Índia mantém relações comerciais com os EUA em meio à expectativa para novas tarifas

O ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, declarou neste sábado (23), que está mantendo as relações comerciais entre Nova Délhi e Washington, mesmo com o país asiático precisando proteger determinados setores estratégicos.  A fala acontece por conta da expectativa de novas tarifas impostas pelos Estados Unidos contra produtos indianos, que podem ser confirmadas nos próximos dias.

Tarifas ampliam atrito e travam negociações comerciais

Os EUA anunciaram sobretaxas que podem chegar a 50% sobre algumas exportações indianas, uma das medidas mais duras já aplicadas contra o país. Atualmente, uma tarifa de 25% está em andamento, e a parcela restante está prevista para começar a valer a partir de 27 de agosto. A Casa Branca tem como justificativa para a medida o aumento da importação de petróleo russo por parte da Índia, algo que vem gerando atritos diplomáticos.

Uma missão de negociadores americanos que deveria visitar Nova Délhi entre 25 e 29 de agosto foi cancelada, frustrando as expectativas de uma flexibilização ou adiamento dessas medidas. No entanto, Jaishankar destacou que certas linhas vermelhas precisam ser respeitadas. O ministro afirma que interesses fundamentais dos agricultores e pequenos produtores indianos não podem ser colocados em risco.


Ministro Subrahmanyam Jaishankar (Foto: reprodução/Roy Rochlin/Getty Images Embed)


No início de 2025, as tratativas comerciais já haviam esbarrado na resistência da Índia em iniciar o mercado agrícola e de laticínios a produtos estrangeiros. Apesar disso, o volume do comércio bilateral continua expressivo, superando a marca de US$ 190 bilhões, o que torna a relação estratégica para ambas as economias.

Tarifas podem frear crescimento indiano

Analistas da Capital Economics alertaram que a manutenção integral das tarifas poderia reduzir em até 0,8 ponto percentual o progresso econômico da Índia em 2025, além de prejudicar a atratividade do país como polo global de manufatura.

Jaishankar também criticou a postura do presidente americano, Donald Trump, afirmando que nunca houve na história recente dos EUA uma condução tão pública da política externa. Ele ainda ressaltou que as preocupações americanas com o petróleo russo não estão sendo aplicadas a outros compradores, como China e União Europeia, que possuem volumes de importação superiores aos da Índia.

Para o chanceler indiano, as compras de petróleo russo nunca haviam sido questionadas em negociações anteriores com Washington, sendo a imposição de tarifas vista como uma mudança brusca e inesperada na relação bilateral.

Projeção do PIB para América Latina deve crescer, de acordo com Moody’s

A Moody’s Analytics divulgou nesta segunda-feira (18), uma análise econômica da América Latina para este ano e para 2026. Em seu relatório, a agência elevou a projeção do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos países latinos em 2025, elevando a estimativa de 2,1% para 2,2%. 

O relatório destacou que a região teve uma expansão percentual de 2,3% no segundo trimestre de 2025, comparado ao mesmo período do ano interior. A revisão positiva teve destaque para o Brasil, Argentina e Chile, que mesmo em meio ao ambiente de tarifas rígidas impostas pelos EUA, mostraram resiliência. Apesar do crescimento para esse ano, a Moody’s ressalta que o cenário pode desacelerar em 2026, devido às tensões no ambiente político e social atualmente.

Projeção para 2025 e 2026

O crescimento percentual de 2,1% para 2,2% – por mais que um avanço tímido – está ligado a uma performance mais estabilizada no início de 2025. No primeiro trimestre deste ano, a América Latina já havia registrado um crescimento de 3,1% na economia latina, superando o valor projetado pela agência Moody’s inicialmente, de 2,6%. Graças ao mercado de trabalho no Brasil e aos processos de recuperação econômica no Chile, Peru e Colômbia, os países conseguiram manter um bom desempenho no ano. 

Entretanto, a agência alerta que a tendência pode ser de desaceleração do ritmo em 2026. É estimado pela Moody’s uma expansão de 2,1% para 2026, sendo um valor que está abaixo da projeção prevista antes. O documento ressalta que a diminuição do ritmo de crescimento pode estar relacionada a fatores externos – como desaceleração global e o tarifaço dos EUA impostos aos países latinos – e também a fatores internos, como a inflação e dificuldades fiscais. Esse panorama reforça que a região vive um cenário de recuperação e crescimento, mas ainda pode estar vulnerável a desafios. 

