A camada de ozônio que protege a Terra da radiação do Sol se recupera e pode se reconstituir completamente nas próximas quatro décadas. Mas, segundo cientistas alertaram nesta segunda-feira (9), alguns planos para combater as mudanças climáticas podem impedir estes avanços. Tais planos envolvem o lançamento de enxofre na estratosfera.
O “buraco” na camada de ozônio causou grande preocupação na década de 1990, mas a previsão é de que a recuperação desta faixa de gás ocorra, se continuar seguindo o ritmo atual. Isso é o que diz um relatório de especialistas da ONU, Estados Unidos e União Europeia, conhecido como “Avaliação da Destruição do Ozônio”.
Em 2016, os cientistas observavam os primeiros sinais de recuperação na camada de ozônio. (Vídeo: Reprodução/EFE Brasil – YouTube)
“O ozônio está se recuperando e isso é uma boa notícia”, afirmou John Pyle, professor da Universidade de Cambridge e co-responsável pelo relatório.
Cientistas acreditam que, na região da Antártida, a camada de ozônio deve voltar aos níveis normais, tanto em extensão quanto em profundidade, até 2066. Já no Ártico, a recuperação total deve ocorrer por volta de 2045, e, no resto do mundo, em cerca de 20 anos.
Consequências inesperadas
Alguns cientistas estimam que, se entre 8 milhões e 16 milhões de toneladas de dióxido de enxofre fossem injetadas na estratosfera a cada ano, a temperatura média do planeta cairia 1°C.
Porém, outros estudiosos afirmam que tal medida reduziria a camada de ozônio aos níveis de 1990, representando um retrocesso nos avanços. Para John Pyle, isso representaria uma “grande destruição de ozônio”.
O professor explica que as partículas de enxofre podem atrapalhar as monções na África e Ásia (ventos que mudam de direção de acordo com as estações do ano, levando ar úmido do oceano para o continente em uma determinada época e o ar seco da terra para o mar em outra). Além disso, essa medida para combater as mudanças climáticas representa um risco para o ciclo de chuvas na Amazônia, que já passa por um processo de savanização.
Esse relatório sobre o estado do ozônio é o décimo até a data atual. Apesar de trazer esperanças sobre a recuperação da camada, os dados advertem que a situação não é boa na parte baixa da estratosfera que cobre os trópicos ou as regiões mais temperadas.
Foto destaque: A camada de ozônio que protege a Terra da radiação solar pode se reconstituir totalmente em algumas décadas. Reprodução/Thinkstock.