Acidente Voepass: áudios inéditos revelam tranquilidade antes de queda em Vinhedo

Áudios divulgados nesta semana expõem detalhes das últimas conversas entre a tripulação do voo 2283 da companhia Voepass e o controle aéreo de São Paulo. A aeronave, um ATR 72-500, caiu em Vinhedo (SP) em 9 de agosto de 2024 e causou 62 mortes. A princípio, as gravações mostram diálogos protocolados, sem indicação de pane ou emergência iminente.

De início, os minutos finais dos áudios apresentam que as trocas de frequência entre os controladores seguiram procedimentos comuns de aproximação. Contudo, cruzamentos com dados das caixas-pretas apontam que, dentro da cabine, o acúmulo de gelo já comprometia o desempenho do avião. Além disso, alertas luminosos e sonoros surgiam enquanto os pilotos se comunicavam com a torre e repassavam informações aos passageiros.

Sinais de gelo e investigações em andamento

Todavia, relatos de outros voos na mesma rota reforçam as suspeitas. Portanto, pilotos de diferentes companhias reportaram a formação de gelo na região minutos antes e depois do acidente. Assim, o relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) confirmou que o sistema de degelo foi acionado instantes antes da perda de controle da aeronave.


Imagens inéditas do acidente da Voepass (Vídeo: reprodução/YouTube/Domingo Espetacular)

Ao passo que especialistas acompanham o caso, fazem alerta sobre a formação de gelo ter sido o fator decisivo, mas ressaltam que há a necessidade de analisar possíveis falhas de manutenção, bem como as rotinas da tripulação. Por outro lado, a Polícia Federal investiga uma possível negligência no registro e tratamento de panes anteriores ao voo. Ainda assim, depoimentos apontam indícios de que um problema no sistema de degelo foi identificado horas antes da decolagem, contudo, não houve o registro do evento no diário de bordo.

Cronologia do acidente

11h58min05s – Decolagem do voo 2283 de Cascavel.

13h14min21s – Controle orienta mudança para frequência 135,75 MHz.

13h14min28s – Tripulação confirma mensagem.

13h14min36s – Já na nova frequência, voo informa recebimento do chamado.

13h14min40s – Controle pergunta sobre recepção; tripulação relata eco.

13h14min49s – Controle orienta voltar para 120,925 MHz; tripulação confirma.

13h15min02s – Controle pede manutenção do nível de voo 170 (5 mil metros).

±13h15min – Outro piloto informa gelo moderado na região.

13h15min08s – Voepass 2283 confirma manutenção do nível.

13h18min21s – Tripulação informa estar no ponto ideal para iniciar descida.

13h18min25s – Controle reforça manutenção do nível 170; tripulação confirma.

13h18min53s – Controle orienta contato com São Paulo na frequência 123,25 MHz.

13h19min01s – Tripulação responde que fará o contato (última comunicação obtida pelo g1).

13h19min07s – Voo faz primeira chamada na nova frequência, sem resposta.

13h19min16s – Aeronave repete a chamada.

13h19min19s – Controle pede manutenção do nível 170 devido ao tráfego.

13h19min23s – Voo confirma manutenção e informa estar pronto para descida.

13h19min30s – Controle confirma e orienta aguardar autorização.

13h19min31s – Voo confirma espera e agradece (última comunicação externa da tripulação).

13h21min09s – Pilotos perdem controle da aeronave; queda inicia.

13h22min30s – Aeronave colide com o solo.

±13h26min – Outros dois pilotos relatam formação de gelo na região.


Vista aérea dos destroços do voo 2283 (Foto: reprodução/Miguel Schincariol/AFP/Getty Images Embed)


Contexto da tragédia e resposta da Voepass

Um ano após o acidente, a Voepass mantém apoio psicológico às famílias e colabora com as investigações. A companhia reforça que cumpre padrões internacionais de segurança e que sua frota sempre esteve certificada para operar.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), no entanto, determinou a suspensão provisória das operações até que todas as irregularidades sejam sanadas. Agora, o relatório final do Cenipa é aguardado para o fim deste ano e deve esclarecer fatores técnicos e humanos envolvidos na tragédia.

