Um estudo publicado na revista científica Jama (Journal of the American Medical Association) revelou que a droga experimental denominada “donanemab”, da farmacêutica Eli Lilly, conseguiu retardar em 60% a progressão do Alzheimer nos pacientes que estavam no estágio inicial da doença. Os dados dos testes foram apresentados nesta segunda-feira (17), na íntegra, na revista científica Jama. A “donanemab” é um anticorpo projetado a fim de eliminar a beta amilóide, um tipo de substância que fica acumulada nos espaços entre as células do cérebro, responsáveis por formar placas características da doença de Alzheimer.
Droga experimental “donanemab” mostrou bom resultado contra Alzheimer. (Foto reprodução/G1)
O ensaio clínico incluiu 1.736 pacientes com Alzheimer leve, com idade entre 60 a 85 anos. Com base nessa amostra, a droga experimental conseguiu retardar a progressão da doença em 60% dos casos. Como efeito colateral, o inchaço cerebral foi o mais comum em até um terço dos pacientes. Três voluntários vieram a óbito em razão do inchaço, ainda que o sintoma não tenha sido observado na maioria dos casos. Durante o estudo, que durou 18 meses, 39% dos participantes tratados com “donanemab” também tiveram risco menor de progredir ao próximo estágio clínico da doença.
Os efeitos colaterais mais comuns foram inchaço e hemorragia cerebrais. O inchaço cerebral ocorreu em mais de 40% dos pacientes com predisposição genética a desenvolver a doença de Alzheimer, enquanto a hemorragia cerebral ocorreu em 31% do grupo donanemab e em aproximadamente 14% do grupo placebo.
A empresa, ainda no mês de maio, disse que o estudo conseguiu atingir todos os objetivos, pois mostrou que o donanemab conseguiu retardar o declínio cognitivo em 29%, em comparação com um placebo em 1.182 pessoas, ou com comprometimento cognitivo leve, ou com demência leve. Nestes casos, os cérebros tinham depósitos de duas proteínas-chave do Alzheimer, beta-amilóide e tau. Em pacientes que apresentavam tau alta, o donanemab conseguiu retardar a progressão da doença em 71%, aproximadamente, e o benefício foi de 35% àqueles com níveis de tau baixos a intermediários. Antes de publicados na revista JAMA, os resultados do estudo foram apresentados de forma completa na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer em Amsterdã.
Lilly disse esperar que a Food and Drug Administration dos EUA decida até o final deste ano se aprova a droga “donanemab” e que as submissões em relação a outros reguladores globais já estão em andamento, a maioria sendo concluída até o fim do ano. A respeito de aprovação pela Agência De Vigilância Sanitária (Anvisa), Lilly diz não haver ainda previsão de submissão do pedido de aprovação.
Foto Destaque: Idoso com Alzheimer. Foto reprodução/Pixabay