente após uma ação aberta do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) para analisar as mais de 30 mil mesas de votação. 

Além disso, enfatizam a necessidade de uma “apuração imparcial”, com objetivo de garantir prevalência popular e pedem atuação das Forças Armadas para garantir a cautela e moderação em atos de manifestação para que respeitem os limites da lei. 

Em nota, os países reiteraram seu respeito à soberania Venezuela e a vontade do povo, afirmando que as soluções devem partir do próprio país, além de colocarem à disposição para manter “esforços de diálogo e busca de entendimentos que contribuam à estabilidade política e à democracia no país”.


Comunicado publicado no site oficial do Governo Federal do Brasil, nota de número 358 (Foto: Reprodução/gov.br)


Primeiro comunicado

No início do mês de agosto, os três países já haviam feito a primeira nota pedindo a divulgação dos resultados de forma detalhada, além da realização do processo de forma rápida mas eficiente e que traga veracidade e confiabilidade nas informações.

Ressaltaram ainda as missões de “manter a paz social e proteger vidas humanas” como prioridades do momento, que foi considerado “muito bom” por Maduro.

O governo venezuelano fez diversas prisões em meio às manifestações pós-eleitorais com alegações de fraudes e violações dos direitos humanos, acentuando a desconfiança da população em meio ao resultado obtido.


Civis manifestam contra resultados das eleições que elegeram Maduro (Foto: Reprodução/Pedro Rances Mattey/Anadolu/Getty Images)


Os observadores internacionais que tiveram restrições impostas pela Venezuela, criticaram o processo eleitoral e afirmaram que os padrões democráticos não foram atendidos, questionando a legitimidade das eleições. O Centro Carter, que trabalha como observador independente, afirma que Edmundo González recebeu a maior parte dos votos e, portanto, venceu as eleições.

O secretário do departamento de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou por meio de nota que Nicolás Maduro perdeu as eleições com base em boletins divulgados pela oposição e destacou que a falta de retorno por parte do CNE, comprometeu a credibilidade dos resultados. Além disso, criticam as ameaças feitas contra líderes da oposição, solicitando uma transição tranquila conforme as leis.

Maduro rebateu as acusações e alegou que a declaração feita por Blinken foi uma resposta ao comunicado feito pelo Brasil, Colômbia e México, afirmando que os EUA têm interferido nas eleições da Venezuela.

O atual presidente comentou que tem estabelecido contatos com o Brasil por mediação do assessor Celson Amorim e do ministro Mauro Vieira, mas ainda não teve uma conversa direta com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Negociação da Oposição

A líder da oposição Maria Corina Machado, informou aos jornalistas as condições de negociação com o governo venezuelano que inclui o reconhecimento da vitória de González, uma transição pacífica com base na democracia, o respeito aos direitos constitucionais e a participação ativa nas discussões.

Machado deixou claro que não aceitará Maduro na presidência caso o resultado não tenha sido favorável a ele e que conta com a mediação dos três países, já em participação.

O Tribunal Supremo de Justiça da venezuela convocou nesta quarta-feira (07), candidatos de partidos para a certificação dos resultados, porém González não compareceu, temendo sua prisão, como explicou em comunicado:

“Se eu fosse, estaria em situação de absoluto desamparo (…) O trâmite não se corresponde com nenhum procedimento legal contemplado pela Lei Orgânica do Tribunal Supremo de Justiça ou de outra lei sobre a jurisdição eleitoral.”

Maduro afirmou após as eleições que os opositores deveriam ser presos, alegando que a justiça chegaria a eles. 

Machado comentou que teme a prisão devido aos últimos acontecimentos, lembrando ainda a detenção de uma coordenadora de campanha, María Oropeza, detida sem ordem judicial.

Oropeza que é a atual chefe da campanha de Edmundo González no estado de Portuguesa e ex-coordenadora de María Corina Machado, chegou a gravar o exato momento da prisão declarando que não fez nada de errado, enquanto homens encapuzados arrombaram a porta do seu imóvel.


Oropeza foi surpreendida por militares que invadiram sua residência e a levaram presa (Vídeo: Reprodução/YouTube/@cnnbrasil)


Maduro não respondeu diretamente a Oropeza, mas fez declarações justificando as prisões realizadas e citou as reações dos EUA em casos semelhantes:

“Se nos Estados Unidos alguém aparece no WhatsApp, ou em rede social, ameaçando matar o presidente, o que acontece com ele? Cadeira elétrica. ‘Tum tum’ Abra a porta”, afirmou Maduro.

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, que tem em sua maioria, aliados de Nicolás Maduro, justificou o atraso na divulgação dos resultados por suspeitas de ataque cibernético que logo foi negado por parte da oposição e dos observadores.

Entre o resultado final com 51,95% de votos para Maduro e 43,18% para González, há a esperança de que os dados sejam revisados pelo CNE e que prevaleça a constituição eleitoral e o pleito de eleitores, garantindo que a vontade do povo seja respeitada, contando ainda com os olhares de diversos países na defesa da democracia.