Trump planeja se reunir com Putin e Zelensky nos próximos dias

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou nesta quarta-feira (6), o representante especial Steve Witkoff para se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin. Embora os detalhes da conversa ainda não estejam claros, a iniciativa pode representar mais uma tentativa de negociação por um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia.

A guerra entre os dois países começou em 2022, e Putin e Zelensky não mantêm diálogo direto desde o início dos combates, há cerca de três anos e meio.

Guerra na Ucrânia perdura há mais de três anos

O conflito entre Rússia e Ucrânia começou a se intensificar em 2013, com protestos populares na Ucrânia, após o então presidente ucraniano Viktor Yanukovych recusar um acordo de entrada do país ucraniano na União Europeia optando por se manter isolado, assim como a Rússia. A pressão popular levou à queda de Yanukovych em 2014, gerando instabilidade política no país. No mesmo ano, a Rússia anexou a região da Crimeia e passou a apoiar separatistas pró Rússia.


A guerra da Ucrânia e seus impactos (vídeo: reprodução\Youtube\CNN Brasil)


A guerra começou em 2022, com um ataque surpresa por parte da Rússia ao território ucraniano. Desde então, o confronto já causou milhares de mortes, milhões de feridos e destruição generalizada, sem previsão de cessar-fogo.


O “tarifaço” e seus impactos para Rússia e Ucrânia


Desde o início de seu segundo mandato, Donald Trump tem retomado sua política econômica protecionista, com tarifas elevadas sobre importações, o chamado “tarifaço”. A medida pode endurecer ainda mais a escassa relação econômica da Rússia, já afetada por sanções internacionais, e dificultar o apoio financeiro à Ucrânia, que depende de ajuda externa para se manter na guerra.

O envio de um representante de Trump para se reunir com Vladimir Putin ocorre às vésperas da entrada em vigor de um novo pacote de tarifas, previsto para esta sexta-feira (8). A expectativa é que Trump se encontre pessoalmente com Putin na próxima semana e, posteriormente, com Zelensky, na tentativa de intermediar um cessar-fogo.

Aumento de tarifas impede exportação de mais de 2 mil toneladas de mel

O tarifaço sobre a importação de produtos brasileiros deixaram mais de 2 mil toneladas de mel paradas desde 09 de julho, quando a taxação foi anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O Brasil é o 5º maior exportador de mel no mundo, ficando atrás somente da Ucrânia, Argentina, Índia e em primeiro lugar, China. A taxação se iniciou nessa quarta-feira, dia 06 de agosto, após falhas tentativas de negociação com os EUA. 

Importações de mel

O cenário preocupa produtores e exportadores desde julho, com o anúncio do tarifaço. No mês passado, as exportações de mel ficaram 50% abaixo do esperado, de acordo com dados coletados pela Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel). 

A tarifa sob a importação de produtos brasileiros, atinge a histórica relação dos Estados Unidos com a importação de mel brasileiro, sendo os principais compradores. Segundo a Abemel, mais de 80% das vendas do Brasil para o exterior foram somente para os Estados Unidos. 

Com a queda das importações dos Estados Unidos, o presidente da Abemel, Renato Azevedo, estuda novos mercados e redirecionar o produto para o mercado interno. Ainda de acordo com ele, a maioria da produção de mel vem da agricultura familiar e o impacto da queda das vendas para os norte-americanos também comprometeria a renda de milhares de famílias.

Novos desafios na exportação

A nova alternativa dos exportadores é encontrar novos mercados, porém não é uma tarefa fácil. Um dos principais pontos é que cada país ou bloco econômico possui suas próprias exigências de qualidade. Além disso, focar no mercado interno, em um curto prazo, será um desafio, uma vez que o brasileiro não tem costume de consumir mel.


Produtores de mel do Mato Grosso do Sul, maior produtor do país (Foto: reprodução/Senar).

De acordo com Renato Azevedo, a Europa é o segundo maior comprador de ml brasileiro, porém a cada ano eles aumentam as exigências de qualidade. Atualmente, cada produtor deve ter uma certificação individual. Como grande parte da produção do produto vem de pequenos agricultores que não possuem condições econômicas e estruturais para atender essa exigência, que dificulta no volume de vendas para a Europa: “Por isso, conseguir a certificação orgânica europeia se tornou algo quase inviável para o Brasil.”, afirmou Azevedo.