Impactos das tarifas 

Um dos principais pontos ressaltados pelo relatório que podem influenciar na baixa do crescimento é a política tarifária dos Estados Unidos. O tarifaço imposto pelo governo Trump desde o primeiro trimestre do ano afeta diretamente o crescimento e competitividade global das exportações dos países latinos-americanos. O Brasil, por exemplo, foi um dos países mais impactados pelas tarifas, sendo um dos únicos no mundo a enfrentar tarifas de 30%. Essa política afeta diretamente setores estratégicos da economia local e pode comprometer parte do crescimento econômico esperado. 

Paralelamente, Chile e Peru puderam ter um respiro de alívio com a exclusão do cobre refinado das tarifas adicionais, o que garantiu uma margem de respiro, já que a maior parte das exportações da commodity são direcionadas aos EUA. Contudo, o cenário à frente ainda é desafiador, devido à agenda eleitoral dos países, restrições fiscais e guerra política e tarifária dos Estados Unidos. 


A análise feita pela Moody’s demonstra um crescimento, mas alerta para desaceleração em 2026 (Foto: reprodução/Bloomberg/Getty Images Embed)


Cenários dos países

O Brasil aparece na análise como um dos países em que a economia persiste, sustentado pelo mercado de trabalho e consumo das famílias. Apesar dos desafios fiscais e da inflação que segue elevada, a economia do país conseguiu resistir melhor do que o esperado aos impactos tarifários. 

Na Argentina, o cenário também é positivo. O programa de estabilização adotado no fim do ano passado vem apresentando resultados positivos, com uma queda drástica na inflação e crescimento do crédito. Para 2026, a agência projeta a continuação da recuperação de forma estável.

Já o Chile, Peru e Colômbia tiveram resultados beneficiadores devido à valorização das commodities, especialmente minerais. No Peru, a inflação permanece controlada, com um mercado de trabalho em ascensão e na Colômbia, a queda do desemprego apoiou a economia. O México, paralelamente, enfrenta desafios em sua economia, pressionado por cortes nos gastos públicos e taxas altas dos EUA.

Custo alto de alimentos nos supermercados gera preocupação nos Estados Unidos

Uma pesquisa publicada na primeira semana de agosto, de acordo com a revista Forbes, afirma que o custo de compras no supermercado está gerando preocupação em 90% dos habitantes americanos, devido ao notável aumento de preço de alguns alimentos como ovos, carne moída e aves.

A pesquisa também trouxe dados comparativos entre a preocupação com o aumento de custos alimentícios, e outras preocupações que os americanos enfrentam no cotidiano.

Preocupação com o aumento de preços está em alta

Os dados mostram que os entrevistados estão mais preocupados com o alto preço das compras do que outras questões financeiras, como o custo de moradia, valor para economizar, salários, dívidas e custo da assistência médica. Uma nova pesquisa feita pelo Centro de Pesquisa de Assuntos Públicos da Associated Press-NORC, mostra que 53% dos que responderam consideram os preços dos alimentos um grande motivo de estresse, enquanto 33% não consideram.

Pessoas que participaram da pesquisa marcaram o custo de moradia como segunda maior preocupação com 47%, vindo antes do valor para economizar e salário, ambos com 43%, e custo de assistência médica com 42%.

Um levantamento feito pelo índice de Preços ao Consumidor mostra que o valor dos alimentos aumentou 3% nos últimos 12 meses, com as compras de supermercado aumentando em 2,4% e o ato de comer fora estando 3,8% mais caro que o ano passado.


Preços de vegetais em supermercado na Florida (Foto: reprodução/Joe Raedle/Getty Images Embed)


O Bureau of Labor Statistics observou, de junho de 2024 até junho de 2025, um aumento no valor de compras em todas as categorias que o laboratório acompanha, com os principais sendo as carnes, aves, peixes e ovos, que registraram 5,6% no aumento do preço, as bebidas alcoólicas que ficaram 4,4% mais caras, frutas e vegetais aumentaram o preço em 0,7% e os cereais, laticínios e produtos panificadores aumentaram 0,9%.

