Furacões se intensificam devido crise climática mundial, segundo especialistas

Alexandre Muniz Por Alexandre Muniz
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A crise climática mundial é, segundo especialistas, o principal fator para o aquecimento das águas mais rasas dos oceanos, fomentando a formação e agravamento de tempestades tropicais fortes, tufões e furacões.

O furacão Ian vai atingir a costa de Cuba e Flórida, mas sua chegada já estava prevista, dando tempo hábil para os estados se preparem. Outro alerta dado pelo Centro Nacional de furacões, é que a tempestade se intensificaria muito rapidamente, evoluindo para um furacão categoria 4 em até três dias.

Sua intensificação é devida sua rota passar diretamente por águas muito quentes no Caribe e do Golfo do México, aumentando seus ventos de 72 km/h no domingo à noite para 128 km/h na segunda-feira (6). Cientistas afirmam que Ian tem tendência de aumentar ainda mais seus ventos até atingir a Flórida essa semana.


Furacão Ian se aproximando essa semana sobre Cuba e ilhas adjacentes (Foto: Reprodução/Istoé Dinheiro)


“Apenas algo como 6% ou mais de todos os períodos de tempo de previsão têm esses tipos de taxas de intensificação rápida observadas associadas a eles. E então é algo que é, por definição, um evento raro. Às vezes, isso acontece apenas algumas vezes por temporada”, relata a Allison Wing, professora de ciência na Florida State Unversity, em entrevista à CNN.

A intensificação de tempestades tropicais é uma tendência real, o supertufão Noru, durante a noite desse final de semana, quando seus ventos começavam a tocar a costa de Manila, nas Filipinas, aumentou de um furacão nível 1 para a categoria 5, o categorizando na rara lista de fenômenos de intensificações mais rápidas. Em 2021 tivemos o furacão Ida, que atingiu o estado de Luisiana evoluindo de categoria 1 para 4 durante as 24 horas antes de atingir a costa.

Especialistas afirmam que as mudanças climáticas estão mostrando seus primeiros resultados no clima mundial, tempestades e chuvas torrenciais estão se tornando mais comuns e propensas a se intensificarem em um curto período. Estudo publicado em 2019, descobriu que a partir de 1980 os furacões do Atlântico tiveram um aumento expressivo e, altamente incomum, marcas das mudanças que o homem causou na Terra.  

Segundo estudiosos, emissões massivas de combustível fóssil são despejadas diariamente no ar, prendendo esse calor produzido dentro da atmosfera terrestre, enquanto os oceanos, responsáveis em absorver cerca de 90% dessa temperatura, ficam sobrecarregados com esse calor global em excesso. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica alertou que 90% do aquecimento global dos últimos 50 anos aconteceu nos oceanos, sendo os últimos 5 os mais quentes de toda a história registrada.

Kossin afirma que o desequilíbrio energético acontece nas centenas de metros que se classificam as águas superiores dos oceanos, porque um dos fatores responsáveis para a intensificação de tempestades é que as águas oceânicas, por onde o evento climático passa, estejam carregadas com calor e energia para fortalecer o furacão quando este fizer sua passagem. O outro fator essencial é que os ventos na parte superior e ao redor do furacão estejam fracos, já que uma ventania muito forte poderia prejudicar ou impossibilitar sua formação. 

Jeff Masters, meteorologista da Yale Climate Connections, explica sobre como a presença de águas quentes nos oceanos, podem fornecer energias para fortalecer tempestades tropicais: “Furacões e tufões são motores térmicos, o que significa que eles pegam energia térmica dos oceanos e a convertem em energia cinética que são os ventos”.

“Então, se você aumentar a quantidade de energia térmica no oceano aquecendo-o, você aumentará não apenas a intensidade máxima que eles podem obter, mas também a taxa na qual eles atingem essa intensidade máxima. As mudanças climáticas aumentam as chances de você obter um intensificador rápido”, finalizou Masters.

O avanço das tecnologias de medição meteorológicas está deixando as previsões de tempo mais precisas e velozes, e casos de rápida evolução de tempestades, agora, podem ser alertados a população com antecedência, para que áreas costeiras estejam mais preparadas, reduzindo drasticamente os danos humanos e físicos.

Foto Destaque: Furacão Ian se aprixima de Cuba e Flórida nessa segunda feira. Reprodução/NOAA/BBC News

 

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