Por outro lado, as vendas de mel orgânico não sofreram tanto, uma vez que os norte-americanos têm preferência para esse tipo e abre margem para negociações com o governo norte-americano.

Estratégias

Para vencer a crise, o setor está criando estratégias de médio a longo prazo para contornar a situação. Conforme o presidente da Abemel, o mel pode ficar estocado por até 3 meses, permitindo uma margem maior para negociações com o mercado norte-americano. 

Algumas estratégias são: inclusão do mel na cesta básica, incentivo de compra de mel por programas públicos, atualização e regulamentação técnica de certificados de identidade e qualidade do produto, alterar rótulos de produtos que contenham mel na composição e identificar o ingrediente e criação de promoção internacional do mel brasileiro. 

Mas segundo o presidente Confederação Brasileira de Apicultura (CBA), Sérgio Farias, mesmo com as estratégias o setor não possui um plano B, uma vez que é fortemente dependente dos Estados Unidos. 

Itamaraty diz que governo Lula acionou OMC contra tarifaço de Trump

Nesta quarta-feira (6), o Ministério das Relações Exteriores informou que o governo brasileiro acionou a Organização Mundial do Comércio (OMC), por ser contra a sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump em relação aos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos.

O governo brasileiro entrou com um pedido de formalização chamado “pedido de consulta” na OMC, a qual se situa em Genebra, na Suíça.

A entidade possui um mecanismo de julgamento, utilizado na eventualidade da abertura de um painel. A consulta é precedente a tais etapas.

O que a medida prevê

Aproximadamente 35,9% das exportações brasileiras aos EUA poderão ser afetadas, a estimativa foi feita pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).


Organização Mundial do Comércio (OMC), deve avaliar o caso (Foto: reprodução/Instagram/@portalg1)


A lista é longa, mas a medida prevê exceções, tais quais suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos. Todavia, a carne e o café fazem parte dos produtos afetados.


O que esperar da OMC

O que se sabe é que o processo de avaliação pode ser longo e demorado, e sem garantia de sucesso. A organização tem tido sua atuação esvaziada, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entende que a entidade precisa ser fortalecida de modo a poder voltar a mediar divergências entre nações.


Governo brasileiro aciona OMC contra sobretaxa de Trump, mas não há garantias de sucesso (Foto: reprodução/Instagram/@lulaoficial)


O governo brasileiro publicou na última terça-feira resolução no “Diário Oficial da União” que permitia que o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) acionasse o mecanismo de solução de controvérsias (SSC) da OMC.

O objetivo do mecanismo utilizado pela OMC visa assegurar que as nações cumpram os acordos comerciais, para que as medidas consideradas incompatíveis possam ser contestadas. Ao agir dessa maneira, o governo brasileiro tem como objetivo se posicionar a favor do multilateralismo.

Brasil recorre à OMC para contestar tarifaço

O Brasil está se preparando para levar à Organização Mundial do Comércio (OMC) uma crítica formal às recentes medidas protecionistas adotadas pelos Estados Unidos, que o governo brasileiro descreve como um “sério risco” para o comércio global. A iniciativa, liderada pelo Itamaraty e em avaliação pela Camex (Câmara de Comércio Exterior), busca contestar a imposição de novas tarifas americanas que, segundo a diplomacia brasileira, ferem acordos internacionais e carecem de justificativa técnica.

Brasil detalha as principais preocupações

Um documento interno do Ministério das Relações Exteriores, que servirá de base para a argumentação brasileira, detalha as principais preocupações. A principal delas é que as tarifas violam obrigações firmadas pelos Estados Unidos no âmbito da OMC, em especial o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT). Para o Brasil, essas medidas não apenas prejudicam as relações bilaterais, mas também comprometem a previsibilidade e a estabilidade essenciais para o fluxo comercial ao nível mundial. A decisão de recorrer à OMC, portanto, é vista como uma forma de o Brasil reafirmar seu compromisso com o sistema multilateral de comércio.


Matéria sobre ida do Brasil a OMC (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)

Defesa contra argumentos “insustentáveis” dos EUA

Além da questão técnica, o Itamaraty ressalta que a justificativa apresentada pelos Estados Unidos para as tarifas é insustentável. A diplomacia brasileira argumenta que as medidas são discriminatórias e carecem de base factual, especialmente porque a balança comercial entre os dois países favorece historicamente os Estados Unidos. Outro ponto crítico é a menção a questões políticas internas, como uma suposta perseguição a um ex-presidente, que o Brasil considera fora do escopo comercial e uma tentativa de desestabilizar as relações.