Presidente da Voepass afirma que avião do acidente em Vinhedo estava totalmente operacional

Nesta terça-feira (29), o presidente da Voepass, José Luís Felício Filho, depôs na Câmara dos Deputados sobre o acidente que ocorreu em agosto deste ano, deixando 62 mortos. Segundo o presidente, a aeronave passou por manutenção na noite anterior ao acidente e estava plenamente funcional.

Depoimento do presidente da Voepass

O ATR-72, modelo do avião que caiu em Vinhedo, fazia o trajeto de Cascavel (PR) até Guarulhos (SP). Os especialistas no mercado aéreo consideram este modelo confiável, segura e tecnológico. Além do presidente da Voepass, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), confirmou que a aeronave do acidente estava com a manutenção em dia.

No depoimento, Felício negou a fala de um ex-comandante da Voepass que, em entrevista para a TV Globo, disse que precisou usar um palito para acionar o sistema de degelo de uma aeronave do mesmo modelo.

Além disso, Felício Filho afirmou que o avião tinha combustível suficiente para, se necessário, gastar mais combustível a fim de diminuir a altitude e evitar o gelo na aeronave, porém não comentou se o acidente poderia ter sido evitado voando mais baixo. O presidente afirmou também que todos os pilotos foram treinados para administrar situações adversas.


Acidente do avião da Voepass em Vinhedo (reprodução/Secretaria de Segurança de São Paulo)

Hipóteses do Cenipa

Desde o início das investigações feitas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), a principal hipótese que poderia ter causado o acidente é o acúmulo de gelo em algumas partes do avião. Após a abertura da caixa-preta do avião, foi divulgado um registro do comandante dizendo que ainda na subida, o sistema de degelo do avião apresentava falha.

O sistema pode ter sido ligado e desligado várias vezes, mas isso tudo o Cenipa vai poder nos trazer, de uma forma precisa, qual foi a intensidade do gelo, o funcionamento do sistema, o alerta da tripulação” – afirmou o presidente.

O hangar de manutenção da Voepass deve receber, no dia 28 de novembro, uma vistoria da Comissão da Câmara dos Deputados. A visita tem o objetivo de verificar as condições de manutenção das aeronaves, a fim de melhorar a segurança da aviação.

Travis Barker revelou que acidente da Voepass o despertou gatilhos e o fez parar de andar em aviões

O baterista do Blick-182, Travis Barker, revelou que voltou a ter medo de voar após ler a notícia sobre o avião Voepass que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, no dia nove de agosto. Para evitar transporte durante a atual turnê da banda no Brasil, o músico decidiu fazer longas viagens de ônibus pelo país.

Medo de voar

Travis desenvolveu seu medo de voar em 2008, quando esteve envolvido em um acidente aéreo que matou quatro pessoas, incluindo os dois pilotos e seu segurança pessoal. O baterista e Adam ‘DJ AM’ Goldstein, que formavam a dupla TRV$DJAM, foram os únicos sobreviventes do acidente que ocorreu no passado.

Após anos lidando com seu medo, Barker conseguiu voltar a se locomover por voos em 2021, com o incentivo de sua esposa, Kourtney Kardashian. Em agosto do mesmo ano, eles viajaram da Califórnia, nos Estados Unidos, para Cabo San Lucas, no México, em um avião.


Travis Barker tocando bateria (foto: reprodução/Instagram/@travisbarker)

Relato de Berker

Em entrevista ao Wall Street Journal publicada esta semana, o baterista voltou a falar sobre o assunto e refletiu sobre os gatilhos acionados pela queda do avião em solo brasileiro.

O baterista falou durante a entrevista: “eu estava de boa por um tempo, mas aquele acidente de avião no Brasil me deixou em crise enquanto estava na Europa. Que Deus abençoe as almas daquelas pessoas”, citando o ATR 72-500 da Voepass que saiu de Cascavel, no Paraná, em direção a Guarulhos, em São Paulo.