Além desses dados, a NBC News mostrou um aumento do preço do frango em US$ 0,81 por libra, além do preço da carne moída que aumentou em US$ 0,67 por libra e o dos ovos aumentou US$ 0,64 cada dúzia.

O aumento da taxa de 3% faz com que o custo de alimentos cresça mais rápido do que a taxa geral de inflação, que está em 2,7% conforme dados Índice de Preços ao Consumidor. No entanto, mesmo com o preço dos alimentos subindo consideravelmente, a taxa de 3% é menor do que as registradas nos anos anteriores, já que a inflação era de 6,3% em 2021 e aumentou para 10,4% em 2022, e vem se mantendo estável esse ano, levando em conta 2023 (2,7%) e 2024 (2,5%).

Tarifas podem aumentar preço das compras

Uma estimativa feita pelo Budget Lab da Universidade Yale considera um aumento de 3% no custo alimentício, graças as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump. O levantamento mostra que produtos frescos podem subir até 7%, com 3,6%, e o arroz pode aumentar até 10,2% a longo prazo.

O laboratório destaca que outros itens, como cereais e grãos, carne e laticínios, e açúcar e bebidas, podem ficar mais caros. Já outros itens importados, como cerveja, vinho, bananas e queijo, vão ter tarifas adicionais.

A Tax Foundation afirmou que os Estados Unidos importaram cerca de US$ 221 bilhões em produtos alimentícios em 2024, com 62% vindo do México, Canadá, União Europeia, Brasil e China. Trump entrou em um acordo com o México e concordou suspender o aumento das tarifas por 90 dias, além de aceitar uma tarifa de 15% sobre itens vindos da União Europeia. O Canadá vai ter uma tarifa de 35% em produtos não cobertos pelo Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), de acordo com a Casa Branca.

O presidente também afirmou que iria impor uma tarifa de 50% sobre o Brasil, mas reconsiderou devido ao processo criminal enfrentado pelo ex-presidente do país, Jair Bolsonaro, e as exportações chinesas possuem uma tarifa atual de 55%.

Governo inicia estudo de medidas de reciprocidade das tarifas dos EUA

Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter anunciado a imposição de tarifas de 50% sobre produtos importados brasileiros, o governo tem estudado maneiras de contornar a medida. O tópico principal, discutido pelo atual presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, é a de agir com reciprocidade contra o governo americano, taxando seus produtos importados.

Essa medida causou preocupação em empresários e economistas, que consideram a ação de taxar os produtos americanos como algo perigoso para a economia brasileira.

O estudo sobre as medidas contra tarifas

Após lançar o plano de ajuda econômica, a vontade do presidente do Brasil é de iniciar o debate quanto às ações de reciprocidade contra as tarifas de Donald Trump. De acordo com fontes do governo, Lula entrou em contato com os ministérios das Relações Exteriores, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e da Fazenda para fazerem análises de medidas recíprocas ao tarifaço dos EUA. A ordem seria de, ao invés de adotar medidas mais amplas, focar em ações específicas e precisas.


Presidente do Brasil, Lula, em evento no Palácio do Planalto, em Brasília (Foto: reprodução/Ton Molina/NurPhoto/Getty Images Embed)


A Lei de Reciprocidade, que seria adotada pelo governo, foi aprovada pelo Congresso neste ano de 2025, e já foi regulamentada pelo governo em julho, pouco tempo após o anúncio das tarifas de Trump.

A decisão do Governo Lula foi considerada polêmica por empresários, pois a aplicação da lei poderia aumentar os preços dos produtos importados pelos Estados Unidos, gerando várias consequências negativas para a economia.

O tarifaço de Trump

No início de julho deste ano, o presidente Donald Trump escreveu uma carta ao presidente Lula, anunciando uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. No documento, o americano expôs a motivação para a taxação, que, de acordo com ele, os processos realizados contra o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que está sendo acusado de tentativa de Golpe de Estado, era um ultraje e um ataque à democracia brasileira.

Lula respondeu ao tarifaço, dizendo que não abaixaria a guarda e iria responder à altura. Sua ideia é utilizar a Lei da Reciprocidade para taxar os produtos americanos no Brasil.

Saiba para onde vão os bilhões de dólares arrecadados pelas tarifas de Trump

O presidente Donald Trump reafirmou, no último final de semana, que está recebendo muito mais dinheiro do que os Estados Unidos já viram, observando os bilhões de dólares obtidos graças ao aumento dos impostos sobre a maioria dos produtos importados.