O governo brasileiro também acredita que as ações americanas vão além das fronteiras comerciais. As tarifas, ao se desviarem dos compromissos multissetoriais da OMC, desestabilizam o equilíbrio conquistado em décadas de negociações multilaterais. Para o Brasil, a falta de fundamento e o uso de argumentos não comerciais representam um precedente perigoso que pode minar a estrutura do comércio internacional. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia sinalizado a intenção de buscar a OMC, e a aprovação na Camex solidifica essa posição. A decisão de avançar com o contencioso na OMC em Genebra, na Suíça, demonstra a seriedade com que o Brasil encara a defesa de seus interesses econômicos e a estabilidade do sistema comercial global.

Donald Trump fala em distribuir dinheiro proveniente de tarifas aos americanos

Neste domingo (3), o presidente Donald Trump, anunciou que alguns estadunidenses podem receberam algum tipo de valor como resultado das tarifas que serão impostas aos parceiros comerciais dos EUA. Conforme palavras do presidente, os cidadãos com baixa ou média renda poderão receber parte dos valores arrecadados pelo governo americano em decorrência dessa situação. O tarifaço, que entrará em vigor nesta terça-feira (5), ganhou uma novidade nesta última semana, pois ele assinou aumento em países como a Síria com 41% seguida por Laos e Mianmar com 40%.

Respostas ao governo brasileiro

Conforme informações da Casa Branca, a taxação de 50% contra o Brasil foi adotada devido às ações do governo do Brasil, pois eles estariam representando uma ameaça um tanto quanto incomum e extraordinária à segurança nacional na política externa, além de serem direcionados à economia da Terra do Tio Sam. A informação oficializa o percentual citado na carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula Da Silva, afirmando que a ordem executiva foi emitida por conta de ações que prejudicaram empresas americanas, a liberdade e a expressão.

O Brasil criou a lei de reciprocidade econômica para responder às taxas impostas pelo governo americano. Além de defender a soberania do país, Lula ainda falou que era falsa a fala de Donald Trump, que relata um déficit na balança comercial com o Brasil. Mediante a esta nova regra, o poder executivo estaria autorizado a trabalhar em conjunto com o setor privado para adotar contramedidas na forma de restrição nas importações de bens e serviços com medidas de suspensão de concessões comerciais.


Donald Trump em reunião com o presidente das Filipinas (Foto: reprodução/Chip Somodevilla/Getty Images Embed)


Países afetados

Além do Brasil, alguns países também tiveram aumento de tarifas por decisões de Donald Trump. Por exemplo, o Canadá que teve uma subida de 10%,(era 25% e agora está 35%), neste caso foi porque houve uma inação e retaliação do país em questão, o presidente achou melhor aumentar as tarifas. O governante dos EUA, disse ainda que ira aumentar as taxas sobre a Índia, por conta de eventuais compras de petróleo Russo, afirmando que os indianos não estão se importando com as pessoas que estão morrendo na Ucrânia.

Na última quinta-feira (31), Donald Trump listou taxas de 10% a 41%, para 69 parceiros comerciais, começando a valer em sete dias, alguns países fizeram acordo com ele, mais outros não conseguiram, como o Brasil. A decisão transmite a informação que os produtos dos países não listados no anexo, o aumento será de 10%.

Trump diz estar “aberto a negociações” com Lula enquanto impõe tarifaço de 50% ao Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou a repórteres no jardim da Casa Branca, nesta sexta-feira (1), que está aberto a negociações com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Ele pode falar comigo quando quiser”, disse Trump, acrescentando ainda que ama o Brasil. A fala acontece no mesmo dia em que entrou em vigor o chamado “tarifaço” sobre produtos brasileiros, com alíquotas que chegam a 50%.

Interesses diplomáticos e possibilidade de diálogo

Trump respondeu a uma pergunta de uma repórter da TV Globo sobre um possível diálogo com Lula e aproveitou para criticar a condução atual do governo brasileiro. “As pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada”, afirmou o presidente norte-americano. A declaração foi interpretada como uma possível interferência nos assuntos internos do Brasil, embora o tom de abertura para o diálogo com o presidente Lula sugira uma tentativa de manter canais diplomáticos ativos.

