Após anúncio do tarifaço, preço dos alimentos cai no Brasil e aumenta nos EUA

Uma análise realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (CEPEA-Esalq), pertencente à Universidade de São Paulo (USP), indicou que os preços da carne (boi gordo), café e laranja diminuíram em julho, quando comparados ao mês anterior. A queda foi de 8,05%, 4,18% e 5%, respectivamente. […]

23 jul, 2025
Foto destaque: boi gordo teve redução de 8,05% em julho no atacado brasileiro (Reprodução/Nelson Almeida/Getty Images Embed)
Foto destaque: boi gordo teve redução de 8,05% em julho no atacado brasileiro (Reprodução/Nelson Almeida/Getty Images Embed)
Vê-se uma faixa horizontal no meio da imagem ocupada por um estrada de terra, na qual passa um rebanho bovino. As extremidades horizontais são ocupadas por vegetação

Uma análise realizada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (CEPEA-Esalq), pertencente à Universidade de São Paulo (USP), indicou que os preços da carne (boi gordo), café e laranja diminuíram em julho, quando comparados ao mês anterior. A queda foi de 8,05%, 4,18% e 5%, respectivamente.

Em contraste, o índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI), aferido pelo Departamento de Estatísticas do Trabalho do país, pasta vinculada ao governo americano, revelou que produtos similares tiveram alta de 1,4% (carne moída), 2,2% (café) e 4,4% (laranja) em seu território.

Esse quadro se configura após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma tarifa superlativa sobre as exportações brasileiras, que se iniciará em 1º de agosto.

Uma possível explicação é que os produtores brasileiros dos referidos artigos, ao ter acesso dificultado a um dos mais importantes mercados do mundo, perderam capacidade de negociação e tiveram de diminuir preços para conquistar novos consumidores.

Há, porém, uma ressalva: se, por um lado, positivo para o consumidor, a diminuição do preço dos produtos agropecuários brasileiros pode desestimular produtores e afetar emprego e renda geral da população. 

Trump avança sobre produtos brasileiros

No dia 9 de julho, Donald Trump anunciou em carta endereçada ao presidente Lula a imposição de uma taxa de 50% para artigos produzidos no Brasil que entrassem nos EUA.


Donald Trump impôs uma taxação ao Brasil maior do que à de qualquer país, no momento (Foto: reprodução/Tasos Katopodis/Getty Images Embed)


A justificativa, de acordo com Trump, foi a suposta perseguição política a Jair Bolsonaro e restrições à liberdade de expressão de cidadãos americanos no Brasil, sendo essa última uma possível referência a casos em que o STF demandou ações de redes sociais envolvidas na difusão de fake news e ataques a instituições, como o X, de Elon Musk.

A medida trumpista ocorreu dois dias após o fim da Cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro, que pautou políticas como desdolarização das trocas comerciais, democratização da inteligência artificial e governança global inclusiva. O evento diplomático reuniu os líderes das 11 maiores economias emergentes do mundo.

Medida estadunidense reforça imbróglio entre Bolsonaro e STF

A defesa de Trump a Bolsonaro culminou com um mal-estar interno entre ocupantes de diferentes poderes da federação.

Ao citar a oposição a Bolsonaro como uma das causas de sua atitude, Trump abriu margens para que o ex-presidente brasileiro passasse a vincular a revogação da medida americana à sua anistia. 

No dia 18 de julho, última sexta-feira, Bolsonaro foi alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal e imposição de medidas cautelares como recolhimento noturno domiciliar, proibição de se aproximar de embaixadas e obrigatoriedade do uso de tornozeleira eletrônica após a Procuradoria Geral da República denunciá-lo por 5 crimes ligados a uma suposta tentativa de golpe de Estado e identificar concreta possibilidade de fuga.

Na ocasião, o ministro do STF Alexandre de Moraes alegou que Jair Bolsonaro atentou contra a soberania nacional ao vincular o fim do tarifaço de Trump à sua anistia.

Nessa quarta-feira (23), Flávio Bolsonaro entrou com um pedido de impeachment de Alexandre de Moraes no Senado frente à decisão das medidas cautelares, segundo ele imparciais. Trata-se do 28º pedido de afastamento de Moraes da Corte Constitucional brasileira.

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