As balsas usadas pelo garimpo de ouro ilegal voltaram a atuar no Rio Madeira, no Amazonas, após oito meses da megaoperação realizada pela Polícia Federal, onde foram destruídos e confiscadas 130 embarcações do mesmo tipo. A operação foi feita em novembro de 2021. Segundo as informações do Greenpeace, foram rastreados por eles a presença de cerca de 20 dessas embarcações.
O retorno dessas balsas é possível por causa da temporada de seca amazônica, como está acontecendo no momento. Sendo assim, os veículos flutuantes conseguem acessar os leitos do rio com mais facilidade, onde fica o ouro.
“Estão em processo de reorganização. Estão espalhadas. Onde tem ouro, tem fofoca. É um processo natural nessa época do ano. Estamos tentando monitorar por imagem de satélite”, conta o porta-voz da Amazônia Greenpeace, Danicley de Aguiar.
A retomada dessas atividades ilegais acabam se tornando um grande desafio para as autoridades responsáveis. Em novembro de 2021 – mesmo mês da operação – o rio Madeira se transformou em uma “cidade flutuante”, que se formou por cerca de 300 balsas de garimpo, próximo ao município de Autazes (AM). Como houve uma repercussão internacional do que estava ocorrendo, a região acabou sendo alvo de uma ação conjunta entre Polícia Federal e o Ibama. Os agentes foram até o local através de helicópteros e lanchas, para barrar as dragas que circulavam pelo rio. Na época, os garimpeiros disseram ao jornal O GLOBO, que retornariam quando a situação acalmasse.
Além do rio Madeira, o Vale do Javari também registrou a presença de garimpos ilegais de volta na região, localizado no extremo oeste do Amazonas. Comunidades indígenas isolados se abrigam no local e o lugar ganhou destaque mundial no mês de junho, após a morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philipis.
Indígenas do Vale do Javari- AM (Foto: Reprodução/amazoniareal)
O Vale do Javari já foi alvo de investigações da PF também no ano de 2019. A Operação Korubo destruiu 60 balsas pelo entorno de todos os rios da região. Bruno Pereira, até então funcionário de carreira da Funai, participou da ação na época. Ele era vinculado do órgão, mas se lincenciou para atuar pela Univaja, local da sua última contribuição na Amazônia.
Pereira integrou a Força Tarefa da ocasião, junto de agentes do Ibama e da PF. Como possuía grande conhecimento da área em questão, ele quem planejou a ação e passou as coordenadas. Segundo um servidor que também participou, o indigenista se juntou à eles com um mapa já marcado com todos os pontos que haviam balsas dos garimpeiros.
Foto destaque: Balsas do garimpo ilegal. Reprodução/folhape