Impactos globais e o “tarifaço” no Brasil

Também nesta sexta-feira, os Estados Unidos oficializaram a aplicação de tarifas adicionais que impactam diretamente a economia brasileira. Com o novo pacote, produtos brasileiros passaram a ser taxados em até 50% na entrada do mercado americano. A medida é parte de um movimento mais amplo do governo Trump, que aumentou tarifas de importação sobre mais de 60 países, sob o argumento de proteger a indústria nacional e reequilibrar a balança comercial.

No caso do Brasil, itens como café, carne e aço estão entre os mais afetados. Algumas exceções foram mantidas, como aeronaves, suco de laranja e fontes de energia, que ficaram isentos da sobretaxa. Ainda assim, o impacto sobre a economia brasileira deve ser significativo, especialmente no setor agroindustrial.

Reações brasileiras e cenário político

O governo brasileiro já encaminhou uma queixa formal à Organização Mundial do Comércio (OMC) e estuda medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial. Internamente, a notícia provocou protestos nas ruas e nas redes sociais, impulsionando manifestações digitais conhecidas como “vampetaço”, meme que se tornou viral feito em alusão à insatisfação com a postura americana. Analistas indicam que o Brasil precisará agir com firmeza, mas também com diplomacia, para evitar o agravamento das tensões bilaterais.


Manifestantes com máscaras de Trump e Bolsonaro protestam na rua 25 de Março contra o tarifaço dos EUA (Foto: reprodução/Nelson Almeida/AFP/Getty Images Embed)


Contradições

A fala de Trump, embora cordial em tom, ocorre em um momento de forte tensão econômica entre os dois países. O convite ao diálogo com Lula contrasta com a imposição de tarifas severas, e aparentemente arbitrárias, revelando uma diplomacia contraditória. Resta ao Brasil equilibrar firmeza e diplomacia para proteger seus interesses e buscar soluções multilaterais diante da nova política comercial dos Estados Unidos.

Lei Magnitsky é aplicada a Alexandre de Moraes pelo governo dos EUA

Os Estados Unidos aplicaram oficialmente nesta quarta-feira (30) a Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. É a primeira vez em que a norma é usada contra uma autoridade de poder do Brasil, com efeitos punitivos que incluem por exemplo bloqueio de cartões de créditos e contas nos EUA.

A informação foi publicada pelo Escritório de Controles de Ativos Estrangeiros do Tesouro norte-americano, em meio a tensões diplomáticas e comerciais com o Brasil, especialmente relacionadas à condução dos processos no STF contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com o governo norte-americano, as sanções já estão em vigor, incluindo bloqueio de ativos e proibição de transações com cidadãos e empresas americanas.

O que é a Lei Magnitsky

A Lei Magnitsky foi criada em 2012, durante a presidência de Barack Obama, em homenagem ao advogado russo Sergei Magnitsky, ao denunciar um esquema de desvio de dinheiro por membros do governo russo. Em 2016, a lei foi ampliada e ganhou abrangência global, permitindo ao governo norte-americano punir indivíduos estrangeiros acusados de corrupção ou qualquer violação aos direitos humanos – já que inicialmente, a norma havia sido criada somente para punir os indivíduos envolvidos na morte de Sergei. 

Segundo o secretário do Tesouro nos EUA, Moraes teria conduzido uma suposta “caça às bruxas” contra Bolsonaro – como mencionado pelo Presidente Donald Trump em sua carta dirigida ao Brasil sobre o tarifaço. Além disso, o ministro do STF é acusado de promover censura e conduzir “prisões arbitrárias” que violam direitos humanos, usando o sistema judiciário brasileiro para perseguir adversários políticos. A justificativa dada em discurso é de que os EUA continuaram responsabilizando os indivíduos que ameaçam os interesses do país norte-americano e as liberdades de seus cidadãos. 


Donald Trump, atual presidente dos EUA, e Jair Bolsonaro juntos (Foto: reprodução/Chris Kleponis-Pool/Getty Images Embed)


Sanções contra Moraes

Com a sanção entrando em vigor oficialmente, Alexandre de Moraes passa a ter todos os seus bens e ativos sob jurisdição dos EUA congelados. Por exemplo, seus cartões de crédito com bandeiras que operam nos EUA devem ser bloqueados, além de contas em bancos nos Estados Unidos. Caso o banco permita que a conta continue ativa, a própria instituição pode sofrer com sanções. O ministro também teve seu visto cancelado e está proibido de entrar nos Estados Unidos. 