Berker continuou relatando sobre o que sentiu: “não ficava baqueado assim há bastante tempo. Isso fez com que eu tivesse um dos pesadelos com flashbacks mais realistas que já tive desde que sofri o acidente. Não consegui voar para completar a turnê”.

A solução para continuar com os shows da banda agendados pela Europa em agosto foi andar de ônibus e balsa. “Fiz 15 viagens de 19 horas de ônibus, andei de balsa. Só fui e voltei para a Europa de avião. Mas não estou bem para voar agora. Vou de ônibus até o fim do ano. Tenho fases boas e ruins, e no momento estou na ruim”, finalizou o baterista.

As próximas apresentações do Blink-182 acontecem nos Estados Unidos e no México.

Voepass inicia processo de reorganização de funcionários após acidente aéreo

No dia 9 de agosto, uma aeronave da Voepass caiu próximo ao local de pouso e todos os 62 passageiros. A causa do acidente ainda está sendo investigada e a empresa não voltou a realizar voos; na última quarta-feira (25) foi anunciado por meio de uma nota nas redes oficiais, a demissão de diretores de manutenção, segurança operacional e operações, além de mudanças no comando geral da empresa.

“VOEPASS reconhece e agradece as importantes contribuições que os executivos desempenharam na trajetória da empresa.”

Além da organização interna, o funcionamento para os seguintes destinos estão suspensos: Porto Seguro (BA), Salvador (BA), Aracati (CE), Fortaleza (CE), Juazeiro do Norte (CE), Campina Grande (PB), Mossoró (RN), Natal (RN), Rio Verde (GO), Confins (MG), São José do Rio Preto (SP), Cascavel (PR) e Chapecó (SC). Os afetados pela Voepass possuem a opção de reembolso da passagem, reacomodação voo de outras companhias ou remarcação para outra data sem custo.

Conheça a nova gestão

Na diretoria de Manutenção, Eric Cônsoli deixa o cargo e é substituído por Carlos Alberto Costa, o comandante Diego Hangai assume o posto de Segurança Operacional que antes pertencia a David Faria e Raphael Limongi ocupa a posição de Marcel Moura na diretoria de Operações. Um dos CEOs, Eduardo é o novo diretor do departamento de questões jurídicas.

Todos os escolhidos tem currículo renomado e são conhecidos por suas funções, Diego Hangai trabalha na Voepass há 13 anos e foi escolhido para subir de cargo. As mudanças foram feitas visando melhor funcionamento da empresa e uma reestruturação interna, todas as alterações foram aprovadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Relembre o acidente

No dia 9 de agosto, um voo da Voepass decolou do estado do Paraná com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos, localizado na capital paulista. A bordo estavam 58 passageiros e 4 tripulantes, totalizando 62 pessoas. A viagem estava acontecendo normalmente, até que faltando alguns minutos para o pouso, o avião sofreu uma queda na cidade de Vinhedo. Não houveram sobreviventes.


Acidente da Voepass (Foto: reprodução/IgorPires/DiárioDoNordeste)


A aeronave foi fabricada no ano de 2010 e até o momento do voo não apresentava sinais de qualquer problema. A causa da queda ainda permanece sob investigação de autoridades competentes.

Em nota, a FAB não deu um prazo para a conclusão das investigações, mas afirmou que será divulgada o mais breve possível. 

Matéria por Isadora Borges (Lorena R7)

Cancelamento de voos torna Voepass ré de mais de 50 ações judiciais

O advogado de defesa do consumidor, Gabriel de Brito da Silva, fez um levantamento baseado no site Jusbrasil e na pesquisa de cada sentença e acórdão. O período a que se refere o estudo é de primeiro de janeiro a 18 de agosto de 2024.

Cancelamento de voos é recorde de ações judiciais

A averiguação em processos judiciais contra a Voepass, em todos os tribunais do Brasil, mostra pelos menos 55 casos de cancelamento de voos em virtude de problemas técnicos, reparos de emergência e manutenção inesperada, apenas em 2024. A antiga Passaredo esteve envolvida na tragédia ocorrida no dia 09 de agosto com uma aeronave que caiu em Vinhedo, São Paulo. Todas as 62 pessoas a bordo morreram.

