O Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz) e a revista científica The Lancet Regional Health Americas lançaram nesta semana uma edição especial do periódico que leva o nome de “Mpox multinacional nas Américas: Lições do Brasil e do México” que possui um material especifico sobre o surto de monkeypox mais conhecido como varíola dos macacos, mas que foi renomeada para Mpox.
Neste evento, os especialistas focaram a atenção para o caráter endêmico que o vírus tem apresentado em locais como o Brasil, e que, mesmo com a melhora no cenário, ainda apresenta um problema de saúde pública no país. Taissa Vila, diretora-chefe da revista científica disse que a emergência está caminhando para uma resolução em alguns lugares do mundo, mas ainda é um problema de saúde pública as Américas especificamente.
Conforme a última atualização do Ministério da Saúde, são 10.715 casos da doença no Brasil e 2.766 suspeitas em análise. Ainda há 15 óbitos: um no Pará, em Santa Catarina, no Maranhão e no Mato Grosso; três em São Paulo e em Minas Gerais e 5 no Rio de Janeiro, estado mais afetado pelo vírus. De acordo com o painel de monitoramento da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil só está atrás dos Estados Unidos em relação tanto aos diagnósticos, como às mortes. No país norte-americano, até esta semana, foram 29.849 infecções e 23 vítimas fatais.
Vírus da varíola dos macacos. (Foto: Reprodução/G1)
“No Brasil, a falta de comprometimento das lideranças com a emergência pode ter favorecido a explosão de casos. Declarações homofóbicas pelo então presidente (Jair) Bolsonaro durante os piores momentos do surto cimentou a estigmatização da doença, e o país agora tem escassez do único tratamento aprovado nacionalmente (Tecovirimat) e demora na chegada das doses da vacina” disseram os responsáveis pelo editorial.
O Alerta dos pesquisadores é devido ao momento, embora tenha vivido uma queda desde agosto do ano passado, o Brasil vive uma estabilidade no ritmo de novos casos desde dezembro e pode acontecer um aumento significativo. Enquanto outros países como França e Bélgica registram períodos superiores a 27 dias sem novos diagnósticos, segundo dados da OMS.
Foto Destaque: Vírus da varíola dos macacos. Reprodução/OGlobo