Um levantamento feito pelo Departamento do Tesouro dos EUA mostra que o país arrecadou quase US$ 30 bilhões em receita tarifária no mês de julho, o que significava um aumento de 242% na receita tarifária em comparação com julho do ano passado.

Além disso, o governo de Trump arrecadou US$ 100 bilhões em receitas, desde que o presidente implantou, em abril, uma tarifa de 10% sobre a maioria dos produtos, juntamente com outras taxas maiores que também foram implantas, um valor adquirido três vezes maior do que o foi arrecado nos últimos quatro meses de 2024. Diante disso, houve um grande questionamento sobre para onde esse dinheiro vai ser destinado.

Distribuição da receita entre os americanos

Uma das justificativas apresentadas por Trump é que o governo estaria considerando a possibilidade de redistribuir a receita tarifária entre a população americana, por conta da grande quantidade de dinheiro arrecada, afirmação que foi adiantada na semana passada em um projeto apresentado pelo senador americano Josh Hawley.


Donald Trump em discurso (Foto: reprodução/Win McNamee/Getty Images Embed)


O diretor de economia Budget Lab da Universidade de Yale e ex economista do governo de Biden, Ernie Tedeschi, afirmou para a CNN Internacional que a ação apresentada não é uma alternativa viável, pois poderia causar um aumento na inflação.

Pagamento de dívida e destino da receita

Trump também afirmou que além de distribuir dividendos entre os estadunidenses, seu objetivo é pagar a dívida trilionária do governo.

O Departamento do Tesouro administra um fundo chamado de Talão de Cheques dos Estados Unidos, que serve como depósito para toda receita obtida pelo governo e é usado para pagar contas. Quando as receitas arrecadas são inferiores às contas do governo, surge um déficit orçamentário e gera a necessidade para o governo pedir empréstimos para compensar a diferença.

Atualmente, o governo tem um valor de US$ 36 trilhões para ser reembolsado, o que vem gerando preocupação aos economistas, que afirmar que a economia americana vai ser prejudicada observando que o valor tem aumentado.


Donald Trump ao lado do economista Stephen Moore (Foto: reprodução/Brendan Smialowski/ Getty Images Embed)


Isso ocorre porque o governo americano precisa pagar juros em meio aos empréstimos solicitados. Quanto maior for o empréstimo, maiores os juros que têm que ser pagos, gerando uma despesa maior para o governo.

O economista sênior do Deutsche Bank nos Estados Unidos, Deutsche Bank, afirmou durante uma entrevista para a CNN que, mesmo que a receita tarifária arrecadada não seja suficiente para combater o déficit orçamentário adquirido, a arrecadação de tarifas causou uma diminuição neste valor, mostrando não haver uma urgência do governo de pedir empréstimos tão altos quanto precisaria sem a presença da receita tarifária.

Tarifas podem causar problemas financeiros

O uso das tarifas, mesmo ajudando o governo na teoria, pode causar alguns problemas financeiros, em especial para algumas empresas, que tem absorvido custos altos sem que seus preços aumentassem, e muitas delas, como Walmart e Procter & Gamble, emitiram um alerta sobre um aumento visível de preços.

Relatórios recentes feitos pelo governo mostram que muitos produtos, como eletrodomésticos, brinquedos e eletrônicos de consumo, estão ficando mais caros. Tedeschi afirmou, ainda em conversa com a CNN, que as tarifas trarão consequências negativas para a economia.

O economista diz que mesmo com a diminuição do Produto Interno Bruto dos EUA causado pelas tarifas, prevista para ocorrer neste ano e no próximo conforme um levantamento feito pelo Yale Budget Lab, não ajudaria a receita das tarifas por completo, porque mesmo com o aumento da receita com tarifas, graças ao um crescimento econômico menor que o previsto, é arrecado um valor menor em impostos de renda e dentro da folha de pagamento.

Mesmo com todas as preocupações envolvendo o futuro da economia americana, o governo de Trump vê a situação de maneira positiva, argumentando que os mega cortes de impostos e a lei de gastos, juntamente com a receita das tarifas, irão fazer a economia dos Estados Unidos crescer futuramente.

