Nesta terça-feira (15), a loja de grife Reserva teve que retirar um manequim de uma de suas lojas no Shopping Barra, em Salvador, após seu mostruário ter sido associado com gesto racista. O gesto em questão é de um manequim preto que estaria quebrando a vidraça da loja, e a ação foi classificada como desrespeitosa e racista.
Um funcionário do shopping, que preferiu não se identificar, relatou que alguns clientes que frequentavam a loja comentavam que o ato do manequim parecia ser de uma pessoa arrombando a vitrine. Nas redes sociais, o ato também foi bastante questionado. Vários usuários perguntaram o motivo da marca ter usado um manequim preto e não um branco para realizar a propaganda.
A comunicóloga Ahley Malia, em seu Twitter, fez duras críticas contra a loja carioca: “A loja Reserva do Shopping Barra colocou um manequim preto quebrando a vidraça do estabelecimento como se estivesse invadindo. Isso é racismo escancarado, nem sei como reagir”, escreveu a influencer.
Clientes alegam que o manequim estaria fazendo o gesto de estar “assaltando” a loja. (Foto: Destaque/Site/Reserva)
Sérgio Ricardo Graças, que é engenheiro de produção, destacou que o posicionamento da marca é o reflexo de como a população negra é tratada na construção social do país e que a quebra desse imaginário é necessária para assegurar a vida das pessoas negras no Brasil.
Outra problemática que os internautas destacaram nas redes foi que os Shoppings da Bahia têm tido problemas frequentes em relação a ações preconceituosas. Em 2018, há 4 anos, um jovem tentou pagar o almoço para uma criança que vendia chicletes na rua e seguranças do Shopping tentaram impedi-lo. A cena foi gravada e gerou problemas ao shopping. Um ofício da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA) foi enviado para o local e os funcionários que tentaram impedir o homem de comprar a comida foram afastados.
Em nota, a Reserva afirmou que o manequim fazia parte da vitrine chamada “Loucuras da Reserva” e que “não teve nenhuma intenção de ofender qualquer pessoa ou disseminar ideias racistas”. O Shopping ainda não se pronunciou.
Foto destaque: Reprodução/Instagram (@professorabeth)