Ao abrir o site Jusbrasil e digitar as palavras “passaredo” e “técnico”, obtém-se uma relação de 161 processos judiciais nos quais a empresa é ré. Os consumidores estavam pedindo ressarcimento por danos causados pelo cancelamento de voos.

Entenda o acordo de codeshare

Algumas ações têm como corrés duas outras empresas por acordos de codeshare. Nesse tipo de acordo, uma empresa aérea fica responsável pela venda das passagens e a outra se responsabiliza por toda a operação do voo.


Parceiras da Voepass, Gol e Latam (Foto: reprodução/Instagram/@voegoloficial/@latambrasil)

A Gol foi parceira da Voepass no passado e a Latam faz parceria com ela atualmente. Para os casos que foi apresentada justificativa, o cancelamento era sempre por “problemas inesperados de manutenção da aeronave”.

Brito da Silva diz ser muito comum que questões que possam prejudicar o voo, como reorganização da malha, provoquem o cancelamento de uma viagem. O que causa estranheza é um número tão representativo dos mesmos problemas em um espaço de apenas 8 meses.

O levantamento demonstra a gravidade da situação, destacando os prejuízos enfrentados tanto pelos passageiros, quanto pela empresa.

Acidente Voepass: Análise de corpos sugere que passageiros sabiam da queda do avião

A perícia finalizou as análises necessárias para a conclusão do laudo das 62 mortes, após uma semana da queda do avião em Vinhedo e revelou mais detalhes durante uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (15).

As equipes dividiram a avaliação em duas partes, com um grupo focado na identificação das vítimas e outro na investigação do sinistro aeronáutico para fins criminais que possa estabelecer as razões que levaram o avião a perder controle.


A investigação do acidente reuniu órgãos como o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos e o Corpo de Bombeiros (Foto: Reprodução/Força Aérea Brasileira)

O diretor do Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD), afirmou que os passageiros foram encontrados em suas poltronas em posição semelhante, conhecida como “brace” – uma postura de segurança para situações de emergência que consiste em sentar-se com a cabeça entre os joelhos e as mãos entrelaçadas cobrindo a nuca – e tem por objetivo reduzir lesões por impacto. Dessa forma, poderiam ter sido informados sobre a queda do avião: 

“Grande parte das vítimas encontradas estava com as mãos preservadas. Eu não sei se houve um comando da tripulação de que estavam em emergência ou se as pessoas perceberam, com essa queda acentuada, mas muitos corpos estavam naquela posição, o que não aconteceu na TAM [outro acidente] –  Eles estavam na posição normal, quando a aeronave entrou no prédio”, afirmou.

O Instituto Médico Legal (IML), conseguiu identificar todas as vítimas e 41 delas já foram liberadas para que as famílias realizem o velório, outros procedimentos estão sendo concluídos para a liberação dos 21 corpos restantes.  A cachorrinha “Luna”, que foi encontrada nos pés da dona, também já foi liberada.


Equipes envolvidas na identificação de corpos em Coletiva de Impresa nesta quinta-feira (15) (Foto: Reprodução/Governo de São Paulo)

Exames de identificação realizado nas vítimas

O superintendente da Polícia Técnico-Científica de São Paulo (SPTC), Claudinei Salomão, informou que a identificação dos passageiros foi feita com alguns exames específicos e que não foi necessário o uso do DNA:

 “Toda identificação foi possível por análises de papilas datiloscópicas comparando com documentos pessoais fornecidos pelas famílias e de arcadas dentárias”.

Os exames papiloscópicos analisam as impressões digitais – o que foi possível pela posição das mãos, já os exames odonto legais usam características da arcada dentária para identificação de corpos em estado desfigurado – o que ocorreu em alguns passageiros carbonizados devido à explosão da aeronave. Exames antropológicos estudam a parte óssea que auxiliam na identificação de idade, sexo, estatura e patologias.

40 passageiros foram identificados por impressões digitais, 15 por características físicas como tatuagens, marcas na pele e 7 por meio dos dois exames. Alguns estados brasileiros de naturalidade das vítimas também ajudaram na identificação, fornecendo planilhas com informações.