Trump anuncia novas tarifas sobre a Índia; total chega a 50%

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (6) uma tarifa adicional de 25% sobre produtos importados da Índia. A justificativa foi a importação indiana de petróleo russo, que contribuiria para, de acordo com o líder estadunidense, financiar as hostilidades contra a Ucrânia.

A taxa se soma à de 25% imposta anteriormente, justificada como uma correção de assimetrias político-econômicas, e, com isso, gigante asiático pode chegar à taxação de 50% sobre o valor dos produtos exportados aos EUA. A nova medida entrará em vigor em 27 de agosto, com exceção de bens já em trânsito, para os quais ela passa a valer a partir de 17 de setembro.

Rússia é principal fornecedor de petróleo da Índia

Terceira maior importadora de petróleo bruto do mundo, a Índia aumentou em grande medida a compra do insumo russo desde o início da guerra com a Ucrânia, motivada por descontos oferecidos frente à diminuição da aquisição americana e europeia. Se, antes, a Rússia respondia por 2% do petróleo importado pelo país, o volume atual é de mais de um terço, o que torna o país vizinho seu principal fornecedor.


Narendra Modi e Vladimir Putin se cumprimentam na frente da imprensa durante visita de Modi ao Palácio do Kremlin, em Moscou, em julho de 2024 (Foto: reprodução/Contributor/Getty Images Embed)


“Eles não se importam com quantas pessoas na Ucrânia estão sendo mortas pela máquina de guerra russa”, disse Trump em um comunicado em sua própria rede social, Truth Social.

Após cinco rodadas de negociações, em que os indianos acreditavam poder manter o aumento de barreiras alfandegárias em até 15%, Nova Délhi recebeu a notícia com surpresa e classificou a decisão de Trump como “injusta, irracional e sem justificativa”. 

O governo do primeiro-ministro Narendra Modi disse ainda que as importações do país “são baseadas em fatores de mercado e realizadas com o objetivo geral de garantir a segurança energética de 1,4 bilhão de pessoas”.

Índia participa dos BRICS

A “retaliação” sobre a economia de Nova Délhi já tinha sido comentada por Trump na semana passada, na Casa Branca.

“Eles têm o Brics, que é basicamente um grupo de países que são anti-Estados Unidos. É um ataque ao dólar, e não vamos deixar ninguém atacar o dólar”, afirmou o líder político e empresarial norte-americano, referindo-se à pauta da desdolarização.


Renata Lo Prete comenta a situação tarifária da Índia, Brasil e demais integrantes do BRICS em relação aos Estados Unidos (Vídeo: reprodução/YouTube/g1)


De fato, a Índia integra o grupo de países que se colocam como uma alternativa às grandes potências para os países menos desenvolvidos, no contexto da cooperação Sul-Sul. A criação do Novo Banco de Desenvolvimento, em contraste ao Fundo Monetário Internacional, historicamente controlado pelos países mais ricos do Ocidente, e discussões sobre a substituição do dólar nas trocas comerciais questionam a então inabalável hegemonia dos Estados Unidos.

Além do engajamento no bloco, a pujância econômica indiana também se destaca Impulsionado pelos investimentos em infraestrutura e transparência promovidos pelo primeiro-ministro Narendra Modi, à frente de seu terceiro mandato consecutivo, o país é um dos que cresce mais rapidamente no mundo, com uma expansão de 8,2% em 2023 e 6.5% em 2024. Em 2023, a Índia ultrapassou o Reino Unido e tornou-se a quinta maior economia do mundo. As expectativas são de que, até 2050, ela supere o Japão e a Alemanha, passando a rivalizar com China e Estados Unidos.

Se comparado à superpotência, alguns arriscam, decadente e ao vizinho emergente, a Índia é, hoje, o país mais populoso do planeta, segundo a ONU, com uma juventude que se reproduz velozmente e precisa trabalhar, em contraste com a China, apontada como principal alternativa aos EUA, mas que sofre com um baixo crescimento vegetativo. A mão de obra barata e os incentivos governamentais atraem fábricas e empresas estrangeiras, muitas das quais provenientes de território estadunidense, tornando o protecionismo uma opção lógica na busca por tornar a América grande de novo.