Funcionários do Itamaraty entrevistados pela TV Globo acreditam que a sanção imposta contra Moraes pode ser considerada uma escalada da tensão entre os dois países, que vem crescendo cada vez mais, em especial com o tarifaço de Trump. A sanção é vista por eles como uma manobra do governo Trump para que Bolsonaro saia impune de seus processos.

Lula está aberto ao diálogo com Trump, mas exige interlocução pessoal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sinalizou estar aberto a dialogar diretamente com Donald Trump sobre o tarifaço imposto contra mercadorias brasileiras. Segundo fontes do Planalto, Lula não se opõe a um entendimento bilateral, mas condiciona o contato ao atendimento pessoal por parte do mandatário norte-americano. A disposição surgiu após parlamentares brasileiros sugerirem o diálogo como estratégia para amenizar os impactos econômicos iminentes.

Planalto enxerga entraves diplomáticos

Apesar da intenção brasileira, auxiliares relatam impasses nas tentativas de aproximação. Há percepção de que a Casa Branca busca adiar qualquer conversa até que as tarifas entrem em vigor, no dia 1º de agosto, como forma de fortalecer sua posição nas negociações. Integrantes do governo brasileiro relatam que os canais de comunicação com Washington estão praticamente bloqueados, o que impede contato direto com figuras-chave da administração Trump.

Um assessor próximo a Lula afirmou que o Brasil continuará aberto ao entendimento, mas ressaltou que há limites claros para o diálogo. “A soberania não é negociável”, declarou. O governo brasileiro também se opõe a qualquer tentativa de ingerência em assuntos internos, como decisões do Supremo Tribunal Federal e o funcionamento do Pix. Autoridades americanas teriam demonstrado incômodo com o sistema de pagamentos, alegando prejuízos a empresas do setor financeiro.


Lula fala sobre dialogar com Trump (Vídeo: reprodução/Instagram/@lulaoficial)


Tarifas e impactos econômicos

Em comunicado divulgado no início de julho, Trump anunciou a elevação de tarifas para 50% sobre produtos brasileiros, justificando a medida com argumentos de natureza política e comercial. Embora não cite explicitamente o Brasil, o presidente americano incluiu o país entre os que mantêm, segundo ele, uma “relação desfavorável” com os Estados Unidos. A decisão afeta diretamente cerca de 10 mil empresas brasileiras que exportam para o mercado americano, empregando mais de 3 milhões de trabalhadores.

O chanceler Mauro Vieira cumpre agenda oficial em Nova York, junto à ONU, mas poderá se deslocar para Washington se houver sinal explícito de interesse por parte dos EUA. De acordo com apuração da imprensa, o ministro sinalizou que sua ida à capital norte-americana está condicionada a uma manifestação concreta do governo Trump. Enquanto isso, o vice-presidente Geraldo Alckmin destacou que multinacionais com atuação no Brasil, como GM, Johnson & Johnson e Caterpillar, também serão prejudicadas pela medida.

Alckmin convoca união de empresas

Em declaração recente, Alckmin defendeu a união de empresas brasileiras e americanas para contestar o tarifaço. “Queremos todos unidos para resolver essa questão”, afirmou. O vice-presidente lembrou que diversas companhias têm operações significativas nos dois países, o que amplia os efeitos negativos da nova política comercial de Trump. Segundo ele, é necessário envolver o setor produtivo no esforço diplomático para evitar um retrocesso nas relações econômicas bilaterais.

Senadores do partido Democratas acusam Trump de “abuso de poder”

Uma carta enviada por 11 senadores do partido Democratas dos Estados Unidos, acusou o presidente Donald Trump de cometer um “claro abuso de poder” ao adotar tarifas de 50% sobre importação de produtos brasileiros, em retaliação ao andamento dos processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Entenda o caso

No dia 9 de julho deste ano, Trump anunciou por meio de uma carta endereçada a Lula um “tarifaço” sobre os produtos importados do Brasil, alegando que o ex-presidente Jair Bolsonaro estaria sendo tratado injustamente nos processos que está sendo acusado.  Os senadores democratas ressaltaram em carta que os Estados Unidos importam mais de US$ 40 bilhões por ano do Brasil e que o comércio sustenta mais de 130 mil empregos no país norte-americano e, além disso, ressaltaram a crescente preocupação da aproximação do Brasil com a China.

O Brasil tem acordos comerciais com a China através do BRICS, o país asiático é o principal parceiro comercial do Brasil desde 2009, sendo responsável por mais de US$ 160 bilhões de dólares em trocas comerciais. Ambos os países atuam juntos para promover uma economia mais multipolar e defendem o uso de moedas locais, reduzindo assim a dependência do dólar. 


