Segundo autores, o excesso de felicidade traz riscos à saúde mental

Bruno Gama Por Bruno Gama
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De acordo com o que o psicólogo espanhol Edgar Cabanas e a socióloga marroquina Eva Illouz escrevem no livro ‘’Happycracia: fabricando cidadãos felizes’’, que “se tornam utéis no mundo corporativo contemporâneo ao transferir o ônus da responsabilidade sobre a empresa para os assalariados e administrar estes termos de sua felicidade pessoal’’, explicam.

Na publicação, eles destacam que a felicidade individual como meta máxima da vida pode acarretar no mal-estar mental e destacam os efeitos colaterais dessa decisão nas áreas pessoal, profissional e social.

No mercado de trabalho, a felicidade se tornou requisito para a contratação, manutenção e promoção do cargo. Assalariados felizes representam a garantia de que ‘trabalharão ao máximo, continuarão motivados, sentirão prazer pelo que fazem e aumentarão a produtividade”, exemplificam no livro.


Livro ”Happycracia: fabricando cidadãos felizes” (Foto: Reprodução/Lá Opinión)


Diante de problemas de problemas no ambiente de trabalho, envolvendo resiliência e autogestão, o funcionário teria que arcar com a fragilidade psicológica e instabilidade da empresa. Logo, independentemente das condições de trabalho, o empregado é induzido a acreditar que com empenho e positividade ele pode mudar a situação.

Esse tipo de ‘’filosofia’’ pode gerar problemas como burnout, esgotamento físico e mental e adoecimentos psíquicos; como a depressão, por exemplo. “Não há nada de errado em buscar a felicidade. É de fato um direito fundamental. Os indivíduos têm o direito de definir por si mesmos o que os faz se sentir bem’’, salienta Illouz.

Para ambos os autores, Illouz e Cabanas alertam que busca pela felicidade não pode negligenciar valores igualmente importantes como igualdade, solidariedade e justiça. “Ignora-se completamente o fato de que estes outros valores são necessários para ser feliz. Poucos fatores são tão determinantes para a felicidade quanto a desigualdade, por exemplo’’, explicam os pesquisadores.

Eles ainda destacam que não há nenhum outro fator sociológico mais forte e relacionado ao bem-estar e à saúde mental do que a desigualdade. As taxas de doenças mentais são mais altas em sociedades com maior diferença de renda.

Foto Destaque: Reprodução/Lá Opinión

 

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