O IML retornou hoje (16), com as demais atividades que haviam sido paralisadas para realizar a força tarefa de identificação das vítimas do acidente aéreo em São Paulo.

Relatório da Voepass indica falhas de manutenção no avião de Vinhedo

Segundo o Jornal Nacional, uma documentação do avião ATR-72 emitida apenas algumas horas antes do voo no dia 09 de agosto, mostrou uma listagem com pendências na aeronave. Cintos de segurança, cortinas em janelas e bancos quebrados revelaram a ausência de manutenção.

No ano de 2023, foi identificado um problema no sistema antigelo do mesmo avião (suspeita principal do acidente). Além disso, relatórios indicaram problemas no limpador de para-brisa e pane no sistema de aproximação do solo, situações que foram resolvidas segundo atualizações nas inspeções.


Modelo de aeronave ATR-72 da VoePass envolvida no acidente fatal com 62 vitimas (Foto: Reprodução/Rafael Luiz Canossa/oglobo/Creative Commons)

A empresa Voepass afirmou que todas as aeronaves passam por análises antes dos voos e que só é possível confirmar as causas após a investigação:

“Em hipótese nenhuma nossos aviões decolam sem estar em estrita conformidade com o que estipula a regulamentação. O envio de aeronaves para manutenção é algo que faz parte da rotina de todas as companhias aéreas do mundo”, afirmou em nota publicada no site.

As investigações seguem com órgãos da Forças Aérea Brasileira (FAB) e a Polícia Federal (PF). Além da perícia, a apresentação de relatórios e avaliações aprofundadas serão necessárias para diagnosticar se as causas do acidente foram mecânicas ou humanas.

Avião da Voepass faz pouso de emergência em Uberlândia

Na noite desta quinta-feira (15), um avião da Voepass Linhas Aéreas — mesma empresa do avião que sofreu queda em Vinhedo —fez um pouso de emergência no aeroporto de Uberlândia, em Minas Gerais. O avião decolou em Rio Verde, Goiás, e seguia para Guarulhos, em São Paulo. Segundo apresentado pela empresa, a motivação teria sido uma “questão técnica”.

Pouso de emergência

De acordo com a apuração da TV Integração com passageiros no aeroporto de Uberlândia, a aeronave saiu da cidade goiana com seis horas de atraso. Logo após a decolagem, os passageiros foram informados pelo piloto acerca de problemas técnicos no avião e a tripulação pediu pouso de emergência, quando a torre de controle de Uberlândia foi acionada.

A aeronave ATR 72-600, de prefixo PS-VPA, tem nove anos de atuação e contempla a malha aérea da VoePass desde março de 2023. Anteriormente, sabe-se que o turboélice voou em companhias aéreas estrangeiras, como Malásia, Noruega e Ucrânia.


Avião da Voepass faz pouso de emergência (Reprodução/Instagram/@uoloficial)


Em declaração, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) explicou que o ocorrido se deu por conta de um transiente (problema elétrico) na aeronave. Ainda segundo eles, os representantes da VoePass se reunirão com servidores da agência nesta sexta-feira (16), parar discorrer a respeito do processo de vigilância da empresa além do ocorrido em Uberlândia.

“Cabe ressaltar que tal ocorrência não se configura pane. Por precaução, no entanto, a empresa informou que a tripulação realizou pouso técnico no Aeroporto de Uberlândia (MG)”, declararam.

Trinta e oito passageiros estavam a bordo e grande parte foi realocado para outro voo da VoePass, porém, dois casais desistiram de seguir viagem.

Trajeto da aeronave

Segundo os registros feitos pelo site Flight Aware, o trajeto feito pelo avião sofreu com voltas dadas por si antes de seguir para Uberlândia. Em nota, a concessionária responsável pela administração do aeroporto, Aena, informou que o voo da Voe Pass PTB-2211 declarou emergência às 18h54 e pousou no Aeroporto de Uberlândia às 19h14.


Trajeto da aeronave da VoePass (Foto: reprodução/ Flight Aware)

A concessionária ainda afirmou que o aeroporto destinou todos os possíveis recursos do Plano de Emergência para atender o ocorrido, contudo, não houve necessidade de ativação. Também não houve qualquer impacto às operações do aeródromo.