Presidente do Brasil e da China em discursos na reunião do BRICS (Foto: reprodução/ Evaristo Sa/ Getty Imagens Embed)


Repercussões Políticas

Além da carta, os senadores buscam avançar com uma proposta legislativa que exija uma supervisão congressual para novas tarifas, buscando assim limitar o poder executivo nessa área. A resposta brasileira ao caso inclui planos para oferecer créditos às empresas afetadas pelas tarifas, e possível imposição de tarifas aos Estados Unidos com base na Lei de Reciprocidade Comercial.

Nesta sexta (25) uma comitiva de senadores brasileiros embarcou para o país norte-americano a fim de abrir um canal de negociação sobre o “tarifaço”, entretanto a equipe do presidente Lula ouviu que Trump não autorizou o diálogo da Casa Branca com o país, em discurso o presidente do Brasil defendeu a soberania nacional.  

Após anúncio do tarifaço, preço dos alimentos cai no Brasil e aumenta nos EUA

Uma análise realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (CEPEA-Esalq), pertencente à Universidade de São Paulo (USP), indicou que os preços da carne (boi gordo), café e laranja diminuíram em julho, quando comparados ao mês anterior. A queda foi de 8,05%, 4,18% e 5%, respectivamente.

Em contraste, o índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI), aferido pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho do país, pasta vinculada ao governo americano, revelou que produtos similares tiveram alta de 1,4% (carne moída), 2,2% (café) e 4,4% (laranja) em seu território.

Esse quadro se configura após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma tarifa superlativa sobre as exportações brasileiras, que se iniciará em 1º de agosto.

Uma possível explicação é que os produtores brasileiros dos referidos artigos, ao ter acesso dificultado a um dos mais importantes mercados do mundo, perderam capacidade de negociação e tiveram de diminuir preços para conquistar novos consumidores.

Há, porém, uma ressalva: se, por um lado, positivo para o consumidor, a diminuição do preço dos produtos agropecuários brasileiros pode desestimular produtores e afetar emprego e renda geral da população. 

Trump avança sobre produtos brasileiros

No dia 9 de julho, Donald Trump anunciou em carta endereçada ao presidente Lula a imposição de uma taxa de 50% para artigos produzidos no Brasil que entrassem nos EUA.


Donald Trump impôs uma taxação ao Brasil maior do que à de qualquer país, no momento (Foto: reprodução/Tasos Katopodis/Getty Images Embed)


A justificativa, de acordo com Trump, foi a suposta perseguição política a Jair Bolsonaro e restrições à liberdade de expressão de cidadãos americanos no Brasil, sendo essa última uma possível referência a casos em que o STF demandou ações de redes sociais envolvidas na difusão de fake news e ataques a instituições, como o X, de Elon Musk.

A medida trumpista ocorreu dois dias após o fim da Cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro, que pautou políticas como desdolarização das trocas comerciais, democratização da inteligência artificial e governança global inclusiva. O evento diplomático reuniu os líderes das 11 maiores economias emergentes do mundo.

Medida estadunidense reforça imbróglio entre Bolsonaro e STF

A defesa de Trump a Bolsonaro culminou com um mal-estar interno entre ocupantes de diferentes poderes da federação.

Ao citar a oposição a Bolsonaro como uma das causas de sua atitude, Trump abriu margens para que o ex-presidente brasileiro passasse a vincular a revogação da medida americana à sua anistia. 

No dia 18 de julho, última sexta-feira, Bolsonaro foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal e imposição de medidas cautelares como recolhimento noturno domiciliar, proibição de se aproximar de embaixadas e obrigatoriedade do uso de tornozeleira eletrônica após a Procuradoria Geral da República denunciá-lo por 5 crimes ligados a uma suposta tentativa de golpe de Estado e identificar concreta possibilidade de fuga.

Na ocasião, o ministro do STF Alexandre de Moraes alegou que Jair Bolsonaro atentou contra a soberania nacional ao vincular o fim do tarifaço de Trump à sua anistia.

Nessa quarta-feira (23), Flávio Bolsonaro entrou com um pedido de impeachment de Alexandre de Moraes no Senado frente à decisão das medidas cautelares, segundo ele imparciais. Trata-se do 28º pedido de afastamento de Moraes da Corte Constitucional brasileira.