Tarifas indianas deixam Brasília em alerta

Ao anunciar a medida contra a Índia, Trump indicou que outros países que adquirem petróleo da Rússia podem estar sujeitos a tarifas extras de 25%. No mês passado, o político declarou que, caso a Rússia não interrompesse a guerra com a Ucrânia, os Estados Unidos imporiam “tarifas secundárias de 100%” sobre países que continuassem comercializando com Moscou.

A situação causa preocupação em Brasília, uma vez que o agronegócio nacional é extremamente dependente de fertilizantes russos e, assim como o gigante asiático, o Brasil aumentou a compra de combustíveis fósseis russos após o começo do conflito. A situação é particularmente representativa no setor de diesel, em que, nos últimos 3 anos, a Rússia substituiu os EUA como principal fornecedor.

Donald Trump fala em distribuir dinheiro proveniente de tarifas aos americanos

Neste domingo (3), o presidente Donald Trump, anunciou que alguns estadunidenses podem receberam algum tipo de valor como resultado das tarifas que serão impostas aos parceiros comerciais dos EUA. Conforme palavras do presidente, os cidadãos com baixa ou média renda poderão receber parte dos valores arrecadados pelo governo americano em decorrência dessa situação. O tarifaço, que entrará em vigor nesta terça-feira (5), ganhou uma novidade nesta última semana, pois ele assinou aumento em países como a Síria com 41% seguida por Laos e Mianmar com 40%.

Respostas ao governo brasileiro

Conforme informações da Casa Branca, a taxação de 50% contra o Brasil foi adotada devido às ações do governo do Brasil, pois eles estariam representando uma ameaça um tanto quanto incomum e extraordinária à segurança nacional na política externa, além de serem direcionados à economia da Terra do Tio Sam. A informação oficializa o percentual citado na carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula Da Silva, afirmando que a ordem executiva foi emitida por conta de ações que prejudicaram empresas americanas, a liberdade e a expressão.

O Brasil criou a lei de reciprocidade econômica para responder às taxas impostas pelo governo americano. Além de defender a soberania do país, Lula ainda falou que era falsa a fala de Donald Trump, que relata um déficit na balança comercial com o Brasil. Mediante a esta nova regra, o poder executivo estaria autorizado a trabalhar em conjunto com o setor privado para adotar contramedidas na forma de restrição nas importações de bens e serviços com medidas de suspensão de concessões comerciais.


Donald Trump em reunião com o presidente das Filipinas (Foto: reprodução/Chip Somodevilla/Getty Images Embed)


Países afetados

Além do Brasil, alguns países também tiveram aumento de tarifas por decisões de Donald Trump. Por exemplo, o Canadá que teve uma subida de 10%,(era 25% e agora está 35%), neste caso foi porque houve uma inação e retaliação do país em questão, o presidente achou melhor aumentar as tarifas. O governante dos EUA, disse ainda que ira aumentar as taxas sobre a Índia, por conta de eventuais compras de petróleo Russo, afirmando que os indianos não estão se importando com as pessoas que estão morrendo na Ucrânia.

Na última quinta-feira (31), Donald Trump listou taxas de 10% a 41%, para 69 parceiros comerciais, começando a valer em sete dias, alguns países fizeram acordo com ele, mais outros não conseguiram, como o Brasil. A decisão transmite a informação que os produtos dos países não listados no anexo, o aumento será de 10%.

Tarifas dos EUA afetam mercados e derrubam bolsas globais

Os mercados globais encerraram o dia em queda depois que os Estados Unidos anunciaram novas tarifas sobre produtos importados de vários países. As taxas, determinadas pelo presidente Donald Trump, variam conforme o país e geraram respostas diferentes ao redor do mundo.

No Camboja, a notícia trouxe certo alívio em comparação à expectativa inicial. O governo local temia que o imposto fosse de 49%, mas o valor final foi de 19%. Autoridades afirmam que isso pode evitar uma crise mais grave no setor de vestuário e calçados. Trabalhadores do ramo reconhecem que terão de aumentar o ritmo de produção, mas esperam que as fábricas mantenham os postos de trabalho e ofereçam mais horas extras.

Na Austrália, a reação também foi positiva. O país conseguiu manter a tarifa no patamar mínimo, de 10%. Segundo o ministro do Comércio, o resultado foi fruto de negociações cuidadosas e discretas. O Reino Unido seguiu caminho semelhante e fechou acordo para pagar o mesmo percentual. Já a União Europeia, como bloco, terá de lidar com uma tarifa de 15%.