Mesmo após o acidente, Latam opta por continuar a parceria com a Voepass

Nesta quarta-feira (14/08), a Latam Airlines confirmou que irá continuar com o acordo que permite o compartilhamento de aviões com a Voepass. Esta decisão acontece alguns dias depois do acidente aérea ocorrido na última sexta-feira (09/08), em Vinhedo, interior de São Paulo.

O acordo entre as companhias aéreas consiste no “codeshare”, o qual é um compartilhamento de rotas locais, isso ocorre quando a companhia aérea não tem cobertura naquele local.

A Latam em sua nota afirmou ainda que “a empresa operadora do voo é quem responde por toda a gestão técnica e operacional, incluindo o atendimento aos passageiros nos aeroportos, o próprio voo e as suas eventuais contingências.


Destroços do avião da Voepass no local da queda em Guarulhos (Foto: reprodução/Nelson Almeida /AFP/Getty Images Embed)


O que é codeshare

O codeshare ou em português, código compartilhado, é um acordo feito por duas ou mais empresas aéreas, isso permite que uma empresa opere o voo e outra empresa faça a vendas do voo. Neste caso a Latam era a empresa que vendia as passagens do voo e a Voepass era quem fazia a operação do voo.

O código compartilhado foi criado na década de 60, e começou a ganhar muita força nos anos 80 e 90, isso fez com que aumentasse as alianças entre as companhias e fez com que as companhias áreas usassem o codeshare para ampliar suas linhas áreas sem ter muitos custos.

Esta parceria pode ocorrer em voos internacionais, regionais e doméstico, esse fato fez aumentar a competitividade no setor aéreo.

O acidente aéreo em Vinhedo

Na sexta-feira (09/08), o voo 2283 partiu às 11h46 de Cascavel, no Paraná, com destino no Aeroporto de Guarulhos. O acidente aconteceu às 13h25, o percurso do voo é de 2 horas.

O acidente da Voepass vitimou 62 pessoas na tarde de sexta-feira, o avião caiu em um condomínio em Vinhedo, interior de São Paulo, a queda foi a 80 km de São Paulo.

No momento da queda do avião houve a informação de que tinha 61 pessoas no voo dentre eles 57 passageiros e quatro tripulantes. No entanto, a companhia informou ter uma 62ª vítima que não estava na lista de passageiros.

As investigações para esclarecer quais foram as causas da queda estão em fase inicial, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) é quem está liderando as perícias no local do acidente.

Presidente da Voepass fala pela primeira vez sobre o acidente em Vinhedo

Em pronunciamento divulgado na noite de terça-feira (13), o comandante José Luiz Felício Filho, presidente e co-fundador da Cia aérea Voepass, expressou sua solidariedade às famílias das vítimas e que não estão medindo esforços logísticos e operacionais para apoiar os familiares neste momento de perda e de dor.

Ele também frisou que a Voepass segue as melhores práticas para a segurança operacional de suas aeronaves. O acidente aéreo na cidade do interior de São Paulo ocorreu na última sexta-feira (09) e deixou 62 mortos.

O apoio da Voepass

O presidente da Voepass disse que a empresa se responsabiliza “integralmente” por transporte, hospedagem, alimentação, translado, apoio psicológico e todas as despesas necessárias para todas as pessoas que foram afetadas pelo acidente. Nesse momento de pesar, ele garante que as famílias das vítimas terão assistência irrestrita por parte da companhia aérea.

José Felício declarou ainda que o apoio emocional é prioridade para a empresa. Um grupo de psicólogos e médicos estão à disposição no centro de acolhimento às famílias montado em SP e em outros centros do país. Os voluntários e equipe estão em contato constante com os familiares e criaram um canal exclusivo de comunicação para acesso de forma correta, transparente e objetiva a qualquer momento. Ele também reafirma que a Voepass segue os protocolos de segurança exigidos em viagens aéreas.


José Felício, presidente e cofundador da Voepass, faz comunicado às famílias das vítimas (Foto: Reprodução/Instagram/@marina37felicio)

“Sou piloto há mais de 30 anos e hoje o comandante mais antigo dessa empresa. Vim de uma origem de transportadores e, desde que assumi a presidência dessa empresa em 2004, sempre construí uma base com diretrizes sólidas e sempre pautadas pelas melhores práticas internacionais para garantir a segurança operacional de todos. A vida dos nossos passageiros, assim como dos nossos tripulantes, sempre foi e continuará sendo nossa prioridade número um”, declarou José Felício.

Ele encerra agradecendo ao apoio e solidariedade que todos tiveram com as famílias, incluindo autoridades, voluntários, colaboradores, médicos, psicólogos e todos que, de alguma forma, estão trazendo conforto neste momento devastador.

Relembre o acidente aéreo

Na tarde de sexta-feira (09), o voo 2283 da Voepass partiu do aeroporto de Cascavel, no Paraná, com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. Aproximadamente às 13h21, a aeronave fez uma curva brusca e não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de SP. Um minuto depois, a altitude da aeronave apresentou, em seu último registro, altitude de 1.250 metros e o sinal de GPS foi perdido. Às 13h26, o avião caiu em um condomínio na cidade de Vinhedo, cerca de 70Km de seu destino final. A aeronave transportava 58 passageiros e 4 tripulantes; não houveram sobreviventes.

Após o acidente,  Voepass declarou em entrevista coletiva que os pilotos eram experientes e que os sistemas operacionais estavam em pleno funcionamento no momento da decolagem. A aeronave, de fabricação franco-italiana, tinha 14 anos de fabricação e era um modelo conhecido por sua capacidade de operar em aeroportos de pista curta. Há registros de acidentes aéreos com esse mesmo modelo na Ásia, com causas variando de falha humana a condições climáticas severas. 

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa) informou que as caixas-pretas da aeronave de modelo ATR-72-500 foram recuperadas com sucesso. O acidente do voo 2283 entra para a história da aviação brasileira como um dos maiores e mais letais acidentes aéreos do país.

Cenipa divulga que caixas-pretas do ATR 72 mantiveram integridade da gravação

Nesta terça-feira (13), a FAB (Força Aérea Brasileira) confirmou que registros de voz e dados da aeronave da Voepass foram recuperados com sucesso pela análise das caixas-pretas. Isso será fundamental para as investigações.

As caixas-pretas de uma aeronave gravam conversas e sons dentro da cabine: eventuais alarmes sonoros, conversas entre pilotos e com a torre de controle. Desde o último sábado, o material está sendo analisado em Brasília, pelo Labdata (Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo) do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos.

São duas caixas-pretas em uma aeronave

As caixas-pretas são de dois tipos: uma grava as conversas dentro da cabine da aeronave, é chamada de CVR (Cockpit Voice Recorder), a outra é um FDR (Flight Data Recorder). Essa registra as informações e parâmetros do avião ao longo do trajeto dentre outros dados técnicos, como altitude, velocidade, posição das manetes e botões acionados são gravados.


Aeronave da FAB no Aeroporto de Guarulhos SP (Foto: reprodução/Instagram/@folhadespaulo)

O Brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, explicou que a perícia do CVR está fazendo um levantamento detalhado das conversas e sons da cabine, com o objetivo de identificar algum alarme sonoro que poderia ter soado momentos antes do acidente. Talvez, demande um software de análise do som.

A investigação conta com recursos de última geração

Os profissionais que estão trabalhando com o FDR buscam converter as informações eletrônicas em unidades de engenharia. “O trabalho de validação é realizado por meio de recursos tecnológicos físicos e lógicos de última geração, associados à documentação referente às atualizações de serviços, de componentes e de sensores presentes na aeronave envolvida no acidente”, reiterou Moreno.

O Brasil precisa convidar integrantes de órgãos de países estrangeiros relacionados à aeronave para a comissão de investigação. Isso porque ele é signatário de Chicago sobre a aviação civil. A comissão é formada por brasileiros, franceses e canadenses. A França é o país de fabricação da aeronave e o Canadá fabricou os motores.