Aumento expressivo para alguns parceiros

Outros países receberam percentuais bem mais altos. A África do Sul, por exemplo, foi o mais impactado do continente africano, com tarifa de 30%. O presidente Cyril Ramaphosa disse que o governo continuará buscando alternativas diplomáticas para preservar seus interesses.


Trump eleva tarifas e pressiona países a negociar (Vídeo: Reprodução/YouTube/@CNNbrasil)

Na Suíça, o imposto de 39% desagradou o setor industrial. Representantes da engenharia mecânica e elétrica afirmam que não há lógica na medida, já que o país não aplica tarifas aos produtos americanos. O governo local teme impacto especial na produção dos famosos relógios suíços.

Repercussão nos mercados e negociações em andamento

As bolsas europeias registraram o menor nível das últimas três semanas, e o mercado americano também fechou em baixa. No Brasil, o Ibovespa caiu cerca de 0,5%, enquanto o dólar recuou para R$ 5,54.

Enquanto isso, seguem as negociações entre Washington e Pequim. O prazo para um entendimento termina em 12 de agosto. A China reforça que disputas tarifárias não beneficiam nenhum lado e lembra que os Estados Unidos dependem de minerais raros produzidos em seu território, insumos essenciais para tecnologia, veículos e armamentos.

Trump diz estar “aberto a negociações” com Lula enquanto impõe tarifaço de 50% ao Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou a repórteres no jardim da Casa Branca, nesta sexta-feira (1), que está aberto a negociações com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Ele pode falar comigo quando quiser”, disse Trump, acrescentando ainda que ama o Brasil. A fala acontece no mesmo dia em que entrou em vigor o chamado “tarifaço” sobre produtos brasileiros, com alíquotas que chegam a 50%.

Interesses diplomáticos e possibilidade de diálogo

Trump respondeu a uma pergunta de uma repórter da TV Globo sobre um possível diálogo com Lula e aproveitou para criticar a condução atual do governo brasileiro. “As pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada”, afirmou o presidente norte-americano. A declaração foi interpretada como uma possível interferência nos assuntos internos do Brasil, embora o tom de abertura para o diálogo com o presidente Lula sugira uma tentativa de manter canais diplomáticos ativos.

Impactos globais e o “tarifaço” no Brasil

Também nesta sexta-feira, os Estados Unidos oficializaram a aplicação de tarifas adicionais que impactam diretamente a economia brasileira. Com o novo pacote, produtos brasileiros passaram a ser taxados em até 50% na entrada do mercado americano. A medida é parte de um movimento mais amplo do governo Trump, que aumentou tarifas de importação sobre mais de 60 países, sob o argumento de proteger a indústria nacional e reequilibrar a balança comercial.

No caso do Brasil, itens como café, carne e aço estão entre os mais afetados. Algumas exceções foram mantidas, como aeronaves, suco de laranja e fontes de energia, que ficaram isentos da sobretaxa. Ainda assim, o impacto sobre a economia brasileira deve ser significativo, especialmente no setor agroindustrial.

Reações brasileiras e cenário político

O governo brasileiro já encaminhou uma queixa formal à Organização Mundial do Comércio (OMC) e estuda medidas de retaliação com base na Lei de Reciprocidade Comercial. Internamente, a notícia provocou protestos nas ruas e nas redes sociais, impulsionando manifestações digitais conhecidas como “vampetaço”, meme que se tornou viral feito em alusão à insatisfação com a postura americana. Analistas indicam que o Brasil precisará agir com firmeza, mas também com diplomacia, para evitar o agravamento das tensões bilaterais.


Manifestantes com máscaras de Trump e Bolsonaro protestam na rua 25 de Março contra o tarifaço dos EUA (Foto: reprodução/Nelson Almeida/AFP/Getty Images Embed)


Contradições

A fala de Trump, embora cordial em tom, ocorre em um momento de forte tensão econômica entre os dois países. O convite ao diálogo com Lula contrasta com a imposição de tarifas severas, e aparentemente arbitrárias, revelando uma diplomacia contraditória. Resta ao Brasil equilibrar firmeza e diplomacia para proteger seus interesses e buscar soluções multilaterais diante da nova política comercial dos Estados Unidos.